Mostrar código-fonte de Globalismo

{{Globalização}}
'''Globalismo''' refere-se a vários sistemas com alcance além do mero internacional. O termo é usado por detratores da [[globalização]]. Embora principalmente associado a sistemas mundiais, outros fenômenos com alcance global também foram descritos como "globalistas".

O termo também é frequentemente usado de maneira pejorativa por movimentos de [[extrema-direita]] e [[Teoria da conspiração|teóricos da conspiração]]. O uso dessa forma também tem sido associado ao [[antissemitismo]], já que os antissemitas frequentemente utilizam a palavra globalista para se referir aos [[judeus]].<ref>{{Citar periódico |url=https://www.nytimes.com/2016/11/15/us/politics/globalism-right-trump.html |titulo=Globalism: A Far-Right Conspiracy Theory Buoyed by Trump (Published 2016) |data=2016-11-14 |acessodata=2021-03-16 |jornal=The New York Times |ultimo=Stack |primeiro=Liam |lingua=en-US |issn=0362-4331}}</ref><ref>{{Citar web |ultimo=Zimmer |primeiro=Ben |url=https://www.theatlantic.com/politics/archive/2018/03/the-origins-of-the-globalist-slur/555479/ |titulo=The Origins of the 'Globalist' Slur |data=2018-03-14 |acessodata=2021-03-16 |website=The Atlantic |lingua=en}}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.adl.org/resources/reports/quantifying-hate-a-year-of-anti-semitism-on-twitter |titulo=Quantifying Hate: A Year of Anti-Semitism on Twitter |acessodata=2021-03-19 |website=Anti-Defamation League |lingua=en}}</ref>

Historicamente, tem sido associado a esforços internacionais após a [[Segunda Guerra Mundial]], como as [[Nações Unidas]] e a [[União Europeia]], e às vezes com as políticas [[Neoliberalismo (relações internacionais)|neoliberais]]<ref>[https://www.publico.pt/2007/06/18/jornal/a-narrativa-neoliberal-sobre-a-globalizacao-219072 A narrativa neoliberal sobre a globalização]</ref> e [[Neoconservadorismo|neoconservadoras]] de "[[Construção de nação|construção da nação]]" e com o intervencionismo militar dos [[Estados Unidos]] entre 1992 e o começo da [[Guerra ao Terror]].

== Definições e interpretações ==

[[Paul James]] define o globalismo, "pelo menos em seu uso mais específico, … como [[ideologia]] dominante e subjetividade associada a diferentes formações historicamente dominantes de extensão global. A definição implica, portanto, que existiam formas pré-modernas ou tradicionais de globalismo e globalização muito antes de a força motriz do [[capitalismo]] procurar colonizar todos os cantos do globo, por exemplo, remontar ao [[Império Romano]] no segundo século II, e talvez para os [[Grécia Antiga|gregos]] do século V a.C.".<ref>{{Harvnb|James|2006|p=22}}.</ref>

Manfred Steger distingue entre diferentes globalismos como o globalismo da justiça, o globalismo da ''[[jihad]]'' e o globalismo do mercado.<ref>{{Harvnb|Steger|2008|p={{Page needed|date=Outubro de 2014}}}}.</ref> O globalismo de mercado inclui a ideologia do [[neoliberalismo]]. Em algumas interpretações, a redução do conceito de globalismo à ideologia única do "globalismo de mercado" e do neoliberalismo levou à confusão. Por exemplo, em seu livro de 2005, ''O colapso do globalismo e a reinvenção do mundo'', o filósofo canadense [[John Ralston Saul]] tratou o globalismo como coincidente com o neoliberalismo e a globalização neoliberal. Ele argumentou que, longe de ser uma força inevitável, a globalização já está se dividindo em partes contraditórias e que os cidadãos estão reafirmando seus interesses nacionais de maneira positiva e destrutiva. Alternativamente, o cientista político estadunidense [[Joseph Nye]], cofundador da [[teoria das relações internacionais]] do [[Neoliberalismo (relações internacionais)|neoliberalismo]], generalizou o termo ao argumentar que o globalismo se refere a qualquer descrição e explicação de um mundo caracterizado por redes de conexões que abrangem distâncias multi-continentais; enquanto a globalização se refere ao aumento ou declínio no grau de globalismo.<ref name="Nye 2002">{{Harvnb|Nye|2002}}.</ref> Esse uso do termo originou-se e continua a ser usado em debates acadêmicos sobre os desenvolvimentos econômicos, sociais e culturais que são descritos como globalização. O termo é usado de maneira específica e restrita para descrever uma posição no debate sobre o caráter histórico da globalização (ou seja, se a globalização é sem precedentes ou não).<ref>{{citar periódico|doi=10.1111/j.1468-2486.2007.00670.x | volume=9 |título=The Third Wave in Globalization Theory |periódico=International Studies Review |páginas=173–196 |último1 = Martell |primeiro1 = Luke}}</ref>

== História do conceito ==

A palavra entrou em uso generalizado primeiro nos [[Estados Unidos]], a partir do início dos anos 1940.<ref>{{citar web|título= ''globalism'' in American-English corpus, 1800–2000 | url = https://books.google.com/ngrams/graph?content=globalism&year_start=1800&year_end=2000&corpus=17&smoothing=0 | website = [[Google Ngram Viewer]] |acessodata= 24 de outubro de 2014 }}</ref> Este foi o período em que o poder global do país estava no auge: os Estados Unidos era a maior potência econômica que o mundo já conheceu, com a maior máquina militar da [[história da humanidade]].<ref name="Leffler 67">{{Harvnb|Leffler|2010|p=67}}.</ref> A Equipe de Planejamento de Políticas de [[George F. Kennan]] disse em fevereiro de 1948: "Nós temos cerca de 50% da riqueza mundial, mas apenas 6,3% de sua população. […] Nossa tarefa real no próximo período é que planejemos um padrão de relacionamentos que nos permita manter essa posição de disparidade. "<ref name="DoS 524">{{Harvnb|DoS|1948|p=[http://digicoll.library.wisc.edu/cgi-bin/FRUS/FRUS-idx?type=turn&id=FRUS.FRUS1948v01p2&entity=FRUS.FRUS1948v01p2.p0034 524]}}.</ref> Os aliados e inimigos da América na [[Eurásia]] estavam sofrendo os terríveis efeitos da [[Segunda Guerra Mundial]] nessa época.

Em sua posição de poder sem precedentes, os planejadores estadunidenses formularam políticas para moldar o mundo pós-guerra da maneira como queriam, o que, em termos econômicos, significava uma ordem capitalista global que se centrava nos Estados Unidos.<ref>{{Harvnb|Kolko|Kolko|1972|p=}}.({{Harvnb|Peck|2006|p=[https://books.google.co.uk/books?id=AA-jbmyfl54C&pg=PA19 19], [https://books.google.co.uk/books?id=AA-jbmyfl54C&pg=PA21 21]}})</ref> A primeira pessoa no país a usar o termo "integração econômica" em seu sentido moderno (isto é, combinar economias separadas em grandes regiões econômicas) o fez de uma só vez: um John S. de Beers, um economista do [[Departamento do Tesouro dos Estados Unidos]], final de 1941.<ref name="Machlup 8">{{Harvnb|Machlup|1977|p=8}}.</ref> Em 1948, a integração econômica estava aparecendo em um número crescente de documentos e discursos estadunidenses.<ref name="Machlup 11">{{Harvnb|Machlup|1977|p=11}}.</ref> Paul Hoffman, então chefe da Administração de Cooperação Econômica, fez o uso mais significativo do termo em 1949 para a [[Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico|Organização para a Cooperação Econômica Europeia]].<ref name="Machlup 11" /> O ''[[New York Times]]'' disse:

{{quote|Hoffmann usou a palavra "integração" quinze vezes ou quase uma vez a cada cem palavras em seu discurso. É uma palavra que raramente foi usada por estadistas europeus com o [[Plano Marshall]] para descrever o que deveria acontecer com as economias europeias. Foi observado que nenhum termo ou meta foi incluído nos compromissos que as nações europeias assumiram ao concordar com o Plano Marshall. Consequentemente, pareceu aos europeus que a "integração" era uma doutrina americana que havia sido sobreposta aos compromissos mútuos feitos quando o Plano Marshall começou ...<ref>{{Harvnb|Machlup|1977|p=11}}; {{Harvnb|Veseth|2002|pp=[https://books.google.com/books?id=8u99zWdAElUC&pg=PA170 170–1]}}, where the ''Times'' article is reprinted.</ref>}}

Embora as ideologias do mundo tenham uma longa história, o globalismo emergiu como um conjunto dominante de ideologias associadas ao longo do final do século XX. À medida que essas ideologias se instalaram, e à medida que vários processos de globalização se intensificaram, contribuíram para a consolidação de um imaginário global conectado.<ref>{{Harvnb|Steger|2008}}.</ref> Em seus escritos recentes, [[Manfred Steger]] e Paul James teorizaram esse processo em termos de quatro níveis de mudança: mudanças de ideias, ideologias, imaginários e ontologias.<ref>{{Harvnb|James|Steger|2010}}.</ref>

== Ver também ==
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* [[Antiglobalização]]
* [[Aquecimento global]]
* [[Choque de civilizações]]
* [[Classe dominante]]
* [[Cosmopolitismo]]
* [[Cosmopolitas sem raízes]]
* [[Era da informação]]
* [[Geoeconomia]]
* [[Geografia econômica]]
* [[Geopolítica]]
* [[Internacionalismo]]
* [[Império global]]
* [[Isolacionismo]]
* [[Neoconservadorismo]]
* [[Nova ordem mundial]]
* [[Nova Ordem Mundial (teoria conspiratória)]]
* [[Movimento federalista mundial]]
* [[Sociedade pós-industrial]]

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{{Referências}}

== Bibliografia ==
{{Refbegin|30em}}
* {{citar livro|último = James |primeiro = Paul |autorlink = Paul James (academic) |ano= 2006 |título= Globalism, Nationalism, Tribalism: Bringing Theory Back In | url = https://www.academia.edu/1642214/Globalism_Nationalism_Tribalism_Bringing_Theory_Back_In_author_Sage_Publications_London_2006 |local= London |publicado= Sage Publications | ref = harv }}
* {{citar livro|último1 = James |primeiro1 = Paul |último2 = Steger |primeiro2 = Manfred B. |ano= 2010 |título= Globalization and Culture, Volume IV: Ideologies of Globalism | url = https://www.academia.edu/4510893/Globalization_and_Culture_Vol._4_Ideologies_of_Globalism_2010_ |local= London |publicado= Sage Publications | ref = harv }}
* {{citar livro|último1 = Kolko |primeiro1 = Joyce |último2 = Kolko |primeiro2 = Gabriel |autorlink2 = Gabriel Kolko |ano= 1972 |título= The Limits of Power: The World and United States Foreign Policy, 1945–1954 |local= New York, NY |publicado= [[Harper & Row]] | isbn = 978-0-06-012447-2 | ref = harv }}
* {{citar livro|último = Leffler |primeiro = Melvyn P. |autorlink = Melvyn P. Leffler |ano= 2010 |capítulo= The emergence of an American grand strategy, 1945–1952 |título= ''In Melvyn P. Leffler and [[Odd Arne Westad]], eds.,'' The Cambridge History of the Cold War, Volume 1: Origins ''(pp.&nbsp;67–89)'' |local= Cambridge |publicado= Cambridge University Press | isbn = 978-0-521-83719-4  | ref = harv }}
* {{citar livro|último = Machlup |primeiro = Fritz |autorlink = Fritz Machlup |ano= 1977 |título= A History of Thought on Economic Integration |local= New York, NY |publicado= Columbia University Press | isbn = 0-231-04298-1 | ref = harv }}
* {{citar web|último = Nye |primeiro = Joseph |autorlink = Joseph Nye |data= 15 de abril de 2002 |título= Globalism Versus Globalization | url = http://www.theglobalist.com/globalism-versus-globalization/ | website = The Globalist |acessodata= 27 de outubro de 2014 | ref = harv }}
* {{citar livro|último = Peck |primeiro = James |ano= 2006 |título= Washington's China: The National Security World, the Cold War, and the Origins of Globalism |local= Amherst, MA |publicado= University of Massachusetts Press | isbn = 978-1-55849-536-4 | ref = harv }}
* {{citar livro|último = Steger |primeiro = Manfred B. |ano= 2008 |título= The Rise of the Global Imaginary: Political Ideologies from the French Revolution to the Global War on Terror |local= Oxford |publicado= Oxford University Press | ref = harv | url = https://books.google.com/books?id=0EL9cBiHdMsC&printsec=frontcover#v=onepage&q=globalism}}
* {{citar livro|autor = United States Department of State |autorlink = United States Department of State |ano= 1948 |título= Foreign Relations, 1948: Volume I, Part 2 | url = http://digicoll.library.wisc.edu/cgi-bin/FRUS/FRUS-idx?type=header&id=FRUS.FRUS1948v01p2&isize=M |local= Washington, DC |publicado= US Government | ref = {{Harvid|DoS|1948}} }}
* {{citar livro|editor-sobrenome = Veseth |editor-nome = Michael |ano= 2002 |título= The Rise of the Global Economy | series = ''The New York Times'' 20th Century in Review |local= Chicago, IL |publicado= Fitzroy Dearborn Publishers | isbn = 978-1-57958-369-9 | ref = harv }}
{{Refend}}

== Ligações externas ==
* [http://www.polyarchy.org/essays/english/globalism.html Globalism/Antiglobalism: a survey and a view]

{{Globalização2}}
{{Controle de autoridade}}
{{Portal3|Economia|Relações internacionais|História|Política}}

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