Furacão Paul (2006)

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Furacão Paul
Furacão categoria 2 (SSHWS/NWS)
imagem ilustrativa de artigo Furacão Paul (2006)
O furacão Paul durante seu pico de intensidade
Formação 21 de Outubro de 2006
Dissipação 26 de Outubro de 2006

Ventos mais fortes sustentado 1 min.: 165 km/h (105 mph)
Pressão mais baixa 970 mbar (hPa); 28.64 inHg

Fatalidades 4 diretas
Danos Desconhecidos
Áreas afectadas México (Oaxaca, Guerrero, Baja California Sur, Sinaloa)
Parte da Temporada de furacões no Pacífico de 2006

O furacão Paul foi um ciclone tropical que atingiu a costa pacífica do México como uma depressão tropical em Outubro de 2006. Paul formou-se de uma área de distúrbios meteorológicos em 21 de Outubro e intensificou-se lentamente assim que se moveu sobre uma área com águas mornas e com ventos de cisalhamento em declínio. Paul tornou-se um furacão em 23 de Outubro e depois, naquele dia, atingiu o pico de intensidade com ventos constantes de 165 km/h, sendo um furacão de categoria 2 na escala de furacões de Saffir-Simpson. Um forte cavado fez que Paul deslocasse para norte e nordeste, numa área com fortes ventos de cisalhamento e Paul enfraqueceu-se numa tempestade tropical em 24 de Outubro. Paul começou a mover-se mais velozmente e depois de passar uma distância curta ao sul de Baja California Sur, a circulação ciclônica de baixos níveis separou-se do resto das áreas de convecção. Paul enfraqueceu-se numa depressão tropical em 25 de Outubro a uma curta distância da costa do México e após afastar-se brevemente da costa, fez landfall no noroeste de Sinaloa em 26 de Outubro.

Paul foi o terceiro furacão a ameaçar o México ocidental na temporada, sendo que os outros foram o furacão John e o furacão Lane. Ondas fortes mataram duas pessoas ao longo da costa de Baja California Sur enquanto enchentes foram relatados em Sinaloa.

História meteorológica[editar | editar código-fonte]

O caminho de Paul

Uma onda tropical deixou a costa ocidental da África em 4 de Outubro. A onda moveu-se para oeste sobre o Oceano Atlântico sem mostrar sinais de desenvolvimento e entrou a bacia do Oceano Pacífico em 18 de Outubro. No dia seguinte, a onda juntou-se com uma área de distúrbios meteorológicos, resultando numa grande área de convecção estendendo-se para o norte no sul do México.[1] O grande e distorcido sistema moveu-se para oeste a cerca de 16–24 km/h.[2] Em 20 de Outubro, o sistema desenvolveu uma área de baixa pressão e começou a mostrar sinais de organização.[3] O sistema continuou a se organizar e tornou-se a depressão tropical Dezessete-E em 21 de Outubro a cerca de 425 km a sul-sudoeste de Manzanillo. Após a formação, a depressão possuía uma pequena e tênua circulação ciclônica de baixos níveis abaixo de uma circulação bem definida de médios níveis. Ventos de cisalhamento orientais inicialmente restringiram os fluxos externos assim que o ciclone movia-se para oeste devido a uma alta subtropical ao seu norte.[4]

O padrão de nuvens da depressão rapidamente ficou mais bem definido assim que uma banda curvada de chuva desenvolveu-se em volta as áreas de convecção profundas em desenvolvimento e é estimado que o sistema intensificou-se na tempestade tropical Paul somente seis horas depois de sua formação. Ventos de cisalhamento orientais deixaram exposta a circulação de baixos níveis no leste das áreas de convecção profunda, embora Paul continuasse a se intensificar assim que o sistema movia-se sobre uma área águas mornas e também numa área com ventos de cisalhamento que diminuíam progressivamente.[5] A circulação de baixos níveis gradualmente ficou mais associada às áreas de convecção assim que o padrão de nuvens ficou mais bem definido. Os modelos computacionais tinham problemas em prever o futuro da tempestade no início de sua existência; o modelo GFDL previu que Paul iria alcançar uma intensidade com ventos constantes de 191 km/h enquanto que modelos globais diziam que o sistema iria se dissipar em 48 ou 72 horas.[6] No começo da madrugada de 22 de Outubro, os ventos de cisalhamento começaram a diminuir, que coincidiu com um aumento dos fluxos externos no semicírculo oriental da tempestade.[7] A tempestade degradou-se temporariamente em sua aparência[8] assim que começou a seguir para noroeste.[9] No entanto, os ventos de cisalhamento de repente pararam no final de 22 de Outubro e Paul começou a se organizar e a se intensificar rapidamente. Um olho começou a se formar no interior das áreas de convecção[10] e Paul tornou-se um furacão no começo da madrugada de 23 de Outubro.[11]

O furacão Paul com ventos de 145 km/h

Localizado numa área com águas mornas e poucos ventos de cisalhamento, o furacão Paul continuou a se intensificar e a se organizar;[11] seu olho bem definido estava rodeado por um anel de convecção profunda enquanto que os fluxos externos continuavam fortes ao norte e ao sul do sistema.[12] Em 23 de Outubro, localizado a cerca de 750 km a sul-sudoeste de Cabo San Lucas, México, Paul alcançou seu pico de intensidade com ventos constantes de 165 km/h, sendo um furacão de categoria 2 na escala de furacões de Saffir-Simpson.[1] Um grande cavado localizado próximo da costa da Califórnia causou a mudança da direção de deslocamento de Paul, que começou a seguir para norte-noroeste.[13] e depois para o norte. A combinação do aumento dos ventos de cisalhamento e ar seco causaram o enfraquecimento de Paul,[14] que enfraqueceu-se numa tempestade tropical assim que sua circulação de baixos níveis ficou a mostra das áreas de convecção em enfraquecimento.[15] Então, a tempestade começou a seguir para nordeste após passar perto da Ilha Socorro.[16] Apesar dos ventos de cisalhamento chegasse a 80 km/h, Paul continuou como uma tempestade tropical enquanto que sua circulação ciclônica continuava no semicírculo sudoeste de suas áreas de convecção profunda. No começo da madrugada de 25 de Outubro, a tempestade passou a cerca de 160 km no extremo sul da Península da Baixa Califórnia.[17] A circulação ciclônica ficou brevemente envolvida com áreas de convecção profunda assim que o sistema começou a se deslocar mais velozmente para nordeste. No entanto, assim que Paul aproximava-se da costa de Sinaloa, o centro da circulação ficou novamente separada da circulação de altos níveis.[18] Depois, naquele dia, Paul enfraqueceu-se numa depressão tropical a uma curta distância da costa do México e começou a seguir para o norte.[19] No começo do dia seguinte, a depressão, que estava desprovida de quase todas as áreas de convecção, fez landfall perto de Isla Altamura, no noroeste de Sinaloa. Horas depois, o Centro Nacional de Furacões emitiu seu último aviso sobre a depressão tropical em dissipação.[1][20]

Preparativos[editar | editar código-fonte]

Assim que Paul tornou-se um furacão, o governo do México emitiu um alerta de furacão para a costa de Baja California Sur, entre Agua Blanca, na costa oeste do estado, até La Paz, na costa do Golfo da Califórnia.[21] Quando a tendência de enfraquecimento da tempestade ficou evidente assim que a tempestade começou a seguir para nordeste, o alerta de furacão foi substituído por um aviso de tempestade tropical.[22] 45 horas antes da tempestade atingir a cota, o governo do México emitiu um alerta de tempestade tropical entre Mazatlán e San Evaristo, ao longo da costa de Sinaloa.[22] Quando era esperado que a tempestade tropical iria se tornar uma depressão tropical antes do landfall, o alerta de tempestade tropical foi descontinuado em Sinaloa.[23] Quando Paul continuou a ser uma tempestade tropical por um período de tempo mais longo do que previsto e naquele momento era esperado que Paul fizesse landfall como uma tempestade tropical, um aviso de tempestade tropical foi emitido para a costa entre Mazatlán e Atlata,[24] que foi descontinuado quando paul enfraqueceu-se numa depressão tropical.[19]

As autoridades no extremo sul do estado de Baja California Sur fecharam as escolas,[25] enquanto outros ordenaram a retirada de mais de 1.500 pessoas de favelas. Policiais locais foram de casa em casa para informar aos possíveis residentes afetados sobre a tempestade. Ônibus levaram todos os cidadãos retirados para escolas que serviam temporariamente como abrigos temporários.[26] Um hotel em Cabo San Lucas informou aos seus hóspedes sobre aproximação da tempestade e organizou atividades indoor para aqueles que ficaram. Vários turistas terminaram suas férias mais cedo e deixaram o local através dos aeroportos locais.[27] A ameaça da tempestade fez que as autoridades fechassem o porto em Cabo San Lucas, causando atrasos numa competição de pesca local.[25] Em Sinaloa, as autoridades retiraram mais de 3 000 pessoas que estavam sob a ameaça de enchentes.[28]

Impactos[editar | editar código-fonte]

Imagem de satélite TRMM do furacão Paul

O Centro Nacional de Furacões notou que a perturbação precursora tinha o potencial de causar chuvas fortes que poderiam resultar em enchentes que poderiam ameaçar vidas ou deslizamentos em Oaxaca e Guerrero.[2] No entanto, estes estados mexicanos não foram afetados por Paul.

No sul de Baja California Sur, um pescador que caiu na água devido às ondas fortes foi levado à costa rochosa, enquanto que um turista estadunidense foi levado para o mar aberto devido às fortes correntes. Ambos morreram.[29] Outros dois foram mortos em Sinaloa quando seu caminhão foi levado pela enxurrada para um rio.[30] Paul foi o terceiro furacão no ano a ameaçar Los Cabos, sendo que os outros foram os furacões John e Lane. O furacão causou danos leves na área, somente produzindo rajadas de vento e alguma chuva.[26] Paul causou chuvas moderadas no México, incluindo 58 mm em 24 horas em Mazatlán, Sinaloa[31] e mais de 200 mm em algumas áreas localizadas.[32] As chuvas causaram enchentes, sendo que a mais severa foi relatada em Villa Juarez. Lá, um córrego transbordou enquanto que as chuvas causaram enchentes nas ruas que passaram mais de 1 m de altura.[28] 5 000 casas foram danificadas pelas enchentes, deixando 20 000 pessoas desabrigadas.[33] A passagem da tempestade danificou mais de 3 700 acres (15 km²) de plantações, principalmente plantações de feijão e milho.[32]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Jamie R. Rhome and Robert J. Berg (2006). «Hurricane Paul Tropical Cyclone Report» (PDF). National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 30 de novembro de 2006 
  2. a b Franklin (2006). «Special Tropical Disturbance Statement». National Hurricane Center (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  3. Stewart (2006). «October 20 Tropical Weather Outlook». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 [ligação inativa]
  4. Stewart (2006). «Tropical Depression Seventeen-E Discussion One». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  5. Avila (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Two». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  6. Avila (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Six». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  7. Beven (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Four». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  8. Franklin (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Five». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  9. Rhome & Pasch (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Six». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  10. Rhome & Pasch (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Seven». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  11. a b Avila (2006). «Hurricane Paul Discussion Eight». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  12. Franklin (2006). «Hurricane Paul Discussion Nine». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  13. Rhome & Pasch (2006). «Hurricane Paul Discussion Ten». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  14. Rhome/Pasch (2006). «Hurricane Paul Discussion Eleven». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  15. Rhome & Pasch (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Fourteen». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  16. Rhome & Pasch (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Fifteen». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  17. Avila (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Seventeen». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  18. Rhome & Pasch (2006). «Tropical Storm Paul Discussion Nineteen». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  19. a b «Tropical Depression Paul Discussion Twenty». NHC (em inglês). 2006. Consultado em 26 de outubro de 2006 
  20. Mainelli (2006). «Tropical Depression Paul Discussion Twenty-Two». NHC (em inglês). Consultado em 26 de outubro de 2006 
  21. Avila (2006). «Hurricane Paul Public Advisory Eight». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  22. a b Avila (2006). «Hurricane Paul Public Advisory Thirteen». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  23. Beven & Landsea (2006). «Hurricane Paul Discussion Sixteen». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  24. Rhome & Pasch (2006). «Hurricane Paul Discussion Eighteen». NHC (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006 
  25. a b Frank Jack Daniels (2006). «Paul fades to tropical storm in run at Mexico». Reuters (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006. Arquivado do original em 24 de fevereiro de 2008 
  26. a b Frank Jack Daniels (2006). «Mexican resort third time lucky as storm misses». Reuters (em inglês). Consultado em 25 de outubro de 2006. Arquivado do original em 11 de março de 2008 
  27. Associated Press (2006). «Hurricane Paul threatens southern Baja California» (em inglês). Consultado em 26 de outubro de 2006 
  28. a b Associated Press (2006). «Remnants of Paul soak Mexican mainland; storm expected to dissipate quickly» (em inglês). Consultado em 26 de outubro de 2006. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
  29. Mark Stevenson (2006). «Tropical Storm Paul Weakens». Associated Press (em inglês). Consultado em 26 de outubro de 2006 
  30. «Hurricane Paul kills two in northwestern Mexico». Reuters (em inglês). 26 de outubro de 2006. Consultado em 1 de novembro de 2006. Arquivado do original em 24 de fevereiro de 2008 
  31. Alex Morales (2006). «Tropical Depression Paul Rains on Mexico, Weakens Over Land». Bloomberg (em inglês). Consultado em 26 de outubro de 2006 
  32. a b La Journada (2006). «Emergencia en 109 municipios de Sinaloa por Paul» (PDF) (em espanhol). Consultado em 30 de novembro de 2006. Arquivado do original (PDF) em 22 de junho de 2009 
  33. Dartmouth Flood Observatory (2006). «2006 Global Register of Major Flood Events» (em inglês). Consultado em 6 de novembro de 2006 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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