Banda Negra (Revolução Francesa): diferenças entre revisões

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A "'''Banda Negra'''" é uma expressão que ficou conhecida por designar uma associação de [[especulador]]es que, durante a [[Revolução Francesa]], com em colocação em sequestro dos bens do Clero (pelos decretos de 13 de Maio e 16 de Julho de 1790) e dos [[Emigrações francesas (1789-1815)|emigrados (pelos decretos de 2 de Setebro de 1792 e 3 de Junho de 1793), se formou para comprar a preço baixo castelos, [[abadia]]s e monumentos de arte de alto valor, com o objetivo de ocupá-los ou revendê-los com lucro ou de demoli-los e efetuar a venda dos materiais retirados das demolições.
A "'''Banda Negra'''" é uma expressão que ficou conhecida por designar uma associação de [[especulador]]es que, durante a [[Revolução Francesa]], com a colocação em sequestro dos bens do Clero (pelos decretos de 13 de Maio e 16 de Julho de 1790) e dos [[Emigrações francesas (1789-1815)|emigrados (pelos decretos de 2 de Setebro de 1792 e 3 de Junho de 1793), se formou para comprar a preço baixo castelos, [[abadia]]s e monumentos de arte de alto valor, com o objetivo de ocupá-los ou revendê-los com lucro ou de demoli-los e efetuar a venda dos materiais retirados das demolições.


A expressão parece ter sido usada mesmo antes da [[Revolução Francesa]] para designar uma forma de violência camponesa, mais destrutiva que mortífera, que não parecia ser, para o bem ou para o mal, espontânea.
A expressão parece ter sido usada mesmo antes da [[Revolução Francesa]] para designar uma forma de violência camponesa, mais destrutiva que mortífera, que não parecia ser, para o bem ou para o mal, espontânea.


O primeiro texto que menciona o termo de forma explícita é um [[panfleto]] da época do [[Primeiro Império Francês]] que fala de assaltos imputados a camponeses, em particular de devastações florestais, dirigidas, segundo o autor, por um certo Martin Beaudoin, dos [[Les Andelys|Andelys]], descrito como um « milionário »<ref>Nicole Mozet, ''La Bande noire ou un morceau d'histoire post-révolutionnaire dont la littérature n'a pas raconté l'histoire'', pp. 61-62.</ref>.
O primeiro texto que menciona o termo de forma explícita é um [[panfleto]] da época do [[Primeiro Império Francês]] que fala de assaltos imputados a camponeses, em particular de devastações florestais, dirigidas, segundo o autor, por um certo Martin Beaudoin, dos [[Les Andelys|Andelys]], descrito como um « milionário »<ref>Nicole Mozet, ''La Bande noire ou un morceau d'histoire post-révolutionnaire dont la littérature n'a pas raconté l'histoire'', pp. 61-62.</ref>.
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Alguns anos mais tarde, o termo especializa-se para estigmatizar operações financeiras levadas a cabo com a compra a baixo preço de bens nacionais demolidos com o intuito de recuperar seus materiais. A expressão torna-se de uso corrente a partir da [[Restauração francesa|Restauração]], num contexto ideológico hostil à Revolução.
L'expression semble avoir été employée avant même la [[Révolution française]] pour désigner une forme de violence paysanne, plus destructrice que meurtrière, que l'on ne croyait pas, à tort ou à raison, spontanée.


O exemplo mas famoso é a compra, em Maio de [[1791]], da [[Abadia de Royaumont]] pelo Marquês Jean-Joseph Bourguet de Guilhem de Travanet, que transforma os edifícios convencionais em [[fiação|fiações]]<ref>Françoise Klein, « Les Travanet, une famille d'aristocrates éclairés (1791-1825) » (pp. 105-114), e Jean-François Belhoste, « Des industries textiles à Royaumont (1791-1864) » (pp. 34-56), dans Nathalie Le Gonidec, Jean-François Belhoste (dir.), ''Royaumont au XIX siècle}} : les métamorphoses d'une abbaye'', Creaphis éditions, 2008, 227 pages {{ISBN|2354280157}}.</ref>.
Le premier texte explicite est un pamphlet de l'époque de l'[[Premier Empire|Empire]], qui parle de brigandages dus à des paysans, en particulier des dégâts forestiers, dirigés selon l'auteur par un certain Martin Beaudoin, des [[Les Andelys|Andelys]], décrit comme un « millionnaire »<ref>Nicole Mozet, ''La Bande noire ou un morceau d'histoire post-révolutionnaire dont la littérature n'a pas raconté l'histoire'', pp. 61-62.</ref>.


Pode-se também citar [[Antoine Joseph Santerre]], [[Jean-Nicolas Pache]], [[Antoine Merlin de Thionville]] ou ainda o [[Claude Henri de Rouvroy de Saint-Simon|Conde de Saint-Simon]], que concebeu seriamente o projeto de comprar a [[Catedral de Notre-Dame]] para "''desmembrá-la''" e vender os materiais em sua totalidade ...
Quelques années plus tard, le terme se spécialise pour stigmatiser des opérations financières portant sur le rachat à bas prix de [[bien national|biens nationaux]] démolis à fin de récupération de matériaux. L'expression devient d'usage courant à partir de la [[Restauration française|Restauration]], dans un contexte idéologique hostile à la Révolution.


Todos os compradores de bens nacionais e os especuladores tinham em comum o desejo de impedir o retorno à situação anterior a [[1789]] e de ter que restituir os bens por eles adquiridos após [[1791]].
L'exemple le plus fameux est l'achat, en {{date||mai|1791}}, de l'[[abbaye de Royaumont]] par le marquis Jean-Joseph Bourguet de Guilhem de Travanet, qui transforma les bâtiments conventuels en filature<ref>Françoise Klein, « Les Travanet, une famille d'aristocrates éclairés (1791-1825) » (pp. 105-114), et Jean-François Belhoste, « Des industries textiles à Royaumont (1791-1864) » (pp. 34-56), dans Nathalie Le Gonidec, Jean-François Belhoste (dir.), ''Royaumont au {{s-|XIX|e}} : les métamorphoses d'une abbaye'', Creaphis éditions, 2008, 227 pages {{ISBN|2354280157}}.</ref>.


As atividades da "Banda Negra" prosseguiram até 1825 e mesmo depois disso <ref>{{quote|"''Bande noire : nome dado a uma ou várias companhias de especuladores que, após a Revolução e pelo menos até o fim da [[Restauração francesa|Restauração]], compravam castelos e conventos e os demoliam para vender completamente todos os materiais de construção, decorações interiores, objetos em ferro, ferragens, e terras loteadas''".}}Anne-Marie Meininger e Pierre Citron, Indice de personagens reais da "''Comédie Humaine''", Paris, [[Biblioteca de la Pléiade]], 1981, t. XII, pág. 1620 {{ISBN|2070108775}}</ref>. [[Honoré de Balzac]] faz referência ao termo em vários romances<ref>''[[Modeste Mignon]]'', La Pléiade, t.I, p.677, ''[[Madame Firmiani]]'', La Pléiade, t.II, p.148, ''[[Le Cousin Pons]]'', La Pléiade, t.VII, p.490, ''[[Les Paysans]]'', La Pléiade, t.IX, p.146, ''[[Le Curé de village]]'', t.IX, p. 643-645</ref>
On peut également citer [[Antoine Joseph Santerre]], [[Jean-Nicolas Pache]], qui s'offrit « à folle enchère » un ensemble abbatial à [[Thin-le-Moutier]] le {{date|7|août|1791}} pour {{formatnum:75600}} livres<ref>Voir Louis Pierquin, ''Mémoires sur Pache'', E. Jolly, 1900, 276 pages (rééd. Bibliobazaar, 2008, 261 pages {{ISBN|978-0-559-43994-0}}, chapitre VII: « Fortune de Pache », pp. 243-256), qui récuse les accusations de malhonnêteté de Pache.</ref>, [[Antoine Merlin de Thionville]] ou encore le [[Claude Henri de Rouvroy de Saint-Simon|comte de Saint-Simon]], qui eut le projet sérieux d'acheter la cathédrale [[Cathédrale Notre-Dame de Paris|Notre-Dame]] pour la "débiter" et en vendre les matériaux au détail...

Tous les acquéreurs de [[bien national|biens nationaux]], et les spéculateurs avaient en commun la volonté d'empêcher un retour à la situation d'avant 1789 et de devoir restituer les biens qu'ils avaient acquis depuis 1791.


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Les activités de la Bande Noire se sont poursuivies jusqu'en [[1825 en France|1825]] et bien au-delà<ref>{{Citation|Bande noire : nom donné à une ou plusieurs compagnies de spéculateurs qui, après la Révolution et jusqu'à la fin de la [[Restauration française|Restauration]] au moins, achetèrent châteaux et couvents et les démolirent pour en vendre en détail tous les matériaux de construction, les décorations intérieures, ferronneries, ferraille et les terres démembrées.}}Anne-Marie Meininger et Pierre Citron, Index des personnages réels de ''[[la Comédie humaine]]'', Paris, [[Bibliothèque de la Pléiade]], 1981, t. XII, {{p.}}1620 {{ISBN|2070108775}}</ref>. [[Honoré de Balzac]] y fait référence dans plusieurs romans<ref>''[[Modeste Mignon]]'', La Pléiade, t.I, p.677, ''[[Madame Firmiani]]'', La Pléiade, t.II, p.148, ''[[Le Cousin Pons]]'', La Pléiade, t.VII, p.490, ''[[Les Paysans]]'', La Pléiade, t.IX, p.146, ''[[Le Curé de village]]'', t.IX, p. 643-645</ref>
Les activités de la Bande Noire se sont poursuivies jusqu'en [[1825 en France|1825]] et bien au-delà<ref>{{Citation|Bande noire : nom donné à une ou plusieurs compagnies de spéculateurs qui, après la Révolution et jusqu'à la fin de la [[Restauration française|Restauration]] au moins, achetèrent châteaux et couvents et les démolirent pour en vendre en détail tous les matériaux de construction, les décorations intérieures, ferronneries, ferraille et les terres démembrées.}}Anne-Marie Meininger et Pierre Citron, Index des personnages réels de ''[[la Comédie humaine]]'', Paris, [[Bibliothèque de la Pléiade]], 1981, t. XII, {{p.}}1620 {{ISBN|2070108775}}</ref>. [[Honoré de Balzac]] y fait référence dans plusieurs romans<ref>''[[Modeste Mignon]]'', La Pléiade, t.I, p.677, ''[[Madame Firmiani]]'', La Pléiade, t.II, p.148, ''[[Le Cousin Pons]]'', La Pléiade, t.VII, p.490, ''[[Les Paysans]]'', La Pléiade, t.IX, p.146, ''[[Le Curé de village]]'', t.IX, p. 643-645</ref>



Revisão das 20h07min de 11 de maio de 2010

A "Banda Negra" é uma expressão que ficou conhecida por designar uma associação de especuladores que, durante a Revolução Francesa, com a colocação em sequestro dos bens do Clero (pelos decretos de 13 de Maio e 16 de Julho de 1790) e dos [[Emigrações francesas (1789-1815)|emigrados (pelos decretos de 2 de Setebro de 1792 e 3 de Junho de 1793), se formou para comprar a preço baixo castelos, abadias e monumentos de arte de alto valor, com o objetivo de ocupá-los ou revendê-los com lucro ou de demoli-los e efetuar a venda dos materiais retirados das demolições.

A expressão parece ter sido usada mesmo antes da Revolução Francesa para designar uma forma de violência camponesa, mais destrutiva que mortífera, que não parecia ser, para o bem ou para o mal, espontânea.

O primeiro texto que menciona o termo de forma explícita é um panfleto da época do Primeiro Império Francês que fala de assaltos imputados a camponeses, em particular de devastações florestais, dirigidas, segundo o autor, por um certo Martin Beaudoin, dos Andelys, descrito como um « milionário »[1].

Alguns anos mais tarde, o termo especializa-se para estigmatizar operações financeiras levadas a cabo com a compra a baixo preço de bens nacionais demolidos com o intuito de recuperar seus materiais. A expressão torna-se de uso corrente a partir da Restauração, num contexto ideológico hostil à Revolução.

O exemplo mas famoso é a compra, em Maio de 1791, da Abadia de Royaumont pelo Marquês Jean-Joseph Bourguet de Guilhem de Travanet, que transforma os edifícios convencionais em fiações[2].

Pode-se também citar Antoine Joseph Santerre, Jean-Nicolas Pache, Antoine Merlin de Thionville ou ainda o Conde de Saint-Simon, que concebeu seriamente o projeto de comprar a Catedral de Notre-Dame para "desmembrá-la" e vender os materiais em sua totalidade ...

Todos os compradores de bens nacionais e os especuladores tinham em comum o desejo de impedir o retorno à situação anterior a 1789 e de ter que restituir os bens por eles adquiridos após 1791.

As atividades da "Banda Negra" prosseguiram até 1825 e mesmo depois disso [3]. Honoré de Balzac faz referência ao termo em vários romances[4]

Referências e notas

  1. Nicole Mozet, La Bande noire ou un morceau d'histoire post-révolutionnaire dont la littérature n'a pas raconté l'histoire, pp. 61-62.
  2. Françoise Klein, « Les Travanet, une famille d'aristocrates éclairés (1791-1825) » (pp. 105-114), e Jean-François Belhoste, « Des industries textiles à Royaumont (1791-1864) » (pp. 34-56), dans Nathalie Le Gonidec, Jean-François Belhoste (dir.), Royaumont au XIX siècle}} : les métamorphoses d'une abbaye, Creaphis éditions, 2008, 227 pages ISBN 2354280157.
  3. "Bande noire : nome dado a uma ou várias companhias de especuladores que, após a Revolução e pelo menos até o fim da Restauração, compravam castelos e conventos e os demoliam para vender completamente todos os materiais de construção, decorações interiores, objetos em ferro, ferragens, e terras loteadas".
    Anne-Marie Meininger e Pierre Citron, Indice de personagens reais da "Comédie Humaine", Paris, Biblioteca de la Pléiade, 1981, t. XII, pág. 1620 ISBN 2070108775
  4. Modeste Mignon, La Pléiade, t.I, p.677, Madame Firmiani, La Pléiade, t.II, p.148, Le Cousin Pons, La Pléiade, t.VII, p.490, Les Paysans, La Pléiade, t.IX, p.146, Le Curé de village, t.IX, p. 643-645
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