João de Meneses (1470–1508)

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João de Meneses
Nascimento 1470
Morte outubro de 1508 (38 anos)
Arzila, Marrocos
Ocupação Militar
 Nota: Se procura outras personalidades com nome semelhante, veja João de Meneses (desambiguação).

D. João de Meneses (ou D. João da Cunha), o Ladrão (c. 1470 - Arzila, outubro de 1508) Militar português.

D. João era filho de D. Pedro de Meneses, 1° conde de Cantanhede, e de D. Leonor de Castro.

Marrocos[editar | editar código-fonte]

Participou da batalha de 1495 entre os portugueses chefiados pelo seu tio D. João de Meneses, capitão de Arzila (e mais tarde de Azamor), e os alcaides marroquinos Barraxa (Mulei Ali ibne Raxide, de Xexuão), & Almandarim (Cide Almandri II, de Tetuão). Depois de D. Rodrigo Coutinho, capitão interino de Arzila, ter sido desbaratado por estes alcaides, D. João de Meneses (tio) tinha ocupado o cargo de capitão da dita vila, e decidiu em primeiro lugar reduzir as aldeias que se tinham rebelado, à obediência.

A batalha deu-se contra um número de mouros muito superior ao que era previsto, porque esses famosos adailes Barraxa e Almandarim, tinham voltado, "com Muça e Acobe, alcaides do rei de Fez (Maomé Xeique)[1]" com duas mil lanças, e oitocentos homens de pé.[2]

A armada de D. João de Meneses, com a ajuda do adail de Tânger, Pedro Leitão, apenas era constituida de 200 cavaleiros.

Dividiu então a armada em três exércitos. O primeiro confiado a Pedro Leitão, de Tânger; o segundo confiou-o a nosso D. João de Meneses, de alcunha o ladrão , seu sobrinho, com trinta cavalos; e o resto reservou-o para ele mesmo.

Os mouros, ao vê-los tão poucos, confiados no seu número, não se organizaram e atacaram. Os de Tânger receberam-nos, com muito ânimo, durante um bom tempo, antes de se retirarem pouco a pouco. Chegaram então os cavaleiros de D. João ladrão , que atacando os mouros por outro lado, deram nova confiança aos primeiros, que voltaram a suster o combate.

Pareceu então a D. João de Menezes, tempo oportuno para avançar "com o restante das forças, e o fez com tanto valor e fortuna, que os mouros, depois de de alguma resistencia, começaram a ceder. Apertando-os o capitão (…) poz por fim em fuga, os mouros[1] ", "& lhe foy no alcanse mais de duas léguas, matando quatrocentos, & dezoito de cavallo, & cativando vinte, & oito; & hum rico despojo em que entravão oitenta, & cinco cavallos de preço, & todas as bandeiras dos alcaides, que mandou a este Reyno.[2] "

Morto por um lião[editar | editar código-fonte]

Bernardo Rodrigues, nos seus Anais de Arzila, p. 404-405 do primeiro volume conta-nos como D. João foi morto por um lião, que o feriu perto de Arzila (assim como a D. João Coutinho, futuro capitão de Arzila, mas este sarou), onde veio a falecer sem que o tratamento de mestre Diogo, físico de Tânger, lhe valesse. Isto aconteceu "antes poucos dias que os mouros entrassem e saqueasem Arzila" (Outubro de 1508).

Sua mulher, D. Guiomar Coutinho, voltou então para Portugal, com o filho deles, Manuel, aínda criança, onde pouco tempo mais tarde foi assassinada pelas suas escravas mouras que tinha trazido de Arzila. Também tentaram raptar o filho, mas não conseguiram e foram capturadas e enforcadas (Anais p. 406).

Conta também Bernardo Rodrigues, que a casa deles em Arzila, ficou para Tristão Vogado, que tambêm pouco tempo depois foi morto por o mesmo, ou outro, lião. Por isso a casa ficou abandonada até o despejo de Arzila, em 1549.

D. Manuel[editar | editar código-fonte]

O filho de D. João, D. Manuel de Meneses, voltou mais tarde para Marrocos, onde foi fronteiro em Azamor, e capitão interim de Arzila dois meses, de Avril a Junho de 1523, onde foi desbaratado e morto por gente de el-rei de Fez.[3]

Notas e referências

  1. a b História de Tânger durante la dominacion portuguesa, por D. Fernando de Menezes, conde de la Ericeira, etc. traduccion del R. P. Buanaventura Diaz, O.F.M., Misionero del Vicariato apostólico de Marruecos. Lisboa Occidental. Imprenta Ferreiriana. 1732. (aqui de novo traduzido em português)
  2. a b "Pedro de Mariz: Diálogos de Vária História. Em coimbra, Na Officina de António de Mariz. MDLXXXXVIII (1598)
  3. Bernardo Rodrigues: Anais de Arzila, crónica inédita do século XVI, publicada por ordem da academia das sciências de Lisboa, e sob a direcção de David Lopes, sócio efectivo da mesma academia. Coimbra — Imprensa da Universidade — 1919. p. 403-408-409

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • História de Tânger durante la dominacion portuguesa, por D. Fernando de Menezes, conde de la Ericeira, etc. traduccion del R. P. Buanaventura Diaz, O.F.M., Misionero del Vicariato apostólico de Marruecos. Lisboa Occidental. Imprenta Ferreiriana. 1732
  • Bernardo Rodrigues: Anais de Arzila, crónica inédita do século XVI, publicada por ordem da academia das sciências de Lisboa, e sob a direcção de David Lopes, sócio efectivo da mesma academia. Coimbra — Imprensa da Universidade — 1919.