Equidade de conhecimento

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A equidade do conhecimento é um conceito das ciências sociais que propõe uma transformação social do conhecimento, buscando expandir o que deve ser valorizado como tal, bem como incluir as comunidades historicamente excluídas desse debate devido à desigualdade social e suas históricas estruturas de poder e privilégio.

História

A equidade do conhecimento originou-se na disciplinas de gestão do conhecimento e refere-se ao processo de mensuração do reconhecimento que inclui aspectos subjetivos às estruturas mais tradicionais de gestão informacional.[1] Isto evoluiu para formas de valoração que incluem tanto as pessoas detentoras do conhecimento quanto os processos em torno do acesso, compreensão e organização do mesmo.[2] O conceito interliga-se aos debates sobre o acesso às diferentes àreas de produção do conhecimento, não raro ligada às publicações de acesso aberto, que permitem acesso equitativo. [3]

O dabte sobre o acesso e as concepções sobre o que conta como conhecimento se transformou dentro das ciências sociais, levando à aferição das pessoas que efetivamente controlam o que conta como conhecimento e ao reconhecimento de como isso influencia a hierarquia e o desequilíbrio do conhecimento. A crença de que algumas formas de conhecimento são inerentemente melhores do que outras estabelece uma desigualdade e injustiça para com aquelas pessoas que são excluídas dos sistemas que normalmente privilegiam o conhecimento discursivo sobre outras formas.[4] A Fundação Wikimedia identificou a equidade do conhecimento como um elemento-chave para a direção estratégica de seu ecossistema de conhecimento aberto e inclusivo,[5][6] onde todas as pessoas são livres para criar e consumir conhecimento.[7] Isso tem sido conectado com a assunção da educação como uma estratégia social para expandir a equidade do conhecimento.[8]

Desafios

Os desafios dessa noção incluem: determinar quais pessoas estão envolvidas no discurso em que o conhecimento é compreendido e aceito;[9] descobrir como os conhecimentos tácito e explícito interagem e se integram aos sistemas que valorizam múltiplas perspectivas;[10] por fim, as dificuldades de expansão para além das limitações culturais das suposições do conhecimento.[11] O desafio para os movimentos sociais de expandirem as concepções tradicionais rumo às ideias de conhecimento aberto e livre em uma sociedade politizada envolve questões práticas de justiça social.[12]

Referências

  1. Glazer, Rashi (1998). «Measuring the Knower: Towards a Theory of Knowledge Equity». California Management Review (em inglês). 40 (3): 175–194. ISSN 0008-1256. doi:10.2307/41165949 
  2. Baskerville, Richard; Dulipovici, Alina (2006). «The theoretical foundations of knowledge management». Knowledge Management Research & Practice (em inglês). 4 (2): 83–105. ISSN 1477-8238. doi:10.1057/palgrave.kmrp.8500090 
  3. Matheka, Duncan Mwangangi; Nderitu, Joseph; Mutonga, Daniel; Otiti, Mary Iwaret; Siegel, Karen; Demaio, Alessandro Rhyll (9 de abril de 2014). «Open access: academic publishing and its implications for knowledge equity in Kenya». Globalization and Health. 10 (1). 26 páginas. ISSN 1744-8603. PMC 4046522Acessível livremente. PMID 24716579. doi:10.1186/1744-8603-10-26 
  4. Jaffe, JoAnn (2017). «Knowledge Equity is Social Justice: Engaging a Practice Theory Perspective of Knowledge for Rural Transformation: Knowledge Equity is Social Justice». Rural Sociology (em inglês). 82 (3): 391–410. doi:10.1111/ruso.12143 
  5. «Strategy/Wikimedia movement/2018-20 - Meta». meta.wikimedia.org (em inglês). Consultado em 27 de outubro de 2020 
  6. «How Wikipedia Faces Emerging Knowledge with Collective Capital». Non Profit News | Nonprofit Quarterly (em inglês). 14 de fevereiro de 2020. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  7. «Promoting Knowledge Equity». Wikimedia Foundation (em inglês). 14 de julho de 2020. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  8. «Promoting Knowledge Equity». Wikimedia Foundation (em inglês). 14 de julho de 2020. Consultado em 27 de outubro de 2020 
  9. Representation : cultural representations and signifying practices. London: Sage in association with the Open University. 1997. ISBN 0-7619-5431-7. OCLC 36566982 
  10. Nonaka, Ikujiro (1994). «A Dynamic Theory of Organizational Knowledge Creation». Organization Science. 5 (1): 14–37. ISSN 1047-7039 
  11. Anthony-Stevens, Vanessa; Matsaw Jr, Sammy L. (2020). «The productive uncertainty of indigenous and decolonizing methodologies in the preparation of interdisciplinary STEM researchers». Cultural Studies of Science Education (em inglês). 15 (2): 595–613. ISSN 1871-1502. doi:10.1007/s11422-019-09942-x 
  12. Harrison, Stephen (9 de junho de 2020). «How Wikipedia Became a Battleground for Racial Justice». Slate Magazine (em inglês). Consultado em 27 de outubro de 2020