Discussão:Gabriel Possenti

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O episódio narrado no tópico PASSIONISTA acerca da vida de São Gabriel da Virgem Dolorosa é, na verdade, totalmente fictício; não há fundamento nenhum na documentação histórica que comprove as afirmações apresentadas. Tal inverdade, amplamente propagada pela organização privada norte-americana The Saint Gabriel Possenti Society, fundada pelo lobista de armas John M. Snyder, apoia-se na na NARRATIVA FICCIONAL de um autodeclarado biógrafo do referido santo, Godfrey Poadge, também estadunidense, que, contudo, não é reconhecido como tal pela congregação religiosa à qual o santo pertenceu, a CONGREGAÇÃO DA PAIXÃO DE JESUS CRISTO, com sede na Basílica dos Santos João e Paulo, em Roma (Itália). O suposto biógrafo, que publicou em 1977 sua versão da história do santo, intitulada SON OF PASSION, sequer realizou qualquer pesquisa histórica objetiva nos arquivos da Congregação - quer aqueles que estão em Roma, na Casa Geral, quer aqueles que encontram-se de posse da comunidade de Padres Passionistas que anima o Santuário de São Gabriel, em Gran Sasso (IT), situado atualmente no lugar onde ficava o antigo convento no qual o religioso faleceu. Inclusive, no início de sua narrativa ficcional, o autor, Godfrey Poadge, admite ter INVENTADO várias das histórias ali contadas com o objetivo de “dar vida” (“enliven”) à narrativa da vida do Santo (cf. p. 3 da edição original).

O episódio fictício contado neste livro - e que teria inspirado Snyder a propor São Gabriel como patrono dos portadores de armas manuais junto ao Vaticano - descreve uma suposta situação na qual, após a Batalha de Castelfiardo, ocorrida na Isola de Gran Sasso (onde ficava o convento no qual o santo residia, dedicado à Imaculada Conceição) em 1860, o jovem religioso teria solicitado ao seu superior que lhe permitisse ir até a povoação para defender as pessoas da localidade de certos criminosos que a rondavam. Chegando ao povoado, teria encontrado cerca de vinte mercenários que tencionavam violentar sexualmente uma jovem; Gabriel teria então reagido, retirando as armas dos referidos mercenários e, para mostrar sua perícia nas armas de fogo, teria atirado em um pequeno lagarto que encontrava-se a alguma distância, e atingido-o de forma certeira. Teria, assim, afugentado os supostos mercenários com sua "perícia" e salvado a jovem donzela de ser submetida àquele ato vil.

Entretanto, o episódio acima prova-se TOTALMENTE FICCIONAL ao facearmos três simples ARGUMENTOS HISTÓRICOS, amplamente testemunhados por TODOS OS DEMAIS BIÓGRAFOS DO SANTO, do passado e do presente (cito: Tito Paolo Zecca, Valentino Salvoldi, Fernando Piélagos, Daniele Curci, Gabriele Cingolano, Vicenzo Fabri, Fabiano Giorgino entre outros):

1) São Gabriel, embora fosse perito em esgrima, nunca teve qualquer tipo de treinamento em armas de fogo; inclusive, em sua infância, teve uma desavença com um de seus irmãos que teria tentado persuadi-lo a utilizar-se de uma arma de fogo numa demonstração simples - mostrando, aliás, toda sua imperícia na ocasião.

2) Não há qualquer registro de que São Gabriel tenha ousado pedir alguma vez a seus superiores da Congregação Passionista a saída das dependências de qualquer um dos Retiros (nome dado aos conventos passionistas na época) nos quais morou - lembrando que a Regra Passionista não mitigada, ainda vigente no período, proibia ao religioso após o Noviciado qualquer afastamento do recinto da comunidade sem uma justificativa pastoral válida (que, no caso daqueles que já haviam sido ordenados, tratava-se de ir pregar as missões ou fazer a cura pastoral das regiões confiadas ao convento; mas São Gabriel nem chega a ser ordenado padre, morrendo antes de concretizar seu desejo), e nunca sozinho. Os religiosos só poderiam se afastar do convento quando transferidos de comunidade, inclusive. Aliás, o jovem religioso jamais aceitou sequer ser transferido do Retiro della Concepzione, em Gran Sasso (onde passou seus últimos anos de vida religiosa, até a morte), mesmo estando gravemente doente de tuberculose. Para denotar todos estes apontamentos, cabe aqui indicar o notório o episódio - este sim, fartamente documentado - em que, tendo a oportunidade de irem saudar pessoalmente o Papa da época, Pio IX, que passava pela região, os seminaristas passionistas, admoestados por São Gabriel, preferiram RECUSAR o beneplácito dado pelos superiores e NÃO DEIXAR SEU CONVENTO, oferecendo este que para eles era um verdadeiro sacrifício pelo bem da Igreja e da Congregação.

3) Por fim, é correntemente sabido que São Gabriel Possenti foi diagnosticado com tuberculose óssea em 1859, doença que avançou drasticamente e lhe retirou as forças até o ano de sua morte, em 27 de Fevereiro de 1862. Após o diagnóstico da enfermidade, Gabriel NÃO MAIS ABANDONOU OS MUROS DO CONVENTO, nem para visitar a família. Aliás, no ano do suposto episódio narrado por Poadge (1860), Gabriel já não tinha forças sequer para acompanhar as orações e as práticas comunitárias de ascese e penitência (lembrando que a regra passionista de então, ainda sem mitigação, era muito dura e exigente), tendo sido dispensado destas obrigações, assumidas na profissão dos votos, pelos seus superiores legítimos. Ora, se o santo não conseguia SEQUER seguir os ofícios fundamentais de sua profissão religiosa, o que suporia que ele teria forças para dar mostras de “pistoleiro”, como tenta lhe imputar?

Com estes esclarecimentos, espero que os moderadores da Wikipedia em língua portuguesa permitam uma REVISÃO TOTAL do artigo aqui apresentado.comentário não assinado de 2804:7F4:3880:6F01:CBE:357:9B0C:745C (discussão • contrib) 16h48min de 14 de fevereiro de 2017‎ (UTC)[responder]