Discussão:Geossistema

O conteúdo da página não é suportado noutras línguas.
Adicionar tópico
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Aspectos historiográficos da Teoria do Geossistema e sua repercussão no Brasil

A origem da Teoria do Geossistema relaciona-se às grandes explorações do território russo, e remete à fundação do Departamento de Geografia na Academia Russa de Ciências, em 1758, pelo naturalista Mikhail Vasilievitch Lomonosov, inspirado pelo paradigma organicista ligado à Filosofia da Natureza (FROLOVA, 2000). Orientada pelos princípios de unidade e totalidade da Filosofia da Natureza, a tradição analítica das escolas de Geografia do Leste Europeu e da Ásia Central desenvolveu-se no âmbito dos estudos integrados da paisagem à semelhança da Geografia Alemã de Richthofen que influenciaria Troll e o conseqüente surgimento da Ecologia da Paisagem (FROLOVA, 2000; ABREU, 2003). Mais de cem anos após Lomonosov, surge o conceito mais importante do ponto de vista da Teoria do Geossistema, formulado pelo acadêmico Vasiliy Vasilievitch Dokuchaev. A partir das idéias holísticas da Filosofia da Natureza e da necessidade de aproveitamento dos recursos do território das estepes chernozêmicas da Sibéria e da Ucrânia, Dokuchaev propôs, em 1889, o conceito de Complexo Territorial Natural (CTN), que seria “Um complexo espacial formado pela interação de componentes abióticas e bióticas, constituindo a expressão da vida dos sistemas que regem este complexo.” (ROUGERIE e BEROUTCHACHVILI, 1991). A formulação da idéia de CTN é considerada a certidão de nascimento da Landschaftovedenie, a Ciência da Paisagem Russa (ROUGERIE e BEROUTCHACHVILI, 1991). A partir de Dokuchaev, diversos estudos foram realizados no sentido de mapear e compreender a dinâmica dos CTN, destacando-se os trabalhos de Ramenski, Berg, Polinov, Solntcev e Sochava, que desenvolveram estudos de através da Morfologia e da Paisagem (FROLOVA, 2000; ROUGERIE e BEROUTCHACHVILI, 1991). Inicialmente os estudos preocupavam-se com a descrição morfológica (estrutural) e genética dos complexos territoriais naturais. Contudo, a aplicação da Teoria de sistemas gerais conduziu ao desenvolvimento de estudos que passaram a considerar a dinâmica e o funcionamento da paisagem, complementando os estudos genéticos e estruturais (MAMAY In: DYAKONOV et.al., 2007).

       Entre 1958 e 1960, foram realizados estudos na região sudeste de Zabaikalie (Sibéria) em paisagens estépicas. A principal questão da pesquisa, liderada por Viktor Borisovich Sochava era avaliar os ritmos dos fenômenos naturais a fim de se elaborar uma classificação das formações naturais e revelar seus atributos dinâmico-estruturais (IALE, 1995). Estes estudos foram numa estação geográfica, desenvolvida no interior de uma estação biológica do East-Siberian Branch (instituto renomeado como Instituto de Geografia da Sibéria e Extremo Oriente e posteriormente Instituto de Geografia da Academia Russa de Ciência – Setor Siberiano, também chamado Instituto de Geografia V. B. Sochava) da Academia de Ciências da URSS (IALE, 1995).
       A partir dos estudos nas estepes siberianas verificou-se a necessidade de uma fundamentação teórica e terminológica comum, definida e apresentada por ocasião do Bureau of Landscape Geographic Society da USSR, em 1963. Esta fundamentação foi formulada pelo acadêmico Viktor Borisovich Sochava, sendo baseada na aplicação da Teoria geral de sistemas à Geografia Física Integrada (landschaftovedenie) e publicada sob o título de “definições de algumas noções e termos da Geografia Física”. Neste momento surge o termo Geossistema, considerado como um sistema dinâmico, aberto e hierarquicamente organizado, formado por componentes naturais.

É no final da década de 1950 que se iniciam os grandes estudos de monitoramento contínuo da paisagem, financiado pela então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com o surgimento das estações experimentais em Moscou, Irkustk, Tbilisi, entre outras (FROLOVA, 2000; ROUGERIE e BEROUTCHACHVILI, 1991, BEROUTCHACHVILI e CLOPES, 1977). No Brasil, foi na década de 1960 que o termo geossistema tornou-se acessível aos geógrafos brasileiros, cuja influência francesa resultava num canal aberto de comunicação. Assim, o trabalho de Georges Bertrand, publicado em 1968 e traduzido para o português em 1972, trazia o termo geossistema como uma proposta metodológica para análise integrada da paisagem. Contudo, a proposta metodológica de Bertrand era diferente daquela da tradição analítica da Landschaftovedenie. Para o geógrafo francês, que desconhecia os trabalhos da Geografia das Paisagens da Rússia, um geossistema seria uma das categorias hierárquicas da paisagem, diferentemente do geossistema russo que possuía escalas locais, globais e planetárias, além de outras diferenças metodológicas. O próprio Bertrand revogou sua classificação em 1978, em favor da passando a adotar a proposta da Landschaftovedenie (BEROUTCHACHVILI e BERTRAND, 1978). A repercussão do termo geossistema, no sentido da Landschaftovedenie, ganha repercussão no Brasil a partir de iniciativas individuais, mormente a do Professor Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro (RODRIGUES, 2001). Aproveitando-se de contextos institucionais, Monteiro realizou a tradução de textos da Escola Russa (SOCHAVA, 1977, 1978), e pôs em prática alguns de seus conceitos (MONTEIRO, 2000). Os trabalhos de Monteiro voltaram-se para a representação dos geossistemas incluindo sua dimensão temporal e a relação destes sistemas com o antrópico (MONTEIRO, 1982, 2000; RODRIGUES, 2001). Além dos trabalhos de Monteiro destacam-se os trabalhos que apresentam perspectivas para o tratamento do geossistema do ponto de vista histórico (CORREA, 2007), e uma alternativa para aplicação do termo, sob influência anglo-saxônica, que admite geossistemas geomórficos, biogeográficos, etc. (CORREA, 2005). Desde a tradução dos textos de Sochava, os trabalhos da Landschaftovedenie chegaram ao Brasil através de artigos em idioma francês e espanhol, mormente com o nome de Nikolai Levanovitch Beroutchachvili, ou como referências de artigos como o de Tricart e o de Bolós (TRICART, 1979; BOLÓS, 1981; BEROUTCHACHVILI e RADVANYI, 1978; BEROUTCHACHVILI e MATHIEU, 1977). Com o fim da URSS, os grandes estudos de monitoramento da paisagem diminuíram ou cessaram por completo (MAMAY in: DYAKONOV et al. 2007). Entretanto, desde a década de 1960, o arcabouço teórico e o arsenal metodológico da Landschaftovedenie tornaram-se bastante amplos e diversificados, processo que ficou distante do Brasil por barreiras lingüísticas. A aplicação de técnicas de Sensoriamento Remoto e SIG foram incorporadas (NIKOLAEV, ZUCHKOVA e VOLKOVA, 2004; SYSUEV e ALESCHENKO in: DYAKONOV, et al. 2007), teorias e conceitos auxiliares foram formulados, como a idéia de geossistemas nucleares e vetoriais (AVESSALOMOVA, PETRUSHINA e SAMOILOVA, 2004; PETRUSHINA, 2004), geossistemas insulares (MARSHININ, in: DYAKONOV, et al. 2007), geossistemas desencadeadores – “trigger geosystem” (ARMAND in: DYAKONOV, et al. 2007), a idéia de campos geofísicos da paisagem – geoestacionários, geocirculatórios e biocirculatórios (DYAKONOV in: DYAKONOV, et al. 2007) além das idéias de auto-desenvolvimento dos padrões espaciais da paisagem (KHOROSHEV e MEREKALOVA, 2006). Estas características da Teoria do Geossistema estão em franca expansão e merecem atenção por parte dos pesquisadores brasileiros interessados. Recentemente os principais aspectos da moderna Landschaftovedenie foram publicados em inglês por Dyakonov et. al. (2007).

Aspectos teórico-metodológicos do estudo de geossistemas

Um geossistema é um sistema dinâmico, aberto, hierarquicamente organizado, que funciona através de fluxos de energia e matéria. Um geossistema elementar, denominado fácies é, conforme Sochava (1977), a menor área geográfica onde ocorre uma ciclagem de substâncias homogênea. Esta unidade é normalmente delimitada a partir da associação entre um tipo de material superficial, um gradiente de encosta e uma direção de fluxo predominante (DYAKONOV in: DYAKONOV, et al. 2007). Estas características garantem um microclima homogêneo e um mesmo regime hídrico, conduzindo, no geral, à formação de apenas um tipo de solo e de biocenose (BURNETT, MEYER e MCFADDEN, 2004). Contudo as relações no interior de um geossistema podem conduzir ao auto-desenvolvimento dos componentes solo e biocenose (KHOROSHEV e MEREKALOVA, 2006).

   	Um conjunto de fácies que se integrem funcionalmente numa Catena, é denominado Podurochische ou Suburochische. Uma integração funcional de Podurochisches e fácies é denominada Urochische (DYAKONOV in: DYAKONOV, et al. 2007).

Um geossistema nuclear é um centro de energia e matéria que controla a formação de outros geossistemas, denominados vetoriais (AVESSALOMOVA, PETRUSHINA e SAMOILOVA, 2004). Geossistemas insulares são formados por condições específicas de isolamento. Como uma ilha ou um brejo de altitude. Conforme a classificação de Marshinin (In: DYAKONOV, 2007), geossistemas insulares podem ser dos seguintes tipos: absolutos, geológicos, geomorfológicos, florísticos, biogeográficos, criogênicos ou complexos. A abordagem dos geossistemas desencadeadores trata da relação de geossistemas interdependentes, onde as mudanças em um induzem mudanças no outro e vice-versa (ARMAND in: DYAKONOV, et al. 2007).

Potencial e limitações da Teoria do Geossistema A idéia de uma classificação integrada da paisagem é interessante do ponto de vista didático, classificações de geossistemas regionais poderiam ser aplicadas em livros didáticos, diferenciando níveis de Regiões Montanhosas, Regiões Desérticas, Regiões Polares, etc. trazendo não apenas uma descrição dos componentes destes geossistemas, mas analisando a correlação entre eles na compartimentação da paisagem. Assim as idéias de campos geofísicos da paisagem, de geossistemas nucleares/vetoriais, de geossistemas desencadeadores e geossistemas insulares, ofereceriam, com a devida transposição didática, uma nova compreensão para o funcionamento da natureza. Do ponto de vista do planejamento territorial, o mapeamento de geossistemas e o entendimento de seu aninhamento hierárquico é uma ferramenta poderosa para a elaboração de políticas públicas sendo, entretanto, necessário um empenho dos especialistas em análise de geossistemas, assim como geomorfólogos, climatólogos e biogeógrafos é preciso que existam os landschaftoveds (cuja área de concentração é a Geografia Física Integrada). Percebe-se que as principais limitações ao desenvolvimento da Teoria geossistêmica no Brasil são: • As barreiras lingüísticas, com os trabalhos originais quase todos em russo; • A falta de disciplinas específicas para análise integrada da paisagem; • O empenho dos pesquisadores brasileiros em se especializem na análise integrada da paisagem (Geografia Física Integrada).

       Compreende-se que o aparecimento e repercussão da Teoria do Geossistema no Brasil dependeram de esforços individuais, mormente pela falta de contextos institucionais que a favorecessem. Seu desenvolvimento dependerá da atitude dos geógrafos frente às necessidades que a análise integrada impõe hoje. A análise integrada da paisagem não se restringe aos métodos da Landshaftovedenie, quanto a isso ver Tricart (1979). Contudo, a Teoria do Geossistema possui aspectos específicos que demandam estudos particulares com metodologias características. Avaliar quais destes aspectos são relevantes à Geografia brasileira e adaptar o modelo metodológico russo à realidade do Brasil exige atenção para com o contexto acadêmico e sócio-cultural dos dois países, das duas geografias.

Referências ABREU, A.A. A teoria geomorfológica e sua edificação: uma análise crítica. Revista do Instituto Geológico (SP), 4 (1/2) São Paulo. 1983. p.5-32.

ARMAND, A.D. Trigger geosystems. In: DYAKONOV, K.N., KASIMOV, N.S., KHOROSHEV, A.V., KUSHLIN, A.V. Landscape Analysis for sustainable development: theory and applications of landscape science in Russia. Moscou: Alexplublishers, 2007. p. 42-48.

AVESSALOMOVA, I.A., PETRUSHINA, M. e SAMOILOVA, G.S., Spatial organization of mountain landscapes. Ser. Geogr., 2004. p 368-374.

BEROUTCHACHVILI, N.L. e BERTRAND, G.. Le Géosystème ou Système territorial naturel. Revue Géographique des Pyrénés et du sud-ouest. Toulose. 1978. p.167-180.

BEROUTCHACHVILI, e CLOPES, J.M.P. Tendencia actual de la ciencia del paisaje en la Unión Soviética: El estudio de los geosistemas en la estación de Martkopi (Georgia). Revista de Geografia, Barcelona. vol. 11, n. 1-2, 1977, pp. 23-36.

BEROUTCHACHVILI, N., e MATHIEU, J. L.: L'Etologie des géosysteemes. L'Espace Géographique., t. 6, n.2, 1977, pp. 73-84.

BEROUTCHACHVILI, N.L. e RADVANYI, J. Les structures verticals des geosystems. Revue Géographique des Pyrénés et du sud-ouest. Toulose. 1977. p.73-83.

BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física global: um esboço metodológico. Caderno de Ciências da Terra. N.13. São Paulo. IGUSP. 1972. 27p.

BOLÓS, M.I.C. Problemática actual de los estudios de paisaje integrado. Revista de Geografia. Barcelona. V.15. n1-2. 1981. p.45-68.

BURNETT, B.N., MEYER, G.A., MCFADDEN, L.D. Aspect and microclimatic influences on hillslope geomorphology, northeastern Arizona. Denver Annual Meeting. Geological Society of America, Vol. 36, No. 5, p. 387

CORREA, A.C.B. A Geografia Física: uma pequena revisão de seus enfoques. In: Rios. 1 (nº1), Paulo Afonso, 2005, p. 170-180.

CORREA, A.C.B. O geossistema como modelo para a compreensão das mudanças ambientais pretéritas: uma proposta de geografia física como ciência histórica. In: Sá, A.J. & CORREA, A.C.B. Regionalização e análise regional. Perspectivas e abordagens contemporâneas. Recife: Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco, 2007, p.33-45.

DYAKONOV, K.N., KASIMOV, N.S., KHOROSHEV, A.V., KUSHLIN, A.V. Landscape Analysis for sustainable development: theory and applications of landscape science in Russia. Moscou: Alexplublishers, 2007. 320 p.

DYAKONOV, K.N. Landscape studies in Moscow Lomonosov State University: development of scientific domains and education. In: DYAKONOV, K.N., KASIMOV, N.S., KHOROSHEV, A.V., KUSHLIN, A.V. Landscape Analysis for sustainable development: theory and applications of landscape science in Russia. Moscou: Alexplublishers, 2007. p. 11-20.

FROLOVA, M. Le paysage des géographes russes : l’évolution du regard géographique entre le xixe et le xxe siècle. CYBERGEO. article 143, 16 novembre 2000. Disponível em http://www.cybergeo.eu/index56.html, acesso em 9 de maio de 2008.

KHOROSHEV, A.V. e MEREKALOVA, K.A. Uncertainty of relations between landscape components - a tool form modeling evolution of spatial pattern. Ekológia (Bratislava), v. 25. sup. 1. 2006 p.122-130.

MAMAY, I.I. Landscape Science in Russia in the early XXI century: state and methodological problems. In: DYAKONOV, K.N., KASIMOV, N.S., KHOROSHEV, A.V., KUSHLIN, A.V. Landscape Analysis for sustainable development: theory and applications of landscape science in Russia. Moscou: Alexplublishers, 2007. p.21-28.

MARSHININ, A.V. Landscape-ecological structure and spatial organization of insular geosystem of western Siberia. In: DYAKONOV, K.N., KASIMOV, N.S., KHOROSHEV, A.V., KUSHLIN, A.V. Landscape Analysis for sustainable development: theory and applications of landscape science in Russia. Moscou: Alexplublishers, 2007. p.114-120.

MONTEIRO, C.A.F. Geossistemas: a história de uma procura. São Paulo: Contexto/GeoUSP. (Novas abordagens 3). 2000. 127p.

MONTEIRO, C.A.F. The environmental quality in the Ribeirão Preto region – SP: na attempt. Latin American Regional Conference Brazil/IGU – CEP. 1982.

NIKOLAEV, V., ZUCHKOVA, V., e VOLKOVA, N. Physiographic area classification, landscape mapping, satellite observations. Ser. Geogr., 2004. p 375-379.

PETRUSHINA, M. Study of debris flow and avalanche geosystems of the high mountain regions of the Central Caucasus. Ser. Geogr., 2004. p 380-385.

RODRIGUES, C. A teoria geossistêmica e sua contribuição aos estudos geográficos e ambientais. Revista do Departamento de Geografia. N.14. 2001. p.69-77.

ROUGERIE, G. e BEROUTCHACHVILI, N.L. Géosystèmes et paysages. Bilan et métodes. Paris: Armand Colin, 1991. 320 p.

SNYTKO, V., SEMENOV, Y., SUVOROV, E.. Stationed based landscape ecological research in Siberia: a long field work tradition in serious financial troubles. IALE bulletin. V.13, n.1. Fev.1995. p.1-3.

SOCHAVA, V.B. O estudo de geossistemas. Métodos em questão, n.16, IGUSP. São Paulo, 1977. 51 p.

SOCHAVA, V.B. Por uma Teoria de classificação de geossistemas da vida terrestre. Biogeografia, n.14. IGUSP. São Paulo. 1978. 23 p.

SYSUEV, V.V e ALESCHENKO, G.M., Modeling landscapes: toward synthesis based on geophysical parameters. In: DYAKONOV, K.N., KASIMOV, N.S., KHOROSHEV, A.V., KUSHLIN, A.V. Landscape Analysis for sustainable development: theory and applications of landscape science in Russia. Moscou: Alexplublishers, 2007. p. 58-75.

TRICART, J.F.L. Paysage et écologie. Revue de Géomorphologie dynamique: géodynamique externe. Ètudes intégrée du milieu naturel, XXVIII, n3. 1979. p.81-95.