Cão fueguino

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A interpretação de um artista de um cão fueguino

O cão fueguino, também conhecido como cão Yaghan, é uma raça canina extinta. Era na verdade uma variedade domesticada da raposa-andina (gênero Lycalopex), ao contrário das outras raças caninas que tem como ancestral o lobo-cinzento (gênero Canis).

Existem muito poucos espécimes remanescentes de cães fueguinos. Estes incluem um no Museu Salesiano Maggiorino Borgatello no Chile, e outro no Museu Regional de Fagnano, na Terra do Fogo, Argentina.[1]

Características[editar | editar código-fonte]

O cão fueguino tinha orelhas eretas, focinho afiado, cauda grossa e tinha pelagem de cor amarelada ou inteiramente branca. As imagens remanescentes mostram que eles se assemelhavam com a raposa-andina, que pesa de 5 a 13,5 kg e é aproximadamente do tamanho de um pastor-de-shetland. Os gaúchos chamavam eles de "cães-guará" por causa de sua semelhança com os lobos-guarás. Lucas Bridges descreveu os animais como "um cruzamento atrofiado entre um pastor-alemão e um lobo ".[citação completa necessária]

Foi descrito pelo navegador francês Louis-Ferdinand Martial, que chefiou a expedição científica de 1883 ao Cabo Horn, como “feio, com longos cabelos fulvos e focinho pontudo, parecendo uma raposa”. 

Comportamento[editar | editar código-fonte]

Embora a distribuição do cão fueguino correspondesse à do povo Yaghan, indicando que acompanhavam os nativos, os animais individuais não eram leais aos seus donos humanos. Julius Popper destacou a falta de lealdade do canídeo: "Nunca os vi, por maior que seja, tomar uma atitude agressiva ou defender seus senhores quando estes estavam em perigo".[2]

A interpretação de outro artista de um cão fueguino

Usos[editar | editar código-fonte]

Os cães fueguinos não eram usados para caçar o guanaco. No entanto, eles podem ter sido úteis para caçar lontras.[3] E também eram úteis para os humanos, pois se reuniam em torno de seus donos para mantê-los aquecidos. Isso foi notado por Julius Popper: “Os cachorros se agruparam ao redor dos pequenos Onas, tomando a forma de uma espécie de embrulho. Minha opinião é que os cães fueguinos só servem para completar a vestimenta defeituosa do índio, ou melhor, como aquecedores".

Extermínio[editar | editar código-fonte]

Em 1919, quando o missionário da Silésia Martin Gusinde visitou os Yaghans, ele percebeu que seus cães haviam sumido. Foram exterminados porque “eram perigosos para os homens e o gado”. Sua natureza feroz também foi observada por Thomas Bridges na década de 1880, que escreveu que eles atacaram as cabras de sua missão.[4]


Referências

  1. Petrigh, Romina S.; Fugassa, Martin H. (13 de dezembro de 2013). «Molecular identification of a Fuegian dog belonging to the Fagnano Regional Museum ethnographic collection, Tierra del Fuego» (PDF). Quaternary International. 317: 14–18. doi:10.1016/j.quaint.2013.07.030. Consultado em 2 de setembro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 20 de dezembro de 2016 
  2. Popper, Julio Julius (1887). «Exploración de la Tierra del Fuego». Ecuador: Instituto Geográfico Militar. Expedición Popper: Conferencia dada en en Instituto Geográfico Argentino el 5 de Marzo de 1887 – via Biblioteca Virtual, Museo del Fin del Mundo  Text also available in this collected-writings book:

    Popper, Julio [Julius]. Atlanta – Proyecto para la creación de un pueblo marítimo en Tierra del Fuego y otros escritos (em espanhol). Buenos Aires: Editorial Eudeba 
  3. Martial, Louis-Ferdinand (2005) [1884–1889]. Mision al Cabo de Hornos, la expedición científica francesa en la Romanche Julio de 1882 a setiembre de 1883 (em espanhol). Ushuaia, Argentina: Zaguier & Urruty Pubs. 
  4. Orquera, L.; Piana, E. (1999). La vida material y social de los Yámana (em espanhol). Buenos Aires: Editorial Eudeba. pp. 178–180