Festa do Faisão

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Pintura anónima do século XVI mostrando participantes da Festa do Faisão

A Festa do Faisão (em francês: Banquet du Vœu du faisan, "Banquete do Juramento do Faisão") foi um banquete dado por Filipe III da Borgonha, a 17 de fevereiro de 1454, em Lille, atualmente em França. O seu objetivo era promover uma cruzada contra os turcos, que tinham tomado Constantinopla no ano anterior. A cruzada nunca chegou a realizar-se.

Existem relatos contemporâneos do banquete (nomeadamente as Memoirs de Olivier de la Marche e as Chroniques de Mathieu d'Escouchy), que nomeiam e descrevem com muito pormenor os luxuosos espetáculos encenados durante a refeição e até as várias peças musicais executadas, incluindo talvez o moteto Lamentatio sanctae matris ecclesiae Constantinopolitanae de Dufay.[1]

A certa altura do espetáculo, segundo as crónicas, um ator vestido de mulher, com roupas de cetim branco, personificando a Igreja de Constantinopla (segundo uma hipótese, interpretado pelo próprio Olivier de la Marche),[2] entrou na sala do banquete montado num elefante, conduzido por um Sarraceno gigante, para recitar uma "queixa e lamentação numa voz piedosa e feminina" ("commença sa complainte et lamentacion à voix piteuse et femmenine"), pedindo ajuda aos Cavaleiros do Tosão de Ouro.

Tem-se suposto que este foi o momento em que o moteto de Dufay teria sido executado.[3] Outros autores conjeturam que se tratou apenas de um momento de inspiração e que o moteto foi efetivamente escrito mais tarde. Também nos é dito qual a música de Gilles Binchois foi tocada e de 24 músicos a tocar dentro de uma enorme tarte e um truque com um cavalo a andar para trás.[4]

O juramento prestado pelos participantes, o Vœux du faisan ("Juramento do faisão"), insere-se na tradição dos "juramentos de pássaros" da França medieval tardia, popularizados no romance do século XIV, o Voeux du paon.


Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Spechtler, Franz Viktor: Lyrik des ausgehenden 14. und des 15. Jahrhunderts. Rodopi, 1984, p. 156
  2. Edmund A. Bowles, Instruments at the Court of Burgundy (1363–1467), The Galpin Society Journal, Vol. 6, (July 1953), pp. 42–43
  3. Whitwell, David: On music of the courts of Burgundy. [www.whitwellessays.com/docs/DOC_565.doc]
  4. F. Alberto Gallo, Music of the Middle Ages II, translated by Karen Eales. Cambridge: Cambridge University Press, 1985. p. 104, proposes it was written a year later; Spechtler (op.cit.) merely states the time and context of its composition is unknown.