Mostrar código-fonte de Império Acádio

{{Coor dms|display=title|33|6||N|44|6||E}}
{{ver desambig|redir=Acadianos||Acadiano (desambiguação)}}
{{Info/Estado extinto2
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|nome            = Império Acádio
|p1              = Suméria
|s1              = Império Paleobabilônico
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* [[Mesopotâmia]]
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* [[Língua suméria|Sumério]]
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}}
'''Império Acádio''' (também chamado '''Império Acadiano''' ou '''Império da Acádia''' ou somente '''Acádia''') foi o primeiro [[império]] [[multiétnico]], governado a partir de um centro, conhecido da [[História]]. Situava-se na [[Mesopotâmia]], centrado na cidade de [[Acádia (cidade)|Acádia]] e sua região circundante, que a [[Bíblia]] também chamava de "Acádia". Este uniu os falantes [[Língua acádia|acádios]] e [[Língua suméria|sumérios]] sob um único governo. O Império Acadiano exerceu influência na [[Mesopotâmia]], no [[Levante (Mediterrâneo)|Levante]] e na [[Anatólia]], ao enviar expedições militares ao sul até [[Dilmum]] e Magão (atual [[Barém]] e [[Omã]]) na [[Península Arábica]].<ref name="WebsterNinthNewCollege">Mish, Frederick C., Editor in Chief. "Akkad" ''Webster’s Ninth New Collegiate Dictionary''. ninth ed. Springfield, MA: Merriam-Webster 1985. {{ISBN|0-87779-508-8}}).</ref>

O período acadiano é geralmente datado de c. 2334 até c. 2154 a.C. Foi precedido pelo [[Período Dinástico Arcaico]] e sucedido pela [[Terceira Dinastia de Ur]].<ref name=schrakamp>{{citar enciclopédia|último1 =Schrakamp |primeiro1 =Ingo|editor-nome1 =Roger S. |editor-sobrenome1 =Bagnall |título=The Encyclopedia of Ancient History |ano=2013 |publicado=Blackwell |local=Chicago |doi=10.1002/9781444338386.wbeah24182 |capítulo=Sargon of Akkad and his dynasty |páginas=6045–6047 |isbn=9781444338386}}</ref><ref name=pruss2004>{{citation |último =Pruß |primeiro =Alexander |ano=2004 |editor-sobrenome1 =Lebeau |editor-nome1 =Marc |editor-sobrenome2 =Sauvage |editor-nome2 =Martin |título=Atlas of Preclassical Upper Mesopotamia |capítulo=Remarks on the Chronological Periods |páginas=7–21 |isbn= 978-2503991207 |series=Subartu |volume=13 }}</ref> Durante o {{AC|III milênio|x}}, desenvolveu-se uma simbiose cultural muito íntima entre os [[sumérios]] e os acadianos, que incluiu o [[bilinguismo]] generalizado.<ref name="Deutscher">{{citar livro|título=Syntactic Change in Akkadian: The Evolution of Sentential Complementation|autor =Deutscher, Guy|autorlink =Guy Deutscher (linguist)|publicado=[[Oxford University Press|Oxford University Press US]]|ano=2007|isbn=978-0-19-953222-3|páginas=20–21|url=https://books.google.com/?id=XFwUxmCdG94C}}</ref> O acadiano, uma [[língua semítica]] oriental,<ref>{{citar livro|último1 =Hasselbach |primeiro1 =Rebecca |título=Sargonic Akkadian: A Historical and Comparative Study of the Syllabic Texts |data=2005 |publicado=Otto Harrassowitz Verlag |isbn=9783447051729 |página=2 |url=https://books.google.com/books?id=eiHXt0yIWiIC&pg=PA2 |língua=en}}</ref> gradualmente substituiu o sumério como língua falada em algum momento entre o terceiro e o {{AC|II milênio|x}} (a data exata ainda é uma questão em debate).<ref name="woods">{{citar web|último =Woods |primeiro =C. |ano=2006 |título=Bilingualism, Scribal Learning, and the Death of Sumerian |obra= S.L. Sanders (ed) ''Margins of Writing, Origins of Culture'': 91–120 |local=Chicago |url=http://oi.uchicago.edu/pdf/OIS2.pdf }}</ref>

O Império Acadiano atingiu seu ápice político entre o {{séc|XXIV}} e {{AC|XXII|x}}, seguindo as conquistas de seu fundador [[Sargão da Acádia]].<ref>Zettler (2003), p. 20.</ref> Sob o regime de Sargão e seus sucessores, a língua acádia foi brevemente imposta aos Estados vizinhos conquistados, como [[Elam]] e [[Gutium]]. A Acádia é às vezes considerada como o primeiro império da história, embora o significado deste termo não seja preciso, além de haver requerentes sumérios anteriores.<ref>F Leo Oppenhiem - Ancient Mesopotamia</ref><ref>Liverani (1993), p. 3. "The factual criticism is that empires existed even before Akkad: or more properly that the term and concept of 'empire' has been recently applied (on not worse grounds than in the case of Akkad) to other older cases, from the Uruk of the late-Uruk period to the Ebla of the royal archives, to the very state formations of the Sumerian south in the period called in fact 'proto-imperial'. In no case is the Akkad empire an absolute novelty [...] 'Akkad the first empire' is therefore subject to criticism not only as for the adjective 'first' but especially as for the noun 'empire'.</ref> Após a queda do Império Acádio, o povo da Mesopotâmia finalmente se uniu em duas grandes nações de língua acadiana: a [[Assíria]], no norte, e, alguns séculos depois, a [[Civilização babilônica|Babilônia]], no sul.

== Etimologia ==
{{Antiga Mesopotâmia}}

O nome "Acádia" é provavelmente uma invenção suméria, aparecendo, por exemplo, na [[Reis da Suméria|lista de reis sumérios]], donde possivelmente deriva a forma semítica assírio-babilônica tardia ''akkadû'' ("da, ou pertencente à, Acádia").<ref name=Sumer>{{Citar web|url=http://www.treccani.it/enciclopedia/sumer_(Dizionario-di-Storia)/|título=Sumer|acessodata=19-06-2014|língua=en}}</ref><ref name=Akkad/>

É bastante provável que o nome não-semítico "Ágade" signifique "coroa (''ago'') de fogo (''de'')"{{ref|coroa}} em alusão a [[Inana|Istar]], a "deusa brilhante" ou "refulgente", a divindade tutelar da estrela da manhã e do entardecer e deusa da guerra e do amor (cf. [[Vênus (mitologia)|Vênus]], [[Afrodite]], [[Lúcifer]]), cujo culto era praticado nos absolutos primórdios da Acádia. Esse fato também é comprovado por [[Nabonido]], que relata {{ref|nabonidus}} como a adoração a Istar terminou sendo suplantada pela da deusa [[Anunite]], uma outra personificação da ideia de Istar, cujo santuário ficava em [[Sipar]]. É crucial deixar claro que havia duas cidades de nome Sipar: uma sob a proteção de [[Samas]], o deus do sol; e uma sob a de Anunite, fato que vigorosamente indica uma provável proximidade entre Sipar e Ágade. Uma outra teoria, surgida em 1911{{ref|1911}}, sugere que Ágade postava-se em frente a Sipar, do lado esquerdo da margem do [[rio Eufrates]], e que era provavelmente a parte antiga da cidade de Sipar.<ref name=Akkad>{{Citar web|url=http://global.britannica.com/EBchecked/topic/11671/Akkad|título=Akkad|acessodata=19-06-2014|língua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140306184655/http://global.britannica.com/EBchecked/topic/11671/Akkad|arquivodata=2014-03-06|urlmorta=yes}}</ref><ref name=Sumer/>

Na [[literatura]] babilônica que surgiria posteriormente, o nome ''Acádia'', bem como ''[[Suméria]]'', aparece como parte de títulos de [[nobreza]], como o termo sumério ''lugal Kengi (ki) Uru (ki)'' ou o termo acádio ''ar māt umeri u Akkadi'' (ambos traduzidos como "rei da Suméria e da Acádia"), que terminaram significando simplesmente "rei da [[Babilônia (região)|Babilônia]]".<ref name=Akkad/><ref name=Sumer/>

Mencionada uma única vez no [[Antigo Testamento]] (cf. [[Gênesis]] 10:10 - ''O princípio do seu reino foi [[Torre de Babel|Babel]], [[Uruque|Ereque]] (ou Uruque), Acade e [[Calné]], na terra de [[Sinar]].'',{{ref|genesis}} também como ''Agade'', dependendo da tradução), a Acádia é, em [[hebraico]], é grafada como '''אכּד''', ''ak-kad'', a palavra em si provindo duma raiz infrequente que provavelmente significa "fortificar" ou "reforçar", ou ainda "fortaleza".{{ref|hebraico}} Em variantes do [[grego antigo]], é grafada como αχάδ (''achad''), αρχάδ (''archad''), ou ainda, apesar de raro, αξάδ (''axad''); em grego moderno, como Ακκάδ, ''Akkad''. No Antigo Testamento, é descrita como uma das cidades principais: Acádia, Babel, Ereque e Calné, constituindo o núcleo do reino de [[Ninrode]], presente em textos como a [[Reis da Suméria|lista de reis sumérios]]. A forma semítica assírio-babilônica posterior, Akkadu, ou Accadu ("de ou pertencente à Acádia"), é provavelmente uma forma derivada de Ágade.<ref name=Akkad/><ref name=Sumer/>

== História ==
[[Imagem:Sargon of Akkad.jpg|thumb|upright|Cabeça de bronze de um acadiano, provavelmente uma imagem de [[Manistusu]] ou [[Narã-Sim da Acádia|NArã-Sim]]; descendentes de [[Sargão da Acádia|Sargão]] ([[Museu Nacional do Iraque]])]]
{{VT|Suméria}}

Quando [[Sargão I]], [[patesi]] da cidade de Acádia, subiu ao poder em 2334 a.C. ele levou a cabo uma série de campanhas militares que culminaram na conquista de muitas das regiões circunvizinhas, terminando por criar um império de grandes proporções, cobrindo todo o [[Oriente Médio]] e chegando a se estender até o [[Mar Mediterrâneo]] e a [[Anatólia]]. Sargão I era chamado "soberano dos quatro cantos da terra", em reconhecimento ao sucesso da unificação mesopotâmica. É interessante notar, contudo, que, apesar da unificação, as estruturas políticas da [[Suméria]] continuaram existindo. Os reis das cidades-estados sumerianas foram mantidos no poder e reconheciam-se como tributários dos conquistadores acadianos.

O império criado por [[Sargão da Acádia|Sargão]] desmoronou após dois séculos, em 2154 a.C., em consequência de revoltas internas e dos ataques dos [[gútios]], nômades originários dos [[montes Zagros]], no Alto do [[Tigre]], que investiam contra as regiões urbanizadas, uma vez que a sedentarização das populações do [[Oriente Médio]] lhes dificultava a [[caça]] e o [[pastoreio]].

=== Colapso ===
[[Imagem:The Gutians capturing a Babylonian city.jpg|thumb|upright|Os [[gútios]] (à direita) capturam uma cidade da [[Civilização babilônica|Babilônia]], enquanto os acadianos estão posicionados do lado de fora da cidade (à esquerda). Ilustração do {{séc|XIX}}]]

O império caiu talvez no {{-séc|XXII}}, 180 anos após sua fundação, dando início a uma "[[Idade das Trevas]]", sem nenhuma autoridade imperial proeminente até o surgimento da [[Terceira Dinastia de Ur]]. A estrutura política da região pode ter voltado ao ''[[status quo]]'' anterior de governança local, através das [[cidades-Estados]].<ref name=Zettler24>Zettler (2003), pp. 24–25. "Moreover, the Dynasty of Akkade's fall did not lead to social collapse, but the re-emergence of the normative political organization. The southern cities reasserted their independence, and if we know little about the period between the death of Sharkalisharri and the accession of Urnamma, it may be due more to accidents of discovery than because of widespread 'collapse.' The extensive French excavations at Tello produced relevant remains dating right through the period."</ref>

Por volta de 2150 a.C., os [[gútios]] conquistaram a civilização sumério-acadiana. O domínio intermitente dos gútios durou um século, sendo substituído no século seguinte {{-nwrap|r.|2100|1950}} por uma dinastia proveniente da cidade-estado de [[Ur]].<ref name="Roux">[[Georges Roux]] (1996), ''Ancient Iraq'' (3rd Edition)(Penguin Harmondsworth)</ref>

==== Seca ====
{{AP|Evento climático de 4200 ap}}
Uma teoria associa o declínio regional no final do período acadiano (e do [[Primeiro Período Intermediário]] após o [[Império Antigo]] no [[Antigo Egito]]) foi associada a um aumento rápido da aridez e à falta de chuvas na região do antigo [[Oriente Próximo]], causada por uma [[Evento climático de 4200 ap|seca global em escala centenária]].<ref>{{citar periódico|autor = Richard A. Kerr |ano= 1998 |título= Sea-Floor Dust Shows Drought Felled Akkadian Empire |periódico= Science | volume = 279 |número= 5349 |páginas= 325–326 | doi = 10.1126/science.279.5349.325 |bibcode = 1998Sci...279..325K }}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.unreportedheritagenews.com/2011/02/how-did-they-survive-new-research-shows.html|título=Unreported Heritage News|publicado=}}</ref> O arqueólogo Harvey Weiss mostrou que:

{{quote|...dados arqueológicos e estratigráficos do solo definem a origem, o crescimento e o colapso de Subir, a civilização agrícola alimentada pela chuva do terceiro milênio do norte da Mesopotâmia, nas planícies de Habur, na Síria. Em 2200 a.C., um aumento acentuado na aridez e na circulação do vento, após uma erupção vulcânica, induziu uma considerável degradação das condições de uso da terra. Depois de quatro séculos de vida urbana, esta abrupta mudança climática evidentemente causou o abandono de Tell Leilan, a deserção regional e o colapso do Império Acadiano, baseado no sul da Mesopotâmia. O colapso síncrono em regiões adjacentes sugere que o impacto da brusca mudança climática foi extenso.<ref name="Weiss1993">{{citar periódico|último = Weiss |primeiro = H |ano= 1993 |título= The Genesis and Collapse of Third Millennium North Mesopotamian Civilization |periódico= Science | volume = 261 |número= 5124 |páginas= 995–1004 | doi = 10.1126/science.261.5124.995 | pmid = 17739617|bibcode = 1993Sci...261..995W |display-authors=etal| url = http://revistas.ucm.es/index.php/ILUR/article/view/61022 }}</ref>}}

Peter B. de Menocal, mostrou que "havia uma influência da oscilação do Atlântico Norte no fluxo dos rios Tigre e Eufrates neste período, o que levou ao colapso do Império Acadiano".<ref>deMenocal P.B., (2000), "North Atlantic influence on Tigris–Euphrates streamflow" (''International Journal of Climatology'', Volume 20, Issue 8, pages 853–863, 30 June 2000)</ref>

== Governo ==
O governo acadiano formou um "padrão clássico" com o qual todos os futuros Estados da Mesopotâmia se comparariam. Tradicionalmente, o ''ensi'' era o mais alto funcionário das cidades-Estados da [[Suméria]]. Nas tradições posteriores, tornava-se um ''ensi'' casando-se com a deusa [[Inana]], legitimando o governo através do consentimento divino. Registros no complexo administrativo de [[Brak]] também sugerem que os acadianos designavam moradores locais como cobradores de [[imposto]]s.<ref>J. Oates (2004), p. [https://books.google.com/books?id=EnQ8W6AmCq0C&pg=PA10 10].</ref>

== Economia ==
[[Imagem:Cylinder_seal_of_the_scribe_Kalki_(photograph).jpg|thumb|esquerda|upright=1.4|[[Selo cilíndrico]] do escriba Calqui (''Kalki''), mostrando o príncipe Ubil-Estar, provável irmão de [[Sargão da Acádia|Sargão]], com dignitários (um arqueiro na frente, o escriba segurando uma tábua seguindo o príncipe e dois dignitários com armas).<ref name="LN93-94">{{citar livro|último1 =Nigro |primeiro1 =Lorenzo |título=The Two Steles of Sargon: Iconology and Visual Propaganda at the Beginning of Royal Akkadian Relief |data=1998 |publicado=British Institute for the Study of Iraq |páginas=93-94 |url=https://www.jstor.org/stable/4200454}}</ref><ref>{{citar web|título=Cylinder seal of Ubil-Eshtar |url=https://www.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_object_details.aspx?objectId=368710&partId=1&images=true |website=British Museum}}</ref>]]

A população acadiana, como quase todos os estados pré-modernos, dependia inteiramente dos sistemas agrícolas da região, que parecem ter dois centros principais: as terras irrigadas do sul do Iraque, que tradicionalmente tinham um rendimento de 30 grãos gerados para cada um semeado, e a [[agricultura de sequeiro]] do norte do Iraque, conhecido como o "País Superior". O sul do Iraque, durante o período acadiano, parece estar se aproximando do nível atual de chuvas de menos de 20 mm por ano. Como resultado disto, a agricultura dependia totalmente da [[irrigação]]. Antes do período acadiano, a [[salinização]] progressiva dos solos, produzida por irrigação mal drenada, vinha reduzindo os rendimentos do [[trigo]] na parte sul do país, levando à conversão para um cultivo de cevada mais tolerante ao sal. As populações urbanas já atingiram seu pico já em {{AC|2600|x}} e as pressões demográficas foram altas, contribuindo para a ascensão de um [[militarismo]] aparente imediatamente antes do período acadiano (como visto na [[Estela dos Abutres]] de [[Eanatum]]). A guerra entre as cidades-Estado levou a um declínio populacional, do qual a Acádia proporcionou uma pausa temporária. Foi este alto grau de produtividade agrícola no sul que permitiu o crescimento das densidades populacionais mais altas do mundo nessa época, dando aos acadianos sua vantagem militar.<ref>Thompson, William J. (2003), "Complexity, Diminishing Marginal Returns and Serial Mesopotamian Fragmentation," ''Journal of World Systems Research''</ref>

[[Imagem:Murex_Rimush_Louvre_AO21404.jpg|thumb|Concha do mar de um [[Murex (gênero)|murex]] com o nome de Rimus, rei de [[Quis (Mesopotâmia)|Quis]], c. {{AC|2270|x}}, [[Louvre]], negociado a partir da costa do [[Mediterrâneo]], onde foi usado pelos [[cananeus]] para fazer uma tintura roxa]]

O [[lençol freático]] nessa região era muito alto e reabastecido regularmente por tempestades de inverno nas cabeceiras do Tigre e Eufrates de outubro a março e pela neve derretida de março a julho. Os níveis de inundação, que estavam estáveis entre cerca de 3000 a 2600 a.C., começaram a cair e, no período acadiano, eram de meio metro a um metro abaixo do registrado anteriormente. Mesmo assim, a topografia plana da região e as incertezas climáticas tornaram as enchentes muito mais imprevisíveis do que no caso do [[Rio Nilo|Nilo]]; graves inundações parecem ter ocorrido regularmente, exigindo manutenção constante de valas de irrigação e sistemas de drenagem. Os agricultores eram recrutados em regimentos para este trabalho de agosto a outubro - um período de escassez de alimentos - sob o controle das autoridades do templo da cidade, agindo assim como uma forma de alívio do [[desemprego]]. Gwendolyn Leick<ref>Leick Gwendolyn (2003), "Mesopotamia: The invention of the city" (Penguin)</ref> sugeriu que este era o emprego original de Sargão o rei de Quis, o que deu-lhe experiência para organizar efetivamente grandes grupos de homens; uma tabuleta diz: "Sargão, o rei, a quem Enlil não permitia rival - {{fmtn|5400}} guerreiros comiam pão todos os dias antes dele".<ref>Kramer 1963:324, quoted in Charles Keith Maisels, ''The Emergence of Civilization'' ch. "The institutions of urbanism", 1990:179.</ref>

A colheita era feita no final da primavera e durante os meses secos do verão. Os [[amorreus]] [[nômades]] do noroeste levavam seus rebanhos de [[ovelha]]s e [[cabra]]s para pastar no resíduo da colheita que eram regados pelo rio e pelos canais de irrigação. Por este privilégio, tinham de pagar uma taxa de [[lã]], [[carne]], [[leite]] e [[queijo]] aos templos, que distribuiriam esses produtos à burocracia e ao sacerdócio. Em anos bons, tudo funcionava bem, mas nos anos ruins, pastagens selvagens ficavam em falta no inverno e os nômades tentavam pastar seus rebanhos nos campos de grãos, o que resultava em conflitos com os agricultores. Parece que o subsídio das populações do sul pela importação de trigo do norte do Império superou temporariamente esse problema e parece ter permitido a recuperação econômica e uma população crescente dentro desta região.<ref>{{citar livro|último1 =Bourke|primeiro1 =Stephen|título=The Middle East: the cradle of civilization revealed|data=2008|publicado=Thames & Hudson|isbn=9780500251478|página=89}}</ref>

=== Comércio internacional ===
{{AP|Relações indo-mesopotâmicas}}
[[imagem:Moyen_Orient_3mil_aC.svg|thumb|esquerda|upright=1.4|Localizações das terras estrangeiras para os mesopotâmicos, como [[Elam]], [[Magan]], [[Dilmum]], [[Marhashi]] e [[Meluhha]]]]

Como resultado, a civilização suméria-acadiana tinha um excedente de produtos agrícolas, mas tinha que importar quase todo o resto, particularmente [[minério]]s de [[metal]], [[madeira]] e [[pedra]] de construção. A expansão do Estado acadiano até a "montanha de prata" (possivelmente os [[Montes Tauro]]), os "[[cedro]]s" do [[Líbano]] e os depósitos de cobre de [[Magão]], foi em grande parte motivada pelo objetivo de assegurar o controle sobre estes recursos. Uma tabuleta registra:

{{quote|Sargão, o rei de Quis, triunfou em trinta e quatro batalhas (sobre as cidades) até a beira do mar (e) destruiu suas muralhas. Ele fez os navios de Meluhha, os navios de Magão (e) os navios de Dilmum amarrado ao lado do cais de Agade Sargão o rei prostrou-se antes (o deus) Dagã (e) fez súplicas a ele, e ele (Dagan) deu-lhe a terra superior, ou seja, Mari, Iarmuti, (e) Ebla , até a floresta de cedro (e) até a montanha de prata "|- Inscrição por Sargão de Akkad (ca.2270-2215 aC)<ref>{{citar livro|último1 =Ray |primeiro1 =Himanshu Prabha |título=The Archaeology of Seafaring in Ancient South Asia |data=2003 |publicado=Cambridge University Press |isbn=9780521011099 |página=85 |url=https://books.google.com/books?id=iHHzP4uVpn4C&pg=PA85 |língua=en}}</ref><ref>{{citar web|título=The Indus Civilization and Dilmun, the Sumerian Paradise Land |url=https://www.penn.museum/sites/expedition/the-indus-civilization-and-dilmun-the-sumerian-paradise-land/ |website=www.penn.museum}}</ref><ref name="JR14">{{citar livro|último1 =Reade |primeiro1 =Julian E. |título=The Indus-Mesopotamia relationship reconsidered (Gs Elisabeth During Caspers) |data=2008 |publicado=Archaeopress |isbn=978 1 4073 0312 3 |páginas=14–17 |url=https://www.academia.edu/28245304/2008._The_Indus-Mesopotamia_relationship_reconsidered_Gs_Elisabeth_During_Caspers_ |língua=en}}</ref><ref>{{citar livro|último1 =Stein |primeiro1 =Stephen K. |título=The Sea in World History: Exploration, Travel, and Trade [2 volumes] |data=2017 |publicado=ABC-CLIO |isbn=9781440835513 |página=38 |url=https://books.google.com/books?id=QmOWDgAAQBAJ&pg=PA38 |língua=en}}</ref>}}

O [[comércio internacional]] se desenvolveu durante o período acadiano. As [[relações indo-mesopotâmicas]] também parecem ter se expandido: [[Sargão da Acádia]] (por volta de 2300 ou 2250 a.C.) foi o primeiro governante da [[Mesopotâmia]] a fazer uma referência explícita à região de [[Meluhha]], que é geralmente entendida como a região do [[Baluchistão]] ou do [[rio Indo]].<ref name="JR14"/>

== Cultura ==
=== Arte ===
[[Imagem:Adda_Seal_Akkadian_Empire_2300_BC.jpg|thumb|upright=1.4|"Selo de Ada", Império Acádio, 2300 a.C.. Da esquerda para a direita: inscrição "Ada, o escriba"; deus da caça com arco e flecha; deus [[Inana|Istar]] com armas saindo de seus ombros; o deus-sol [[Samas]]; a ave do destino [[Imdugud|Zu]]; o deus da água [[Enqui|Ea]] com um touro entre as pernas e o deus de face dupla [[Usimu]] com a mão direita levantada.<ref>{{citar web|título=The Adda Seal |url=https://www.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_object_details.aspx?objectId=368706&partId=1&searchText=89115&page=1 |website=British Museum}}</ref>]]

Na arte, havia uma grande ênfase nos reis da dinastia, ao lado de muitos que continuaram a arte suméria anterior. Pouca arquitetura permaneceu intacta. Em grandes e pequenas obras, como focas, o grau de realismo foi consideravelmente aumentado,<ref>[[Henri Frankfort|Frankfort, Henri]], ''The Art and Architecture of the Ancient Orient'', Pelican History of Art, 4th ed 1970, Penguin (now Yale History of Art), {{ISBN|0140561072}}, pp. 83–91</ref> mas os selos mostram um "mundo cruel de conflito violentos, de perigo e incerteza, um mundo em que o homem é submetido sem apelo aos incompreensíveis atos de divindades distantes e temerosas que ele deve servir, mas não pode amar. Esse humor sombrio ... permaneceu característico da arte mesopotâmica ... ".<ref>Frankfort, p. 91</ref>

Os acádios usavam as artes visuais como um vetor de ideologia. Eles desenvolveram um novo estilo para [[selos cilíndricos]], reutilizando decorações tradicionais de animais, mas organizando-as em torno de inscrições. As figuras também se tornaram mais esculturais e naturalistas. Novos elementos também foram incluídos, especialmente em relação à rica mitologia acadiana.<ref name=Seal>{{citar web|url=http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/article_index/m/mesopotamian_cylinder_seals.aspx|título=Mesopotamian cylinder seals|língua=en}}</ref>

=== Língua ===
{{AP|Língua suméria|Língua acádia}}
[[Imagem:P1050578_Louvre_Obélisque_de_Manishtusu_détail_rwk.JPG|thumb|Inscrições em [[Língua acádia|acadiano]] no obelisco de [[Manistusu]]]]

Durante o {{AC|III milênio|x}}, desenvolveu-se uma simbiose cultural muito íntima entre os sumérios e os acadianos, que incluiu o [[bilinguismo]] generalizado. A influência do [[Língua suméria|sumério]] no [[Língua acádia|acadiano]] (e vice-versa) é evidente em todas as áreas, desde o empréstimo lexical em escala maciça até a convergência [[Sintaxe|sintática]], [[Morfologia (linguística)|morfológica]] e [[Fonologia|fonológica]]. Isso levou os estudiosos a se referirem ao sumério e acadiano no terceiro milênio como um ''[[sprachbund]]''.<ref name="Deutscher"/> O acádio gradualmente substituiu o sumério como uma língua falada em algum momento por volta de 2000 a.C. (a datação exata ainda é uma questão em debate),<ref name="woods"/> mas o sumério continuou a ser usado como uma língua sagrada, cerimonial, literária e científica na Mesopotâmia até o {{+séc|I}}.<ref name=britanica>{{citar web|url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/573229/Sumerian-language|título=Sumerian language|obra=Encyclopædia Britannica}}</ref>

=== Tecnologia ===
As tabuletas do período registram: "(Desde os primeiros dias) ninguém havia feito uma estátua de chumbo, (mas) Rimus, rei de Quis, tinha uma estátua de si mesmo feita de chumbo. Ela estava diante de Enlil; e recitou suas virtudes (de Rimus) para o idu dos deuses". A [[Estátua Bassetki|estátua de cobre de Bassetki]], moldada com o método de [[cera perdida]], atesta o alto nível de habilidade que os artesãos acadianos alcançaram durante o período.<ref name=vandemieroop>{{citar livro|último =van de Mieroop|primeiro =M.|autorlink =Marc Van de Mieroop|título=A History of the Ancient Near East, ca. 3000-323 BC |ano=2007 |publicado=Blackwell |local=Malden|isbn=978-0-631-22552-2|páginas=68–69}}</ref>

== Notas ==
# prince, "Materials for a Sumerian Lexicon," pp.&nbsp;23, 73, Journal of Biblical Literature, 1906.

== Ver também ==
* [[História do Levante]]
* [[Lista de reis da Acádia]]
* [[Lista de civilizações e povos antigos]]

== Notas ==
# {{nota|coroa}} Prince, "Materials for a Sumerian Lexicon", pp.&nbsp;23, 73, Journal of Biblical Literature, 1906.
# {{nota|nabonidus}} I. Rawl. 69, col. ii. 48 and iii. 28.
# {{nota|1911}} [[A. Leo Oppenheim]], ''Ancient Mesopotamia: Portrait of a Dead Civilization''
# {{nota|genesis}} Bíblia na versão portuguesa traduzida por [[João Ferreira de Almeida]].
# {{nota|hebraico}} Bíblia ''King James Version com Números Strong'', versão inglesa.

{{referências}}

=== Bibliografia ===
* [[Mario Liverani|Liverani, Mario]], ed. (1993). ''Akkad: The First World Empire: Structure, Ideology Traditions". Padova: Sargon srl. {{ISBN|978-8-81120-468-8}}
* [[Joan Oates|Oates, Joan]] (2004). "Archaeology in Mesopotamia: Digging Deeper at Tell Brak". 2004 Albert Reckitt Archaeological Lecture. In ''Proceedings of the British Academy: 2004 Lectures''; Oxford University Press, 2005. {{ISBN|978-0-19726-351-8}}.
* {{citation |último1 =Sallaberger |primeiro1 =Walther |último2 =Westenholz |primeiro2 =Aage |título=Mesopotamien. Akkade-Zeit und Ur III-Zeit |series=Orbis Biblicus et Orientalis |volume=160/3 |ano=1999 |publicado=Vandenhoeck & Ruprecht |local=Göttingen |isbn=978-3-525-53325-3 }}
* E. A. Speiser, Some Factors in the Collapse of Akkad, Journal of the American Oriental Society, vol. 72, no. 3, pp. 97-101, (Jul. - Sep., 1952)
* Zettler, Richard (2003). "[https://www.jstor.org/stable/3632803 Reconstructing the World of Ancient Mesopotamia: Divided Beginnings and Holistic History]". ''Journal of the Economic and Social History of the Orient'' 46(1).

==Ligações externas==
{{Commons category|Akkadian Empire}}
* {{link||2=http://www.sumeria.templodeapolo.net|3=Templodeapolo.net - Civilização sumero-acadiana}}
* {{link|en|2=http://ancientneareast.tripod.com/Akkad.html|3=Ancient Akkad (2334-2112 BC)}}

{{Impérios}}
{{Síria Antiga e Mesopotâmia}}
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{{controle de autoridade}}
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