Fëanor
Fëanor | |
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Personagem de O Silmarillion | |
Informações gerais | |
Criado por | J. R. R. Tolkien |
Informações pessoais | |
Nascimento | 1169 AA, Tirion |
Morte | 1497 AA, Ered Wethrin (com 328 AA/3142 anos) |
Residência | Tirion, Formenos |
Características físicas | |
Espécie | Elfo (Noldor) |
Sexo | Masculino |
Cor do cabelo | Preto |
Família e relacionamentos | |
Família | Filho de Finwë e Míriel Serindë;
Irmão de Fingolfin e Finarfin; Marido de Nerdanel; Pai de Maedhros, Maglor, Celegorm, Caranthir, Curufin, Amrod e Amras; Avô de Celebrimbor |
Fëanor é um personagem fictício de O Silmarillion, de J. R. R. Tolkien. Foi o segundo rei dos Noldor e o principal líder daqueles que abandonaram Valinor.
Fëanor foi o maior artesão dos Elfos, sendo também um grande guerreiro e o criador dos silmarils (jóias ao redor das quais O Silmarillion se desenrola) e dos palantíri, para além de ser o inventor da escrita Tengwar.
Dentro dos Filhos de Ilúvatar, foi feito o mais poderoso de corpo e mente — de aparência, entendimento, habilidade e subtileza. No entanto, a sua personalidade estava repleta de defeitos, dos quais se destacam o egoísmo e o orgulho que fadou desgostosamente o seu povo.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos
Fëanor nasceu em 1169 AA em Tirion, filho de Finwë e Míriel. Ele absorveu tanta energia de Míriel que ela consumiu-se e, após o nascimento de Fëanor, desejou libertar-se da fadiga de viver e morreu.
Eventualmente, Finwë volta a casar e tem mais quatro filhos com Indis — Findis, Fingolfin, Irimë e Finarfin. Embora amasse o pai com o maior carinho possível a um filho, Fëanor não gostava de Indis nem dos seus filhos, e por tal vivia separado dela e dos seus meios-irmãos.
Na juventude, descobriu rapidamente o seu talento para o artesanato e para a língua — aprimorou o sistema de escrita de Rúmil e criou o Tengwar, usado pelos Noldor na Terra-média até à Terceira Era. Também se tornou aprendiz de Mahtan, um grande ferreiro que aprendera a sua arte com o próprio Aulë. Com Mahtan muito descobriu de metalurgia, casando-se depois com a sua filha, Nerdanel, com quem teve sete filhos — Maedhros, Maglor, Celegorm, Caranthir, Curufin, Amrod e Amras. Passava a maior parte do tempo sozinho ou com os seus filhos, e todos lhe eram absolutamente leais.
Para além do seu trabalho como artesão, ourives e linguista, Fëanor possuía uma habilidade oratória excecional, conseguindo persuadir praticamente todos através do seu discurso. Ele era também conhecido por ser inquieto e ambicioso, explorando ao máximo os recursos à sua volta e procurando sempre novos trabalhos.
A criação dos silmarils
De longe, o maior feito de Fëanor foi a criação dos silmarils em 1450. Para os fazer, Fëanor capturou luz das Duas Árvores de Valinor, e por meios desconhecidos, conteve-a, imperecível, em três grandes pedras preciosas semelhantes a diamantes. As suas criações granjearam-lhe grandes elogios e ele passou amar os silmarils com um amor sôfrego e desmedido. Ele alternava entre exibir pomposamente as jóias e guardá-las longe de todos, salvo da sua família mais próxima.
As artimanhas de Morgoth
Após três eras de aprisionamento, Melkor, a fonte primordial de mal no mundo, engana os Valar com uma falsa demonstração de arrependimento. Perdoado e a residir em Valinor, a sua maldade atinge níveis sem precedentes e os Elfos tornam-se o seu principal alvo, pois por eles tinha sido ele derrubado. Ao descobrir que, dos Elfos de Valinor, os Noldor eram os mais influenciáveis devido à sua sede de conhecimento e vontade de ouvir, Melkor começa a espalhar subtilmente entre eles que os Valar os mantinham presos em Valinor para que a raça dos Homens pudesse herdar a Terra-média e reclamar a glória que poderia ter sido deles. Embora Fëanor desconfiasse e temesse Melkor, na sua arrogância e impaciência repetiu muitas vezes, sem querer, as suas mentiras. Ele torna-se então rapidamente o mais proeminente dos Noldor revoltosos, ao ponto dos outros Valar, sem saberem das mentiras de Melkor, o verem como a fonte do mal-estar em Valinor.
Ora Melkor cobiçava os silmarils e odiava Fëanor, mas escondia de todos as suas intenções enquanto a situação se deteriorava ainda mais. As mentiras de Melkor acabaram por se transformar no rumor de que Fingolfin, o meio-irmão de Fëanor, planeava usurpar o seu lugar como herdeiro de Finwë e apoderar-se dos silmarils. Em 1490, no seu orgulho e vaidade, Fëanor ameaçou Fingolfin, e por isto os Valar exilam-no em Formenos. Além de um tesouro considerável, ele leva para o degredo os silmarils, que guarda num cofre. Numa demonstração de apoio ao seu filho mais velho, Finwë também se retira para Formenos e renuncia à coroa enquanto Fëanor permanecer no exílio.
Ao se aperceberem de que Melkor estava por detrás das ações de Fëanor, os Valar enviam Tulkas para aprisioná-lo novamente, contudo não o encontram. Melkor não é visto durante muito tempo, até aparecer inesperadamente em Formenos em 1492. Aí tenta manipular Fëanor, mas Fëanor percebe que o verdadeiro objetivo de Melkor são os silmarils e escorraça-o. Furioso, Melkor vai-se e desaparece.
O roubo dos silmarils
Em 1495, com o objetivo de reparar a inimizade entre os Noldor e os Valar e reconciliar os dois irmãos, os Valar convidam os exilados para uma grande festa. Embora desejassem que Finwë comparecesse, ele recusa o seu convite por Fëanor continuar no exílio, permanecendo em Formenos. Durante o banquete de reconciliação, Fingolfin estende a mão ao seu meio-irmão e reconhece abertamente o lugar de Fëanor como o mais velho.
Entretanto, Melkor escapara para Avathar, onde encontrara Ungoliant, uma criatura maléfica semelhante a uma aranha. Enquanto Fëanor e Fingolfin se reconcilivam, Melkor e Ungoliant destroem as Duas Árvores e mergulham Valinor na escuridão total. Eles dirigiram-se então para Formenos, onde Melkor mata Finwë e saqueia o cofre, levando os silmarils e muitos outros tesouros, fugindo depois para a Terra-média.
Nessa altura, Yavanna declarou as Duas Árvores mortas — a luz das Árvores sobrevivia agora apenas nos silmarils. Para restaurar as Árvores e contrariar a maldade de Melkor, ela pediu a Fëanor que entregasse os silmarils para os quebrar e a luz lá dentro ser libertada. Mas Fëanor garantiu que não entregaria as suas jóias de livre vontade, e proclamou que se os Valar o obrigassem a fazê-lo não seriam melhores que Melkor. No entanto, o egoísmo de Fëanor pouco efeito teve, porque um mensageiro de Formenos chegou para anunciar a morte de Finwë e o roubo dos silmarils por Melkor.
A rebelião dos Noldor
Fëanor, ao saber do sucedido, chamou a Melkor de Morgoth ("Inimigo Negro") e, reclamando a coroa dos Noldor, proferiu um discurso apaixonado involuntariamente embutido com mentiras. Convenceu a maioria do seu povo que, como os Valar não os podiam proteger, eles deviam segui-lo até à Terra-média e lutar contra o Senhor das Trevas. Fëanor fez então o terrível Juramento de Fëanor, que todos os seus sete filhos repetiram, prometendo lutar contra todos e qualquer um — Elfo, Homem, Maia ou Vala — que retivesse um silmaril, invocando inclusive Ilúvatar como testemunha. Este Juramento levou a muitos conflitos e causou mais tarde uma grande tragédia sobre os seus sete filhos.
Procurando uma forma de chegar à Terra-média, Fëanor foi até Alqualondë, onde viviam os Teleri, e exigiu a utilização dos seus navios. Quando os Teleri se recusaram a dá-los ou emprestá-los, Fëanor ordenou aos Noldor que os tomassem à força. Ora os Teleri resistiram e iniciou-se uma batalha, na qual muitos dos Teleri foram mortos. Os Teleri foram esmagados quando a hoste de Fingolfin se juntou à batalha.
Devido à matança, os Valar proclamaram a Condenação dos Noldor, na qual profetizaram a desgraça de todos aqueles que seguissem a Casa de Fëanor. Mas Fëanor decidiu continuar e declarou profeticamente que os seus atos viveriam em canções até ao fim do mundo. Contudo, aqueles que se arrependeram voltaram com Finarfin, o terceiro filho de Finwë. Eles foram perdoados pelos Valar e Finarfin governou como Rei dos restantes Noldor em Valinor.
Exílio na Terra-média e morte
Os Noldor chegam em 1497 ao Helcaraxë. Como não haviam navios suficientes para transportar todos até ao outro lado do mar, Fëanor e os seus filhos apoderaram-se dos navios e partiram. Após atracarem, Fëanor decidiu queimar os navios e deixar a hoste de Fingolfin para trás, e como a terra era plana naqueles dias, os Noldor restantes viram as chamas e perceberam-se abandonados.
Ao saber da chegada dos Noldor, Morgoth convocou os seus exércitos e atacou o acampamento de Fëanor em Mithrim. Esta batalha foi chamada Dagor-nuin-Giliath ("Batalha sob as Estrelas"), porque o Sol e a Lua ainda não tinham sido criados. Os Noldor conseguiram vencer e dispersaram os exércitos de Morgoth. Mas Fëanor, ainda em grande fúria, avançou em direção a Angband e foi emboscado por balrogs. Apesar de lutar valentemente, foi derrotado por Gothmog, senhor dos balrogs. Os seus filhos conseguem depois expulsá-los, mas os ferimentos de Fëanor eram fatais. Ele foi levado para as encostas das Ered Wethrin, onde viu de longe a fortaleza de Morgoth e o amaldiçoou três vezes. Ao morrer, o seu espírito reduziu o seu corpo a cinzas, e ele foi de facto o único a morrer desta forma.
O espírito de Fëanor permaneceu nos Salões de Mandos e estava proibido de reencarnar. Diz-se que ele apenas regressará para a Dagor Dagorath, altura em que finalmente recuperará os silmarils e os quebrará para que Yavanna possa usar a sua luz para restaurar as Duas Árvores.
Os seus filhos ficaram ainda obrigados pelo Juramento a recuperar os silmarils, o que determinou muito do que aconteceu depois na Terra-média durante a Primeira Era.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Fëanor é a junção de fëa ("espírito, alma") + naur ("fogo"). Na realidade, este nome é uma versão meio "sindarizada" do seu nome-materno em quenya — Fëanáro. Em sindarin, a grafia correta seria Faenor.
O nome mudou desde as primeiras versões do legendário, de modo que nos primeiros escritos, Fëanor é dado como o cognato quenya do gnomish Fionor ("Goblet Smith" em inglês). No entanto, Tolkien usou depois Fëanor nos Contos Perdidos, e na altura em que desenvolveu o noldorin, Fëanor estabeleceu-se como nome original enquanto Fëanáro ficou como o cognato quenya. Ambos significavam "Sol Radiante", do quendiano primitivo Phayanâro.
Outros nomes
[editar | editar código-fonte]Ao nascer, Fëanor foi inicialmente apelidado de Minyon ("Primogénito").
O seu nome-paterno foi primeiramente Finwë (igual ao do seu pai) ou Finwion ("Filho de Finwë"), mas após Fëanor mostrar as suas aptidões o mesmo foi ampliado para Curufinwë (curu = "habilidade").
O seu nome-materno era Fëanáro, que se traduz como "Espírito de Fogo".
Fëanor chamava-se a si "Filho de Þerindë" (Filho da Bordadeira, uma referência a sua mãe). Após a criação dos silmarils, passou a intitular-se de "o senhor das luzes".
Fragmento de O Silmarillion
[editar | editar código-fonte]«[...] pois Fëanor fora, dos Filhos de Ilúvatar, aquele que fora feito mais poderoso em tudo quanto respeitava o corpo e a mente, em coragem, em resistência, em beleza, em compreensão, em perícia, em força e em subtileza, e havia nele uma chama viva.»[1]
Criações
[editar | editar código-fonte]- Lâmpadas de Fëanor
- Heráldica de Fëanor
- Palantíri
- Silima
- Tengwar
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Tolkien, J. R. R. (Novembro de 2009). O Silmarillion. Mem Martins: Publicações Europa-América. p. 103