Saltar para o conteúdo

Santuário do Santíssimo Milagre de Santarém: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 7: Linha 7:
A igreja foi sagrada em 1241, sendo inicialmente denominada de Igreja de Santo Estêvão. Desde a sua fundação, o templo acolheu a sede da [[paróquia]] de Santo Estêvão, uma das mais importantes e abastadas da então vila de [[Santarém (Portugal)|Santarém]]. Esta [[paróquia]] haveria de ser extinta já no século XIX, sendo então integrada na de [[Marvila (Santarém)|Marvila]]. Em 1266, com a ocorrência do Milagre, o templo passou a ser conhecido por Santíssimo Milagre, acolhendo a partir de então as relíquias sagradas.
A igreja foi sagrada em 1241, sendo inicialmente denominada de Igreja de Santo Estêvão. Desde a sua fundação, o templo acolheu a sede da [[paróquia]] de Santo Estêvão, uma das mais importantes e abastadas da então vila de [[Santarém (Portugal)|Santarém]]. Esta [[paróquia]] haveria de ser extinta já no século XIX, sendo então integrada na de [[Marvila (Santarém)|Marvila]]. Em 1266, com a ocorrência do Milagre, o templo passou a ser conhecido por Santíssimo Milagre, acolhendo a partir de então as relíquias sagradas.


Conforme documento do ano de 1346, emanado pelo Rei Afonso IV, uma mulher roubara uma [[Hóstia]] consagrada durante a [[comunhão]], pretendendo utilizá-la em práticas de bruxaria. Porém, a [[Hóstia]] sangrou durante todo o percurso e, uma vez escondida, inundou de luz toda a habitação, revelando a sua presença e conduzindo a pecadora ao arrependimento. A [[hóstia]] milagrosa foi engastada numa [[ostensório|custódia]] de prata, permanecendo guardada no templo até hoje, com excepção do curto período das [[Guerra Peninsular|Invasões Francesas]], quando foi retirada da cidade.
Conforme documento do ano de 1346, emanado pelo Rei Afonso IV, no dia 16 de fevereiro de 1266, uma mulher roubara da igreja uma [[Hóstia]] consagrada durante a [[comunhão]], pretendendo utilizá-la em práticas de bruxaria. Porém, a [[Hóstia]] sangrou durante todo o percurso e, uma vez escondida, inundou de luz toda a habitação, revelando a sua presença e conduzindo a pecadora ao arrependimento. A [[Hóstia]] milagrosa foi engastada numa [[ostensório|custódia]] de prata, permanecendo guardada no templo até hoje, com excepção do curto período das [[Guerra Peninsular|Invasões Francesas]], quando foi retirada da cidade. Consta que em diversas ocasiões, no decorrer dos séculos, a Hóstia espirrou Sangue e nela apareceu a imagem de Jesus Cristo impressa, sendo que S. Francisco Xavier, "Apóstolo da Índia", foi testemunha desse prodígio quando visitou o Santuário antes de partir em missão.

Desde que ocorreu o milagre, todos os anos, no segundo domingo de abril, a relíquia sai em procissão. A antiga casa da mulher que roubou a Hóstia foi transformada numa capela.


A actual configuração [[Renascimento em Portugal|renascentista]] da igreja é o resultado de uma campanha de reconstrução [[século XVI|quinhentista]], levada a cabo entre 1536 e 1547, e que foi motivada pela dimensão dos estragos causados pelo [[Terramoto de 1531]]. A esta intervenção sucederam outras, [[Maneirismo em Portugal|maneiristas]] e [[Barroco em Portugal|barrocas]], nos séculos XVII e XVIII, das quais resultou, para além do desvirtuamento de parte da obra [[século XVI|quinhentista]], o revestimento de [[azulejos]] policromos, o [[coro (arquitectura)|coro]] e os [[retábulo]]s de [[talha dourada]], estes da primeira metade do século XVIII.
A actual configuração [[Renascimento em Portugal|renascentista]] da igreja é o resultado de uma campanha de reconstrução [[século XVI|quinhentista]], levada a cabo entre 1536 e 1547, e que foi motivada pela dimensão dos estragos causados pelo [[Terramoto de 1531]]. A esta intervenção sucederam outras, [[Maneirismo em Portugal|maneiristas]] e [[Barroco em Portugal|barrocas]], nos séculos XVII e XVIII, das quais resultou, para além do desvirtuamento de parte da obra [[século XVI|quinhentista]], o revestimento de [[azulejos]] policromos, o [[coro (arquitectura)|coro]] e os [[retábulo]]s de [[talha dourada]], estes da primeira metade do século XVIII.

Revisão das 11h46min de 8 de março de 2013

Ficheiro:Igreja do Santíssimo Milagre (Santarém) 001.jpg
Vista geral da igreja.

A Igreja do Santíssimo Milagre, também conhecida como Igreja de Santo Estêvão, situa-se no centro histórico de Santarém, na freguesia de Marvila. Este templo, fundado no século XIII, adquiriu o seu actual aspecto maioritariamente renascentista no século XVI, em resultado da destruição provocada por um sismo. A igreja passou a ser designada pela actual denominação após a ocorrência do Santíssimo Milagre, em 1266, na paróquia que então a tinha como sede. Desde então, a relíquia do Milagre, objecto de grande veneração popular, permanece aqui guardada. A igreja é Monumento Nacional desde 1917.

História

A igreja foi sagrada em 1241, sendo inicialmente denominada de Igreja de Santo Estêvão. Desde a sua fundação, o templo acolheu a sede da paróquia de Santo Estêvão, uma das mais importantes e abastadas da então vila de Santarém. Esta paróquia haveria de ser extinta já no século XIX, sendo então integrada na de Marvila. Em 1266, com a ocorrência do Milagre, o templo passou a ser conhecido por Santíssimo Milagre, acolhendo a partir de então as relíquias sagradas.

Conforme documento do ano de 1346, emanado pelo Rei Afonso IV, no dia 16 de fevereiro de 1266, uma mulher roubara da igreja uma Hóstia consagrada durante a comunhão, pretendendo utilizá-la em práticas de bruxaria. Porém, a Hóstia sangrou durante todo o percurso e, uma vez escondida, inundou de luz toda a habitação, revelando a sua presença e conduzindo a pecadora ao arrependimento. A Hóstia milagrosa foi engastada numa custódia de prata, permanecendo guardada no templo até hoje, com excepção do curto período das Invasões Francesas, quando foi retirada da cidade. Consta que em diversas ocasiões, no decorrer dos séculos, a Hóstia espirrou Sangue e nela apareceu a imagem de Jesus Cristo impressa, sendo que S. Francisco Xavier, "Apóstolo da Índia", foi testemunha desse prodígio quando visitou o Santuário antes de partir em missão.

Desde que ocorreu o milagre, todos os anos, no segundo domingo de abril, a relíquia sai em procissão. A antiga casa da mulher que roubou a Hóstia foi transformada numa capela.

A actual configuração renascentista da igreja é o resultado de uma campanha de reconstrução quinhentista, levada a cabo entre 1536 e 1547, e que foi motivada pela dimensão dos estragos causados pelo Terramoto de 1531. A esta intervenção sucederam outras, maneiristas e barrocas, nos séculos XVII e XVIII, das quais resultou, para além do desvirtuamento de parte da obra quinhentista, o revestimento de azulejos policromos, o coro e os retábulos de talha dourada, estes da primeira metade do século XVIII.

Arquitectura e Arte

A arquitectura da igreja é maioritariamente renascentista, apesar de apresentar vários elementos característicos do maneirismo e do barroco, nomeadamente na molduração das portas e das janelas, no remate dos pilares e no revestimento cerâmico e de talha. Do primitivo edifício gótico mendicante restam apenas os dois arcos apontados do transepto.

Ficheiro:Igreja do Santíssimo Milagre (Santarém) 002.jpg
Vista geral da interior, com destaque para a capela-mor.

A sóbria fachada barroca tem adossada uma torre sineira com coruchéu manuelino. O pórtico, de verga recta e empena triangular, é ladeado por dois pilares. À direita do pórtico, abre-se uma janela cega com frontão triangular interrompido. A fachada é encimada por uma janela rectangular centrada, igualmente encimada por frontão triangular interrompido, sendo ladeada por dois plintos com vasos de cantaria no seguimento dos pilares inferiores.

O interior, de três naves, cobertas por tecto de masseira, revela a construção renascença nos arcos maneiristas que se abrem para a capela-mor, ornados nos vãos com medalhões típicos. Entre esses arcos de separação, elevam-se elegantes pilares misulados, sobrepujados por baldaquinos e ornados com duas estátuas da mesma época, representando São Pedro e São Paulo. As bases são decoradas com baixos-relevos do tipo do renascimento coimbrão, figurando os Quatro Evangelistas. Todo o conjunto remonta aos meados do século XVI. As paredes da nave são corridas por um silhar de azulejos do tipo padrão, azuis e amarelos, e outro do tipo enxadrezado, ambos seiscentistas. Sobre eles, pendem quatro grandes pinturas sobre tela executadas em 1646, alusivas ao milagre da Eucaristia. A fachada lateral esquerda tem adossadas três capelas, duas das quais de forma quadrangular e a terceira rectangular.

Na capela-mor, de planta quadrangular, estão colocadas quatro pequenas pinturas sobre madeira, dos fins do século XVI, de cunho italianizante: Santo Estêvão, S. João Evangelista, A Ressurreição e A Ascensão, que pertenceram a um antigo retábulo maneirista dedicado ao orago, Santo Estêvão, atribuído a Jorge Barreto. Na sacristia e na anexa Capela do Senhor Morto guardam-se duas pinturas sobre madeira, do último terço do século XVI: S. Marçal e S. Jerónimo, painéis maneiristas pertencentes ao ciclo do Mestre da Romeira. A cobertura da capela-mor é rematada por uma torre em pirâmide.

Ver também

Ligações externas

Ícone de esboço Este artigo sobre Património de Portugal é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.