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{{Info/Conflito militar|nome=Grande Guerra Turca|imagem=Great Turkish War Collage.jpg|conflito=Parte das [[Guerras habsburgo-otomanas|Guerras Habsburgo-Otomanas]], das [[História das Guerras Russo-Turcas|Guerras Russo-Otomanas]] e das [[Guerras Polaco-Otomanas]]|baixas_extra=384.000 mortes militares<ref name="Clodfelter, M. 2008 p. 59">Clodfelter, M. (2008). "Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492–2015" (2017 ed.). McFarland. p. 59.</ref>|combatente2={{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Império Otomano]]|combatente1='''[[Liga Santa (1684)|Liga Santa]]''':<br />{{flagicon|Sacro Império Romano-Germânico}} [[Sacro Império Romano-Germânico]]<br />{{flagicon image|Chorągiew królewska króla Zygmunta III Wazy.svg}} [[República das Duas Nações]]<br />{{flagicon|Czarado da Rússia|1560}} [[Czarado da Rússia]]<br />{{flagicon image|Variant war flag of the Serene Republic of Venice.svg}} [[República de Veneza]]<br >{{Flagicon|Espanha|1506}} [[Império Espanhol]]<br />|for1={{flagicon|Sacro Império Romano-Germânico}}  88,100{{Sfn | Wilson | 2016 | pp = 460–461, table 13}}<br>{{flagicon image|Chorągiew królewska króla Zygmunta III Wazy.svg}} 27,000<ref name="Podhorodecki, Leszek 2001, p. 105">{{Citation |last=Podhorodecki |first=Leszek |title=Wiedeń 1683 |publisher=Bellona |year=2001 |page=105}}</ref><br>{{flagicon|Czarado da Rússia|1560}} 200,000|for2={{flagicon|Império Otomano|1517}} 150,000<ref name="Forst de Battaglia, Otto 1983">{{Citation |last=Forst de Battaglia |first=Otto |title=Jan Sobieski, Mit Habsburg gegen die Türken |publisher=Styria Vlg. Graz |year=1982 |page=215 of 1983 Polish translated edition}}</ref>|baixas1=135,000 mortos ou feridos<ref name="Clodfelter, M. 2008 p. 59">Clodfelter, M. (2008). "Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492–2015" (2017 ed.). McFarland. p. 59.</ref>|baixas2=175,000 mortos ou feridos<ref name="Clodfelter, M. 2008 p. 59">Clodfelter, M. (2008). "Warfare and Armed Conflicts: A Statistical Encyclopedia of Casualty and Other Figures, 1492–2015" (2017 ed.). McFarland. p. 59.</ref>|comandante2={{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Maomé IV, o Caçador|Maomé IV]]<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Solimão II]]<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Amade II]]<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Mustafá II]]<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Kara Mustafá]]{{Executed}}<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Bayburtlu Kara Ibrahim Paxá|Kara Ibrahim Paxá]]<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Sarı Süleyman Paxá|Süleyman Paxá]]{{executed}}<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Köprülüzade Fazıl Mustafa Paxá|Köprülü Paxá]]{{KIA}}<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Elmas Mehmed Paxá|Mehmed Paxá]]{{KIA}}<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Amcazade Köprülü Hüseyin Pasha|Hüseyin Paxá]]<br>{{flagicon|Império Otomano|1517}} [[Mezzo Morto Hüseyin Pasha|Morto Hüseyin Paxá]]|comandante1={{flagicon|Sacro Império Romano-Germânico}} [[Leopoldo I do Sacro Império Romano-Germânico|Leopoldo I]]<br>{{flagicon|Sacro Império Romano-Germânico}} [[Carlos V, Duque de Lorena|Carlos da Lorena]]<br>{{flagicon|Sacro Império Romano-Germânico}} [[Eugénio de Saboia]]<br>{{flagicon|Sacro Império Romano-Germânico}} [[Luís Guilherme, Marquês de Baden-Baden|Luís de Baden]]<br>{{flagicon|Sacro Império Romano-Germânico}} [[Ernst Rüdiger von Starhemberg|Rüdiger Starhemberg]]<br>{{flagicon image|Chorągiew królewska króla Zygmunta III Wazy.svg}} [[João III Sobieski da Polônia|João III Sobieski]]<br>{{flagicon image|Chorągiew królewska króla Zygmunta III Wazy.svg}} [[Stanisław Jan Jabłonowski|Jan Jabłonowski]]<br>{{flagicon image|Chorągiew królewska króla Zygmunta III Wazy.svg}} [[Feliks Kazimierz Potocki|Kazimierz Potocki]]<br>{{flagicon|Czarado da Rússia|1560}} [[Pedro I da Rússia|Pedro I]]<br>{{flagicon|Czarado da Rússia|1560}} [[Vasily Golitsyn (1643)|Vasily Golitsyn]]<br>{{flagicon|Czarado da Rússia|1560}} [[Boris Sheremetev]]<br>{{flagicon image|Variant war flag of the Serene Republic of Venice.svg}} [[Francesco Morosini]]<br>{{flagicon image|Variant war flag of the Serene Republic of Venice.svg}} [[Bajo Pivljanin]]{{KIA}}<br>{{flagicon image|Variant war flag of the Serene Republic of Venice.svg}} [[Otto Wilhelm Königsmarck|Wilhelm Königsmarck]]<br>{{flagicon image|Variant war flag of the Serene Republic of Venice.svg}} [[Girolamo Corner]]|data=[[14 de julho]] de [[1683]]–[[26 de janeiro]] de [[1699]]|resultado=Vitória da [[Liga Santa (1684)|Liga Santa]]|local={{hlist|[[Europa Central]]|[[Leste Europeu]]|[[Bálcãs]]}}|território=A [[Monarquia de Habsburgo]] conquista terras na [[Reino da Hungria (1526–1867)|Hungria]], no [[Principado da Transilvânia]] e nos [[Bálcãs]]
*[[Polônia-Lituânia]] captura [[Podolia]]
*[[Czarado da Rússia|Rússia]] captura o porto de [[Azov]]
*[[República de Veneza|Veneza]] captura [[Moreia (região)|Moreia]] e o interior da [[Dalmácia]]}}

A '''Grande Guerra Turca''' ({{Lang-de|Großer Türkenkrieg}}), também chamadas de '''Guerras da Liga Santa''' ({{Lang-tr|Kutsal İttifak Savaşları}}), foi uma série de conflitos entre o [[Império Otomano]] e a [[Liga Santa (1684)|Liga Santa]] composta pelo [[Sacro Império Romano-Germânico]], o [[República das Duas Nações|Reino da Polônia e Grão-Ducado da Lituânia]], a [[República de Veneza]], o [[Czarado da Rússia]] e o [[Reino da Hungria (1526–1867)|Reino da Hungria]]. Os combates intensivos começaram em 1683 e terminaram com a assinatura do [[Tratado de Karlowitz]] em 1699. A guerra foi uma derrota para o Império Otomano, que pela primeira vez perdeu território substancial, na [[Hungria otomana|Hungria]] e na [[República das Duas Nações|Comunidade Polaco-Lituana]], bem como em parte dos [[Bálcãs]] ocidentais. A guerra foi significativa também por ser a primeira instância da Rússia aderindo a uma aliança com a [[Europa Ocidental]].

Os franceses não aderiram à Santa Liga, pois a França concordou em reviver uma [[Aliança franco-otomana|aliança informal franco-otomana]] em 1673, em troca de [[Luís XIV de França|Luís XIV]] ser reconhecido como protetor dos católicos nos domínios otomanos.

Inicialmente, Luís XIV aproveitou o início da guerra para alargar as fronteiras orientais da França na [[Guerra das Reuniões]], tomando Luxemburgo e Estrasburgo na [[Trégua de Ratisbona]]. No entanto, à medida que a Liga Santa obtinha ganhos contra o Império Otomano, capturando [[Cerco de Belgrado (1688)|Belgrado]] em 1688, os franceses começaram a temer que os seus rivais dos Habsburgos se tornassem demasiado poderosos e eventualmente se voltassem contra a França. A [[Revolução Gloriosa]] também foi motivo de preocupação para os franceses, já que [[Guilherme III de Inglaterra|Guilherme III de Orange-Nassau]] estava sendo convidado pelos nobres ingleses na carta de ''[[convite a Guilherme]]'' para assumir o controle da Inglaterra como rei. Portanto, os franceses sitiaram [[Cerco de Philippsburgo (1688)|Philippsburgo]] em 27 de setembro de 1688, quebrando a trégua e desencadeando a [[Guerra dos Nove Anos]] separada, que aliviou os turcos.

Como resultado, o avanço feito pela Liga Santa estagnou, permitindo aos otomanos [[Cerco de Belgrado (1690)|retomar Belgrado]] em 1690. A guerra então caiu em um impasse e a paz foi concluída em 1699, que começou após a [[Batalha de Zenta]] em 1697, quando uma tentativa otomana de retomar suas posses perdidas na Hungria foi esmagada pela Liga Santa.

A guerra coincidiu em grande parte com a Guerra dos Nove Anos (1688-1697), que chamou a atenção da grande maioria dos Habsburgos enquanto estava ativa. Em 1695, por exemplo, os estados do Sacro Império Romano tinham 280 mil soldados no campo, com a Inglaterra, a República Holandesa e a Espanha contribuindo com outros 156 mil especificamente para o conflito contra a França. Desses 280 mil, apenas 74 mil, ou cerca de um quarto, posicionaram-se contra os turcos; o resto estava lutando contra a França. {{Sfn|Wilson|1998|p=92}} No geral, de 1683 a 1699, os Estados Imperiais tiveram em média 88.100 homens lutando contra os turcos, enquanto de 1688 a 1697, tiveram em média 127.410 lutando contra os franceses. {{Sfn|Wilson|2016|p=461}}

== Antecedentes (1667-1683) ==
[[Ficheiro:Central_europe_1683.png|esquerda|miniaturadaimagem|O norte dos Bálcãs em 1683, antes da guerra. A porção noroeste é mostrada como pertencente aos Habsburgos, a maior parte dos Bálcãs sob o domínio otomano, com a área do extremo nordeste sendo polonesa.<br>{{Legend inline|#B1BBC5}}{{Legend inline|#A6C8D9}}{{Legend inline|#E8B3B3}} [[Monarquia de Habsburgo]]<br>{{Legend inline|#B4D4B2}}{{Legend inline|#C6E0D4}}[[Império Otomano]]]]
[[Ficheiro:Eyalet_of_temesvar1699.png|esquerda|miniaturadaimagem|O norte dos Balcãs, após o [[Tratado de Karlowitz]]:<br>{{Legend inline|#A7F0F0}}{{Legend inline|#DADAC1}}{{Legend inline|#FBCAAB}}[[Monarquia de Habsburgo]]<br>{{Legend inline|#F6DEDE}}{{Legend inline|#E0F7C9}}{{Legend inline|#D8CAC1}}[[Império Otomano]]]]
Após a [[Revolta de Khmelnitski|rebelião]] de [[Bohdan Khmelnytskyi]], o [[Czarado da Rússia]] em 1654 adquiriu territórios da [[República das Duas Nações|Comunidade Polaco-Lituana]] (atualmente partes do leste da [[Ucrânia]]), enquanto alguns [[cossacos]] permaneceram na parte sudeste da Comunidade. O seu líder, [[Petro Doroshenko]], procurou a proteção do Império Otomano e em [[Batalha de Podhajce (1667)|1667 atacou]] o comandante polaco [[João III Sobieski da Polônia|João Sobieski]].

O sultão [[Maomé IV, o Caçador|Maomé IV]], que sabia que a Comunidade Polaco-Lituana estava enfraquecida por conflitos internos, em agosto de 1672 [[Cerco de Kamenets|atacou Kamenets Podolski]], uma grande cidade na fronteira da Comunidade. A pequena força polaca resistiu ao cerco de Kamenets durante duas semanas, mas foi então forçada a render-se. O exército polaco era demasiado pequeno para resistir à invasão otomana e conseguiu apenas algumas pequenas vitórias tácticas. Após três meses, os polacos foram forçados a assinar o [[Tratado de Buchach]], no qual concordaram em ceder Kamenets, [[Podólia]] e pagar tributo aos otomanos. Quando a notícia da derrota e os termos do tratado chegaram a [[Varsóvia]], o [[Sejm]] recusou-se a pagar o tributo e organizou um grande exército sob o comando de Sobieski; posteriormente, os poloneses venceram a [[Batalha de Khotyn (1673)]]. Após a morte do [[Miguel I da Polônia|rei Miguel]] em 1673, Sobieski foi eleito rei da Polônia. Ele tentou derrotar os otomanos durante quatro anos, sem sucesso. A guerra terminou em 17 de outubro de 1676 com o [[Tratado de Żurawno|Tratado de Żurawno,]] no qual os turcos mantiveram o controle apenas sobre Kamianets-Podilskyi. Este ataque turco também levou em 1676 ao início das [[História das Guerras Russo-Turcas|Guerras Russo-Turcas]].

== Visão geral ==
Após alguns anos de paz, o Império Otomano, encorajado pelos sucessos no oeste da [[República das Duas Nações|Comunidade Polaco-Lituana]], atacou a [[Monarquia de Habsburgo|monarquia dos Habsburgos]]. Os turcos quase capturaram Viena, mas [[João III Sobieski da Polônia|João III Sobieski]] liderou uma aliança cristã que os derrotou na [[Batalha de Viena]] (1683), paralisando a hegemonia do Império Otomano no sudeste da Europa.

Uma nova [[Liga Santa (1684)|Liga Santa]] foi iniciada pelo [[Papa Inocêncio XI]] e abrangia o [[Sacro Império Romano-Germânico]] (liderado pela monarquia dos Habsburgos), a [[República das Duas Nações|Comunidade Polaco-Lituana]] e a [[República de Veneza]] em 1684, <ref name=":0">Treasure, Geoffrey 1985, ''The making of modern Europe, 1648–1780'', Methuen & Co, 614.</ref> unida pela [[Czarado da Rússia|Rússia]] em 1686. As tropas da Liga Sagrada sitiaram e conquistaram [[Cerco de Buda (1686)|Buda em 1686,]] que estava sob domínio otomano desde 1541. A segunda [[Batalha de Mohács (1687)]] foi uma derrota esmagadora para o Sultão. Os turcos tiveram mais sucesso na frente polaca e conseguiram reter a Podólia durante as suas batalhas com a Comunidade Polaco-Lituana.

O envolvimento da Rússia marcou a primeira vez que o país aderiu formalmente a uma aliança de potências europeias. Este foi o início de uma série de [[História das Guerras Russo-Turcas|guerras russo-turcas]], a última das quais foi a Primeira Guerra Mundial. Como resultado das [[Campanhas da Crimeia (1687-1689)|campanhas da Crimeia]] e das [[Campanhas de Azov (1695-1696)|campanhas de Azov]], a Rússia capturou a principal fortaleza otomana de [[Azove|Azov]].

Após a decisiva [[Batalha de Zenta]] em 1697 e escaramuças menores (como a [[Batalha de Podhajce (1698)|Batalha de Podhajce]] em 1698), a Liga venceu a guerra em 1699 e forçou o Império Otomano a assinar o [[Tratado de Karlowitz]]. <ref name=":1">Sicker, Martin 2001, ''The Islamic world in decline'', Praeger Publishers, 32.</ref> Os otomanos cederam a maior parte da [[Hungria otomana|Hungria]], [[Principado da Transilvânia|Transilvânia]] e [[Eslavônia]], bem como partes da [[Reino da Croácia (Habsburgo)|Croácia]], à monarquia dos Habsburgos enquanto a [[Podólia]] regressou à Polônia. A maior parte da [[Dalmácia]] passou para Veneza, juntamente com a Moreia, que os otomanos reconquistaram em 1715 e recuperaram no [[Tratado de Passarowitz]] de 1718.

=== Sérvia ===
{{Artigo principal|Sérvia ocupada pelos Habsburgos (1686-1691)|Milícia Sérvia|Grandes Migrações dos Sérvios}}
[[Ficheiro:Mustafa_II_dressed_in_full_armour.JPG|direita|miniaturadaimagem|[[Mustafá II]] chegou ao poder durante a guerra, onde comandou pessoalmente o Exército Otomano.]]
Depois que as forças cristãs aliadas [[Cerco de Buda (1686)|capturaram Buda]] do Império Otomano em 1686 durante a Grande Guerra Turca, os sérvios da [[Planície da Panónia|planície da Panônia]] (atual [[Hungria]], região da [[Eslavônia]] na atual [[Croácia]], regiões de [[Backka|Bačka]] e [[Banato]] na atual [[Sérvia]]) juntaram-se às tropas. da monarquia dos Habsburgos como unidades separadas conhecidas como [[Milícia Sérvia]]. <ref name="Gavrilovic-7">{{Citation|last=Gavrilović|first1=Slavko|title=Zbornik Matice Srpske za Istoriju|chapter-url=http://www.maticasrpska.org.rs/casopisi/istorija_74.pdf|access-date=21 Dez 2011|volume=74|year=2006|publisher=[[Matica Srpska]], Department of Social Sciences, Proceedings i History|place=Novi Sad|language=sr|page=7|chapter=Isaija Đaković|quote=U toku Velikog bečkog rata, naročito posle oslobođenja Budima 1686. srpski narod u Ugarskoj, Slavoniji, Bačkoj, Banatu, [...] priključivao se carskim trupama i kao "rašanska, racka" milicija učestvovao u borbama [...] u Lipi, Jenovi i Đuli...carska vojska i srpska milicija oslobodile su u proleće i leto 1688, [...] U toku Velikog bečkog rata, ... srpski narod.. od pada Beograda u ruke austrijske vojske 1688. i u Srbiji priključivao se carskim trupama i kao "rašanska, racka" milicija učestvovao u borbama [...] u toku 1689–1691. borbe su prenete na Banat. Srbe u njima predvodio je vojvoda Novak Petrović|archiveurl=https://web.archive.org/web/20110916135844/http://www.maticasrpska.org.rs/casopisi/istorija_74.pdf|archivedate=16 Set 2011}}</ref> Os sérvios, como voluntários, juntaram-se massivamente ao lado dos Habsburgos. <ref>{{Citation|last=Janićijević|first1=Jovan|title=Kulturna riznica Srbije|url=https://books.google.com/books?id=MQAoAAAAMAAJ|year=1996|publisher=IDEA|language=sr|page=70|isbn=978-8675470397|quote=Велики или Бечки рат Аустрије против Турске, у којем су Срби, као добровољци, масовно учествовали на аустријској страни}}</ref> Na primeira metade de 1688, o exército dos Habsburgos, juntamente com unidades da Milícia Sérvia, capturaram [[Gyula, Hungria|Gyula]], [[Lipova|Lippa]] (hoje [[Lipova]], [[Romênia]]) e [[Ineu|Borosjenő]] (hoje Ienu, [[Romênia]]) do Império Otomano. <ref name="Gavrilovic-7" /> Após a [[Cerco de Belgrado (1688)|captura de Belgrado]] dos otomanos em 1688, os sérvios dos territórios ao sul dos rios [[Rio Sava|Sava]] e [[Rio Danúbio|Danúbio]] começaram a juntar-se às unidades da milícia sérvia. <ref name="Gavrilovic-7" />

=== Kosovo ===
O bispo católico romano albanês e filósofo do Kosovo, [[Pjetër Bogdani|Pjetër Bogdani,]] retornou aos [[Bálcãs]] em março de 1686 e passou os anos seguintes promovendo a resistência aos exércitos do Império Otomano, em particular em seu [[Kosovo]] natal. Ele e o seu vigário [[Toma Raspasani]] desempenharam um papel de liderança no movimento pró-austríaco no Kosovo durante a Grande Guerra Turca. <ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/269329200|título=La question nationale en Europe du Sud-Est : genèse, émergence et développement de l'indentité nationale albanaise au Kosovo et en Macédoine|ultimo=Iseni|primeiro=Bashkim|data=2008|editora=P. Lang|localização=Bern|isbn=978-3-03911-320-0|oclc=269329200}}</ref> Ele contribuiu com uma força de 6.000 soldados albaneses para o exército austríaco que havia chegado a [[Pristina]] e o acompanhou na captura de [[Prizren]]. Lá, porém, ele e grande parte de seu exército foram enfrentados por outro adversário igualmente formidável, a peste. Bogdani retornou a Pristina, mas sucumbiu à doença em 6 de dezembro de 1689. <ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/61822490|título=Unfinished portrait of a country|ultimo=Prifti|primeiro=Peter R.|data=2005|editora=East European Monographs|localização=Boulder|isbn=0-88033-558-0|oclc=61822490}}</ref> Seu sobrinho, Gjergj Bogdani, relatou em 1698 que os restos mortais de seu tio foram posteriormente exumados por soldados turcos e tártaros e dados aos cães no meio da praça em Pristina. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=6inIiCF_930C&pg=PA55|título=Historical Dictionary of Albania|ultimo=Elsie|primeiro=Robert|data=2010|editora=Rowman & Littlefield|isbn=9780810861886}}</ref>

Entre os papéis de Ludwig von Baden em [[Karlsruhe]], há uma cópia de uma carta interceptada, em francês, escrita por um secretário da embaixada inglesa em [[Constantinopla]] em 19 de janeiro de 1690. Informou que os “alemães” no Kosovo tinham feito contacto com 20.000 albaneses que viraram as suas armas contra os turcos. <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=oevqDwAAQBAJ|título=Rebels, Believers, Survivors: Studies in the History of the Albanians|ultimo=Malcolm|primeiro=Noel|data=2020|editora=Oxford University Press|isbn=9780198857297}}</ref>

== Guerras associadas ==

=== Guerra Moreana ===
{{Artigo principal|Guerra Moreana}}A [[República de Veneza]] controlava várias ilhas nos mares Egeu e Jónico, juntamente com fortes estrategicamente posicionados ao longo da costa do continente grego desde a divisão do [[Império Bizantino]] após a [[Quarta Cruzada]]. No entanto, com a ascensão dos otomanos, durante o século XVI e início do século XVII, perderam a maior parte destes, como [[Chipre]] e [[Eubeia]] ([[Triarquia de Negroponte|Negroponte]]) para os turcos. Entre 1645 e 1669, os venezianos e os otomanos travaram uma longa e custosa [[Guerra de Creta (1645-1669)|guerra por Creta]], a última grande possessão veneziana no Egeu. Durante esta guerra, o comandante veneziano, [[Francesco Morosini]], entrou em contacto com os rebeldes [[Maniotas]], para uma campanha conjunta na Moreia. Em 1659, Morosini desembarcou na [[Moreia (região)|Moreia]], e junto com os Maniotas, tomou [[Calamata|Kalamata]]. No entanto, ele foi logo forçado a retornar a Creta, e a aventura no Peloponeso fracassou.

Em 1683, eclodiu uma nova guerra entre a monarquia dos Habsburgos e os otomanos, com um grande exército otomano avançando em direção a Viena. Em resposta a isso, uma [[Liga Santa (1684)|Liga Sagrada]] foi formada. Após a derrota do exército otomano na [[Batalha de Viena]], os venezianos decidiram aproveitar a oportunidade do enfraquecimento do poder otomano e da sua distração na frente do Danúbio para reconquistar os seus territórios perdidos no Egeu e na Dalmácia. Em 25 de abril de 1684, a Sereníssima República declarou guerra aos otomanos. {{Sfn|Finlay|1877|pp=205–206}}

Ciente de que teria que confiar nas suas próprias forças para ter sucesso, Veneza preparou-se para a guerra garantindo ajuda financeira e militar em homens e navios da [[Malta Hospitaleira]], do [[Ducado de Saboia|Ducado de Sabóia]], dos [[Estados Papais]], e dos [[Ordem de Santo Estêvão|Cavaleiros de Santo Estêvão]]. Além disso, os venezianos recrutaram um grande número de mercenários da Itália e dos estados alemães, especialmente da [[Eleitorado da Saxônia|Saxônia]] e Brunsvique.

==== Operações no Mar Jônico ====
Em meados de junho, a frota veneziana deslocou-se do Adriático em direção às [[Ilhas Jónicas]] controladas pelos Otomanos. O primeiro alvo foi a ilha de [[Lêucade (ilha)|Lefkada]] (Santa Maura), que caiu, após um breve cerco de 16 dias, em 6 de agosto de 1684. Os venezianos, auxiliados pelos irregulares gregos, cruzaram então para o continente e começaram a atacar a margem oposta da [[Acarnânia]]. A maior parte da área logo ficou sob controle veneziano, e a queda dos fortes de [[Preveza]] e [[Vonitsa]] no final de setembro removeu os últimos bastiões otomanos. {{Sfn|Finlay|1877|p=209}} Estes primeiros sucessos foram importantes para os venezianos não apenas por razões de moral, mas porque garantiram as suas comunicações com Veneza, negaram aos otomanos a possibilidade de ameaçar as ilhas Jónicas ou de transportar tropas através da Grécia ocidental para o Peloponeso, e porque estes sucessos encorajou os gregos a cooperar com eles contra os otomanos.

==== Conquista da Moreia ====
[[Ficheiro:Napoli,_Citta_della_Provincia_della_Morea,_by_C._F._Camocio.jpg|miniaturadaimagem|Nafplion, ou ''Napoli di Romagna'', em meados do século XVI]]
Tendo assegurado a sua retaguarda durante o ano anterior, Morosini voltou-se para o Peloponeso, onde os gregos, especialmente os maniotas, começaram a mostrar sinais de revolta e comunicaram com Morosini, prometendo levantar-se em seu auxílio. Ismail Pasha, o novo comandante militar de Morea, soube disso e invadiu a [[Mani (Grécia)|Península de Mani]] com 10.000 homens, reforçando os três fortes que os otomanos já guarneciam, e obrigou os maniotas a entregar os reféns para garantir a sua lealdade. {{Sfn|Finlay|1877|pp=211–212}} Como resultado, os Maniotas permaneceram incomprometidos quando, em 25 de junho de 1685, o exército veneziano, com 8.100 homens, desembarcou fora do antigo forte veneziano de [[Koroni]] e sitiou-o. O castelo rendeu-se após 49 dias, no dia 11 de agosto, e a guarnição foi massacrada. Após este sucesso, Morosini embarcou as suas tropas em direção à cidade de [[Calamata|Kalamata]], a fim de encorajar os Maniotas à revolta. O exército veneziano, reforçado por 3.300 saxões e sob o comando do general{{Ill|Hannibal von Degenfeld|de|4=Hannibal von Degenfeld}}, derrotou uma força turca de ca. 10.000 fora de Kalamata em 14 de setembro e, no final do mês, toda Mani e grande parte da [[Messénia|Messênia]] estavam sob controle veneziano. {{Sfn|Chasiotis|1975|p=23}} {{Sfn|Finlay|1877|pp=213–214}}
[[Ficheiro:The_conquest_of_Preveza.jpg|miniaturadaimagem|A conquista de [[Preveza]] em 1684]]
Em outubro de 1685, o exército veneziano recuou para as Ilhas Jônicas para passar o inverno, onde eclodiu uma praga, algo que ocorreria regularmente nos anos seguintes e teria um grande impacto no exército veneziano, especialmente entre os contingentes alemães. Em abril de 1686, os venezianos ajudaram a repelir um ataque otomano que ameaçava invadir Mani e foram reforçados pelos Estados Papais e [[Grão-Ducado da Toscana|pela Toscana]] . O marechal sueco [[Otto Wilhelm Königsmarck]] foi nomeado chefe das forças terrestres, enquanto Morosini manteve o comando da frota. Em 3 de junho, Königsmarck tomou [[Pilos]] e começou a sitiar a [[Fortaleza de Nova Navarino|fortaleza de Navarino]]. Uma força de socorro comandada por Ismail Pasha foi derrotada em 16 de junho e no dia seguinte o forte se rendeu. A guarnição e a população muçulmana foram transportadas para [[Trípoli (Grécia)|Trípoli]]. {{Sfn|Finlay|1877|pp=215–216}} [[Modon|Methoni]] (Modon) seguiu-se em 7 de julho, depois que um bombardeio eficaz destruiu as muralhas do forte e seus habitantes também foram transferidos para Trípoli. {{Sfn|Finlay|1877|p=216}} Os venezianos avançaram então em direção a [[Argos (Grécia)|Argos]] e [[Náuplia|Nafplion]], que era então a cidade mais importante do Peloponeso. O exército veneziano, ca. 12.000 homens, desembarcaram perto de Nafplion entre 30 de julho e 4 de agosto. Königsmarck imediatamente liderou um ataque à colina de [[Palamidi]], então não fortificada, que dominava a cidade. Apesar do sucesso dos venezianos na captura de Palamidi, a chegada de um forte exército otomano de 7.000 homens sob o comando de Ismail Pasha em Argos tornou a sua posição difícil. O ataque inicial dos venezianos contra o exército de socorro conseguiu tomar Argos e forçar o paxá a recuar para [[Corinto]], mas durante duas semanas, a partir de 16 de agosto, as forças de Königsmarck foram forçadas a repelir continuamente os ataques das forças de Ismail Paxá, combater as surtidas do guarnição otomana sitiada e lidar com um novo surto de peste. Em 29 de agosto de 1686, Ismail Pasha atacou o acampamento veneziano, mas foi fortemente derrotado. Com a derrota do exército de socorro, Nafplion foi forçado a se render em 3 de setembro {{Sfn|Finlay|1877|p=218}} A notícia desta grande vitória foi recebida em Veneza com alegria e celebração. Náuplia tornou-se a principal base dos venezianos, enquanto Ismail Paxá retirou-se para a [[Acaia]] depois de fortalecer as guarnições em Corinto, que controlavam a passagem para a Grécia central. {{Sfn|Chasiotis|1975|p=24}}
[[Ficheiro:Venetian_siege_of_Acropolis.jpg|miniaturadaimagem|Representação do [[Cerco à Acrópole (1687)|cerco veneziano à Acrópole]] de Atenas durante 1687]]
Apesar das perdas causadas pela peste durante o outono e inverno de 1686, as forças de Morosini foram reabastecidas com a chegada de um novo corpo mercenário alemão de [[Eleitorado de Hanôver|Hanôver]] na primavera de 1687. Assim fortalecido, foi capaz de avançar contra o último grande bastião otomano no Peloponeso, a cidade de [[Patras]] e o [[Castelo do Rio|forte]] de [[Rio, Grécia|Rion]], que juntamente com o seu gémeo em [[Antirrion]] controlavam a entrada do [[Golfo de Corinto]] (os "Pequenos [[Dardanelos]]"). Em 22 de julho de 1687, Morosini, com uma força de 14.000 homens, desembarcou nos arredores de Patras, onde o novo comandante otomano, Mehmed Pasha, havia se estabelecido. Mehmed, com um exército de tamanho aproximadamente igual, atacou a força veneziana imediatamente após esta desembarcar, mas foi derrotado e forçado a recuar. Neste ponto, o pânico se espalhou entre as forças otomanas, e os venezianos conseguiram, em poucos dias, capturar a cidadela de Patras e os fortes de Rion, Antirrion e [[Lepanto|Nafpaktos]] (Lepanto) sem qualquer oposição, pois suas guarnições os abandonaram. . Este novo sucesso causou grande alegria em Veneza, e honras foram acumuladas sobre Morosini e seus oficiais. Morosini recebeu o título de vitória "''Peloponeso''", e um busto de bronze seu foi exibido no Grande Salão, algo nunca antes feito por um cidadão vivo. {{Sfn|Finlay|1877|p=220}} Os venezianos deram sequência a este sucesso com a redução dos últimos bastiões otomanos no Peloponeso, incluindo Corinto, que foi ocupada em 7 de agosto, {{Sfn|Finlay|1877|p=221}} e [[Mistras|Mistra]], que se rendeu no final do mês. O Peloponeso estava sob completo controle veneziano, e apenas o forte de [[Monemvasia]] (Malvasia), no sudeste, continuou a resistir, resistindo até 1690.

=== Guerras Polaco-Otomanas e Austro-Turcas (1683-1699) ===
{{Artigo principal|Guerra Polaco-Otomana (1683-1699)}}
[[Ficheiro:Martin_Battle_of_Párkány.jpg|miniaturadaimagem|A [[Batalha de Parkány|Batalha de Párkány]] em outubro de 1683]]
Após alguns anos de paz, o Império Otomano atacou novamente a monarquia dos Habsburgos. Os turcos quase capturaram Viena, mas o rei João III Sobieski da Polônia liderou uma aliança cristã que os derrotou na Batalha de Viena, que abalou a hegemonia do Império Otomano no sudeste da Europa. <ref name="KMLA">[http://www.zum.de/whkmla/military/17cen/polott16831699.html Polish-Ottoman War, 1683–1699] and [http://www.zum.de/whkmla/military/17cen/habsbott16831699.html Habsburg-Ottoman War, 1683–1699] at History of Warfare, World History at KMLA</ref>

Uma nova [[Liga Santa (1684)|Liga Santa]] foi iniciada pelo [[Papa Inocêncio XI]] e abrangia o [[Sacro Império Romano-Germânico]] (liderado pela monarquia dos Habsburgos), ao qual se juntou a República de Veneza e a Polónia em 1684 e o [[Czarado da Rússia]] em 1686. Os otomanos sofreram três derrotas decisivas contra o Sacro Império Romano após o cerco de [[Cerco de Buda (1686)|Buda]]: a segunda [[Batalha de Mohács (1687)|Batalha de Mohács]] em 1687, a [[Batalha de Slankamen]] em 1691 e a Batalha de Zenta uma década depois, em 1697. <ref>{{Citar web|url=https://tti.abtk.hu/media/com_edocman/document/t%C3%B6r%C3%B6k_ki%C3%BCz%C3%A9se_1683_1699_jav2.jpg|titulo=Map|acessodata=9 Mar 2024|website=abtk.hu}}</ref>

Na frente polonesa menor, após as batalhas de 1683 (Viena e Parkany), Sobieski, após sua proposta para a Liga iniciar uma grande ofensiva coordenada, empreendeu uma ofensiva bastante malsucedida na [[Moldávia]] em 1686, com os otomanos recusando um grande confronto e assediando o exército. Durante os quatro anos seguintes, a Polónia bloquearia a principal fortaleza de [[Kamianets-Podilskyi|Kamenets]] e os tártaros otomanos atacariam as terras fronteiriças. Em 1691, Sobieski empreendeu outra expedição à Moldávia, com resultados ligeiramente melhores, mas ainda sem vitórias decisivas. <ref name="PRW">{{Citar web|url=http://www.jasinski.co.uk/wojna/conflicts/conf08.htm|titulo=Polish Renaissance Warfare – Summary of Conflicts – Part Eight|website=Jasinski}}</ref>

A última batalha da campanha foi a [[Batalha de Podhajce (1698)|Batalha de Podhajce]] em 1698, onde um [[hetman]] polonês chamado [[Feliks Kazimierz Potocki]] derrotou a incursão otomana na Comunidade. A Liga venceu a guerra em 1699 e forçou o Império Otomano a assinar o Tratado de Karlowitz. Os otomanos perderam assim grande parte das suas possessões europeias, com a [[Podólia]] (incluindo Kamenets) devolvida à Polónia.

=== Guerra Russo-Turca (1686-1700) ===
{{Artigo principal|Guerra Russo-Turca (1686–1700)}}Durante a guerra, o exército russo organizou as [[Campanhas da Crimeia (1687-1689)|campanhas da Crimeia de 1687 e 1689]], que terminaram ambas em derrotas russas. <ref>Lindsey Hughes 1990, ''Sophia, Regent of Russia: 1657–1704'', Yale University Press, 206.</ref> Apesar destes contratempos, a Rússia lançou as [[Campanhas Azov|campanhas de Azov]] em 1695 e 1696 e, depois de sitiar Azov em 1695 <ref>Brian Davies 2007, ''Warfare, State and Society on the Black Sea Steppe, 1500–1700'', Routledge, 185.</ref> ocupou com sucesso a cidade em 1696.

== Batalha de Viena ==
{{Artigo principal|Batalha de Viena}}
[[Ficheiro:TB_Angriff.gif|miniaturadaimagem|Defesa das fortificações de Viena por civis, pintura a óleo de [[Romeyn de Hooghe]]]]
[[Ficheiro:Stanisław_von_Chlebowski_-_Sobieski_at_Vienna_-_MNK_II-a-281_-_National_Museum_in_Kraków.jpg|direita|miniaturadaimagem|''Sobieski em Viena'' por [[Stanislaw Chlebowski|Stanisław Chlebowski]] – rei [[João III Sobieski da Polônia|João III da Polónia e Grão-Duque da Lituânia]]]]
A captura de Viena sempre foi uma aspiração estratégica do Império Otomano, devido ao seu controle interligado sobre o Danúbio (do Mar Negro à Europa Ocidental), o sul da Europa e as rotas comerciais terrestres (do Mediterrâneo Oriental à Alemanha). Durante os anos anteriores a este segundo cerco (o [[Primeiro Cerco Otomano a Viena|primeiro]] ocorreu em 1529), sob os auspícios dos [[grão-vizires]] da influente [[família Köprülü]], o Império Otomano empreendeu extensos preparativos logísticos, incluindo a reparação e estabelecimento de estradas e pontes que conduzem ao Santo Cerco. Romano e os seus centros logísticos, bem como o encaminhamento de munições, canhões e outros recursos de todo o Império Otomano para estes centros e para os Bálcãs. Desde 1679, a [[Grande peste de Viena|Grande Peste]] assolava Viena.

O principal exército otomano finalmente sitiou Viena em 14 de julho de 1683. No mesmo dia, [[Kara Mustafá|Kara Mustafá Paxá]] enviou à cidade o tradicional pedido de rendição. <ref>The original document was destroyed during World War II.</ref> [[Ernst Rüdiger von Starhemberg|Ernst Rüdiger Graf von Starhemberg]], líder da guarnição de 15.000 soldados e 8.700 voluntários com 370 canhões, recusou-se a capitular. Apenas alguns dias antes, ele tinha recebido a notícia do massacre em [[Perchtoldsdorf]], <ref>Palmer, Alan, ''The Decline and Fall of the Ottoman Empire'', p. 12, Barnes & Noble, 1992. {{ISBN|1-56619-847-X}}</ref> uma cidade ao sul de Viena, onde os cidadãos entregaram as chaves da cidade depois de terem tido uma escolha semelhante. As operações de cerco começaram em 17 de julho.

Em 6 de setembro, os poloneses comandados por João III Sobieski cruzaram o Danúbio, 30km a noroeste de Viena, em [[Tulln an der Donau|Tulln,]] para se unir às tropas imperiais e às forças adicionais da Saxônia, [[Eleitorado da Baviera|Baviera]], [[Marca de Baden|Baden]], [[Francônia]] e [[Suábia]]. [[Luís XIV de França|Luís XIV]] de França recusou-se a ajudar o seu [[Rivalidade França-Habsburgo|rival Habsburgo]], tendo acabado de [[Guerra das Reuniões|anexar a Alsácia]]. Uma aliança entre Sobieski e o imperador [[Leopoldo I do Sacro Império Romano-Germânico|Leopoldo I]] resultou na adição dos hussardos poloneses ao exército aliado já existente. O comando das forças dos aliados europeus foi confiado ao rei polaco, que tinha sob o seu comando 70.000–80.000 soldados enfrentando um exército turco de 150.000. <ref name="Tucker2">Tucker, S.C., 2010, A Global Chronology of Conflict, Vol.</ref>{{Rp|661}} A coragem e notável aptidão de Sobieski para o comando já eram conhecidas na Europa.
[[Ficheiro:Great_Turkish_War_by_Saracen_Maps.png|miniaturadaimagem|226x226px|Europa após a Batalha de Viena]]
Durante o início de setembro, os experientes 5.000 [[Sapador|sapadores]] otomanos explodiram repetidamente grandes porções das paredes entre o [[Baluarte|bastião]] Burg, o bastião Löbel e o [[revelim]] Burg, criando lacunas de cerca de 12 m de largura. Os vienenses tentaram contrariar esta situação cavando os seus próprios túneis para interceptar o depósito de grandes quantidades de pólvora em cavernas. Os otomanos finalmente conseguiram ocupar o revelim Burg e o muro baixo naquela área em 8 de setembro. Antecipando uma brecha nas muralhas da cidade, os restantes vienenses prepararam-se para lutar no centro da cidade.
[[Ficheiro:August_Querfurt_-_The_Turkish_siege_of_Vienna.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Turcos diante dos muros de Viena]]
O exército de socorro teve de agir rapidamente para salvar a cidade e assim evitar outro longo cerco. Apesar da composição binacional do exército e do curto espaço de apenas seis dias, foi estabelecida uma estrutura de liderança eficaz, centrada no rei polaco e nos seus [[Hussardo|hussardos]]. A Santa Liga resolveu as questões de pagamento usando todos os fundos disponíveis do governo, empréstimos de vários banqueiros e nobres ricos e grandes somas de dinheiro do Papa. <ref name="ReferenceA">Stoye, John.</ref> Além disso, os Habsburgos e os polacos concordaram que o governo polaco pagaria pelas suas próprias tropas enquanto ainda estivessem na Polónia, mas que seriam pagas pelo imperador assim que atravessassem o território imperial. No entanto, o imperador teve de reconhecer a reivindicação de Sobieski aos primeiros direitos de pilhagem do campo inimigo no caso de uma vitória.

Kara Mustafá Paxá foi menos eficaz em garantir a motivação e lealdade de suas forças e em se preparar para o esperado ataque do exército de socorro. Ele confiou a defesa da retaguarda ao [[Lista de cãs da Crimeia|Cã da Crimeia]] e à sua força de cavalaria ligeira, que contava com cerca de 30.000 a 40.000 homens. Há dúvidas sobre até que ponto os tártaros participaram da batalha final antes de Viena. Os otomanos não podiam confiar nos seus aliados da Valáquia e da Moldávia. [[George Ducas]], [[Lista de governantes da Moldávia|Príncipe da Moldávia]], foi capturado, enquanto as forças de [[Şerban Cantacuzino|Șerban Cantacuzino]] juntaram-se à retirada após o ataque da cavalaria de Sobieski. <ref name="Varvounis2">Varvounis, M., 2012, ''Jan Sobieski'', Xlibris, {{ISBN|978-1-46288080-5}}</ref>{{Rp|163}}

As tropas confederadas sinalizaram sua chegada ao [[Kahlenberg|Kahlenberg,]] acima de Viena, com fogueiras. Antes da batalha foi celebrada uma missa pelo rei da Polônia e seus nobres.

=== Batalha ===
[[Ficheiro:1684_Entsatz_von_Wien_anagoria.JPG|direita|miniaturadaimagem|O alívio de Viena em 12 de setembro de 1683]]
Por volta das 18:00 horas da tarde, o rei polonês ordenou que a cavalaria atacasse em quatro grupos, três poloneses e um do Sacro Império Romano. Dezoito mil cavaleiros atacaram colinas abaixo, [[Carga (militar)|o maior ataque de cavalaria da história]]. <ref name="Varvounis22">Varvounis, M., 2012, ''Jan Sobieski'', Xlibris, {{ISBN|978-1-46288080-5}}</ref>{{Rp|152}} Sobieski liderou o ataque <ref name="Tucker22">Tucker, S.C., 2010, A Global Chronology of Conflict, Vol.</ref>{{Rp|661}} à frente de 3.000 lanceiros pesados poloneses, os famosos "Hussardos Alados". Os [[tártaros de Lipka]] que lutaram no lado polonês usavam um ramo de palha em seus capacetes para se distinguirem dos tártaros que lutavam no lado otomano. A carga quebrou facilmente as linhas dos otomanos, que estavam exaustos e desmoralizados e logo começaram a fugir do campo de batalha. A cavalaria dirigiu-se diretamente para os campos otomanos e para o quartel-general de Kara Mustafá, enquanto a guarnição vienense restante saiu de suas defesas para se juntar ao ataque. <ref name="Tucker22" />{{Rp|661}}

As tropas otomanas estavam cansadas e desanimadas após o fracasso da tentativa de minar e do ataque à cidade e do avanço da infantaria da Liga Sagrada sobre Turkenschanz. <ref name="Tucker23">Tucker, S.C., 2010, A Global Chronology of Conflict, Vol.</ref>{{Rp|661}}A carga de cavalaria foi um último golpe mortal. Menos de três horas após o ataque da cavalaria, as forças cristãs venceram a batalha e salvaram Viena. O primeiro oficial cristão que entrou em Viena foi o marquês [[Luís Guilherme, Marquês de Baden-Baden|Luís de Baden]], à frente dos seus dragões. <ref name="ReferenceC">''The enemy at the gate'', Andrew Wheatcroft</ref>

Posteriormente, Sobieski parafraseou a famosa citação de [[Júlio César]] ''{{Lang|la|[[Veni, vidi, vici]]}}'' ao dizer " {{Lang|la|Veni, vidi, Deus vicit}}" – "Eu vim, eu vi, Deus conquistou".

== Conclusão ==
{{Artigo principal|Tratado de Karlowitz|Batalha de Zenta}}
[[Ficheiro:Zentaicsata_(Battle_of_Senta).JPG|direita|miniaturadaimagem|A Batalha de Zenta em setembro de 1697]]
Em 11 de setembro de 1697, a Batalha de Zenta foi travada ao sul da cidade de [[Senta|Zenta]], governada pelos otomanos. Durante a batalha, as forças imperiais dos Habsburgos derrotaram as forças otomanas enquanto os otomanos cruzavam o [[Rio Tisza|rio Tisa]] perto da cidade. Isso resultou na morte de mais de 30.000 otomanos pelas forças dos Habsburgos e na dispersão do restante. Esta derrota paralisante foi o fator final para a assinatura do [[Tratado de Karlowitz]] pelo Império Otomano em 22 de janeiro de 1699, encerrando a Grande Guerra Turca. Este tratado resultou na transferência da maior parte da Hungria otomana para os Habsburgos, e após novas perdas na [[Guerra Austro-Turca (1716–1718)]], levou os otomanos a adoptarem uma política militar mais defensiva no século seguinte. <ref>Virginia Aksan, Ottoman Wars, 1700–1860: An Empire Besieged, (Pearson Education Limited, 2007), 28.</ref>

== Ver também ==

* [[Teatro Croata-Eslavo-Dálmata na Grande Guerra Turca]]
* [[Scutum]]
{{Referências}}

=== Bibliografia ===

* {{cite book|last=Chasiotis|first=Ioannis|publisher=Ekdotiki Athinon|volume=XI: Hellenism under foreign rule, 1669–1821|chapter=Η κάμψη της Οθωμανικής δυνάμεως|trans-chapter=The decline of Ottoman power|pages=8–51|script-title=el:Ιστορία του Ελληνικού Έθνους, Τόμος ΙΑ′: Ο ελληνισμός υπό ξένη κυριαρχία, 1669–1821|trans-title=History of the Greek Nation|location=Athens|year=1975|language=el}}
* {{cite book|url=https://archive.org/details/ahistorygreecef05finlgoog|title=A History of Greece from its Conquest by the Romans to the Present Time, B.C. 146 to A.D. 1864|last=Finlay|first=George|publisher=Clarendon Press|volume=V: Greece under Othoman and Venetian Domination A.D. 1453 – 1821|author-link=George Finlay|year=1877|location=Oxford}}
* Setton, Kenneth Meyer. ''[https://books.google.com/books?id=XN51y209fR8C&q=%22great+turkish+war%22+%22%27%27The+Emergence+of+the+Great+Powers:+1685-1715%27%27%22 Venice, Austria, and the Turks in the Seventeenth Century]'' (Memoirs of the American Philosophical Society, 1991)
* {{Citation|first=Peter|last=Wilson|title=German Armies: War and Politics, 1648–1806|year=1998}}.
* {{Citation|first=Peter|last=Wilson|author-mask=3|title=Heart of Europe: A History of the Holy Roman Empire|place=Cambridge|publisher=Harvard University Press|year=2016}}.
* Wolf, John B. ''The Emergence of the Great Powers: 1685–1715'' (1951), pp 15–53.

=== Leitura adicional ===

* {{Cite book|url=https://books.google.com/books?id=2Wc-DWRzoeIC|title=The Serbs|last=Ćirković|first=Sima|publisher=Blackwell Publishing|isbn=978-1-40514291-5|author-link=Sima Ćirković|year=2004|location=Malden}}

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