Invasões Bárbaras (programa de rádio)

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Invasões Bárbaras é um programa de rádio dedicado a tocar músicas de todos os países do mundo, prioritariamente nos idiomas locais. Estreou no dia 12 de junho de 2006 pela rádio UFMG Educativa,[1] emissora coordenada pela Universidade Federal de Minas Gerais. Com o subtítulo "Músicas para derrubar o Império", o nome faz referência a um detalhe histórico: eram considerados bárbaros todos os povos que não falavam o latim, língua oficial do Império. Nos primeiros anos o programa se opôs totalmente à veiculação de músicas cantadas em inglês, o idioma que predomina nas rádios do Brasil e em todo o mundo. De certo modo, dentro do conceito do projeto, o idioma inglês era o alvo do "ataque" de bárbaros com o programa.[2]

Apesar do nome e desse conceito, a razão de ser do projeto nunca foi se posicionar contra o idioma inglês ou as músicas americanas e inglesas. O real objetivo, segundo seus criadores, é abrir espaço para músicos e músicas de outros países, o que inclui valorizar artistas locais dentro de seus gêneros originais, fora do rótulo de world music[3]

História[editar | editar código-fonte]

Surgimento[editar | editar código-fonte]

Originalmente, o projeto era, ao mesmo tempo, um programa de rádio e um Trabalho de Conclusão de Curso em Comunicação Social[2] de quatro estudantes da UFMG: Hidson Guimarães (graduando em publicidade e propaganda), Tiago Capixaba e Vetrô Vetromille (graduando em jornalismo), e Igor Costoli (jornalista, graduando em radialismo). A pesquisa discutia o mercado de música, a importância da língua inglesa na penetração em mercados internacionais e a validação dos mercados inglês e americano para a globalização de um artista ou banda.

O TCC e a conclusão da pesquisa foram apresentados em dezembro de 2006, diante de banca de avaliação acadêmica, na qual os quatro proponentes se graduaram.

1ª Fase: Pílulas Diárias[editar | editar código-fonte]

Pensado desde o início como projeto experimental prático,[4] o Invasões Bárbaras foi ao ar pela primeira vez no dia 12 de junho de 2006. Em sua estreia, o projeto se apresentava como um programete diário, com cerca de 7 minutos de duração. Para dar sentido de unidade ao conteúdo, os programetes (também chamados "pílulas") iam ao ar de segunda a sexta, às 15h, cobrindo sempre um mesmo país a cada semana.

'Texto a negrito'O primeiro país a ganhar uma semana de pílulas diárias foi a Alemanha. O Invasões Bárbaras aproveitou a abertura da Copa do Mundo na Alemanha como gancho para sua estreia. Durante aquela semana, as pílulas mostraram, um panorama do cenário musical alemão - tocando bandas como o Die Ärzte, Juli, entre outros - além de buscar a derrubada de alguns estereótipos, como por exemplo, o preconceito de que o idioma alemão se presta mais a sons pesados, e não combinaria com estilos mais leves. O cantor Nosliw foi apresentado para se contrapor a esse mito.

A semana seguinte foi inteiramente dedicada ao Japão, à música feita no país e cantada em japonês. Foi com esta mesma proposta que o projeto seguiu aplicando seu conceito para um novo país a cada semana. Ao Japão seguiram-se[1] Israel, Romênia, Coreia do Sul, Polônia, Uzbequistão, Argentina, Lituânia, Índia, entre outros. Enquanto manteve esse formato, o programa Invasões Bárbaras mandou ao ar cerca de 40 países diferentes, cada um com uma semana de pílulas contando um pouco da história, cultura, gêneros regionais, e sempre tocando a música de um artista local.

2ª Fase: Programa Semanal[editar | editar código-fonte]

Em 8 de junho de 2007, quase um ano depois da estreia, a rádio UFMG Educativa abriu mais um horário para o projeto em sua grade. Foi ao ar a primeira edição semanal, com uma hora de duração[5] - inicialmente, às 22h de todas as sextas, com reprise às 17h dos domingos. O novo formato mantinha a proposta de conteúdo temático, mas com margem para apresentação de mais músicas, de diferentes países. Assim, cada edição do programa tornava-se mais musical e diversa, sem perda de informação e conteúdo.

Programa semanal e pílulas diárias coexistiram durante alguns meses até que o primeiro substituísse o segundo em definitivo. Primeiro, as pílulas passaram a ser reprisadas, até que sua exibição fosse encerrada. Atualmente, o programa vai ao ar apenas às 17h de domingo,[6] podendo ser acessado posteriormente na web.

Parcerias[editar | editar código-fonte]

A primeira e mais duradoura parceria do projeto Invasões Bárbaras é com a rádio UFMG Educativa, rádio tutelada pela Universidade Federal de Minas Gerais. Ocupa a faixa 104,5 do dial FM na região metropolitana de Belo Horizonte, sob a concessão para emissora educativa. Sua estreia foi em 12 de junho de 2006,[1] e o programa segue no ar desde então[7].

Em seu primeiro ano o Invasões Bárbaras também fechou parceria com o programa Agenda, da Rede Minas de Televisão. Após serem entrevistados pelo programa cultural da emissora mineira, os integrantes do programa foram convidados a levar o projeto para a TV. Assim, durante dez meses o Invasões Bárbaras foi também quadro semanal dentro do programa Agenda, com um dos seus fundadores apresentando o videoclipe de um novo artista internacional. A parceria durou pouco mais de um ano.

Durante poucos meses, do final de 2009 ao início de 2010, o projeto teve espaço como blog de música na sessão de cultura do site da revista Caros Amigos. De janeiro de 2010 a junho de 2011, o Invasões Bárbaras abrigou seu material online publicando na sessão de blogs do portal online do jornal O Tempo.

Especiais[editar | editar código-fonte]

De 2007 a 2009, o programa teve um desdobramento chamado DJs Bárbaros. Levando as músicas de todo o mundo para boates, bares e casas noturnas, os integrantes do projeto formaram um coletivo de DJs que durante dois anos apresentou o conteúdo do programa de rádio em pistas de dança. Nesse formato, tocaram em diversos estabelecimentos de Belo Horizonte, tais como A Obra Bar Dançante, Up!, Blackout,[8] Ziriguidum e Uzina pub.

Em 2010, comemorando quatro anos do projeto, mandaram ao ar programações especiais em referência à Copa do Mundo da África do Sul durante todo o período do torneio. O gancho era comentar partidas entre as seleções do mundial e tocar músicas destes países. Anos antes os integrantes do projeto já haviam sido convidados por outros programas da rádio para falarem de futebol e música por ocasião da Copa América. Como a estreia do projeto havia sido em uma Copa, a parceria música futebol acabou sendo uma constante em todos esse anos.

Em 2014, com a Copa do Mundo no Brasil, o Invasões Bárbaras lançou o projeto Figurinhas da Música.[9] Para cada um dos 64 jogos do mundial, o projeto apresentou um "pacote" com duas figurinhas, com artistas de cada um dos países em campo. Foi o primeiro especial produzido exclusivamente para a internet.

Ao todo, foram apresentados 128 artistas diferentes (mais um, referente ao campeão), e todos os 32 países participantes da Copa foram representados.[10] Quanto mais avançavam na competição (e, logicamente, mais jogos faziam) mais artistas e bandas novas eram apresentadas em figurinhas.

Financiado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte,[11] o especial De BH para o Mundo apresentou 12 novas bandas/artistas da capital mineira em cada um dos 12 meses do ano. Além da entrevista no programa de rádio, foram produzidos perfis das seguintes jovens bandas e artistas: Juventude Bronzeada, Erwins, Velejante, Julia Branco, Djalma Não Entende de Política, Wiliam Alves, Leo Assunção, Lamparina e a Primavera, Jota Quércia, Cayena, Luiza da Iola e Samora N'Zinga. Estes perfis foram traduzidos para o inglês, francês e espanhol, criando assim uma data base trilíngue da nova música de Belo Horizonte.

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]