Fazenda Solar das Andorinhas

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A Fazenda Duas Pontes é uma fazenda cafeeira cuja fundação foi entre o final do século XVIII e início do século XIX. Localiza-se no Município de Campinas, foi transformada em hotel fazenda em 1971 e atualmente é um local de eventos. É tombado como patrimônio histórico pelo CONDEPACC (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas) em 1994[1][2][3].

História[editar | editar código-fonte]

A Fazenda Duas Pontes, foi fundada em 1800, mas sua origem remonta as sesmarias concedidas pelo Governo português para incentivar o desenvolvimento do Brasil. Entre 1796 e 1798, elas foram concedidas ao capitão-mor Inácio Ferreira de Sá e ao capitão-mor da Vila de São Carlos, Floriano Camargo Penteado. O primeiro, Inácio Ferreira de Sá, teve um filho chamado Joaquim Ferreira Penteado, que depois viria a ser o “Barão de Itatiba”. O segundo, Floriano Camargo Penteado, teve uma filha chamada Francisca de Paula Camargo[4].

Em 1830, esta família se uniu através do matrimônio do Barão de Itatiba com Francisca, unificando as sesmarias e fundando a Fazenda Duas Pontes, com seus trinta e três alqueires de terra. Quando o casal faleceu, seu filho Inácio de Ferreira Camargo Andrade, casado com Dona Brandina Emilia Leite Penteado, herdou a fazenda. Porém ele faleceu jovem, aos 42 anos, sem deixar herdeiros[4].

Dona Brandina então, ainda jovem, contraiu um novo matrimônio com o Desembargador Artur Furtado Albuquerque Cavalcanti, que se tornando o novo proprietário da Fazenda, realizou várias reformas para melhorá-la e algumas até obras suntuosas, como a Roda D’Água, a Serraria e o Moinho de Fubá. Suas iniciais estão pela fazenda, até os tijolos que saíam de sua olaria continham a inscrição "AF". Também foi durante sua gestão que uma estação de trem foi construída na propriedade[4].

Porém, por causa de suas dívidas, acabou assassinado e as terras da fazenda foram à leilão. Em 1919, Coronel Cristiano Osório de Oliveira arrematou as terras e fez dela uma das principais propriedades agrícolas de Campinas, produzindo cerca de cem mil sacas de café por ano, que eram transportadas da estação de trem Tanquinho e estação de Carlos Gomes, pertencentes à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro[5].

A fazenda foi escravocrata até a abolição da escravidão em 1888, chegou a ter entre setenta e oitenta escravos quando ainda se denominava Fazenda Duas Pontes, e então passou a receber colonos vindos de outros países para a colheita e processamento do café.[2][3] Apesar de ter recebido uma placa com os dizeres de que era um local abençoado e o sinhô era bom, as fazendas da região de Campinas eram conhecidas por seu tratamento violento aos escravos[6].

Após o falecimento do Coronel Cristiano, a propriedade foi dividida entre seus herdeiros, que as venderam.

Em 1971 foi adquirida pela família Ceccarelli que a transformou em hotel fazenda, com uma área de aproximadamente 250.000 metros quadrados. Recebendo a visita de escolas para conhecer a história do local, os proprietários criaram um museu que abrigava objetos da época, como baús, vestidos, e documentos. Constituía uma autêntica fazenda colonial do século XVIII, preservando diversas estruturas da época, entre elas a roda d´água, o moinho de fubá, o antigo lavatório dos escravos e a casa grande[1][4] .

O hotel fazenda foi fechado em 2017 e agora é um local / espaço para eventos, mantendo as visitas históricas e a estrutura de piscinas, parque aquático do hotel anterior para uso atual dos visitantes[7][8].

Arquitetura / Estrutura[editar | editar código-fonte]

Ao adquirir a propriedade, a família Ceccarelli recuperou a estrutura e arquitetura das construções históricas erguidas na propriedade, como as ruínas da senzala, a casa grande e suas grossas paredes com oitenta centímetros de largura, as casinhas dos colonos e a capela, entre outros, além da roda d’água e a casa de máquinas, onde instalaram um museu[3].

O jardim de entrada é imponente, com suas palmeiras imperiais e magnífico portão. Ainda conseguiram manter parte do calçamento das antigas estrebarias, as ruínas da serraria e do moinho de fubá.[3].

Objetos Históricos[editar | editar código-fonte]

A Fazenda Duas Pontes ainda mantém o antigo lavatório dos escravos, retratando a vida difícil e precária do período de escravidão, onde os escravos podiam se banhar neste lavatório no único dia de folga semanal que tinham. Entre os outros objetos também estão o moinho de fubá, a roda d'água, construída por um de seus proprietários, Artur Furtado, e a cozinha onde era preparada a comida do barão[1].

Outras peças interessantes que podem ser observadas são os tijolos do antigo terreiro de café e alguns vitrais com a inscrição AF (iniciais de Arthur Furtado)[1].

Também ainda possuem alguns exemplares das carteiras escolares usadas pelos filhos dos colonos na escola que funcionava na fazenda[1].

Entre os documentos estão os livros de contabilidade da época dos colonos italianos, com seus registros feitos à caneta de bico de pena e intactas.

Referências

  1. a b c d e Bovo, Luiz Fernando (2000). «Fazendas preservam imóveis de 1800». Folha de São Paulo. Consultado em 13 de abril de 2021 
  2. a b «Antiga casa grande, Hotel Fazenda em Campinas romantiza a escravidão». Brasil de Fato. Consultado em 13 de abril de 2021 
  3. a b c d «Jornal da Serra da Cantareira». www.jornaldaserra.com.br. Consultado em 18 de abril de 2021 
  4. a b c d «Jornal da Serra da Cantareira». jornaldaserra.com.br. Consultado em 18 de abril de 2021 
  5. FRANCISCO, Postado por GILBERTO ALVES. «Preservação e História». Consultado em 18 de abril de 2021 
  6. «Antiga casa grande, Hotel Fazenda em Campinas romantiza a escravidão». Brasil de Fato. Consultado em 18 de abril de 2021 
  7. «Colônia de ex-funcionários do Solar das Andorinhas recebe rede de água | Notícias | Prefeitura Municipal de Campinas». www.campinas.sp.gov.br. Consultado em 18 de abril de 2021 
  8. «Quem Somos – Quinta do Conde». Consultado em 18 de abril de 2021