Discussão:Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
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Origem do ícone de Roma[editar código-fonte]
Estudiosos levantaram três hipóteses possíveis para origem do quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Alguns deles defende a idéia de que o quadro veio de Constantinopla, no século X, quando os monges de São Basílio vieram para evangelizar a ilha de Creta, uma pequena ilha do Mar Egeu, ao sul da Grécia.
Uma segunda hipótese é que o quadro foi pintado na própria ilha de Creta, no século X ou XI, época de grande produção de ícones como meio de evangelização, depois os bizantinos apoderaram da ilha após mais de um século em domínio dos muçulmanos.
A última é de que o quadro foi pintando na ilha de Creta, no século XIV ou início do século XV, em momento de grande esplendor artístico, em um período em que o lugar estava sob domínio dos venezianos, desde 1204.
Detalhes do ícone[editar código-fonte]
É uma pintura sobre madeira, com estilo bizantino, que mede 51cm de altura e 41,5cm de largura, em que o artista retrata a feição e santidade de Maria e Jesus, e mostra sua beleza e sua mensagem em símbolos.
Na parte superior da tela, acima das figuras, há uma inscrição com quatro letras gregas que significam “Mãe de Deus” e acima do ombro do Menino iniciais também gregas que significa "Jesus Cristo".
No quadro a Virgem Maria está a meio corpo, segura o Menino Jesus em seus braços sobre um fundo dourado, que representa o ouro e simboliza a glória do Paraíso. O Menino segura forte a mão da Mãe e observa os Arcanjos Gabriel, que apresenta a cruz e os cravos, instrumentos da Morte de Jesus e Miguel, que apresenta a lança, a esponja e o cálice da Paixão, ambos flutuam acima dos ombros de Maria.
A figura do Menino Jesus remonta o seu divino Nascimento, ao mesmo tempo, sua visão aterradora o transporta à mesma sensação que iria sentir no Horto das Oliveiras. Isto faz com que Ele busque no colo de Maria, Sua Mãe, socorro, proteção, consolo e segurança. A sandália caída, presa por um só de seus cordões, deixa a vista a planta de um dos pés do Menino, provavelmente por um movimento brusco ou corrida ao colo materno.
O olhar de Maria é voltado para nós, repassa uma doce tristeza e uma eterna compaixão. Ela se coloca como referência diante dos nossos pecados, intercedendo por nós junto a Jesus, e diante dos nossos sofrimentos, é nosso colo, nossa segurança, nosso Perpétuo Socorro. A pequena boca de Maria deixa claro o recolhimento e o silêncio, a túnica Vermelha é um distintivo das virgens do tempo de Nossa Senhora, o manto azul escuro representa a maternidade e virgindade de Maria e a estrela no Véu mostra que Ela traz a Luz ao mundo, Luz que nos conduz à Eternidade. A mão esquerda de Maria representa apoio e sustento à humanidade e a direita dada com o Menino significa o consolo e a interseção de Maria para com a humanidade. As auréolas foram colocadas em 1867 a pedido do Vaticano devido a milagres atribuídos a Ela.
Alguns pesquisadores afirmam que o pintor do quadro é desconhecido, outros dizem que a belíssima obra é atribuída ao grande artista grego Andréas Ritzos, mas, devido à riqueza de informações e extrema magnitude, os peritos sugerem que ela pode ter sido uma cópia do quadro da Virgem pintado por São Lucas, que além de escritor, também era pintor.
A História do Quadro
A história do quadro mostra como o Céu orienta os acontecimentos humanos para os desígnios divinos. É uma história de um artista desconhecido, um ladrão arrependido, uma menina curiosa, uma igreja abandonada, um religioso idoso e um Papa. E acima de tudo, é a história da presença de Maria na vida apostólica dos Missionários da Congregação do Santíssimo Redentor.
Um rico negociante ao passar pela ilha de Creta, na Grécia, por volta do século XVI, fica sabendo de um quadro milagroso que estava exposto em um dos Templos do lugar. Ele então o rouba e esconde entre suas mercadorias para tentar vende-lo no Ocidente. Durante a viagem o navio que ele estava deparou-se com uma terrível tempestade, então, os tripulantes desesperados, pediram socorro para Deus e para a Virgem Maria. A tempestade dissipou-se e a embarcação acabou por aportar na Itália.
Depois de mais ou menos um ano o milagroso quadro de Nossa Senhora foi levado para a cidade de Roma. Nesta época o negociante acabou por adoecer. Então, procurou um amigo que cuidasse dele e estando para morrer, revelou o segredo do quadro e pediu ao amigo que o devolvesse a uma Igreja. O amigo prometeu realizar o seu desejo, mas, por causa da sua esposa, não quis se desfazer de uma tão bela obra e também acabou por falecer sem ter cumprido a promessa.
Por fim, a Santíssima Virgem apareceu a uma menina de seis anos, filha desta família romana, e pediu para que o quadro colocado na Igreja de São Mateus (hoje Igreja de Santo Afonso), em Roma, situada entre as basílicas de Santa Maria Maior e São João Latrão e manifestou o desejo de ser invocada pelo título de “Perpétuo Socorro”. A menina contou para a mãe e para a avó o ocorrido e após muitas dúvidas e dificuldades, a mãe acatou a decisão e procurou o sacerdote encarregado da Igreja. O quadro foi colocado naquela Igreja em de março de 1499, onde ficou exposto à veneração durante os três séculos, tornando centro de peregrinação católica.
A Igreja de São Mateus não era grande, mas possuía um belo e inestimável tesouro que atraía os fiéis: o quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. No período de 1739 a 1798, a igreja e o convento adjacente, eram de responsabilidade dos Agostinianos irlandeses, que foram injustamente exilados do seu país e usavam o convento como centro de formação para a Província romana. Os jovens estudantes encontravam um refúgio de paz junto à Virgem do Perpétuo Socorro, enquanto se preparavam para o sacerdócio, o apostolado e o martírio.
No ano de 1798, por ocasião da guerra civil, o venerável templo e o convento foram destruídos. Alguns Agostinianos permaneceram lá por mais alguns anos, mas eventualmente eles também tiveram de ir embora. Alguns voltaram para a Irlanda, outros foram para novas fundações na América, mas a maioria passou para um convento vizinho. Este último grupo levou consigo o quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Em 1819, os Agostinianos irlandeses se transferiram para a Igreja de Santa Maria in Posterula, perto da ponte "Umberto I" que atravessa o rio Tibre. Com eles foi a "Virgem de São Mateus". Mas como "Nossa Senhora da Graça" já era venerada naquela igreja, o quadro recém-chegado foi posto numa capela interna do convento, onde permaneceu, quase desconhecido, a não ser para o Irmão Agostinho Orsetti, um dos jovens frades provenientes de São Mateus.
Os anos passavam e parecia que o quadro, que tinha sido salvo da guerra que destruiu a igreja de São Mateus, estava para cair no esquecimento. Então um jovem coroinha e futuro sacerdote da Ordem dos Redentoristas chamado Michele Marchi, que visitava com freqüência a Igreja de Santa Maria in Posterula, tornou-se amigo do último membro da Congregação a fazer profissão religiosa no templo de São Mateus, o Irmão Agostinho Orsetti. O frade com idade avançada e sentindo a proximidade da morte falou ao jovem amigo estas exatas palavras: 'Veja bem, meu filho, você sabe, que a imagem da Virgem de São Mateus está lá em cima na capela: nunca se esqueça dela, entende? É um quadro milagroso'. Naquele tempo o Irmão estava quase totalmente cego."O que eu posso dizer a respeito do venerável quadro de 'Virgem de São Mateus', também chamada 'Perpétuo Socorro', é que desde a minha infância até quando entrei na Congregação redentorista sempre o vi acima do altar da capela doméstica dos Padres Agostinianos da Província irlandesa em Santa Maria in Posterula, não havia devoção a ele, nem enfeite, nem sequer uma lâmpada para reconhecer a sua presença, ficava coberto de poeira e praticamente abandonado. Muitas vezes, quando eu ajudava a Missa lá, eu olhava para ele com grande atenção”.
O Irmão Agostinho faleceu em 1853, aos 86 anos, sem ter visto realizado o seu desejo de que a Virgem do Perpétuo Socorro fosse de novo exposta à veneração pública. Suas orações e sua ilimitada confiança na Virgem Maria pareciam ter ficado sem resposta.
Em Janeiro de 1855, os Missionários Redentoristas adquiriram "Villa Caserta" em Roma, fazendo dela a Casa Generalícia da sua Congregação missionária, que se tinha espalhado pela Europa ocidental e América do Norte. Nesta mesma propriedade junto à Via Merulana, estavam as ruínas da Igreja e do Convento de São Mateus. Sem percebê-lo na ocasião, eles tinham adquirido o terreno que, muitos anos antes, tinha sido escolhido pela Virgem para seu santuário entre Santa Maria Maior e São João de Latrão.
Quatro meses depois, começou a construção de uma igreja em honra do Santíssimo Redentor e dedicada a Santo Afonso de Ligório, fundador da Congregação. Em dezembro de 1855, um grupo de jovens começava seu noviciado na nova casa. Um deles era Michele Marchi.
Os Redentoristas estavam extremamente interessados na história da sua nova propriedade. Mais ainda, quando, a 7 de fevereiro de 1863, ficaram intrigados com os questionamentos de um pregador jesuíta, Pe. Francesco Blosi, que num sermão falou de um ícone de Maria que "tinha estado na Igreja de São Mateus na Via Merulana e era conhecido como a Virgem de São Mateus, ou mais corretamente a Virgem do Perpétuo Socorro".
Em outra ocasião, o Cronista da comunidade Redentorista, examinando alguns autores que tinham escrito sobre as antiguidades romanas, encontrou referências à Igreja de São Mateus. Entre elas havia uma citação particular, mencionando que naquela igreja (que estava situada na área do jardim da comunidade) havia um antigo ícone da Mãe de Deus, que gozava de grande veneração e fama por seus milagres. Então, tendo contado tudo isto à comunidade, começaram a se perguntar onde poderia estar o quadro. O Pe. Marchi repetiu tudo o que ouvira do Irmão Agostinho Orsetti e disse a seus confrades que muitas vezes tinha visto o ícone e sabia muito bem onde se achava.
Com esta nova informação, cresceu entre os Redentoristas o interesse por saber mais sobre o ícone e por recuperá-lo para a sua igreja. O Superior Geral, Pe. Nicholas Mauron apresentou uma carta ao Papa Pio IX, na qual ele pedia à Santa Sé que lhe concedesse o ícone do Perpétuo Socorro para ser colocado na recém-construída Igreja do Santíssimo Redentor e de Santo Afonso, localizada perto de onde estava a antiga Igreja de São Mateus. O Papa concedeu a licença e no verso da petição, de próprio punho ele escreveu: "11 de dezembro de 1865: O Cardeal Prefeito da Propaganda chamará o Superior da comunidade de Santa Maria in Posterula e lhe dirá que é Nosso desejo que a imagem da Santíssima Virgem, à qual se refere esta petição, seja de novo colocada entre São João e Santa Maria Maior; os Redentoristas vão substituí-la por um outro quadro adequado”.
Conforme a tradição, foi então que o Papa Pio IX disse ao Superior Geral dos Redentoristas: "Fazei-a conhecida no mundo inteiro!" Em janeiro de 1866, os Pes. Michele Marchi e Ernesto Bresciani foram a Santa Maria in Posterula receber o quadro dos Agostinianos.
Começou então o processo de limpeza e restauração do ícone. A tarefa foi confiada a um artista polonês, Leopold Nowotny. Finalmente, no dia 26 de abril de 1866, a imagem era de novo exposta à veneração pública na igreja de Santo Afonso na Via Merulana.
A última restauração do ícone ocorreu em 1990, o quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi retirado do altar-mor para satisfazer aos muitos pedidos de novas fotografias do ícone. Foi então que o sério estado de deterioração da imagem foi descoberto: a madeira, bem como a pintura, tinha sofrido com as mudanças do ambiente e as primeiras tentativas de restauração. O Governo Geral dos Redentoristas decidiu contratar os serviços técnicos do Museu Vaticano para realizar uma restauração geral do ícone, que eliminasse as rachaduras e os fungos que ameaçavam danos irreparáveis.
A primeira parte da restauração consistiu numa série de raios X, imagens em infravermelho, análises qualitativas e quantitativas da pintura e outros testes com raios infravermelhos e ultravioletas. Os resultados destas análises, especialmente o teste de carbono 14, indicaram que a madeira do ícone do Perpétuo Socorro pode ser datada seguramente dos anos 1325-1480.
O segundo estágio da restauração consistiu no trabalho físico de encher as rachaduras e perfurações da madeira, limpar a pintura e retocar as partes afetadas, reforçar a estrutura que sustenta o ícone, etc. Esta intervenção física limitou-se ao mínimo absoluto, porque todo trabalho de restauração, um pouco como a cirurgia em seres humanos, sempre provoca algum trauma.
Uma análise artística situou a pigmentação da pintura numa data posterior (após o século XVII); isto explicaria por que o ícone oferece uma síntese de elementos orientais e ocidentais, especialmente nos seus aspectos faciais.
Atualmente, o quadro original encontra-se na igreja de Santo Afonso, em Roma e a festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é celebrada no dia 27 de junho.
A Devoção no Brasil
Com a chegada dos Missionários Redentoristas em 1893, no Brasil, o culto a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro expandiu-se rapidamente por todas as regiões brasileiras. O carro-chefe desta propagação foram as novenas perpétuas. A difusão de cópias também contribui bastante. Em certos lugares é comum encontrar a tal imagem na sala de visita ou na sala da frente da casa das famílias.
No Brasil, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é muito popular. Sua novena perpétua é bastante difundida e com muitas participações. D. Aloísio Cardeal Lorscheider, Arcebispo Emérito de Aparecida, SP, afirma: "A devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está muito espalhada no Brasil. Deve-se isso, em grande parte, à ação dos Missionários Redentoristas. Toda quarta-feira é, dedicada a um culto especial a esta devoção. São tantas as famílias que, felizmente, vêm à Mãe do Céu, sob o título de Perpétuo Socorro, confiar-se nas mãos d'Aquela que tão bem cuidou de Jesus".