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Histórias da Terra e do Mar: diferenças entre revisões

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De uma leitura simples, mas profunda, a "História da Gata Borralheira" de Sophia de Mello Breyner diz-nos que nem sempre a riqueza é o melhor caminho e que as coisas podem nem sempre correr bem. Um conto de fadas "mais realista", com um final infeliz...
De uma leitura simples, mas profunda, a "História da Gata Borralheira" de Sophia de Mello Breyner diz-nos que nem sempre a riqueza é o melhor caminho e que as coisas podem nem sempre correr bem. Um conto de fadas "mais realista", com um final infeliz...


Com algumas semelhanças ao [[Cinderela|conto tradicional]], este fala do primeiro baile de uma jovem rapariga chamada '''Lúcia'''. Esta foi com a sua tia-madrinha para o baile, numa mansão cor-de-rosa, na primeira noite de Junho. Mas, como se apresentou com um horroroso vestido lilás e uns sapatos azuis rotos e velhos, foi colocada de parte por todos, durante a festa, sentindo-se ridicularizada. Então, durante a noite, ela olhou-se no espelho, sentindo-se "afogada, boiando numa água sinistra". Encontrou uma outra rapariga misteriosa, que a faz ver que os espelhos são como as pessoas "más", que não diziam a verdade. Mais tarde, um rapaz dança com ela e, também um tanto misterioso, lhe diz que, noites como aquelas escondiam uma "angústia" por entre os brilhos, cores e perfumes... Durante a dança, um dos sapatos velhos cai-lhe do pé! Mas ela nada disse. No final da noite, numa sala coberta de espelhos, Lúcia promete a si mesma que vai mudar a sua vida.


Tenho medo de Bananas.....E fgtafgtayyhey a seguir depois adeus
Passados vinte anos, ela volta à tal mansão, agora rica, bonita e poderosa. Tinha mesmo mudado a sua vida! Para relembrar o seu passado, Lúcia volta à tal sala de espelhos, onde, como que por magia, a imagem reflectida não é do seu novo vestido, mas sim a do antigo, lilás. Neste momento de pavor, entrou um homem na sala, dizendo ser o "outro caminho". O caminho que ela não escolheu há vinte anos atrás. E, como pagamento, queria o seu sapato do pé esquerdo que, agora, era forrado a diamantes e, em troca, ele entregava-lhe o antigo sapato roto. Como ela não se conseguiu mover, ele trocou os sapatos.

Na manhã seguinte, Lúcia é encontrada morta na mesma sala. Nunca houve explicação para o facto de se encontrar um sapato roto no seu pé esquerdo. A história tem, assim, um final misterioso e impossível de desvendar.

==Saga==
Saga relata a vida e o drama de uma família de marinheiros de Vig, uma pequena ilha [[Países nórdicos|nórdica]]. A personagem principal tem o nome de '''Hans''' cujo grande desejo é tornar-se marinheiro. O pai deste, com a morte dos seus irmãos mais novos, Gustav e Niels, num naufrágio, proíbe Hans de ser marinheiro, mas ele foge para o mar.

Em Agosto chega a Vig, vindo da [[Noruega]] um [[cargueiro]] [[Inglaterra|inglês]] cujo seu nome era "Angus" onde Hans se alistou como [[grumete]]. Atravessaram as tempestades da [[Golfo da Biscaia|Biscaia]]. Chegaram a uma cidade desconhecida, o [[Porto]]. Hans amou desde o primeiro dia a cidade. Alguns dias mais tarde Hans e o capitão do barco tiveram uma discussão e nessa noite Hans fugiu do barco sem o seu capitão saber. Encontrou um inglês chamado Hoyle que o ajudou e fez dele um misto de empregado e de filho adoptivo. A sua adolescência decorreu entre os cais, os armazéns e os barcos.

Dois dias depois de Hoyle ter acolhido Hans, comprou-lhe roupa, papel e caneta. Hans enviou uma carta à sua família a pedir desculpas pela fuga, as razões que o levaram a fugir, as suas aventuras e o seu paradeiro. Meses depois a sua mãe respondeu à sua carta dizendo-lhe para não voltar a Vig, pois seu pai não o aceitaria de volta. Os anos passaram e Hans aprendeu a arte de navegar e a arte de comerciar. Aos 21 anos Hans já era [[capitão]] de um navio de Hoyle e homem de confiança nos negócios.

Desde muito cedo Hans conheceu as [[Macaronésia|ilhas do Atlântico]], as costas de [[África]] e do [[Brasil]], e os mares da [[China]]. Ao fim de longos meses, Hans regressou à sua cidade de adopção e Hoyle entregou-lhe as cartas que recebera na sua ausência, as cartas da sua mãe. Todas as cartas diziam para Deus o abençoar e que não voltasse a Vig, pois o pai não o receberia. Quando já passada a sua primeira mocidade, Hoyle adoeceu e pediu a Hans para ficar com ele. Hans ficou, deixou de ser seu empregado e passou a ser seu sócio. Hans tratava agora de todos os negócios de Hoyle e à noite relatava-lhe todo e, de seguida, bebiam juntos um copo de [[vinho]].

Escreveu ao pai passado uns tempos dizendo-lhe que não era mais um navegador entre as ondas e o vento. Que era agora um homem estabelecido, em terra firme e que iria voltar a Vig. A sua mae respondeu-lhe dizendo-lhe que seu pai não o receberia. Associado a Hoyle, Hans começou a criar uma fortuna pessoal. Algum tempo depois, casou-se com a filha dum [[general]] [[Guerra Civil Portuguesa (1828-1834)|liberal]] que [[Desembarque do Mindelo|desembarcara em Mindelo]]. Chamava-se Ana e tinha a cara redondinha e rosada e cheirava a maçã, tal como a primeira mulher criada e como a casa onde ele nascera. Como tinha cabelo loiro, lembrava-lhe as tranças das mulheres de Vig. Pouco antes do casamento de Hans, Hoyle morrera e Hans formara agora a sua própria firma, cuja prosperidade crescia. Hans era agora um homem rico. E foi no tempo das últimas [[camélia]]s (vermelhas, pesadas e largas) que nasceu o primeiro filho de Hans.

Tinha sido acordado que o bebé iria ser [[Baptismo|baptizado]] no sétimo dia de vida e que, após o baptizado o primeiro barco de Hans iria ser lançado à água. Quando tudo se preparava para o baptizar, o bebé na madrugada do sexto dia adoeceu, foi baptizado de urgência e foi-lhe posto o nome de Sören. Nasceu o segundo filho de Hans no tempo das primeiras camélias, em Novembro do ano seguinte. Os anos foram passando e a riqueza de Hans aumentando. Nasceram-lhe mais cinco filhos e duas filhas, aumentou também o número dos seus barcos e a extensão dos seus negócios. A sua antiga fuga de Vig fora, de alguma maneira, inútil. Nem a traição lhe dera o seu destino. E entre negócios e nostalgia, viagens e empreendimentos os anos foram passando.

No entanto, parecia a Hans que algo em sua vida, embora tão tarde, era ainda espera e espaço aberto, possibilidade. Quando a mãe morreu, ele escreveu novamente ao pai mas dele, nunca viera resposta e foi aí que Hans compreendeu que jamais regressaria a Vig. Passados alguns meses comprou uma quinta que do alto de uma pequena colina descia até ao cais de saída da barra. Hans mandou fazer grandes obras. Da [[Boémia]] vieram os vidros de [[cristal]] lavrado das portas, semi-transparentes e semi-foscas e tendo gravada as suas iniciais, nos copos, jarras, jarros, taças e compoteiras cuja transparência brilhava e tilintava em almoços e jantares. Da [[Alemanha]], da [[França]], de [[Itália]] vieram as [[seda]]s e os [[veludo]]s dos cortinados e os móveis á última moda e muito vinho das garrafeiras, vinho do [[Rio Reno|Reno]] e do [[Rio Mosela|Mosela]] e [[vinho tinto]] da [[Borgonha]], vinho de [[Champagne (província)|Champagne]] e vinho de Itália, alinhados por ordem de origem ao lado dos vinhos do [[Região Vinhateira do Alto Douro|Douro]] e da [[vinho da Madeira|Madeira]].

Agora que os filhos cresciam, Hans gostava dos longos jantares. Além da família, sempre havia amigos e convidados. Entretanto, à medida que a vida ia cumprindo os seus ciclos, noivados, casamentos, nascimentos, baptizados iam povoando a casa de azáfama e festas, animando e dramatizando os dias, reajustando as relações dos personagens como num caleidoscópio, quando, num clique, se reajustam as relações das figuras. Os filhos tinham crescido. Hans, encalhado agora em hábitos, afazeres e demoras sem jamais surgir, assomar, à proa do navio, no horizonte de Vig.

Faltava-lhe algo que lhe era devido. No fundo da quinta, para os lados da barra, Hans mandou construir uma torre. Segundo disse para ver a entrada e a saída dos seus barcos. Daí em diante, de vez em quando, à tarde, em vez de trabalhar no escritório, trabalhava no quarto da torre onde recebia os empregados e as pessoas que o procuravam. Consigo levava, às vezes, a sua neta mais velha, a Joana, que achava na torre grande aventura e mistério, e a quem ele ensinava o nome e a história dos navios. Os anos começaram a passar muito depressa e, uma certa irrealidade começou a crescer.

Hans já não viajava, estava velho. Tinha as mãos um pouco trémulas, o azul dos olhos desbotado, fundas rugas lhe cavavam a testa, os cabelos e as compridas [[suíças]] estavam completamente brancas. Quando adoeceu para morrer, ia Novembro perto do fim, as camélias brancas estavam em flor, levemente rosadas, macias, transparentes. Durante seis dias, Hans sereno e consciente pareceu resistir, mas ao sétimo dia a febre subiu, a respiração começou a ser difícil e na sua atenção algo se alterou. Ao cair da noite Hans chamou a mulher e os filhos e pediu-lhes que, quando ele morresse, lhe construíssem um barco em cima da sua sepultura, os filhos perguntaram como era o navio e Hans respondeu: "Naufragado!"

Talvez Hans estivesse a delirar quando disse as suas últimas palavras, mas fizeram o que ele queria. Em pedra e bronze, com mastros quebrados e velas rasgadas, o navio foi construído sobre a campa de Hans assim ele navega todas as noites, com o seu barco naufragado, para a sua terra Natal, Vig.

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[[Categoria:Livros de Sophia de Mello Breyner|Histórias da Terra e do Mar]]

Revisão das 20h14min de 14 de fevereiro de 2013

Histórias da Terra e do Mar é um livro da escritora portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen, publicado em 1984.

É composto por cinco contos - "História da Gata Borralheira", "O Silêncio", "A Casa do Mar", "Saga" e "Vila d'Arcos" - que nos transportam para o universo da infância. Cada um deles tem uma harmonia própria que vive de alargadas descrições, de personagens encantadas e de metáforas expressivas.

História da Gata Borralheira

De uma leitura simples, mas profunda, a "História da Gata Borralheira" de Sophia de Mello Breyner diz-nos que nem sempre a riqueza é o melhor caminho e que as coisas podem nem sempre correr bem. Um conto de fadas "mais realista", com um final infeliz...


Tenho medo de Bananas.....E fgtafgtayyhey a seguir depois adeus