José Joaquim Monteiro (J. J. Monteiro)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Biografia[editar | editar código-fonte]

José Joaquim Monteiro, poeta-soldado de Macau, mais conhecido por J. J. Monteiro,[1] nasceu em 10 de Fevereiro de 1913 em Pereiro (Tabuaço), distrito de Viseu, Portugal.

Filho primogénito de José Luís Ferreira e de Maria José Guedes Monteiro, foi entregue, aos 9 meses de idade, ao cuidado da avó e das tias paternas, residentes no Bunheiro da Murtosa do distrito de Aveiro, enquanto os pais emigravam para o Estado de Pará, no Brasil. Aos 6 anos de idade partiu ao encontro dos seus pais no Brasil,[2] na companhia da sua avó paterna, de onde regressou com 10 anos.

Numa breve e nova estada no Bunheiro, por dificuldades financeiras viu-se obrigado a partir para Lisboa, aos 11 anos de idade, em busca de trabalho, tendo abraçado vários ofícios. Aos 19 anos, como forma de sobreviver ao desemprego que grassava no País, alistou-se e incorporou-se, como voluntário, no Exército Militar, no Batalhão de Caçadores 7, sediado no Castelo de São Jorge, em Lisboa, acabando por se licenciar em 1934.Dois anos depois, voluntariou-se novamente para a tropa, tendo embarcado para o Arquipélago da Madeira, onde permaneceu dez meses.

Passou ao efectivo militar, e embarcou, em 1937, como soldado corneteiro com destino a Macau. Nunca teve oportunidade para frequentar os bancos da escola. A sua sede de saber e, sobretudo de dar expressão à poesia que, desde tenra idade, lhe desassossegava a alma fez dele um autodidacta. Aprendeu a ler e a escrever na tropa. Foi em Macau que passou com aproveitamento no exame do curso das escolas regimentais.

Encontrou em Macau a sua amada, com quem constituiu o seu lar.

Devido a uma lesão no braço esquerdo, e perante a ameaça de amputação do mesmo, viu-se na contingência de ter que regressar a Portugal, em 1946, com a mulher e os seus 2 filhos, onde foi tratado com êxito e acabou, nesse mesmo ano, por se licenciar do serviço militar. Sem sucesso na procura de emprego, devido à crise que se vivia no pós-guerra, e confrontado com sérias dificuldades para o sustento do seu lar, já então com 5 filhos, decidiu-se a regressar para Macau, tendo conseguido o necessário apoio do então Ministério das Colónias, que patrocinou a viagem para si e para toda a sua família. Chegado a Macau, em 27 de Junho de 1951, começou por se empregar como guarda dos Armazéns da S.O.T.A., depois como encarregado da Padaria "Sortes" da C.R.I.S.A., e, a partir de Dezembro desse mesmo ano, como contínuo do Liceu Nacional Infante D. Henrique, mais conhecido por Liceu de Macau, onde permaneceu até à sua aposentação, em 1972. Dois anos depois do seu regresso a Macau, nasce o seu sexto e último filho.

Dotado de uma hábil veia poética, escreveu e publicou, em vida, várias obras, contribuindo assim para a preservação da identidade cultural de Macau e para a literatura de cordel.[3] Pelo mérito de uma das obras, uma toponímia de Macau em versos, além de inúmeras referências a lendas, usos e costumes tradicionais chineses, a gastronomia macaense, o patuá macaense, foi condecorado com a Medalha de Dedicação.

Morreu em Macau, a 22 de Fevereiro de 1988, sem ter conseguido assistir ao lançamento dos livros, “Anedotas, Contos e Lendas” (1989), "Meio Século em Macau" (2 volumes, ano de 2010) e "Memórias do Romanceiro de Macau" (2013), sendo os mesmos publicados com a ajuda dos seus filhos.

Os seus restos mortais foram trasladados, juntamente com os da companheira fiel da sua vida, do Cemitério de S. Miguel de Macau para o Cemitério de Carnide, em Lisboa, onde jazem unidos.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • A Minha Viagem Para Macau, em 1939
  • A História de Um Soldado, em 1940
  • De Volta a Macau, em 1957
  • Macau Vista Por Dentro, em 1983
  • Anedotas, Contos e Lendas, em 1989
  • Meio Século em Macau (2 Volumes), em 2010
  • Memórias do Romanceiro de Macau, em 2013

Condecoração[editar | editar código-fonte]

Pelo mérito da obra "Macau Vista por Dentro", uma toponímia de Macau em versos, além de inúmeras referências a lendas, usos e costumes tradicionais chineses, gastronomia macaense, o patuá macaense, foi condecorado pela administração portuguesa de Macau com a Medalha de Dedicação.

Referências

  1. António Aresta, Figuras de Jade - Os Portugueses no Extremo Oriente, p. 92, Instituto Internacional de Macau, Lisboa, 2014
  2. José Joaquim Monteiro, "Memórias do Romanceiro de Macau", Instituto Internacional de Macau, 2013, Macau
  3. IIM Macau, Revista "Oriente Ocidente", p. 35, Instituto Internacional de Macau, Macau, 2015