Gauchito Gil

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Gauchito Gil é um lendário personagem da cultura popular argentina.[1] Seu nome completo era Antonio Mamerto Gil Núñez, e supostamente nasceu na área de Pagamento Ubre, hoje Mercedes, província de Corrientes, possivelmente na década de 1840, e morreu a 8 de janeiro de 1878.

Pintura de uma casa no bairro argentino de Rosário

É considerado o mais proeminente santo gaúcho na Argentina.[2] Não está incluído na liturgia católica.

A lenda[editar | editar código-fonte]

Primeira versão[editar | editar código-fonte]

Antonio Gil teria sido um trabalhador gaúcho rural, adorador de São Morte, que teve um romance com uma viúva endinheirada. O relacionamento o fez ganhar a inimizade dos irmãos da viúva e do chefe de polícia local que havia cortejado a mesma mulher. Dado o perigo, Gil deixou a área e se alistou para a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) contra o Paraguai. Em seu regresso, foi recrutado pelo Partido Autonomista para lutar na guerra civil correntina contra o opositor Partido Liberal, porém desertou. Dado que a deserção era um delito, foi capturado, colocado de pé encostado a uma árvore com espinhos e morto com um corte na garganta. Gil disse a seu carrasco que deveria rezar em seu nome pela vida de seu filho, que se encontrava muito doente. O carrasco assim o fez, e seu filho sarou milagrosamente. Ele então deu ao corpo de Gil um enterro apropriado e as pessoas que participaram do féretro construíram um santuário.

Gauchito Gil

Segunda versão[editar | editar código-fonte]

Outra versão relata que Gil era um abigeato que se uniu aos pobres. Recrutado para combater na Guerra da Tríplice Aliança, desertou e foi perseguido. Quando o capturaram, um comissário estava para lhe atirar, quando Gil lhe disse: "Não me mates. Vai chegar a prova de minha inocência." O comissário então respondeu: "Não irá te salvar." Foi então que Gauchito Gil disse: "Quando chegar a carta que prova minha inocência, receberá a notícia que seu filho está morrendo por causa de uma grave doença. Reze para mim que ele se salvará, porque hoje está derramando o sangue de um inocente." Nessa época se acredita que invocar o sangue de um inocente era milagroso. Ao chegar em casa, o comissário encontrou seu filho doente, rezou por Gauchito Gil e seu filho se curou. Ele então retornou ao local onde estava o corpo e lhe concedeu um enterro.

Terceira versão[editar | editar código-fonte]

Gauchito Gil dirigia um grupo autônomo que ia de povoado em povoado saqueando, roubando os ricos para dar aos pobres e matando todo liberal que cruzasse seu caminho. Era devoto de São Morte e dizia que era impossível ser assassinado à bala. Foi capturado por um grupo de homens do Partido Liberal e degolado perto de Mercedes Corrientes.

Santuário e adoração[editar | editar código-fonte]

Imagem de Gauchito Gil em seu santuário

Existe a tradição de envolver com bandeiras vermelhas ou pintar da mesma cor os santuários de veneração de Gauchito Gil, dado que a cor caracteriza o Partido Autonomista da Província de Corrientes.

Atualmente, o santuário construído no local de seu túmulo, localizado a cerca de 8,2 km da cidade de Mercedes, recebe centenas de milhares de peregrinos a cada ano, especialmente a 8 de janeiro, dia do aniversário da morte de Gil.[3][4]

O culto a Gauchito Gil se espalhou a partir da província de Corrientes para o resto do país, incluindo a província de Chaco, Santa Fé, Córdoba, Mendoza, província de Buenos Aires e até mesmo a Capital Federal e a província de Terra do Fogo.[5] Os fiéis são muitas vezes tementes a São Morte como as histórias estão fortemente interligadas.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Frigerio, Alejandro (2018). «Gauchito Gil» (requer pagamento). Cham: Springer International Publishing (em inglês): 1–4. ISBN 9783319089560. doi:10.1007/978-3-319-08956-0_539-1 
  2. Notícias de El Litoral[ligação inativa]
  3. El Clarin
  4. «Santuário de El Gauchito». Consultado em 17 de julho de 2013. Arquivado do original em 13 de maio de 2013 
  5. «Los Andes». Consultado em 17 de julho de 2013. Arquivado do original em 9 de janeiro de 2014 

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • Chesnut, R. Andrew. Devoted to Death: Santa Muerte, the Skeleton Saint (Oxford University Press, 2012) ISBN 0199764654
  • Chesnut, R. Andrew. Devoted to Death: Santa Muerte, the Skeleton Saint (Oxford University Press, 2012) ISBN 0199764654
  • Lorusso, Fabrizio. Santa Muerte. Patrona dell'umanità (Stampa Alternativa / Nuovi Equilibri, 2013) ISBN 9788862223300