Explicação pragmática

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Explicação pragmática em Filosofia da Ciência consiste em uma teoria da explicação conforme um modelo pragmático. As teorias da explicação tratam de analisar o que seriam respostas adequadas para sentenças com a partícula "por que", i.e., enunciados explanativos. Tradicionalmente entende-se que, de algum modo, uma resposta a uma pergunta a cerca de por que um evento ocorreu deve sustentar as causas suficientes, ou ao menos necessárias, que explicam o porquê de ter ocorrido tal evento no lugar de não ter ocorrido.[1][2] Particularmente do ponto de vista do pragmatismo filosófico, um modelo pragmático da explicação é composto por três termos: teoria, fato e contexto.[3]

Conceito[editar | editar código-fonte]

A ideia básica da explicação pragmática é a de que teorias (enquanto um conjunto de causas) é utilizada para explicar fatos, mas antes é preciso saber o contexto em que uma teoria deve ser aplicada, ademais, o contexto também seria esclarecedor sobre que tipo de causa se espera ver na resposta, se uma causa motora/eficiente ou uma causa final etc.[3] A esse respeito, van Fraassen ilustra o modelo pragmático com o seguinte exemplo: suponha a seguinte pergunta: "Por que Adão comeu a maçã?". A depender do contexto, essa pergunta pode ser parafraseada de diferentes formas, relativamente à ênfase pressuposta no contexto, como "Por foi Adão (e não outra pessoa) que comeu a maça?", "Por que foi a maçã (e não outra coisa) que Adão comeu?" e "Quanto à maça, por que Adão a comeu (em vez de fazer qualquer outra coisa com ela)?" Todas essas paráfrases da pergunta inicial requerem respostas diferentes, com causas diferentes, e só se poderá optar por uma delas para se interpretar a pergunta inicial considerando o contexto em que ela se insere.[4][5] A delimitação de um contexto requer, segundo van Fraassen, a delimitação de um tópico para a questão, uma classe de contraste que demarque um conjunto de elementos --- nos exemplos acima, um conjunto de pessoas como Adão, Eva etc. ou um conjunto de frutas como maça, banana etc. ou um conjunto de atos como comer, oferecer etc. --- e, por fim, uma relação de relevância, sendo a relação de relevância aquilo a respeito de que se pede uma razão.[4][6]

Referências

  1. Dutra 2009, p. 97-98.
  2. Dutra 2009, p. 113.
  3. a b Dutra 2009, p. 110-111.
  4. a b Dutra 2009, p. 114-115.
  5. van Fraassen 2009, p. 126-127.
  6. van Fraassen 2009, p. 127-129.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Dutra, Luiz Henrique de Araújo (2009). Introdução à Teoria da Ciência. Florianópolis: Editora da UFSC. ISBN 9788532804600 
  • van Fraassen, Bas. C. (1980). The Scientific Image (em eng). Oxford: Oxford Clarendon Press