Iarinlim de Alalaque

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 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Iarinlim.
Iarinlim
Rei de Alalaque
Iarinlim de Alalaque
Busto de diorito encontrado em Alalaque e que representa Iarinlim[1]
Reinado ca. 1735 - começo do século XVII a.C.
Antecessor(a) Vago
Último titular: Zinrilim
Sucessor(a) Amitacum
Nascimento século XVIII a.C.
Descendência Amitacum
Pai Hamurabi I
Religião mitologia amorita

Iarinlim ou Iarim-Lim (Yarim-Lim; r. ca. 1735 - ? a.C. segundo a cronologia média) foi um rei de Alalaque e filho de Hamurabi I de Iamade.[2] Ele recebeu a cidade de Alalaque de seu irmão Abael I e iniciou um ramo cadete da dinastia iamadita que durou até a conquista de sua capital pelo rei hitita Hatusil I.

Selo de Iarinlim II
Iamade e seus vizinhos Catna e Babilônia em ca. 1 752 a.C.. Alalaque localiza-se a noroeste, próximo da capital iamadita de Halabe (atual Alepo)

Identidade[editar | editar código-fonte]

A identidade de Iarinlim é disputada na historiografia, pois num espaço curto de tempo houve dois indivíduos de mesmo nome: Iarinlim II de Iamade, que mencionou em seu selo ser filho de Abael I,[2] e Iarinlim de Alalaque, que mencionou ser filho de Hamurabi I e, portanto, tio de Iarinlim II. O professor Moshe Weinfeld sugeriu que Iarinlim II pode ser associado a Iarinlim de Alalaque, pois considera que o selo de Iarinlim II na verdade pertenceu ao homônimo sediado em Alalaque, o que fez deste último o sucessor de Abael I no trono iamadita.[3]

Weinfeld acredita que a razão para Iarinlim de Alalaque chamar-se filho de Abael I é que Abael adotou-o para criar uma base legal para instalá-lo como rei em Alalaque. Esta teoria é difícil de provar devido a carência de referência textual acerca duma adoção e devido ao fato de Iarinlim (filho de Hamurabi) ter sido instalado no trono de Alalaque muito antes da assumida adoção. Além disso, não havia necessidade desse procedimento para legalizá-lo como rei uma vez que era irmão do monarca.[4]

Vida e reinado[editar | editar código-fonte]

Hamurabi I nomeou Iarinlim como governador dum distrito ao norte no qual Irridu era a principal cidade.[5] Sob seu irmão mais velho Abael I, Iarinlim continuou a governar o distrito. Nessa época, Zitradu, governador de Irridu, rebelou contra Iamade, o que incitou Abael a destruir a cidade.[6] Como compensação, Abael assinou um tratado com seu irmão no qual concedeu-lhe a cidade de Alalaque como reino hereditário para sua dinastia sob suserania de Halabe.[7]

Isso aconteceu 15 anos após o início do reinado de Abael I, o que poderia ser datado ca. 1 735 a.C..[8] Na ocasião, Iarinlim jurou a seu irmão que se ele ou seu descendente cometesse traição ou espalhasse os segredos de Abael a outro rei, suas terras deveriam ser confiscadas.[9] Iarinlim governou pelo resto do reinado de seu irmão e continuou no trono durante o reinado de seu sobrinho Iarinlim II e os primeiros anos do reinado de seu sobrinho-neto Niquemi-Epu, que durou de ca. 1700 a ca. 1 675 a.C.. Iarinlim seria sucedido por seu filho Amitacum.[10]

Iarinlim II de Alalaque[editar | editar código-fonte]

O professor Nadav Na'aman propôs a teoria que o Iarinlim filho de Hamurabi I não era o único rei de Alalaque que portou tal nome e que houve um homônimo que governou este reino e que teria sido neto do primeiro. Na'aman baseou sua teoria nos reinados excepcionalmente longos de Iarinlim e seu sucessor Amitacum, que cobrem os reinados de cinco reis iamaditas. O número de reis em Alalaque é assunto amplamente debatido, e a teoria de Na'aman é apoiada por vários outros professores como Dominique Collon e Erno Gaál. Contudo, nenhuma evidência foi encontrada para provar a existência de um segundo Iarinlim e vários outros professores refutaram esta teoria, incluindo Horst Klengel e Marlies Heinz.[11]

Sepultamento e estátua[editar | editar código-fonte]

Sir. Leonard Woolley descobriu o Palácio de Iarinlim durante as escavações conduzidas em Alalaque em 1936. A câmara sepulcral do monarca consistia num fosso de 15 metros de profundidade no qual, no centro, estava uma haste de 9 metros de profundidade na qual a urna funerária estava dentro. A haste foi preenchida com pedras e então a fossa foi preenchida por camadas sucessivas de edifícios cerimoniais que foram queimados e e então encimados por outra camada. Sobre a fossa foi edificada uma capela real que continha uma estátua de diorito de Iarinlim.[12][13]

Woolley erroneamente assumiu que a estátua de Iarinlim representava Iarinlim I de Iamade. A leitura dum tablete local deu um entendimento melhor do período e revelou que a estátua representa o monarca de Alalaque, que era neto de Iarinlim I.[14]

Referências

  1. Aruz 2008, p. 197-198.
  2. a b Roberts 2002, p. 149.
  3. Roberts 2002, p. 149-150.
  4. Roberts 2002, p. 150.
  5. Na'aman 2005, p. 286.
  6. Arnold 2002, p. 96.
  7. West 1997, p. 21.
  8. Soldt 2000, p. 109.
  9. Hamblin 2006, p. 264.
  10. Soldt 2000, p. 107.
  11. Soldt 2000, p. 107-108.
  12. Ring 2013, p. 10.
  13. Aruz 2008, p. 197.
  14. Cline 1998, p. 70.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Arnold, Bill T.; Beyer, Bryan E. (2002). Readings from the Ancient Near East: Primary Sources for Old Testament Study. [S.l.]: Baker Academic. ISBN 0801022924 
  • Aruz, Joan; Benzel, Kim; Evans, Jean M. (2008). Beyond Babylon: Art, Trade, and Diplomacy in the Second Millennium B.C. Nova Iorque: Metropolitan Museum of Art. ISBN 9781588392954 
  • Cline, Eric H.; Harris, Diane (1998). The Aegean and the Orient in the Second Millennium: Proceedings of the 50th Anniversary Symposium, Cincinnati, 18-20 April 1997. [S.l.]: Universidade do Texas 
  • Hamblin, William J. (2006). Warfare in the Ancient Near East to 1600 BC - Holy Warriors and the Dawn of History. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-25589-9 
  • Na'aman, Nadav (2005). Canaan in the Second Millennium B.C.E. [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 1575061139 
  • Ring, Trudy; Watson, Noelle; Schellinger, Paul (2013). Southern Europe: International Dictionary of Historic Places. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-1-134-25965-6 
  • Roberts, Jimmy Jack McBee (2002). The Bible and the Ancient Near East: Collected Essays. [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 1575060663 
  • Soldt, Wilfred Van (2000). «Syrian Chronology in the Old and Early Middle Babylonian Periods». Fondation assyriologique Georges Dossin. Akkadica. 119-120 
  • West, M. L. (1997). The East Face of Helicon : West Asiatic Elements in Greek Poetry and Myth: West Asiatic Elements in Greek Poetry and Myth. [S.l.]: Clarendon Press. ISBN 0191591041