Mostrar código-fonte de Hunsrückisch

{{Info/Língua
 |nome       = Hunsrückisch
 |nomenativo =
 |pronúncia  =
 |outrosnomes =
 |corfamília = Indo-europeia
 |estados    = {{ALE}} (Sudoeste Alemão)<br />{{BRA}} ({{BR-ES}}, {{BR-PR}}, {{BR-SC}} e {{BR-RS}})<br />{{ARG}} ([[Misiones (província)|Província de Misiones]])<ref>[https://ri.conicet.gov.ar/handle/11336/57584 Gallero, María Cecilia (2010). ''La territorialización de la germaneidad en los alemanes-brasileños de Misiones, Argentina'']</ref>
 |região     = [[Europa]] e [[América do Sul]]
 |falantes   = não há números exatos
 |posição    =
 |fam2       = [[Línguas germânicas|Germânico]]
 |fam3       = [[Línguas germânicas ocidentais|Ocidental]]
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<!-- Estatuto oficial   -->
<!-- Códigos de línguas -->
<!-- Mapa               -->
 |mapa        =
}}
O '''''Hunsrückisch''''' é um [[dialeto]] [[Língua alemã|alemão]] falado na região do [[Rhein-Hunsrück|Hunsrück]], no sudoeste da [[Alemanha]], sendo o dialeto que deu origem à [[lingua hunsrik]] falada nos [[estados brasileiros]] de [[Santa Catarina]], [[Rio Grande do Sul]], [[Paraná]] e [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]], e que possui forte influência do português.<ref>{{citar web | url=http://www.novolhar.com.br/noticia_edicoes.php?id=4805 | título=Hunsrückisch ganha atlas lingüístico }}acessado em [[2 de novembro]] de [[2011]]</ref><ref>[https://web.archive.org/web/20190508032444/http://pioneiro.clicrbs.com.br/rs/geral/cidades/noticia/2016/06/estudiosos-querem-transformar-dialeto-alemao-falado-na-serra-em-lingua-6202093.html Estudiosos querem transformar dialeto alemão falado na Serra em língua]</ref>
{{título em itálico}}
Para diferenciar o [[dialeto]] usado no [[Brasil]] inicialmente daquele usado na Alemanha, em 1996 o [[linguista]] brasileiro Cléo Vilson Altenhofen denominou o falar brasileiro de ''[[Riograndenser Hunsrückisch]]'' (com referência ao estado do Rio Grande do Sul). Essa nomenclatura, porém, sofreu críticas de outros estudiosos, uma vez que o ''Hunsrückisch'' também é falado nos estados de Santa Catarina e do Paraná e em várias localidades do Espírito Santo. Ademais, na Alemanha, o dialeto é conhecido como francônio-renano ou francônio-moselano.<ref name="karen">{{Citar web|url=http://132.248.9.34/hevila/Espacoplural/2008/vol9/no19/13.pdf|título =O hunsrückisch no Brasil: a língua como fator histórico da relação entre Brasil e Alemanha|autor = Karen Pupp Spinassé|ano =2008|publicado = Espaço Plural}}</ref>

==História==
=== Na Alemanha ===
[[Imagem:Westmitteldeutsches_Mundartgebiet.PNG|thumb|right|150px|O ''Hunsrückisch'' faz parte dos dialetos francônios falados no sudoeste da Alemanha.]]
O ''Hunsrückisch'' tem origem nos dialetos francônio-renano e francônio-moselano falados na região do Hunsrück, às margens dos rios [[Reno]] e [[Mosela]], no oeste da Alemanha. A Alemanha, como Estado nacional, apenas se unificou em 1871, portanto o alemão padrão hoje existente era, até o século XIX, uma [[língua literária]], criada por [[Martinho Lutero]] na sua famosa tradução da Bíblia. O povo alemão, no seu dia a dia, não usava o alemão padrão para se comunicar, mas diversos [[dialetos]] regionais.<ref>{{citar web | url=https://liturgical.wordpress.com/2010/09/01/how-martin-luthers-translation-of-the-bible-influenced-the-german-language/ | título=How Martin Luther’s translation of the Bible influenced the German language }}</ref>

Até por volta de 1800, o alemão padrão foi principalmente uma língua escrita, na Alemanha. O alemão padrão era, muitas vezes, aprendido como língua estrangeira e tinha pronúncia incerta. Com o processo de unificação do país e com a [[alfabetização]] em massa da população, o alemão padrão passou a ser a língua usada pelos falantes dos diferentes dialetos, para se entenderem, embora os dialetos regionais tenham-se mantido nos lares.<ref>Jacob Grimm, ''{{lang|de|Geschichte der deutschen Sprache}}'' (Leipzig 1848)</ref>

=== No Brasil ===

Com a [[imigração alemã no Brasil]], no decorrer dos últimos dois séculos, os dialetos alemães também vieram a se estabelecer como línguas regionais. Porém, algo curioso aconteceu: enquanto na Alemanha o alemão padrão serviu para que os falantes de diferentes dialetos pudessem se comunicar, no Brasil - dada a ainda incipiente consolidação do alemão padrão à época do início da imigração -, esse papel foi desempenhado por um dialeto, o ''Hunsrückisch''.<ref name="Meyer">{{Citar web|url=http://www.ufrgs.br/projalma/TCC/TCC_Martina%20Meyer_2009.pdf|título =DEITSCH OU DEUTSCH? MACROANÁLISE PLURIDIMENSIONAL DA VARIAÇÃO DO HUNSRÜCKISCH RIO-GRANDENSE EM CONTATO COM O PORTUGUÊS|autor = Martina Meyer|ano =2009|publicado = University of Nebraska -Lincoln}}</ref> Existem duas hipóteses para esse fenômeno. A primeira porque a maioria dos imigrantes teriam vindo do Hunsrück, portanto seu dialeto predominou. A segunda porque o ''Hunsrückisch'' apresenta traços intermediários entre os diferentes dialetos alemães, portanto serviu como um coiné entre falantes de vários dialetos. O que se sabe é que os imigrantes alemães no Brasil eram provenientes de diversas partes da Alemanha, portanto, os brasileiros falantes de ''Hunsrückisch'' não necessariamente descendem de pessoas oriundas do Hunsrück.<ref name="Meyer"/>
[[Ficheiro:Kolonien Suedbrasilien.png|thumb|235x235px|Mapa mostrando a dispersão das colônias alemãs no [[Sul do Brasil]], em 1905.|alt=Mapa mostrando as colonias alemãs do Sul do Brasil.]]
Nessas comunidades alemãs, o dialeto ''Hunsrückisch'' manteve-se, durante várias décadas, como a língua principal de comunicação. As colônias alemãs no Sul formaram-se, normalmente, em regiões de floresta despovoadas ou habitadas por índios, que foram expulsos para a chegada dos imigrantes. Devido a esse isolamento, os alemães conseguiram criar uma "ilha linguística", na qual o alemão era a língua principal, e não o português.<ref name="contato">{{citar web|título=A situação de contato plurilíngue no sul do Brasil|data=2000|url=http://www.artistasgauchos.com/conexao/3/cap10.pdf |acessodata=2015-19-04}}</ref> No início do século XX, havia centenas de milhares de teuto-brasileiros de segunda e de terceira geração que mal conseguiam falar o português. Essa diferenciação favorecia o sentimento de grupo minoritário, que se aliava à formação de instituições étnicas sólidas, como escolas, igrejas, associações sociais e uma imprensa em língua alemã. Todos esses elementos combinados promoviam um sentimento geral de "superioridade cultural".<ref name="nebraska">{{Citar web|url =http://digitalcommons.unl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1155&context=historyfacpub|título =  Images of German Immigrants in the United States and Brazil, 1890 - 1918: Some Comparisons|autor = Frederick C. Luebke|ano =1985|publicado = University of Nebraska -Lincoln}}</ref>

Em 1930, havia 2.500 escolas étnicas no Brasil. Dessas, 1.579 eram de imigrantes alemães.<ref>http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Poiesis/article/viewFile/527/527</ref> Nessas escolas, as crianças aprendiam o alemão-padrão difundido na Alemanha. Esse isolamento linguístico e cultural foi combatido de forma agressiva pelo governo nacionalista de [[Getúlio Vargas]], por meio da [[campanha de nacionalização]]. Todas as escolas alemãs no país foram fechadas, aniquilando o meio-escolar teuto-brasileiro. O alemão-padrão aprendido na escola foi, assim, eliminado, enfraquecendo muito o uso do alemão nos centros urbanos, o qual passou a ficar limitado à zona rural. Pessoas eram hostilizadas e agredidas caso falassem alemão na rua. A polícia fiscalizava a vida privada das pessoas, invadindo as casas para queimar livros escritos em alemão. Muitas pessoas foram presas pelo simples fato de falarem alemão. Em 1942, 1,5% dos habitantes de Blumenau foram encarcerados por falar alemão.<ref name="monolinguismo">{{citar web |titulo=Monolinguismo e Preconceito Linguístico|data=2003|url=http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/edicao11/artigo12.pdf|acessodata=21 de julho de 2012}}</ref><ref>{{citar web | url=http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=812033&tit=Um-processo-cultural-forcado | título=Um processo cultural forçado | acessodata=2015-10-29 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20110824230550/http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?tl=1&id=812033&tit=Um-processo-cultural-forcado | arquivodata=2011-08-24 | urlmorta=yes }}</ref><ref>{{citar web | url=http://www.hojecentrosul.com.br/hoje/geral/experi-ncia-dos-campos-concentra-vida-dos-imigrantes-paran | título=Experiência dos campos de concentração na vida dos imigrantes do Paraná | acessodata=2015-10-29 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20100323020420/http://www.hojecentrosul.com.br/hoje/geral/experi-ncia-dos-campos-concentra-vida-dos-imigrantes-paran | arquivodata=2010-03-23 | urlmorta=yes }}</ref> O fechamento das escolas fez com que as pessoas se apegassem cada vez mais ao dialeto alemão usado no dia a dia, distante do alemão-padrão.<ref name="contato"/>

O censo de 1940 contabilizou 644.458 pessoas que usavam o alemão (qualquer variedade) como língua principal do lar, no Brasil. Dessas pessoas, apenas 59.169 eram estrangeiras e 5.083	brasileiras naturalizadas. A maioria dessas pessoas (580.114) era nascida no Brasil e já estava há pelo menos três gerações no país. Os falantes de alemão concentravam-se nos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.<ref name="IPOL"/>	
<div style="font-size: 90%">
{| class="wikitable" table style="border:1px #000000;" cellspacing="0" align="right" style="margin-left: 1em"
! style="background:#f0f0f0;" colspan="2"|Falantes de alemão no lar, por geração (censo de 1940).<ref name="IPOL">{{citar web|título=OS CENSOS LINGÜÍSTICOS E as Políticas Lingüísticas no Brasil Meridional|data=|url=http://e-ipol.org/wp-content/uploads/2013/06/Censos_Linguisticos_no_Brasil_-_Politicas_Linguisticas_no_Brasil_Meridional.pdf|acessodata=2015-19-04|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150209191322/http://e-ipol.org/wp-content/uploads/2013/06/censos_linguisticos_no_brasil_-_politicas_linguisticas_no_brasil_meridional.pdf|arquivodata=2015-02-09|urlmorta=yes}}</ref>
|-
|Geração || Número de falantes
|-
|Primeira||64.000
|-
|Segunda||110.000
|-
|Terceira e seguintes||470.000
|-
|Total||644.000
|-
|}
</div>
<div style="font-size: 90%">
{| class="wikitable" table style="border:1px #000000;" cellspacing="0" align="center" style="margin-center: 1em"
! style="background:#f0f0f0;" colspan="2"|Brasileiros natos que usavam o alemão
como língua principal do lar (1940)<ref>{{citar web | url=http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/CD1940/Censo%20Demografico%201940%20VII_Brasil.pdf | título=Censo de 1940 }}</ref>
|-
|Estado|| Número ||Estado || Número
|-
|Rio Grande do Sul||393.934 ||Pará|| 45
|-
|Santa Catarina||176.762 ||Paraíba|| 31
|-
|São Paulo||26.565 ||Ceará|| 25
|-
|Espírito Santo||25.659 ||Rio Grande do Norte|| 18
|-
|Paraná||11.111 ||Amazonas|| 17
|-
|Rio de Janeiro||7.249 ||Alagoas|| 9
|-
|Minas Gerais||2.818 ||Piauí|| 5
|-
|Mato Grosso||284 ||Acre|| 4
|-
|Bahia||268 ||Maranhão|| 2
|-
|Pernambuco||265 ||Total || 580.114
|-
|Goiás||172
|-
|}
</div>

===Preconceito linguístico e revitalização===

Com a [[campanha de nacionalização]], muitos brasileiros de origem alemã passaram a ter vergonha e medo de serem "alemães". Devido ao trauma, muitos, por opção própria, não queriam mais falar alemão. Ao invés de alcançar a integração, a Nacionalização, ao proibir o alemão e pregar a discriminação, contribuiu para um maior isolamento, uma perda, temporária, do processo de integração.<ref name="contato"/>

Historicamente, o governo brasileiro propagou a ideia de que o Brasil era um país homogêneo e monolíngue, e adotou medidas repressivas contra os falantes de línguas não portuguesa.<ref name="hunsrückisch">{{citar web|título=O ''Hunsrückisch'' no Brasil: a língua como fator histórico da relação entre Brasil e Alemanha|data=|url=http://www.researchgate.net/publication/44288203_O_hunsrckisch_no_Brasil_a_lngua_como_fator_histrico_da_relao_entre_Brasil_e_Alemanha|acessodata=2015-19-04}}</ref> Por muito tempo, falar português era visto como uma condição para ser brasileiro.<ref name="Bilinguismo">{{citar web |url=http://www.ibero-americana.net/files/ejemplo_por.pdf |título=Política lingüística, mitos e concepções lingüísticas em áreas bilíngües de imigrantes (alemães) no Sul do Brasil |publicado=Ibero-americana.net |acessodata=2015-08-12 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20150924032323/http://www.ibero-americana.net/files/ejemplo_por.pdf |arquivodata=2015-09-24 |urlmorta=yes }}</ref> O estigma em ser falante de ''Hunsrückisch'' existe até hoje. Muitos dos seus falantes acham que falam apenas um "dialeto" ou uma "língua misturada". Outros acham que falam um "alemão errado", uma vez que o alemão-padrão é aquele visto como a língua certa e culta. Em decorrência, muitos acham "inútil" aprender o ''Hunsrückisch'' pois, por ser diferente do alemão-padrão, não traria benefícios aos seus falantes.<ref>{{citar web | url=http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/20869/000726273.pdf?sequence=1&locale=pt_BR | título=O aprendizado do alemão-padrão por alunos bilíngües : pesquisas e ações }}</ref> Em decorrência, o alemão-padrão e o português são vistos como línguas necessárias, que trazem status e oportunidades, ao passo que o ''Hunsrückisch'' é encarado como uma língua menor.<ref name="Meyer"/>

Pesquisas mostram que, em algumas comunidades de origem germânica no Brasil, os falantes de alemão são normalmente pessoas acima dos cinquenta anos de idade, já que a maioria dos jovens sabem pouco ou nada do idioma, o que representa uma perda cultural. Porém, nos últimos anos, através de um forte apelo de brasileiros germanófonos para a adoção da [[língua alemã]] como [[língua nativa|vernáculo]] oficial das cidades [[colonização|colonizadas]] por alemães, o município de [[Pomerode]] foi o primeiro a adotar a língua alemã como co-oficial no município.<ref name="leismunicipais.com.br">{{Citar web |url=http://www.leismunicipais.com.br/twitter/222/legislacao/lei-2251-2010-pomerode-sc.html |titulo=Cópia arquivada |acessodata=2015-10-29 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120530095532/http://www.leismunicipais.com.br/twitter/222/legislacao/lei-2251-2010-pomerode-sc.html |arquivodata=2012-05-30 |urlmorta=yes }}</ref> O processo de vernaculação oficial do alemão deve se repetir nos próximos anos em todo município em que a maioria da [[população]] seja descendente de [[migração|imigrantes]] alemães,<ref name="farese">{{citar web | url=http://www.farese.edu.br/pages/artigos/pdf/ismael/A%20co-oficializa%C3%A7%C3%A3o%20da%20L%20Pomer.pdf | título=A co-oficialização da língua pomerana | acessodata=2015-10-29 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20121221183002/http://www.farese.edu.br/pages/artigos/pdf/ismael/A%20co-oficializa%C3%A7%C3%A3o%20da%20L%20Pomer.pdf | arquivodata=2012-12-21 | urlmorta=yes }}</ref> de forma que [[escola]]s públicas ensinem obrigatoriamente a língua alemã, e serviços públicos também sejam prestados em alemão.<ref name="leismunicipais.com.br"/><ref>{{citar web | url=http://www.seplag.rs.gov.br/upload/Painel_54_Sintia_Bausen_formatado.pdf | título=Programa de Educação Escolar Pomerana (PROEPO) }}acessado em [[21 de agosto]] de [[2011]]</ref>

O processo de co-oficialização do alemão e, sobretudo, dos dialetos, além de resgatar o idioma, contribui para diminuir o estigma de ser falante de um alemão "errado", por ser diferente daquele usado na Alemanha nos dias de hoje.<ref>[http://historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=527 Co-oficializar para 'Preservar': o ''Hunsrückisch''  enquanto identidade e cultura em Antônio Carlos/SC ]</ref>

Atualmente, não se sabe ao certo quantas pessoas usam o alemão no Brasil pois, desde 1950, os censos nacionais eliminaram a pergunta sobre línguas.<ref>{{citar web | url=http://www.rle.ucpel.tche.br/index.php/rle/article/viewFile/480/426 | título=“Ia na escola alemã e de um dia pro outro fechou. E nós não sabíamos falar o português”: refletindo sobre as políticas linguísticas em contexto de língua minoritária</ref> Em 1970, Altenhofen  estimou em 1.386.945 o número de falantes de uma variedade do alemão no Rio Grande do Sul. Em 1996, ele estimou que o número havia caído para entre 700.000 e 900.000 falantes. Damke, em 1996, estimou em mais de dois milhões de falantes de qualquer variedade da língua alemã no Brasil.<ref name="língua alemã">[http://www.ucm.es/info/especulo/numero40/polingbr.html Políticas lingüísticas e a conservação da língua alemã no Brasil }}</ref>

Como a língua foi passada de geração em geração pela oralidade, muitas pessoas, cujos pais são falantes de ''Hunsrückisch'', entendem mas não falam o idioma. Em [[Antônio Carlos (Santa Catarina)]], por exemplo, cidade de colonização alemã, apenas 10% da população consegue se expressar no idioma. Os falantes de alemão como primeira língua normalmente têm mais de 45 anos, refletindo um declínio do aprendizado entre os jovens.<ref>{{citar web | url=http://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/259162-lingua-de-origem-alema-pode-ser-incluida-na-grade-curricular-dos-alunos-de-antonio-carlos.html | título=Língua de origem alemã pode ser incluída na grade curricular dos alunos de Antônio Carlos }}</ref>
<div style="font-size: 90%">
{| class="wikitable" table style="border:1px #000000;" cellspacing="0" align="center" style="margin-center: 1em"
! style="background:#f0f0f0;" colspan="2"|Estatística das escolas alemãs no Brasil(1931)
<ref>{{citar web | url=http://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/alemaes/as-tradicoes-e-o-abrasileiramento.html | título=território brasileiro e povoamento»alemães»as tradições e o abrasileiramento }}</ref>
|-
|Estado|| Total escolas||Total alunos
|-
|Rio Grande do Sul||952	||37.078
|-
|Santa Catarina||297||12.346
|-
|Paraná||34 ||2.182
|-
|São Paulo||29||3.165
|-
|Espírito Santo||22||717
|-
|Rio de Janeiro||5 ||430
|-
|Minas Gerais||2||76
|-
|Bahia||2||67
|-
|Pernambuco||1 ||20
|-
|Goiás||1 ||15
|-
|Total||1.345||56.596
|-
|}
</div>

====Variedades internas====

O ''Hunsrückisch'' falado no Brasil não é homogêneo, apresentando variedades internas. Os imigrantes que chegaram entre 1824 e 1850 eram provenientes de uma Alemanha na qual não havia uma unidade linguística padrão, tampouco a variedade escrita do alemão estava difundida no país. Portanto, esses imigrantes pioneiros trouxeram uma variedade enorme de dialetos para o Brasil, uma vez que poucos eram escolarizados. Diferentemente, os imigrantes que chegaram a partir da segunda metade do século XIX já eram provenientes de uma Alemanha onde a [[alfabetização]] se tornara mais democrática e, portanto, eles tinham maior acesso ao alemão-padrão ou [[Hochdeutsch]].<ref name="Meyer"/>

Portanto, houve uma divisão entre os grupos de alemães no Brasil: os imigrantes pioneiros, chegados entre 1824 e 1850, em decorrência da distância e da ausência da variedade escrita, passaram a falar um alemão cada vez mais distante daquele usado na Alemanha e o sentimento de ser alemão foi-se enfraquecendo. Por outro lado, os imigrantes que chegaram após 1850 eram falantes da variedade padrão, de maior prestígio social. Enquanto os primeiros transfiguraram-se em "teuto-brasileiros", os segundos eram os "alemães da Alemanha".<ref name="Meyer"/>

Essa divisão entre imigração pioneira e tardia ainda pode ser observada hoje. No Rio Grande do Sul há duas grandes áreas linguísticas próprias: de um lado, nas colônias próximas a [[São Leopoldo]], o alemão falado tem características mais dialetais (consubstanciado pelo uso da palavra ''Deitsch''), ao passo que a oeste, a partir do [[vale do Taquari]], o alemão falado é mais próximo da língua-padrão (área ''Deutsch''). As colônias alemãs do oeste do estado são de fundação mais recente que as próximas a São Leopoldo, denotando que receberam imigrantes alemães já falantes do alemão-padrão.<ref name="Meyer"/>

==Estudos linguísticos==

Em vista das diferenças entre o dialeto falado na [[Europa]] e o que é praticado no sul do Brasil, em [[1996]], Cléo Altenhofen cunhou o termo ''Riograndenser Hunsrückisch'' para a versão usada no Brasil. Porém, a mesma versão também é falada nos estados de Santa Catarina, do Paraná e em uma cidade do Espírito Santo, o que levou alguns estudiosos a criticar o termo "riograndenser".<ref name="karen"/>

O ''Hunsrückisch'' tem base essencialmente germânica, a despeito dos vários empréstimos do português, e ainda se assemelha bastante ao falar usado na região alemã em que se originou. Porém, seu status é de língua brasileira que, ao lado de outras línguas de imigração e indígenas, fazem parte do patrimônio cultural imaterial do Brasil.<ref name="karen"/>

O dialeto apresenta traços de alemão antigo, uma vez que as relações com a Alemanha foram cessadas e o contato com o alemão-padrão é praticamente nulo. Assim, o dialeto preservou muitas características do [[alto alemão médio]]. Com o tempo, algumas palavras absorveram outra assepsia, enquanto algumas poucas foram criadas, como "Schuppenschwein" ([[tatu]]), em vez de "Gürteltier".<ref name="karen"/>

O ''Hunsrückisch'' absorveu muitas influências da língua portuguesa, sobretudo em contextos urbanos e entre jovens de classes sociais mais elevadas. Empréstimos de palavras do português existem sobretudo em relação a inovações tecnológicas que não existiam quando da imigração e em termos da fauna e da flora do novo meio.<ref name="Meyer"/> Por exemplo, no ''Hunsrückisch'', avião é ''aviong'', em vez do alemão padrão ''Flugzeug''; caminhão é ''kamiong'', em vez de ''Lastwagen'', e roça é ''rossa'', em vez de ''Feld''. Algumas expressões são traduções literais do português, como em "''alles gut?''" ("tudo bem?") no lugar do alemão ''wie geht`s''.<ref>{{citar web | url=http://www.dw.com/pt/o-alem%C3%A3o-lusitano-do-sul-do-brasil/a-1174391 | título=O alemão lusitano do Sul do Brasil }}</ref>

O sociólogo Emilio Willems listou 693 palavras emprestadas do português, muitas das quais ligadas ao ambiente rural típico dos colonos.

{| class="wikitable" style="text-align:center;"
!colspan=6 | Exemplos da influência do português no ''Hunsrückisch'' <ref name="karen"/>
|-
! Palavra no ''Hunsrückisch''
! Palavra no alemão
! Palavra no português
|-
| Feschón
| Bohnen
| Feijão
|-
|Fakón
|Buschmesser
|Facão
|-
| Makák
| Affe
| Macaco
|-
|Onze
|Jaguar
|Onça
|-
|Karose
|Leiterwagen
|Carroça
|-
|Schuraske
|Grill
|Churrasco
|-
|Mule
|Maltier
|Mula
|-
|Past
|Weide
|Pasto
|-
| Schikót
| Peitsche
|Chicote
|-
|}

O ''Hunsrückisch'' é uma língua falada, que não tem escrita própria. Portanto, seus falantes sempre tiveram que recorrer ao português ou ao alemão padrão caso precisassem escrever algo. Objetivando criar um conjunto de normas que oriente uma escrita sistematizada do ''Hunsrückisch'', o Instituto de Letras da [[UFRGS]] criou o Grupo de Estudos da Escrita do Hunsrückisch (ESCRITHU), o que possibilitará o aprendizado do idioma, inclusive em âmbito escolar.<ref>[http://www.ufrgs.br/setordealemao/revista/revista.atual/7%20cleo.pdf Fundamentos para uma escrita do Hunsrückisch falado no Brasil1]</ref> Esse processo já aconteceu com a [[Dialeto Pomerano Oriental|língua pomerana]], outro falar germânico trazido pelos imigrantes, virtualmente extinta na [[Pomerânia]] histórica e hoje praticamente apenas falada no Brasil.<ref>{{citar web | url=http://iilp.wordpress.com/2011/05/24/os-pomeranos-reivindicam-5-acoes-prioritarias-ao-governo-dilma-2/ | título=Os Pomeranos Reivindicam 5 Ações Prioritárias ao Governo Brasileiro }}acessado em [[21 de agosto]] de [[2011]]</ref> O pomerano hoje tem escrita própria e está sendo ensinado em escolas do Espírito Santo.<ref name="Smj">{{citar web | url=http://www.pmsmj.es.gov.br/pgn/1282439/educacao-lingua-e-cultura-pomerana-alcancam-100/ | título=Língua e cultura pomerana alcançam 100% da rede municipal de Santa Maria | acessodata=2015-11-10 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222151740/http://www.pmsmj.es.gov.br/pgn/1282439/educacao-lingua-e-cultura-pomerana-alcancam-100/ | arquivodata=2014-02-22 | urlmorta=yes }}acessado em [[16 de fevereiro]] de [[2014]]</ref>

O ''Hunsrückisch'' foi declarado [[Patrimônio imaterial|patrimônio]] [[linguístico]] do [[Rio Grande do Sul]].<ref name="rslei">{{citar web | url=http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100018.asp?Hid_IdNorma=58094 | título=LEI  14.061 - DECLARA INTEGRANTE DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL A “LÍNGUA HUNSRIK”, DE ORIGEM GERMÂNICA }}</ref><ref name="rsleijulho2012">{{citar web | url=http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100099.ASP?Hid_Tipo=TEXTO&Hid_TodasNormas=58094&hTexto=&Hid_IDNorma=58094 | título=LEI Nº 14.061, de 23 de julho de 2012 - Declara integrante do patrimônio histórico e cultural do estado do Rio Grande do Sul a língua hunsrik, de origem germânica }}</ref> É uma língua co-oficial do município de [[Antônio Carlos (Santa Catarina)|Antônio Carlos]], em [[Santa Catarina]],<ref>{{citar web | url=http://www.ipol.org.br/upload/Image/lei1.jpg | título=Cooficialização da língua alemã em Antônio Carlos | acessodata=2012-05-14 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20120402095443/http://www.ipol.org.br/upload/Image/lei1.jpg | arquivodata=2012-04-02 | urlmorta=yes }}</ref> e está atualmente em fase de oficialização em [[Santa Maria do Herval]] (no [[Rio Grande do Sul]]).<ref>{{citar web | url=http://hunsrickisch.blogspot.com/2011/05/uma-escrita-para-lingua-hunsrickisch.html | título=Uma escrita para a língua Hunsrickisch: qual o melhor caminho? }}</ref><ref>{{citar web | url=http://www.brasilalemanha.com.br/portal/index.php?p=noticias&getID=5643 | título=Dialetos Hunsrik e Talian na ofensiva no Sul | acessodata=2012-05-14 | arquivourl=https://web.archive.org/web/20110727183916/http://www.brasilalemanha.com.br/portal/index.php?p=noticias | arquivodata=2011-07-27 | urlmorta=yes }}</ref>

== Literatura ==
O poema do alemão Peter Joseph Rottmann, ''Der Abschied'' (em português, 'O adeus'), publicado pela primeira vez em [[1840]], na [[Alemanha]], tem como tema a separação de um casal, no contexto da primeira grande [[Migração|onda migratória]] - tema que penetrou esse segmento linguístico do sudoeste da [[Europa]] germânica, perdurando por várias décadas (ver, ao lado, a imagem do poema, no qual se utilizam marcadores numerais para  "decifrar", em [[Alto alemão|alemão clássico]], algumas das formas dialetais peculiares do ''Hochdeutsch'' utilizadas pelo autor). No poema, o emigrante alemão ''Hannes'' (redução de ''Johannes'') se despede de sua desconsolada namorada ''Liesekett'' (ou ''Elisabetha Katharina'', na forma  afetuosa), que permanecerá no [[Hunsrück]], enquanto ele seguirá rumo ao [[Brasil]] (''Brasilje'') promissor, [[tropical]] e exótico, onde, segundo ela, ele terá que enfrentar [[víbora]]s e [[símio]]s, enquanto ela ficará sozinha e sofrente. Em resposta às preocupações dela, Hannes promete que haverá um reencontro feliz e permanente entre ele e ela, no futuro.

'''Der Abschied.'''<br />[[Ficheiro:Rottmann abschied.jpg|thum|254px|right|'''Die Abschied''' ('o adeus'), poesia de Peter Joseph Rottmann, escrita na [[Alemanha]], em [[1840]].]]

'''Liesekett.'''

Willst Dau, Hannes, noh Bresilje ziehe,

Wo Deich Schlange unn die Affe kriehe?

Ach, dann stehrbt Dei Liesekett!

Wer sall meich dann bei die Spielleit fehre,

Wann eich naunder meine Kerl verleere?

Geh, eich wullt, datt Deich der Deiwel hätt?

'''Hannes.'''

Tobich Mensch! watt brauchste so se brille?

’diß nau ähmol annerscht nitt mei Wille,

Unn eich honn Der’t jo schunn gesaht:

Wannet so viel Annerleit broweere,

Kann eich’t aag; eich honn Neist se verleere,

Wie’t em Ann’re geht, so geht meer’t grad.

'''Liesekett.'''

Nau heer eich Deich Moorjets nitt meh bloose,

Ohne Heert unn Hierer sinn die Oose,

Die Dei Ohrallvatter schunn gehuth;

Wo Dau hingehst, brauch m’r Neist se schaffe,

Kann de Kaffi mit de Hänne raffe;

Geh, Dau Wieschder bist m’r nitt meh gut!

'''Hannes.'''

Liesekett, wie kannst Dau nor so schwetze?

Lißt de Deich vunn wieschde Leit verhetze?

Kennst Dau meich dann noch nitt besser, sah?!

Sei sefriere! wann eich brav Karline

Loorde in dem naue Lann verdiene,

Kumm eich wierer, unn Dau gist mei Fraa.

==Filmografia==

A maior parte de ''[[Os Mucker]]'', filme [[teuto-brasileiro]] de 1978 dirigido por [[Jorge Bodanzky]] e [[Wolf Gauer]], é falada em ''Hunsrückisch''. A obra retrata a [[Revolta dos Muckers|revolta dos muckers]], liderada por [[Jacobina Mentz Maurer]] na [[década de 1870]] na [[Imigração alemã no Brasil|colônia alemã]] do [[Rio Grande do Sul]]. Parte do elenco do filme é composto por descendentes de muckers, que não eram atores profissionais.<ref name="uol">[http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2015/08/19/para-diretor-tematica-religiosa-do-filme-os-mucker-segue-atual.htm Para diretor, temática religiosa do filme "Os Mucker" segue atual]</ref> O filme recebeu vários prêmios, inclusive [[kikito]]s de melhor atriz, melhor direção e melhor direção de arte.<ref name="cultural">Goethe-Institut Porto Alegre [http://issuu.com/goethepoa/docs/bimensal__3_ Programação Cultura maio/junho 2014; página 8]</ref>

O [[documentário]] ''Land Schaffen'', de 2014, também é, na sua maior parte, falado em ''Hunsrückisch''. O filme retrata o cotidiano de descendentes de alemães na zona rural do Rio Grande do Sul.<ref>[http://www.rs.gov.br/conteudo/196348/documentario-falado-em-dialeto-alemao-hunsruckisch-e-exibido-pela-tve-nesta-terca-feira/termosbusca=* Documentário falado em dialeto alemão Hunsrückisch é exibido pela TVE nesta terça-feira]</ref>

== Ver também ==
* [[Katarinensisch]] - [[dialeto]] [[Língua alemã|alemão]] de [[Santa Catarina]].
* [[Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]] (IPHAN)
* [[Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Lingüística]] (IPOL)

{{referências}}

== Ligações externas ==
* {{Link||2=http://www.hunsrik.org/ |3=Sítio dedicado ao Hunsrückisch com textos escritos e audiofônicos no idioma}}
* {{Link||2=http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1174391,00.html |3=Artigo da ''Deutsche Welle'', em português}}
* {{Link||2=http://www.hundheimer.de/Hundemer%20Sprache/A_bis_Z.htm |3=Pequeno dicionário de Hunsrückisch-Alemão (Europa)}}
* {{Link||2=http://www.hunsrueck-zeitung.com/Hunsruecker%20findet%20mann%20uebrall/Hunsrueckr%20findet%20man.html |3=Matéria em alemão sobre o Hunsrückisch na América do Sul}}
* {{Link||2=http://www.ibge.gov.br |3=A contribuição alemã para a formação do povo brasileiro |4=. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas.}}
* {{Link||2=http://www.brasilalemanha.com.br/cozinha_alema.htm |3=Os imigrantes alemães e a sua cozinha |4=Além de receitas tradicionais, a obra está repleta de terminologia dialetal da culinária teuto-brasileira (em português e alemão)}}
* {{Link||2=http://www.orbilat.com/Languages/Portuguese-Brazilian/Dialects/Brazilian_Dialects-Rio_Grande_do_Sul.html |3=Os três principais dialetos do Rio Grande do Sul: o gaúcho crioulo e os dialetos talian e alemão |4=(matéria em inglês)}}
* {{Link|de|2=http://lexikon.izynews.de/de/dir/default_fr.aspx?u=http%3a%2f%2flexikon.izynews.de%2fde%2flexw.aspx%3fdoc%3dHunsr%25c3%25bcck |3=Informações sobre a região do Hunsrück, Alemanha}}
* {{Link||2=http://www.goettems.com.br/alit.htm |3=Publicações interessantes e representativas de famílias de imigrantes teutos ao Brasil}}
* {{Link||2=http://www.hunsrueck.nl/duhome.htm |3=Site sobre a região do Hunsrück/Alemanha (em holandês & alemão)}}

{{Línguas germânicas}}

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[[Categoria:Línguas germânicas do Brasil]]