Mostrar código-fonte de Jugoslávia

{{Infobox|above=Iugoslávia|subheader={{nobold|<big>''Jugoslavija''<br>Југославија</big>}}<hr>|subheader2={{nobold|<big>1918–1992<br>1941–1945: [[Frente Iugoslava#Invasão do Eixo e desmembramento da Iugoslávia|Ocupação pelo Eixo]]</big>}}<hr>|image=[[Ficheiro:Flag of the Kingdom of Yugoslavia.svg|150px]] [[Ficheiro:Flag of Yugoslavia (1946-1992).svg|150px]]|caption={{nowrap|[[Bandeira da Jugoslávia|Bandeiras (1918–1941; 1946–1992)]]}}|header1=<hr>|data1='''[[Hino nacional]]:''' "[[Hino Nacional do Reino da Iugoslávia]]"<br>(1919–1941)<br>[[Imagem:Himna Kraljevine Jugoslavije.ogg|center]]"[[Hei, Eslavos!]]"<br>(1945–1992)<br>[[Imagem:Hey, Slavs 1930s instrumental.ogg|center]]<hr>|data2=[[Ficheiro:Yugoslavia location map.svg|300px]]<br>Iugoslávia durante o [[Período entreguerras]] (acima) e durante a [[Guerra Fria]] (abaixo)<hr>|label3='''[[Capital]]'''|data3=[[Belgrado]]<br>{{Coord|44|49|N|20|27|E|type:city_source:kolossus-hewiki|display=inline}}|data4=[[Língua sérvia|Servo]]-[[Língua croata|Croata]]-[[Língua eslovena|Esloveno]] {{small|(antes de 1944)}} <br/> [[Servo-croata]] {{small|(''de facto''; a partir de 1944)}}|label4='''[[Língua oficial]]'''|label5='''[[Gentílico]]'''|data5=[[Iugoslavos|Iugoslavo]]|label6='''[[Forma de governo|Governo]]'''|data6=[[Reino da Iugoslávia|Monarquia hereditária]]<br>(1918–1941)<br/>[[República Socialista Federativa da Iugoslávia|República federal]]<br>(1945–1992)
{{Collapsible list
|title = Detalhes
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|[[Monarquia constitucional]] [[Estado unitário|unitária]] {{Clear}}{{small|(1918–1929, 1931–1939)}}
|[[Monarquia absoluta]] [[Estado unitário|unitária]] sob uma [[Ditadura de 6 de Janeiro|ditadura real]] {{small|(1929–1931)}}
|[[Monarquia constitucional]] [[Monarquia federal|federal]] {{Clear}}{{small|(1939–1941)}}
|[[Governo iugoslavo no exílio|Governo no exílio]] {{small|(1941–1945)}}
|[[Governo provisório]] [[Estado socialista|socialista]] sob [[Iugoslávia Federal Democrática|territórios libertados]] {{small|(1943–1945)}}
|[[Estado socialista|República socialista]] [[República federal|federal]] [[Marxismo-leninismo|marxista-leninista]] de [[Unipartidarismo|partido único]] {{small|(1945–1948)}}
|[[Estado socialista|República socialista]] [[República federal|federal]][[Titoísmo|titoista]] de [[Unipartidarismo|partido único]] {{small|(1948–1990)}}
|[[República|República constitucional]] [[República parlamentarista|parlamentar]] [[República federal|federal]] {{small|(1990–1992)}}
}}|label7='''História'''
*{{nowrap|[[1 de dezembro]] de [[1918]]}}
*{{nowrap|[[6 de abril]] de [[1941]]}}
*{{nowrap|[[24 de outubro]] de [[1945]]}}
*{{nowrap|[[29 de novembro]] de [[1945]]}}
*{{nowrap|[[27 de abril]] de [[1992]]}}|data7=<br>
*[[Criação da Iugoslávia|Criação]]
*[[Invasão da Iugoslávia|Invasão pelo Eixo]]
*[[Carta das Nações Unidas|Admissão na ONU]]
*{{nowrap|[[Pedro II da Iugoslávia#Deposição e exílio|Abolição da monarquia]]}}
*[[Dissolução da Iugoslávia|Desintegração]]|label8='''[[Lista de países por população|População]]'''|data8=*17 522 438<ref>{{citar web|url=https://publikacije.stat.gov.rs/G1955/Pdf/G19552002.pdf|título=Statistical yearbook of Yugoslavia, 1955}}</ref> (1955)<br>
*19 489 605<ref>{{citar web|url=https://publikacije.stat.gov.rs/G1965/Pdf/G19652001.pdf|título=Statistical yearbook of Yugoslavia, 1965}}</ref> (1965)<br>
*21 441 297<ref>{{citar web|url=https://publikacije.stat.gov.rs/G1975/Pdf/G19752003.pdf|título=Statistical yearbook of Yugoslavia, 1975}}</ref> (1975)<br>
*23 121 383<ref>{{citar web|url=https://publikacije.stat.gov.rs/G1985/Pdf/G19852003.pdf|título=Statistical yearbook of Yugoslavia, 1985}}</ref> (1985)<br>
*23 532 279<ref>{{citar web|url=https://publikacije.stat.gov.rs/G1991/Pdf/G19912003.pdf|título=Statistical yearbook of Yugoslavia, 1991}}</ref> (1991)|label9='''[[Moeda]]'''|data9=[[Dinar iugoslavo]]|header10=<hr>|header11=<hr>|label12='''Atualmente parte de'''|data12={{nowrap|{{BIH}}}}<br>{{CRO}}<br>{{KOS}}<br>{{MNE}}<br>{{MKD}}<br>{{SRB}}<br>{{ESL}}|data10={{flagicon image|Flag of Serbia (1882–1918).svg}} [[Reino da Sérvia]]<br>{{flagicon image|Flag of Montenegro (1905–1918).svg}} [[Reino de Montenegro]]<br>{{flagicon image|Flag of the State of Slovenes, Croats and Serbs.svg}} [[Estado dos Eslovenos, Croatas e Sérvios]]<br>{{flagicon image|Austro-hungarian coat of arms 1914.svg}} [[Áustria-Hungria]]<br>{{flagicon image|Flag of the Free State of Fiume.svg}} [[Estado Livre de Fiume]]|data11={{flagicon image|Flag of Croatia.svg}} [[Croácia]]<br>{{flagicon image|Flag of Slovenia.svg}} [[Eslovénia|Eslovênia]]<br>{{flagicon image|Flag of Macedonia (1992–1995).svg}} [[Macedónia do Norte|Macedônia]]<br>{{flagicon image|Flag of Bosnia and Herzegovina (1992–1998).svg}} [[República da Bósnia e Herzegovina|Bósnia e Herzegovina]]<br>{{flagicon image|Flag of Serbia and Montenegro (1992–2006).svg}} [[República Federal da Iugoslávia]]|header4=<hr>|header5=<hr>|header6=<hr>|header7=<hr>|header9=<hr>|header8=<hr>|header12=<hr>|label11='''Sucedido por'''|label10='''Precedido por'''|imagem2={{nowrap|[[Imagem:Coat of arms of the Kingdom of Yugoslavia.svg|100px]] [[Imagem:Emblem of Yugoslavia (1963–1992).svg|100px]]}}|caption2={{nowrap|[[Emblema da Iugoslávia|Brasões (1918–1941; 1963–1992)]]}}}}
A '''Iugoslávia''' <sup>([[Português brasileiro]])</sup> ou '''Jugoslávia''' <sup>([[Português europeu]])</sup> ({{Tradução literal|Terra dos [[Eslavos do Sul]]}}) <ref group="Nota">em [[Língua servo-croata|servo-croata]]: Jugoslavija / Југославија; {{lang-sl|Jugoslavija}}; {{lang-mk|Југославија}}; {{lang-sq|Jugosllavia}}; em [[Língua arromena|arromeno]]: ''Iugoslavia''; {{lang-hu|Jugoszlávia}}; {{lang-rue|Югославия|label=[[Pannonian Rusyn]]|translit=Juhoslavija}}; {{lang-sk|Juhoslávia}}; {{lang-ro|Iugoslavia}}; {{lang-cs|Jugoslávie}}; {{lang-it|Iugoslavia}}; {{lang-tr|Yugoslavya}}; {{lang-bg|Югославия|Yugoslaviya}}.</ref> foi um país dos [[Bálcãs]] e da [[Europa Central]] que existiu de 1918 a 1992.

A Iugoslávia [[Criação da Iugoslávia|passou a existir]] em 1918<ref group="Nota">O [[Comitê Iugoslavo]], liderado pelo político [[Croatas|croata]] [[Dálmatas|dálmata]] [[Ante Trumbić]], pressionou os [[Aliados da Primeira Guerra Mundial|Aliados]] para apoiar a criação de um estado [[Eslavos do sul|eslavo do sul]] independente e apresentou a proposta na [[Declaração de Corfu]] em 20 de julho de 1917.</ref> após a [[Primeira Guerra Mundial]], sob o nome de ''[[Reino da Iugoslávia|Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos]],'' a partir da fusão do [[Reino da Sérvia]] com o [[Estado dos Eslovenos, Croatas e Sérvios|Estado provisório dos Eslovenos, Croatas e Sérvios]] (que foi formado a partir de territórios da antiga [[Áustria-Hungria]]), e constituiu a primeira união dos povos eslavos do sul como um [[Teoria constitutiva do Estado|Estado soberano]], após séculos de domínio estrangeiro sobre a região sob o [[Império Otomano]] e a Áustria-Hungria. [[Pedro I da Sérvia]] foi o seu [[Lista de chefes de estado da Iugoslávia|primeiro soberano]]. O reino ganhou reconhecimento internacional em 13 de julho de 1922 na [[Conferência dos Embaixadores]] em [[Paris]].<ref>{{Citar web|url=http://www.orderofdanilo.org/en/family/index.htm|titulo=orderofdanilo.org|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090516203805/http://www.orderofdanilo.org/en/family/index.htm|arquivodata=16 de Maio de 2009|urlmorta=dead}}</ref> O nome oficial do estado foi alterado para ''[[Reino da Iugoslávia]]'' em 3 de outubro de 1929.<ref name="Tomasz Kamusella 2008. pp. 228, 297">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=mzEqAQAAIAAJ|título=The politics of language and nationalism in modern Central Europe|ultimo=Kamusella|primeiro=Tomasz|editora=Palgrave Macmillan|ano=2009|páginas=228, 297|isbn=978-0230550704|acessodata=25 Out 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160518085413/https://books.google.com/books?id=mzEqAQAAIAAJ|arquivodata=18 de Maio de 2016}}</ref>

O Reino foi [[Invasão da Iugoslávia|invadido]] pelas [[potências do Eixo]] em 6 de abril de 1941. Em 1943, uma [[Iugoslávia Federal Democrática]] foi proclamada pela [[Partisans iugoslavos|resistência comunista iugoslava]]. Em 1944, o rei [[Pedro II da Iugoslávia|Pedro II]], então vivendo [[Governo iugoslavo no exílio|no exílio]], reconheceu-o como o governo legítimo. A monarquia foi posteriormente abolida em novembro de 1945. A Iugoslávia foi renomeada como [[República Socialista Federativa da Iugoslávia|República Popular Federal da Iugoslávia]] em 1945, quando um [[Liga dos Comunistas da Jugoslávia|governo comunista]] foi estabelecido. Adquiriu os territórios da [[Ístria]], [[Rijeka]] e [[Zadar]] do [[Reino de Itália (1861–1946)|Reino de Itália]]. O líder partisan [[Josip Broz Tito]] governou o país desde 1944 como [[Lista de primeiros-ministros da Iugoslávia|primeiro-ministro]] e mais tarde como [[Presidente da Iugoslávia|presidente]] até à [[Morte e funeral de estado de Josip Broz Tito|sua morte em 1980]]. Em 1963, o país foi renomeado pela última vez como [[República Socialista Federativa da Iugoslávia]] (RSFI).<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=fNBmAAAAMAAJ|título=Tito, Mihailović, and the Allies, 1941–1945|ultimo=Walter R. Roberts|editora=Rutgers University Press|ano=1973|isbn=978-0813507408|acessodata=25 Out 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20211211134033/https://books.google.com/books?id=fNBmAAAAMAAJ|arquivodata=11 Dez 2021}}</ref>

As seis repúblicas constituintes que compunham a RSFI eram as repúblicas socialistas da [[República Socialista da Bósnia e Herzegovina|Bósnia e Herzegovina]], [[República Socialista da Croácia|Croácia]], [[República Socialista da Macedónia|Macedônia]], [[República Socialista de Montenegro|Montenegro]], [[República Socialista da Sérvia|Sérvia]] e [[República Socialista da Eslovénia|Eslovênia]]. A República Socialista da Sérvia continha duas províncias autônomas socialistas, [[Província Socialista Autónoma do Cossovo|Kosovo]] e [[Província Socialista Autónoma da Voivodina|Voivodina]], que depois de [[Constituição jugoslava de 1974|1974]] eram em grande parte iguais aos outros membros da federação.<ref>{{Citar jornal|url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/special_report/1998/kosovo/110492.stm|titulo=History, bloody history|data=24 de março de 1999|acessodata=29 Dez 2010|website=BBC News|arquivourl=https://web.archive.org/web/20090125151232/http://news.bbc.co.uk/2/hi/special_report/1998/kosovo/110492.stm|arquivodata=25 de janeiro de 2009|urlmorta=live}}</ref><ref>{{Citar livro|título=The clash of civilizations and the remaking of world order|ultimo=Huntington|primeiro=Samuel P.|editora=Simon & Schuster|ano=1996|isbn=978-0-684-84441-1}}</ref> Após uma crise econômica e política na década de 1980 e o aumento do [[nacionalismo]] e dos [[Conflito étnico|conflitos étnicos]], a Iugoslávia [[Dissolução da Iugoslávia|dividiu-se]] ao longo das fronteiras das suas repúblicas, inicialmente em cinco países, levando à [[Guerra Civil Iugoslava]].<ref>{{Citar livro|url=http://www.theodora.com/wfb/1992/rankings/inflation_rate_pct_1.html|título=Inflation Rate % 1992|editora=[[CIA Factbook]]|ano=1992|local=Washington D. C.|acessodata=30-04-2018|wayb=20180501093945}}</ref><ref name="Yugoslavia: a concise history4">Benson, Leslie; ''Yugoslavia: a Concise History''; Palgrave Macmillan, 2001 {{ISBN|0-333-79241-6}}</ref> De 1993 a 2017, o [[Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia|Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia]] julgou líderes políticos e militares da ex-Iugoslávia por [[Guerra Civil Iugoslava|crimes de guerra]], genocídio e outros crimes cometidos durante essas guerras.<ref>{{Citar web|url=https://www.icty.org/sid/10016|titulo=Completion Strategy {{!}} International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia|acessodata=2024-01-23|website=www.icty.org}}</ref>

Após a dissolução, as repúblicas de [[República Autônoma de Montenegro|Montenegro]] e [[República Federal da Sérvia (1990-2006)|Sérvia]] formaram um estado federativo reduzido, a [[Sérvia e Montenegro|República Federal da Iugoslávia]] (RFI) (conhecida de 2003 a 2006 como [[Sérvia e Montenegro]]). Este estado aspirava ao estatuto de único [[Sucessão de Estados|sucessor legal]] da RSFI, mas essas reivindicações foram contestadas pelas outras ex-repúblicas. Eventualmente, aceitou o parecer do [[Comitê de Arbitragem Badinter]] sobre sucessão compartilhada<ref name="EBRD Country Promotion Programme2">{{Citar web|url=http://www.fifoost.org/jugoslaw/yugo.pdf|titulo=FR Yugoslavia Investment Profile 2001|publicado=EBRD Country Promotion Programme|pagina=3|arquivourl=https://web.archive.org/web/20110928025829/http://www.fifoost.org/jugoslaw/yugo.pdf|arquivodata=28 Set 2011|urlmorta=dead}}</ref> e em 2003 seu nome oficial foi alterado para ''Sérvia e Montenegro''. Este estado [[Plebiscito sobre a independência do Montenegro em 2006|foi dissolvido]] quando [[Montenegro]] e a [[Sérvia]] se tornaram estados independentes em 2006, com o [[Kosovo]] a ter uma disputa contínua sobre a sua [[Independência do Kosovo|declaração de independência em 2008]].<ref name="bbc_proclaim">{{Citar periódico |url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/7249034.stm |título=Kosovo MPs proclaim independence |data=2008-02-17 |acessodata=2024-01-03 |lingua=en-GB}}</ref>

== Prelúdio ==
{{Artigo principal|Criação da Iugoslávia}}O conceito de ''Iugoslávia'', como um estado comum para todos os povos [[Eslavos meridionais|eslavos do sul]], surgiu no final do século XVII e ganhou destaque através do [[Movimento Ilírio]] do século XIX. O nome foi criado pela combinação das palavras eslavas ''[[wiktionary:jug#Serbo-Croatian|jug]]'' ("sul") e ''[[wiktionary:Slaven#Serbo-Croatian|Slaveni]]/[[wiktionary:Sloven#Serbo-Croatian|Sloveni]]'' ("eslavos"). Os movimentos em direção à [[Criação da Iugoslávia|criação formal da Iugoslávia]] aceleraram após a [[Declaração de Corfu]] de 1917 entre o [[Comitê Iugoslavo]] e o governo do [[Reino da Sérvia]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=ggjhCQAAQBAJ|título=The National Question in Yugoslavia: Origins, History, Politics|ultimo=Banac|primeiro=Ivo|data=2015-08-11|editora=Cornell University Press|lingua=en}}</ref>

== Reino da Iugoslávia ==
{{Artigo principal|Reino da Iugoslávia}}
[[Ficheiro:Banovine_Jugoslavia.png|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:Banovine_Jugoslavia.png|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|210x210px|[[Subdivisões do Reino da Iugoslávia|Banovinas]] da Iugoslávia, 1929–1939. Depois de 1939, as banovinas de Sava e do Litoral foram fundidas na Banovina da Croácia.]]
O país foi formado em 1918, imediatamente após a Primeira Guerra Mundial, como Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, pela união do [[Estado dos Eslovenos, Croatas e Sérvios]] e do [[Reino da Sérvia]].<ref>{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/1945848 |título=Jugoslavic National Unity |data=1918 |periódico=The American Political Science Review |número=4 |ultimo=Fenwick |primeiro=Charles G. |paginas=718–721 |doi=10.2307/1945848 |issn=0003-0554 |jstor=1945848 |volume=12}}</ref> Na época era comumente referido como o "Estado de [[Tratado de Versalhes (1919)|Versalhes]]". Mais tarde, o governo renomeou o país, levando ao primeiro uso oficial da ''Iugoslávia'' em 1929.

=== Rei Alexandre ===
{{Artigo principal|Alexandre I da Iugoslávia|Ditadura de 6 de Janeiro}}Em 20 de junho de 1928, o deputado sérvio [[Punisa Račić|Puniša Račić]] atirou em cinco membros do oposicionista [[Partido Camponês Croata]] na [[Assembléia da Iugoslávia|Assembleia Nacional]], resultando na morte de dois deputados no local e na do líder [[Stjepan Radić]] algumas semanas depois.{{Sfn|Ramet|2006|p=73}} Em 6 de janeiro de 1929, o [[Lista de chefes de estado da Iugoslávia|rei]] [[Alexandre I da Iugoslávia|Alexandre I]] livrou-se da [[Constituição de Vidovdan|constituição]], [[Apartidarismo|proibiu os partidos políticos nacionais]], [[Monarquia absoluta|assumiu o poder executivo]] e renomeou o país como Iugoslávia.<ref>{{Citar web|ultimo=[[Indiana University]]|url=http://www.indiana.edu/~league/1929.htm|titulo=Chronology 1929|data=Out 2002|acessodata=8 Fev 2014|publicado=indiana.edu|arquivourl=https://web.archive.org/web/20150222035557/http://www.indiana.edu/~league/1929.htm|arquivodata=22 Fev 2015|urlmorta=live}}</ref> Ele esperava conter as tendências separatistas e mitigar as paixões nacionalistas. Ele impôs uma [[Constituição Iugoslava de 1931|nova constituição]] e renunciou à ditadura em 1931.<ref>{{Citar web|ultimo=[[Indiana University]]|url=http://www.indiana.edu/~league/1931.htm|titulo=Chronology 1929|data=Out 2002|acessodata=8 Fev 2014|publicado=indiana.edu|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140222001410/http://www.indiana.edu/~league/1931.htm|arquivodata=22 Fev 2014|urlmorta=live}}</ref> No entanto, as políticas de Alexandre encontraram mais tarde oposição de outras potências europeias decorrentes dos acontecimentos na [[Itália Fascista|Itália]] e na [[Alemanha Nazista|Alemanha]], onde [[Partido Nacional Fascista|fascistas]] e [[Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães|nazistas]] subiram ao poder, e na [[União Soviética]], onde [[Josef Stalin]] se tornou governante absoluto. Nenhum destes três regimes favoreceu a política seguida por Alexandre I. Na verdade, a Itália e a Alemanha queriam rever os tratados internacionais assinados após a [[Primeira Guerra Mundial]], e os soviéticos estavam determinados a recuperar as suas posições na Europa e a prosseguir uma política internacional mais ativa.

Alexandre tentou criar uma Iugoslávia centralizada. Ele decidiu abolir as regiões históricas da Iugoslávia e novas fronteiras internas foram traçadas para as províncias ou banovinas. As banovinas receberam nomes de rios. Muitos políticos foram presos ou mantidos sob vigilância policial. Durante o seu reinado, as ideias comunistas foram banidas.<ref>{{citar livro|url=https://www.knjizara.com/Kralj-Aleksandar-I-Karadjordjevic-Branislav-Gligorijevic-151595|título=Kralj Aleksandar I Karađorđević (1–3)|último =Gligorijević|primeiro =Branislav|publicado=Zavod za udžbenike i nastavna sredstva|ano=2010|páginas=1186}}</ref>

O rei [[Assassinatos de Marselha em 1934|foi assassinado]] em [[Marselha]] durante uma visita oficial à [[Terceira República Francesa|França]] em 1934 por [[Vlado Chernozemski]], um atirador experiente da [[Organização Revolucionária Interna da Macedônia]] de [[Ivan Mihailov]], com a cooperação da [[Ustaše]], uma organização revolucionária fascista croata. Alexandre foi sucedido por seu filho [[Pedro II da Iugoslávia|Pedro II]], de onze anos, e por um conselho regencial liderado por seu primo, o [[Paulo da Iugoslávia|príncipe Paulo]].<ref>{{citar livro|título=East Central Europe Between the Two World Wars|apelido=Rothschild|nome=Joseph|editora=University of Washington Press|ano=1990|páginas=438|isbn=9780295953571|idioma=en}}</ref>

=== 1934–1941 ===
O cenário político internacional do final da década de 1930 foi marcado pela crescente intolerância entre as principais figuras, pela atitude agressiva dos regimes [[Totalitarismo|totalitários]] e pela certeza de que a ordem instaurada após a Primeira Guerra Mundial estava a perder os seus redutos e os seus patrocinadores a sua força. Apoiado e pressionado pela [[Fascismo italiano|Itália Fascista]] e pela [[Alemanha Nazista]], o líder croata [[Vladko Maček]] e o seu partido conseguiram a criação da Banovina da Croácia (Região Autónoma com autogoverno interno significativo) em 1939. O acordo especificava que a Croácia continuaria a fazer parte da Iugoslávia, mas estava a construir às pressas uma identidade política independente nas relações internacionais. Todo o reino seria federalizado, mas a [[Segunda Guerra Mundial]] impediu o cumprimento desses planos.<ref>{{citar livro|url=|título=Yugoslavia In Crisis 1934-1941|apelido=Hoptner|nome=J. B.|editora=Columbia University Press|ano=1962|páginas=328|oclc=404664|idioma=en}}</ref>

O Príncipe Paulo submeteu-se à pressão fascista e assinou o [[Pacto Tripartite]] em Viena em 25 de março de 1941, na esperança de continuar a manter a Iugoslávia fora da guerra. No entanto, isto ocorreu às custas do apoio popular à regência de Paulo. Oficiais militares superiores também se opuseram ao tratado e lançaram um [[Golpe de Estado na Iugoslávia em 1941|golpe de estado quando o rei regressou em 27 de Março]]. O general do exército [[Dušan Simović]] tomou o poder, prendeu a delegação de Viena, exilou o príncipe Paulo e pôs fim à regência, dando plenos poderes ao [[Pedro II da Iugoslávia|rei Pedro,]] de 17 anos. [[Adolf Hitler|Hitler]] decidiu então atacar a Iugoslávia em 6 de abril de 1941, seguido imediatamente por uma invasão da Grécia, onde [[Benito Mussolini|Mussolini]] havia sido anteriormente repelido.<ref>A. W. Palmer, "Revolt in Belgrade, March 27, 1941", ''History Today'' (March 1960) 10#3 pp 192–200.</ref><ref>{{Citar web|url=http://www1.yadvashem.org.il/about_holocaust/month_in_holocaust/april/april_chronology/chronology_1941_april_06.html|titulo=6 April: Germany Invades Yugoslavia and Greece|website=arquivo.pt|arquivourl=http://arquivo.pt/wayback/20091015085557/http%3A//www1.yadvashem.org.il/about_holocaust/month_in_holocaust/april/april_chronology/chronology_1941_april_06.html|arquivodata=15 Out 2009|urlmorta=dead}}</ref>

== Segunda Guerra Mundial ==
{{Artigo principal|Segunda Guerra Mundial na Iugoslávia}}
[[Ficheiro:Stjepan_Stevo_Filipović.jpg|direita|miniaturadaimagem|O [[Partisans iugoslavos|partisan]] [[Stjepan Filipović]] gritando "Morte ao fascismo, liberdade ao povo!" pouco antes de sua execução (1942)]]
Às 5:12h da manhã do dia 6 de abril de 1941, as forças [[Alemanha Nazista|alemãs]], [[Reino de Itália (1861–1946)|italianas]] e [[Reino da Hungria (1920-1946)|húngaras]] [[Invasão da Iugoslávia|invadiram a Iugoslávia]].<ref>{{Citar web|ultimo=Stephen A. Hart|ultimo2=[[British Broadcasting Corporation]]|url=https://www.bbc.co.uk/history/worldwars/wwtwo/partisan_fighters_01.shtml|titulo=Partisans: War in the Balkans 1941–1945|data=17 Fev 2011|acessodata=8 Fev 2014|publicado=bbc.com|arquivourl=https://web.archive.org/web/20111128065207/http://www.bbc.co.uk/history/worldwars/wwtwo/partisan_fighters_01.shtml|arquivodata=28 de novembro de 2011|urlmorta=live}}</ref> A Força Aérea Alemã (''[[Luftwaffe]]'') bombardeou [[Belgrado]] e outras grandes cidades iugoslavas. Em 17 de Abril, representantes de várias regiões da Iugoslávia assinaram um armistício com a Alemanha em Belgrado, pondo fim a onze dias de resistência contra as forças invasoras alemãs.<ref>{{Citar web|ultimo=[[History (U.S. TV channel)|History Channel]]|url=http://www.history.com/this-day-in-history/yugoslavia-surrenders|titulo=Apr 17, 1941: Yugoslavia surrenders|acessodata=8 Fev 2014|publicado=history.com|ano=2014|arquivourl=https://web.archive.org/web/20140221215720/http://www.history.com/this-day-in-history/yugoslavia-surrenders|arquivodata=21 Fev 2014|urlmorta=live}}</ref> Mais de 300 000 oficiais e soldados iugoslavos foram feitos prisioneiros.<ref>{{Citar web|ultimo=[[Indiana University]]|url=http://www.indiana.edu/~league/1941.htm|titulo=Chronology 1929|data=Out 2002|acessodata=8 Fev 2014|publicado=indiana.edu|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141027024429/http://www.indiana.edu/~league/1941.htm|arquivodata=27 Out 2014|urlmorta=live}}</ref>

As [[Potências do Eixo]] ocuparam a Iugoslávia e a dividiram. O [[Estado Independente da Croácia]] foi estabelecido como um estado satélite [[Nazismo|nazista]], governado pela milícia fascista conhecida como [[Ustaše]], que surgiu em 1929, mas foi relativamente limitada em suas atividades até 1941. As tropas alemãs ocuparam a [[Bósnia (região)|Bósnia]] e [[Herzegovina]], bem como parte da [[Sérvia]] e da [[Eslovénia|Eslovênia]], enquanto outras partes do país foram ocupadas pela [[Reino da Bulgária|Bulgária]], [[Reino da Hungria (1920-1946)|Hungria]] e [[Reino de Itália (1861–1946)|Itália]]. De 1941 a 1945, o regime croata [[Ustaše]] [[Genocídio dos sérvios no Estado Independente da Croácia|perseguiu e assassinou cerca de 300 000 sérvios]], juntamente com pelo menos 30 000 judeus e ciganos;<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=h5q1DwAAQBAJ&pg=PA22|título=Daily Life in Nazi-Occupied Europe|ultimo=Goldberg|primeiro=Harold J.|data=2019|editora=ABC-CLIO|isbn=9781440859120}}</ref> centenas de milhares de sérvios também foram expulsos e outros 200 000–300 000 foram forçados a converter-se ao [[Igreja Católica|catolicismo]].<ref>{{Citar livro|título=Contemporary Yugoslavia: Twenty Years of Socialist Experiment|ultimo=Tomasevich|primeiro=Jozo|data=2021|editora=University of California Press|editor-sobrenome=Vucinich|capitulo=Yugoslavia During the Second World War|isbn=9780520369894|anooriginal=1969}}</ref>
{{Imagem múltipla
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| caption1 = Bandeira dos [[Partisans Iugoslavos]]
| image2 = Josip Broz Tito uniform portrait.jpg
| caption2 = [[Josip Broz Tito]], líder dos [[Partisans Iugoslavos]]
}}
Desde o início, as forças de resistência iugoslavas consistiam em duas facções: os [[Partisans iugoslavos|Partisans Iugoslavos]] liderados pelos comunistas e os monarquistas [[Chetniks]], com os primeiros recebendo o reconhecimento dos Aliados apenas na [[conferência de Teerã]] (1943). Os Chetniks, fortemente pró-sérvios, eram liderados por [[Draža Mihailović]], enquanto os partisans de orientação pan-iugoslava eram liderados por [[Josip Broz Tito]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=fqUSGevFe5MC|título=War and Revolution in Yugoslavia, 1941-1945: Occupation and Collaboration|ultimo=Tomasevich|primeiro=Jozo|data=outubro de 2002|editora=Stanford University Press|lingua=en}}</ref>
{{Imagem múltipla
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| caption1 = Bandeira dos [[Chetniks]]
| image2 = Draza Mihailovic,1943.jpg
| caption2 = [[Draža Mihailović]], líder dos [[Chetniks]]
}}
Os Partisans iniciaram uma campanha de [[guerrilha]] que se desenvolveu no maior exército de resistência na Europa Ocidental e Central ocupada. Os Chetniks foram inicialmente apoiados pelo governo real exilado e pelos [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|Aliados]], mas logo se concentraram cada vez mais no combate aos Partidários, em vez das forças de ocupação do Eixo. No final da guerra, o movimento Chetnik transformou-se numa milícia nacionalista sérvia colaboracionista, completamente dependente dos suprimentos do Eixo.<ref>David Martin, Ally Betrayed: The Uncensored Story of Tito and Mihailovich, (New York: Prentice Hall, 1946), 34.</ref> Os Chetniks também [[Crimes de guerra dos Chetniks durante a Segunda Guerra Mundial|perseguiram e mataram]] [[Bosníacos|muçulmanos]] e [[croatas]],<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=pVCx3jerQmYC&pg=PA155|título=Bosnia and Herzegovina in the Second World War|ultimo=Redžić|primeiro=Enver|editora=Tylor and Francis|ano=2005|localização=New York|isbn=978-0-7146-5625-0|acessodata=18 Ago 2021|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210818050246/https://books.google.com/books?id=pVCx3jerQmYC&pg=PA155|arquivodata=18 Ago 2021}}</ref> com uma estimativa de 50 000–68 000 vítimas (das quais 41 000 eram civis).<ref name="Geiger">{{Citar periódico |url=https://hrcak.srce.hr/103223?lang=en |título=Human Losses of the Croats in World War II and the Immediate Post-War Period Caused by the Chetniks (Yugoslav Army in the Fatherand) and the Partisans (People's Liberation Army and the Partisan Detachments of Yugoslavia/Yugoslav Army) and the Communist Authorities: Numerical Indicators |data=2012 |acessodata=25 Out 2015 |periódico=Review of Croatian History |publicado=Croatian Institute of History |número=1 |ultimo=Geiger |primeiro=Vladimir |pagina=117 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20151117064114/https://hrcak.srce.hr/103223?lang=en |arquivodata=17 de novembro de 2015 |volume=VIII}}</ref> Os guerrilheiros altamente móveis, no entanto, prosseguiram a sua guerra de guerrilha com grande sucesso. As vitórias mais notáveis contra as forças ocupantes foram as batalhas de [[Caso Branco|Neretva]] e [[Operação Schwarz|Sutjeska]].

Em 25 de novembro de 1942, o [[Conselho Antifascista para a Libertação Nacional da Iugoslávia|Conselho Antifascista de Libertação Nacional da Iugoslávia]] foi convocado em [[Bihać]], na atual [[Bósnia e Herzegovina]]. O conselho reuniu-se novamente em 29 de novembro de 1943, em [[Jajce]], também na Bósnia e Herzegovina, e estabeleceu as bases para a organização do país no pós-guerra, estabelecendo uma federação (esta data foi celebrada como o Dia da República após a guerra).<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=5rgMvgAACAAJ|título=Tito's Partisans 1941–45|ultimo=Vuksic|primeiro=Velimir|data=2003-07-23|editora=Bloomsbury USA|lingua=en}}</ref>

Os [[partisans iugoslavos]] conseguiram expulsar o Eixo da Sérvia em 1944 e o resto da Iugoslávia em 1945. O [[Exército Vermelho]] prestou assistência limitada na libertação de [[Belgrado]] e retirou-se após o fim da guerra. Em maio de 1945, os guerrilheiros reuniram-se com as forças aliadas fora das fronteiras da antiga Iugoslávia, depois de também assumirem [[Trieste]] e partes das províncias do sul da Áustria, [[Estíria]] e [[Caríntia]]. No entanto, os partisans retiraram-se de Trieste em junho do mesmo ano sob forte pressão de Stalin, que não queria um confronto com os outros Aliados.<ref>{{Citar livro|título=World War II in Global Perspective, 1931-1953: A Short History|ultimo=Buchanan|primeiro=Andrew N.|data=2019|editora=John Wiley & Sons|isbn=978-1-1193-6607-2}}</ref>

As tentativas ocidentais de reunir os partisans, que negavam a supremacia do antigo governo do [[Reino da Iugoslávia]], e os emigrados leais ao rei levaram ao [[Acordos Tito-Šubašić|Acordo Tito-Šubašić]] em junho de 1944; no entanto, o [[Marechal da Iugoslávia|marechal]] [[Josip Broz Tito]] estava no controle e determinado a liderar um estado comunista independente, começando como primeiro-ministro. Ele teve o apoio de Moscou e Londres e liderou de longe a força partisan mais forte, com 800 000 homens.<ref>Michael Lees, ''The Rape of Serbia: The British Role in Tito's Grab for Power, 1943–1944'' (1990).</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=XRd6Y-oiFPAC&pg=PA216|título=Cold War: The Essential Reference Guide|ultimo=James R. Arnold|ultimo2=Roberta Wiener|data=janeiro de 2012|editora=ABC-CLIO|isbn=978-1-6106-9003-4|acessodata=17 Out 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160101214426/https://books.google.com/books?id=XRd6Y-oiFPAC&pg=PA216|arquivodata=1 de janeiro de 2016}}</ref>

A estimativa oficial iugoslava do pós-guerra de [[Mortos na Segunda Guerra Mundial|vítimas]] na Iugoslávia durante a Segunda Guerra Mundial é de 1 704 000. A recolha de dados subsequente na década de 1980 pelos historiadores [[Vladimir Žerjavić]] e [[Bogoljub Kočović]] mostrou que o número real de mortos era de cerca de 1 milhão.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=N8LkDwAAQBAJ&pg=PA158|título=Picturing Genocide in the Independent State of Croatia: Atrocity Images and the Contested Memory of the Second World War in the Balkans|ultimo=Byford|primeiro=Jovan|data=2020|editora=Bloomsbury Publishing|isbn=978-1-3500-1597-5}}</ref>

== República Popular Federal da Iugoslávia ==
{{Artigo principal|República Popular Federal da Iugoslávia}}Em 11 de novembro de 1945, as eleições foram realizadas com apenas a [[Frente Popular da Iugoslávia|Frente Popular]] liderada pelos comunistas aparecendo nas urnas, garantindo todos os 354 assentos. Em 29 de novembro, ainda no exílio, o [[Lista de chefes de estado da Iugoslávia|rei]] [[Pedro II da Iugoslávia|Pedro II]] foi deposto pela [[Assembléia da Iugoslávia|Assembleia Constituinte da Iugoslávia]] e a República Popular Federal da Iugoslávia foi declarada.<ref name="Jes">{{Citar livro|título=A Chronology of Conflict and Resolution, 1945–1985|ultimo=Jessup|primeiro=John E.|editora=Greenwood Press|ano=1989|localização=New York|isbn=978-0-313-24308-0}}</ref> No entanto, ele se recusou a abdicar. O marechal Tito estava agora no controle total e todos os elementos da oposição foram eliminados.<ref name="books.google.com">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=XRd6Y-oiFPAC&pg=PA216|título=Cold War: The Essential Reference Guide|ultimo=Arnold and Wiener|editora=Bloomsbury Academic|ano=2012|isbn=9781610690034|acessodata=17 Out 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160101214426/https://books.google.com/books?id=XRd6Y-oiFPAC&pg=PA216|arquivodata=1 de janeiro de 2016}}</ref>

Em 31 de janeiro de 1946, a nova [[Constituição Iugoslava de 1946|constituição]] da [[República Socialista Federativa da Iugoslávia|República Popular Federal da Iugoslávia]], inspirada na [[Constituição Soviética de 1936|Constituição da União Soviética]], estabeleceu [[República Socialista Federativa da Iugoslávia|seis repúblicas]], uma província autônoma e um distrito autônomo que faziam parte da Sérvia. A capital federal era Belgrado. A política centrou-se num governo central forte sob o controlo do [[Liga dos Comunistas da Jugoslávia|Partido Comunista]] e no reconhecimento das múltiplas nacionalidades.<ref name="books.google.com2">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=XRd6Y-oiFPAC&pg=PA216|título=Cold War: The Essential Reference Guide|ultimo=Arnold and Wiener|editora=Bloomsbury Academic|ano=2012|isbn=9781610690034|acessodata=17 Out 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160101214426/https://books.google.com/books?id=XRd6Y-oiFPAC&pg=PA216|arquivodata=1 de janeiro de 2016}}</ref> As bandeiras das repúblicas utilizavam versões da bandeira vermelha ou [[Cores pan-eslavas|tricolor eslava]], com uma [[estrela vermelha]] no centro ou no cantão.{{Repúblicas da Iugoslávia}}O objetivo regional de Tito era [[Federação Balcânica|expandir-se para sul]] e assumir o controlo da Albânia e partes da Grécia. Em 1947, as negociações entre a Iugoslávia e a Bulgária levaram ao [[Acordo de Bled (1947)|acordo de Bled]], que propunha formar uma relação estreita entre os dois países comunistas, e permitir que a Iugoslávia iniciasse uma [[Guerra Civil da Grécia|guerra civil na Grécia]] e usasse a Albânia e a Bulgária como bases. Stalin vetou este acordo e ele nunca foi concretizado. A ruptura entre Belgrado e Moscovo era agora iminente.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=Vv1t3D_3vjkC&pg=PA267|título=Greece at the Crossroads: The Civil War and Its Legacy|ultimo=John O. Iatrides|ultimo2=Linda Wrigley|editora=Penn State University Press|ano=2004|páginas=267–73|isbn=9780271043302|acessodata=17 Out 2015|arquivourl=https://web.archive.org/web/20160101214426/https://books.google.com/books?id=Vv1t3D_3vjkC&pg=PA267|arquivodata=1 de janeiro de 2016}}</ref>

A Iugoslávia resolveu a questão nacional das nações e nacionalidades (minorias nacionais) de forma que todas as nações e nacionalidades tivessem os mesmos direitos. No entanto, a maior parte da [[Suábios do Danúbio|minoria alemã]] da Iugoslávia, a maioria dos quais tinha colaborado durante a ocupação e tinha sido recrutada para as forças alemãs, foi expulsa para a Alemanha ou para a Áustria.<ref>{{Citar periódico |título=Die orthodoxe Abweichung. Ansiedlungspolitik in der Vojvodina zwischen 1944 und 1947 |data=2010 |periódico=Bohemica. A Journal of History and Civilisation in East Central Europe |número=1 |ultimo=Portmann |primeiro=Michael |paginas=95–120 |doi=10.18447/BoZ-2010-2474 |volume=50 |name-list-style=vanc}}</ref>

=== Divisão Iugoslava-Soviética e o Movimento de Não Alinhamento ===
{{Artigo principal|Ruptura Tito–Stalin|Iugoslávia e o Movimento Não Alinhado}}O país distanciou-se dos soviéticos em 1948 (cf. [[Cominform]] e [[Período Informbiro|Informbiro]]) e começou a construir o seu próprio caminho para o socialismo sob a liderança política de Josip Broz Tito.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=asZKDwAAQBAJ&pg=PA178|título=The Search for a Cold War Legitimacy: Foreign Policy and Tito's Yugoslavia|ultimo=Niebuhr|primeiro=Robert Edward|data=2018|editora=BRILL|isbn=978-9-0043-5899-7}}</ref> Consequentemente, a constituição foi [[Emendas constitucionais iugoslavas de 1953|fortemente alterada]] para substituir a ênfase no [[centralismo democrático]] pela [[autogestão]] e [[descentralização]] dos trabalhadores.<ref>{{Citar livro|título=Making Art History in Europe After 1945|ultimo=Čubrilo|primeiro=Jasmina|data=2020|editora=Routledge|editor-sobrenome=Garcia|páginas=125–128|capitulo=The Museum of Contemporary Art in Belgrade and Post-Revolutionary Desire|isbn=978-0-8153-9379-5|editor-sobrenome2=Mayayo, Jesús Carrillo|editor-sobrenome3=Carrillo}}</ref> O Partido Comunista foi renomeado para [[Liga dos Comunistas da Jugoslávia|Liga dos Comunistas]] e adotou o [[titoísmo]] no seu congresso do ano anterior.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=TfX_AwAAQBAJ&pg=PA27|título=Open Borders, Nonalignment, and the Political Evolution of Yugoslavia|ultimo=Zimmerman|primeiro=William|data=2014|editora=Princeton University Press|isbn=978-1-4008-5848-4}}</ref> Todos os países comunistas europeus cederam a Stalin e rejeitaram a ajuda do [[Plano Marshall]] em 1947. Tito a princípio concordou e rejeitou o plano Marshall. Contudo, em 1948, Tito rompeu decisivamente com Stalin em outras questões, tornando a Iugoslávia um estado comunista independente. A Iugoslávia solicitou ajuda americana. Os líderes americanos estavam divididos internamente, mas finalmente concordaram e começaram a enviar dinheiro em pequena escala em 1949, e numa escala muito maior em 1950–1953. A ajuda americana não fazia parte do plano Marshall.<ref>{{Citar livro|url=https://archive.org/details/yugoslavamerican00lamp|título=Yugoslav-American Economic Relations Since World War II|ultimo=John R. Lampe|editora=Duke University Press|ano=1990|páginas=[https://archive.org/details/yugoslavamerican00lamp/page/28 28]–37|isbn=978-0822310617|numero-autores=etal|acessodata=17 Out 2015|url-access=}}</ref>

Tito criticou as nações do [[Bloco de Leste|Bloco Oriental]] e da [[Organização do Tratado do Atlântico Norte|OTAN]] e, juntamente com a Índia e outros países, iniciou o [[Movimento Não Alinhado|Movimento do Não Alinhados]] em 1961, que permaneceu como afiliação oficial do país até à sua dissolução.

== República Socialista Federativa da Iugoslávia ==
{{Artigo principal|República Socialista Federativa da Iugoslávia}}
[[Ficheiro:Josip_Broz_Tito_prezident_of_communistic_Yugoslavia.jpg|miniaturadaimagem|[[Marechal da Iugoslávia|Marechal]] [[Josip Broz Tito]]]]
Em 7 de abril de 1963, a nação mudou seu nome oficial para [[República Socialista Federativa da Iugoslávia]] e Josip Broz Tito foi nomeado [[presidente vitalício]].<ref>{{Citar web|url=https://www.history.com/this-day-in-history/tito-is-made-president-for-life|titulo=Tito is made president of Yugoslavia for life|website=History.com}}</ref> Na RSFI, cada república e província tinha a sua própria constituição, tribunal supremo, parlamento, presidente e primeiro-ministro. No topo do governo iugoslavo estavam o presidente (Tito), o primeiro-ministro federal e o parlamento federal (uma presidência coletiva foi formada após a [[Morte e funeral de estado de Josip Broz Tito|morte de Tito em 1980]]). Também importantes foram os secretários-gerais do [[Liga dos Comunistas da Jugoslávia|Partido Comunista]] para cada república e província, e o secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista.<ref>{{Citar livro|título=State-society Relations in Yugoslavia, 1945–1992|ultimo=Bokovoy|primeiro=Melissa Katherine|ultimo2=Irvine|primeiro2=Jill A.|ultimo3=Lilly|primeiro3=Carol S.|editora=[[Palgrave Macmillan]]|ano=1997|isbn=0-312-12690-5}}</ref>

Tito era a pessoa mais poderosa do país, seguido pelos primeiros-ministros e presidentes republicanos e provinciais e pelos presidentes do Partido Comunista. Slobodan Penezić Krcun, chefe da polícia secreta de Tito na Sérvia, foi vítima de um incidente de trânsito duvidoso depois de começar a reclamar da política de Tito. O Ministro do Interior, [[Aleksandar Ranković]], perdeu todos os seus títulos e direitos após um grande desentendimento com Tito em relação à política estadual. Alguns ministros influentes no governo, como [[Edvard Kardelj]] ou [[Stane Dolanc]], foram mais importantes que o primeiro-ministro.<ref>Jože Pirjevec, ''Jugoslavija: nastanek, razvoj ter razpad Karadjordjevićeve in Titove Jugoslavije'' (Koper: Lipa, 1995)</ref>

As primeiras fissuras no sistema fortemente governado surgiram quando estudantes de Belgrado e de várias outras cidades se juntaram aos [[Protestos de 1968|protestos mundiais de 1968]]. O presidente Josip Broz Tito interrompeu gradualmente os protestos, cedendo a algumas das exigências dos estudantes e dizendo que "os estudantes têm razão" durante um discurso na televisão. No entanto, nos anos seguintes, ele lidou com os líderes dos protestos, demitindo-os de cargos universitários e do Partido Comunista.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.ghi-dc.org/files/publications/bu_supp/supp006/bus6_181.pdf |título=Yugoslavia: "Down with the Red Bourgeoisie!" |periódico=Bulletin of the GHI |número=1968: Memories and Legacies of a Global Revolt |ultimo=Žilnik |primeiro=Želimir |ano=2009 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20131004072155/http://www.ghi-dc.org/files/publications/bu_supp/supp006/bus6_181.pdf |arquivodata=4 Out 2013}}</ref>

Um sinal mais severo de desobediência foi a chamada [[Primavera Croata]] de 1970 e 1971, quando estudantes em Zagreb organizaram manifestações por maiores liberdades civis e maior autonomia croata, seguidas de protestos em massa em toda a Croácia.<ref name="Minahan">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=jfrWCQAAQBAJ&pg=PA366|título=The Complete Guide to National Symbols and Emblems [2 volumes]|ultimo=Minahan|primeiro=James B.|data=2009|editora=ABC-CLIO|isbn=978-0-3133-4497-8}}</ref><ref name="Lalić & Prug">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=mUIsEAAAQBAJ&pg=PA154|título=Hidden Champions in Dynamically Changing Societies: Critical Success Factors for Market Leadership|data=2021|editora=Springer|editor-sobrenome=Lalić|isbn=978-3-03065-451-1|editor-sobrenome2=Prug}}</ref> O regime sufocou o protesto público e encarcerou os líderes, embora muitos dos principais representantes croatas no Partido apoiassem silenciosamente esta causa.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=XjbDX9MVKWwC&pg=PA150|título=From Ethnic Conflict to Stillborn Reform: The Former Soviet Union and Yugoslavia|ultimo=Horowitz|primeiro=Shale|data=2005|editora=Texas A&M University Press|isbn=978-1-5854-4396-3}}</ref> Como resultado, uma [[Constituição jugoslava de 1974|nova constituição foi ratificada em 1974]], que deu mais direitos às repúblicas individuais da Iugoslávia e às províncias da Sérvia.<ref name="Minahan" /><ref name="Lalić & Prug" />

=== Tensões étnicas e crise econômica ===
Depois que os [[Partisans iugoslavos|guerrilheiros iugoslavos]] assumiram o controle do país no final da Segunda Guerra Mundial, o nacionalismo foi proibido de ser promovido publicamente. No geral, a paz relativa foi mantida sob o governo de Tito, embora tenham ocorrido protestos nacionalistas, mas estes foram geralmente reprimidos e os líderes nacionalistas foram presos e alguns foram executados por funcionários iugoslavos. No entanto, os protestos da Primavera croata na década de 1970 foram apoiados por um grande número de croatas que reclamaram que a Jugoslávia continuava a ser uma hegemonia sérvia e exigiram que os poderes da Sérvia fossem reduzidos.

Tito, cuja república natal era a Croácia, estava preocupado com a estabilidade do país e respondeu de uma forma que apaziguou tanto croatas como sérvios: ordenou a prisão dos manifestantes da Primavera Croata, ao mesmo tempo que cedeu a algumas das suas exigências. Após a [[Constituição jugoslava de 1974|Constituição Iugoslava de 1974]], a influência da Sérvia no país foi significativamente reduzida,<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=0biEDwAAQBAJ&pg=PA40|título=Frozen Justice: Lessons from Bosnia and Herzegovina's Failed Transitional Justice Strategy|ultimo=Bell|primeiro=Jared O.|data=2018|editora=Vernon Press|isbn=978-1-6227-3204-3}}</ref> enquanto as suas províncias autônomas da [[Província Socialista Autónoma da Voivodina|Voivodina]] e do [[Província Socialista Autónoma do Cossovo|Kosovo]] receberam maior autonomia, juntamente com maiores direitos para os albaneses do Kosovo e os húngaros da Voivodina.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=sHB1kFCB4wYC&pg=PA43|título=Linguistic Minorities in Central and Eastern Europe|data=1998|editora=Multilingual Matters|editor-sobrenome=Paulston|isbn=978-1-8535-9416-8|editor-sobrenome2=Peckham}}</ref> Ambas as províncias receberam praticamente o mesmo status que as seis repúblicas da Iugoslávia, embora não pudessem se separar.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=4PwmeRG9QsUC&pg=PA33|título=The Foreign Policy of Counter Secession: Preventing the Recognition of Contested States|ultimo=Ker-Lindsay|primeiro=James|data=2012|editora=Oxford University Press|isbn=9780199698394}}</ref> A Voivodina e o Kosovo formavam as províncias da [[República Socialista da Sérvia|República da Sérvia]], mas também faziam parte da federação, o que levou à situação única em que a [[Sérvia Central]] não tinha a sua própria assembleia, mas uma assembleia conjunta com as suas províncias nela representadas. O [[Língua albanesa|albanês]] e o [[Língua húngara|húngaro]] tornaram-se línguas minoritárias reconhecidas nacionalmente, e o servo-croata da Bósnia e Montenegro alterou-se para uma forma baseada na fala da população local e não nos padrões de Zagreb e Belgrado. Na Eslovénia, as minorias reconhecidas eram os húngaros e os italianos.

O facto de estas províncias autónomas terem o mesmo poder de voto que as repúblicas, mas, ao contrário de outras repúblicas, não poderem separar-se legalmente da Iugoslávia, satisfez a Croácia e a Eslovênia, mas na Sérvia e na nova província autónoma do Kosovo, a reacção foi diferente. Os sérvios consideraram a nova constituição como uma concessão aos nacionalistas croatas e de etnia albanesa.<ref name="Malley-Morrison">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=hV-y4BNWTt0C&pg=RA1-PA28|título=State Violence and the Right to Peace: An International Survey of the Views of Ordinary People, Volume 1|data=2009|editora=ABC-CLIO|editor-sobrenome=Malley-Morrison|isbn=978-0-2759-9652-9}}</ref> Os albaneses étnicos no Kosovo consideraram que a criação de uma província autónoma não era suficiente e exigiram que o Kosovo se tornasse uma república constituinte com o direito de se separar da Iugoslávia. Isto criou tensões dentro da liderança comunista, especialmente entre os funcionários comunistas sérvios que viam a constituição de 1974 como um enfraquecimento da influência da Sérvia e um perigo para a unidade do país, ao permitir às repúblicas o direito de se separarem.<ref name="Malley-Morrison" />

De acordo com estatísticas oficiais, desde a década de 1950 até ao início da década de 1980, a Iugoslávia esteve entre os países com crescimento mais rápido, aproximando-se dos níveis registados na Coreia do Sul e noutros países que passaram por um milagre econômico.<ref name="Baten">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=gmOKCwAAQBAJ&pg=PA64|título=A History of the Global Economy|data=2016|editora=Cambridge University Press|editor-sobrenome=Baten|isbn=978-1-1071-0470-9}}</ref> O sistema socialista único na Jugoslávia, onde as fábricas eram cooperativas de trabalhadores e a tomada de decisões era menos centralizada do que noutros países socialistas, pode ter levado a um crescimento mais forte. No entanto, mesmo que o valor absoluto das taxas de crescimento não fosse tão elevado como indicado pelas estatísticas oficiais, tanto a União Soviética como a Jugoslávia caracterizaram-se por taxas de crescimento surpreendentemente elevadas tanto do rendimento como da educação durante a década de 1950.<ref name="Baten" />

O período de crescimento europeu terminou após o choque do preço do petróleo na década de 1970. Depois disso, eclodiu uma crise econômica na Iugoslávia devido a políticas económicas desastrosas, como o empréstimo de grandes quantidades de capital ocidental para financiar o crescimento através das exportações.<ref name="Baten2">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=gmOKCwAAQBAJ&pg=PA64|título=A History of the Global Economy|data=2016|editora=Cambridge University Press|editor-sobrenome=Baten|isbn=978-1-1071-0470-9}}</ref> Ao mesmo tempo, as economias ocidentais entraram em recessão, diminuindo a procura de importações iugoslavas, criando assim um grande problema de dívida.

Em 1989, 248 empresas foram declaradas falidas ou liquidadas e 89 400 trabalhadores foram despedidos, segundo fontes oficiais. Durante os primeiros nove meses de 1990 e imediatamente após a adopção do programa do FMI, outras 889 empresas com uma força de trabalho combinada de 525 000 trabalhadores sofreram o mesmo destino. Por outras palavras, em menos de dois anos, o "mecanismo de desencadeamento" (nos termos da Lei das Operações Financeiras) levou ao despedimento de mais de 600 000 trabalhadores, de uma força de trabalho industrial total da ordem de 2,7 milhões.<ref>{{Citar livro|título=From Conflict to Peace in a Changing World: Social Reconstruction in Times of Transition|ultimo=Eade|primeiro=Deborah|data=1998|editora=Oxfam|isbn=978-0-8559-8395-6}}</ref> Outros 20% da força de trabalho, ou meio milhão de pessoas, não receberam salários durante os primeiros meses de 1990, enquanto as empresas procuravam evitar a falência.<ref name="Chossudovsky">{{Citar periódico |url=https://www.jstor.org/stable/4403857 |título=Dismantling Former Yugoslavia: Recolonising Bosnia |data=1996 |periódico=Economic and Political Weekly |número=9 |ultimo=Chossudovsky |primeiro=Michel |paginas=521–525 |jstor=4403857 |volume=31}}</ref> As maiores concentrações de empresas falidas e de despedimentos registaram-se na Sérvia, Bósnia e Herzegovina, Macedônia e Kosovo. Os rendimentos reais estavam em queda livre e os programas sociais entraram em colapso; criando na população uma atmosfera de desespero e desesperança social.<ref name="Chossudovsky" /> Este foi um ponto de viragem crítico nos acontecimentos que se seguiram.

== Dissolução ==
{{Artigo principal|Dissolução da Iugoslávia}}
[[Ficheiro:Breakup_of_Yugoslavia-TRY2.gif|miniaturadaimagem|Um mapa animado no qual é mostrado a desintegração da segunda Iugoslávia; as diferentes cores representam as áreas de controle.
----{{legenda|#FE0000|[[República Federal Socialista da Iugoslávia]] (1943-1992)}}{{legenda|#C00000|[[República Federal da Iugoslávia]] (1992-2003)}}{{legenda|#d89d9d|[[República Croata da Herzeg-Bósnia]] (1992-1994)}}{{legenda|#474a80|[[Sérvia e Montenegro]] (2003-2006)}}{{legenda|#696cae|[[República Srpska]] (1992-)}}{{legenda|#9e9fcd|[[República Sérvia de Krajina]] (1991-1995)}}{{legenda|#d3d3d3|[[República da Bósnia e Herzegovina]] (1992-1998)}}{{legenda|#e1995b|[[República da Macedônia|Macedônia]] (1991-)}}{{legenda|#a1c893|[[Eslovênia]] (1991-)}}{{legenda|#de5c5c|[[Croácia]] (1991-)}}]]
Após a [[Morte e funeral de estado de Josip Broz Tito|morte de Tito, em 4 de maio de 1980]], as [[Intolerância|tensões étnicas]] cresceram na Iugoslávia. O legado da [[Constituição jugoslava de 1974|Constituição de 1974]] lançou o sistema de tomada de decisões num estado de paralisia, tanto mais desesperador quanto o conflito de interesses se tornou inconciliável. A maioria albanesa no Kosovo exigiu o estatuto de república nos [[protestos de 1981 no Kosovo]], enquanto as autoridades sérvias suprimiram este sentimento e procederam à redução da autonomia da província.<ref>John B. Allcock, et al. eds.</ref>

Em 1986, a Academia Sérvia de Ciências e Artes elaborou um memorando abordando algumas questões candentes relativas à posição dos sérvios como o povo mais numeroso da Jugoslávia. Sendo a maior república jugoslava em território e população, a influência da Sérvia sobre as regiões do Kosovo e da Voivodina foi reduzida pela Constituição de 1974. Como as suas duas províncias autónomas tinham prerrogativas de facto de repúblicas de pleno direito, a Sérvia descobriu que estava de mãos atadas, pois o governo republicano estava restringido na tomada e execução de decisões que se aplicariam às províncias. Como as províncias tinham direito a voto no Conselho da Presidência Federal (um conselho de oito membros composto por representantes das seis repúblicas e das duas províncias autónomas), por vezes até entravam em coligações com outras repúblicas, vencendo assim a Sérvia. A impotência política da Sérvia tornou possível que outros exercessem pressão sobre os 2 milhões de sérvios (20% da população sérvia total) que viviam fora da Sérvia.<ref name=":1">et al. Duncan, W. Raymond y Holman, G. Paul, ''Ethnic Nationalism and Regional Conflict: The Former Soviet Union and Yugoslavia'', [[Westview Press]] Inc, [[EUA]], 1994. ISBN 0-8133-8813-9</ref>

Após a morte de Tito, o líder comunista sérvio [[Slobodan Milošević]] começou a caminhar em direção ao auge da liderança sérvia.<ref name=":0">{{Citar livro|título=The World Transformed 1945 to the Present|ultimo=Hunt|primeiro=Michael|editora=Oxford University Press|ano=2014|localização=New York|páginas=522|isbn=978-0-19-937102-0}}</ref> Milošević procurou restaurar a soberania sérvia anterior a 1974. Outras repúblicas, especialmente a Eslovénia e a Croácia, denunciaram a sua proposta como um renascimento de [[Grande Sérvia|um maior hegemonismo sérvio]]. Através de uma série de movimentos conhecidos como "[[Revolução Antiburocrática|revolução antiburocrática]]", Milošević conseguiu reduzir a autonomia da [[Voivodina]] e do [[Kosovo]] e Metohija, mas ambas as entidades mantiveram o voto no Conselho da Presidência Jugoslava. O mesmo instrumento que antes reduzia a influência sérvia era agora utilizado para aumentá-la: no Conselho de oito membros, a Sérvia podia agora contar com quatro votos, no mínimo: a própria Sérvia, o então leal Montenegro, Voivodina e Kosovo.<ref name=":1" />

Como resultado destes acontecimentos, os mineiros [[Albaneses do Kosovo|de etnia albanesa]] no [[Kosovo]] organizaram a greve dos mineiros do Kosovo em 1989, que se transformou num conflito étnico entre os albaneses e os não albaneses na província. Cerca de 80% da [[Demografia do Kosovo|população do Kosovo na década de 1980]], os albaneses étnicos eram a maioria. Com Milošević a ganhar o controlo do Kosovo em 1989, a residência original mudou drasticamente, deixando apenas um número mínimo de sérvios na região.<ref name=":02">{{Citar livro|título=The World Transformed 1945 to the Present|ultimo=Hunt|primeiro=Michael|editora=Oxford University Press|ano=2014|localização=New York|páginas=522|isbn=978-0-19-937102-0}}</ref> O número de [[eslavos]] no Kosovo (principalmente sérvios) estava a diminuir rapidamente por várias razões, entre elas as crescentes tensões étnicas e a subsequente emigração da área. Em 1999, os eslavos representavam apenas 10% da população total do Kosovo.

Entretanto, a [[Eslovénia|Eslovênia]], sob a presidência de [[Milan Kučan]], e a [[Croácia]] apoiaram os mineiros albaneses e a sua luta pelo reconhecimento formal. Os ataques iniciais transformaram-se em manifestações generalizadas exigindo uma república Kosovar. Isto irritou a liderança da Sérvia, que passou a usar a força policial. Mais tarde, até o [[Exército Popular Iugoslavo|Exército Federal]] foi enviado por ordem da maioria controlada pela Sérvia no Conselho da Presidência Iugoslava.<ref name=":3">Magas, Branka, ''The Destruction of Yugoslavia: Tracking the Break-up 1980–1992'', Verso, Reino Unido, 1993. ISBN 0-86091-593-X</ref>

Em janeiro de 1990, foi convocado o 14º Congresso extraordinário da [[Liga dos Comunistas da Jugoslávia|Liga dos Comunistas da Iugoslávia]]. Durante a maior parte do tempo, as delegações eslovena e sérvia discutiram sobre o futuro da Liga dos Comunistas e da Iugoslávia. A delegação sérvia, liderada por Milošević, insistiu numa política de "uma pessoa, um voto", que empoderaria a pluralidade da população, os [[sérvios]]. Por sua vez, os eslovenos, apoiados pelos croatas, procuraram reformar a Jugoslávia devolvendo ainda mais poder às repúblicas, mas foram rejeitados. Como resultado, as delegações eslovena e croata deixaram o Congresso e o Partido Comunista Jugoslavo foi dissolvido.<ref name=":3" />

A crise constitucional que inevitavelmente se seguiu resultou num aumento do nacionalismo em todas as repúblicas: a Eslovénia e a Croácia expressaram exigências para laços mais flexíveis dentro da Federação. Após a queda do comunismo na Europa Oriental, cada uma das repúblicas realizou eleições multipartidárias em 1990. A Eslovénia e a Croácia realizaram eleições em Abril, uma vez que os seus partidos comunistas optaram por ceder o poder pacificamente. Outras repúblicas jugoslavas — especialmente a Sérvia — estavam mais ou menos insatisfeitas com a democratização em duas das repúblicas e propuseram sanções diferentes (por exemplo, "imposto aduaneiro" sérvio para produtos eslovenos) contra as duas, mas à medida que o ano avançava, os partidos comunistas de outras repúblicas viram a inevitabilidade do processo de democratização. Em Dezembro, como último membro da federação, a Sérvia realizou eleições parlamentares confirmando o domínio dos antigos comunistas na república.<ref name=":3" />

Questões não resolvidas permaneceram. Em particular, a Eslovénia e a Croácia elegeram governos orientados para uma maior autonomia das repúblicas (sob [[Milan Kučan]] e [[Franjo Tuđman]], respectivamente), uma vez que se tornou claro que as tentativas de dominação sérvia e os níveis cada vez mais diferentes de padrões democráticos estavam a tornar-se cada vez mais incompatíveis. A Sérvia e Montenegro elegeram candidatos que defendiam a unidade iugoslava.<ref name=":3" />

A busca croata pela independência levou a que grandes comunidades sérvias na Croácia se rebelassem e tentassem se separar da república croata. Os sérvios na Croácia não aceitariam o estatuto de minoria nacional numa Croácia soberana, uma vez que seriam rebaixados do estatuto de nação constituinte em toda a Iugoslávia.<ref name=":3" />

=== Guerras Iugoslavas ===
{{Artigo principal|Guerra Civil Iugoslava}}
[[Ficheiro:Zgrada_Generalštaba_2002.jpg|miniaturadaimagem|Edifício do Ministério da Defesa da Iugoslávia em Belgrado, destruído durante o [[Intervenção militar na Iugoslávia em 1999|bombardeio da OTAN em 1999]]]]
A guerra eclodiu quando os novos regimes tentaram substituir as forças civis e militares iugoslavas por forças separatistas. Quando, em Agosto de 1990, a Croácia tentou substituir pela força a polícia na Krajina croata, povoada pelos sérvios, a população primeiro procurou refúgio no quartel do Exército Jugoslavo, enquanto o exército permanecia passivo. Os civis então organizaram a resistência armada. Estes conflitos armados entre as forças armadas croatas ("polícia") e os civis marcam o início da guerra iugoslava que inflamou a região. Da mesma forma, a tentativa de substituir a polícia fronteiriça iugoslava pelas forças policiais eslovenas provocou conflitos armados regionais que terminaram com um número mínimo de vítimas.<ref name="Allcock, 1998">Allcock, et al. eds.</ref>

Uma tentativa semelhante na Bósnia e Herzegovina levou a uma guerra que durou mais de três anos (ver abaixo). Os resultados de todos estes conflitos foram a emigração quase total dos sérvios das três regiões, a deslocação maciça das populações na Bósnia e Herzegovina e o estabelecimento de três novos estados independentes. A separação da Macedônia foi pacífica, embora o Exército Iugoslavo ocupasse o pico da montanha Straža em solo macedônio.<ref>Baker, Catherine (2015). ''The Yugoslav Wars of the 1990s''. [S.l.]: Macmillan International Higher Education. [[International Standard Book Number|ISBN]] [[Especial:Fontes de livros/978-1-137-39899-4|978-1-137-39899-4]]</ref>

As revoltas sérvias na Croácia começaram em Agosto de 1990, bloqueando estradas que ligam a costa da Dalmácia ao interior, quase um ano antes de a liderança croata tomar qualquer medida no sentido da independência. Estas revoltas foram apoiadas mais ou menos discretamente pelo exército federal dominado pelos sérvios (JNA). Os sérvios na Croácia proclamaram "áreas autônomas sérvias", que mais tarde foram unidas na [[República Sérvia de Krajina|República da Sérvia Krajina]]. O exército federal tentou desarmar as forças de defesa territorial da Eslovénia (as repúblicas tinham as suas forças de defesa locais semelhantes à Guarda Nacional) em 1990, mas não teve sucesso total. Ainda assim, a Eslovénia começou a importar secretamente armas para reabastecer as suas forças armadas.<ref>Bjelajac, Mile; Žunec, Ozren (2009). «The War in Croatia, 1991–1995». In: Ingrao, Charles W.; Emmert, Thomas Allan. ''Confronting the Yugoslav Controversies: a Scholars' Initiative''. [S.l.]: [[Purdue University Press]]. [[International Standard Book Number|ISBN]] [[Especial:Fontes de livros/978-1-55753-617-4|978-1-55753-617-4]]. [[OCLC]] 867740664</ref>

A Croácia também iniciou a importação ilegal de armas (na sequência do desarmamento das forças armadas das repúblicas pelo exército federal), principalmente da Hungria. Estas atividades estiveram sob vigilância constante e produziram um [[Fitas Špegelj|vídeo de uma reunião secreta]] entre o ministro da Defesa croata, Martin Špegelj, e dois homens não identificados. O vídeo, filmado pela contraespionagem iugoslava ({{Lang|sr|KOS, Kontra-obavještajna služba}}), mostrou Špegel anunciando que estavam em guerra com o exército e dando instruções sobre o contrabando de armas, bem como métodos de lidar com os oficiais do Exército Iugoslavo estacionados em cidades croatas. A Sérvia e o JNA usaram esta descoberta do rearmamento croata para fins de propaganda. Armas também foram disparadas de bases militares na Croácia. Em outros lugares, as tensões estavam altas. No mesmo mês, os líderes do Exército reuniram-se com a Presidência da Jugoslávia na tentativa de levá-los a declarar o [[estado de emergência]] que permitiria ao exército assumir o controlo do país. O exército era visto como um braço do governo sérvio naquela época, então a consequência temida pelas outras repúblicas era a dominação total da união pelos sérvios. Os representantes da Sérvia, Montenegro, Kosovo e Voivodina votaram a favor da decisão, enquanto todas as outras repúblicas, Croácia, Eslovénia, Macedónia e Bósnia e Herzegovina, votaram contra. O empate atrasou uma escalada de conflitos, mas não por muito tempo.<ref name="Allcock, 19982">Allcock, et al. eds.</ref>

Após os primeiros resultados das eleições multipartidárias, no Outono de 1990, as repúblicas da Eslovénia e da Croácia propuseram transformar a Iugoslávia numa [[confederação]] frouxa de seis repúblicas. Com esta proposta, as repúblicas teriam direito à autodeterminação. No entanto, [[Slobodan Milošević|Milošević]] rejeitou todas essas propostas, argumentando que, tal como os eslovenos e os croatas, os sérvios (tendo em mente os sérvios croatas) também deveriam ter direito à autodeterminação.<ref>{{Citar livro|url=http://archive.org/details/collapseofyugosl00alas|título=The collapse of Yugoslavia : 1991-99|ultimo=Finlan|primeiro=Alastair|data=2004|editora=Oxford : Osprey Publ.|outros=Internet Archive}}</ref>

Em 9 de março de 1991, foram realizadas manifestações contra Slobodan Milošević em [[Belgrado]], mas a polícia e os militares foram mobilizados nas ruas para restaurar a ordem, matando duas pessoas. No final de Março de 1991, o [[Incidente nos Lagos Plitvice|incidente dos Lagos Plitvice]] foi uma das primeiras faíscas de guerra aberta na Croácia. O [[Exército Popular Iugoslavo]] (JNA), cujos oficiais superiores eram principalmente de etnia sérvia, mantiveram a impressão de serem neutros, mas com o passar do tempo, tornaram-se cada vez mais envolvidos na política estatal.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=pXygFoqg-G0C|título=Twilight of Impunity: The War Crimes Trial of Slobodan Milosevic|ultimo=Armatta|primeiro=Judith|data=2010-07-30|editora=Duke University Press|lingua=en}}</ref>

Em 25 de Junho de 1991, a Eslovénia e a Croácia tornaram-se as primeiras repúblicas a declarar independência da Jugoslávia. Os funcionários alfandegários federais da Eslovénia, nas fronteiras com a Itália, a Áustria e a Hungria, simplesmente mudaram de uniforme, uma vez que a maioria deles eram eslovenos locais. No dia seguinte (26 de junho), o Conselho Executivo Federal ordenou especificamente ao exército que assumisse o controle das "fronteiras reconhecidas internacionalmente", levando à [[Guerra dos Dez Dias]]. Enquanto a Eslovénia e a Croácia lutavam pela independência, as forças sérvias e croatas entregavam-se a uma rivalidade violenta e perigosa.<ref name=":03">{{Citar livro|título=The World Transformed 1945 to the Present|ultimo=Hunt|primeiro=Michael|editora=Oxford University Press|ano=2014|localização=New York|páginas=522|isbn=978-0-19-937102-0}}</ref>

As forças do [[Exército Popular Iugoslavo]], baseadas em quartéis na Eslovênia e na Croácia, tentaram realizar a tarefa nas 48 horas seguintes. No entanto, devido à desinformação dada aos recrutas do Exército Jugoslavo de que a Federação estava sob ataque de forças estrangeiras e ao facto de a maioria deles não quererem envolver-se numa guerra no terreno onde serviram o seu recrutamento, as forças de defesa territorial eslovenas retomou a maioria dos postos em poucos dias, com perda mínima de vidas em ambos os lados.

Havia, no entanto, evidências de uma suspeita de crime de guerra. A [[ORF|rede de TV austríaca ORF]] mostrou [[Guerra dos Dez Dias|imagens]] de três soldados do Exército Iugoslavo se rendendo à força de defesa territorial quando foram ouvidos tiros e as tropas foram vistas caindo. Ninguém morreu no incidente, mas houve numerosos casos de destruição de propriedades civis e de vidas civis pelo Exército Popular Iugoslavo, incluindo casas e uma igreja. Um aeroporto civil, juntamente com um hangar e aeronaves dentro do hangar, foram bombardeados; motoristas de caminhão na estrada de Liubliana para Zagreb e jornalistas austríacos no [[Aeroporto Jože Pučnik de Liubliana|aeroporto de Liubliana]] foram mortos.

Um cessar-fogo foi finalmente acordado. De acordo com o [[Acordo de Brioni]], reconhecido pelos representantes de todas as repúblicas, a comunidade internacional pressionou a Eslovénia e a Croácia para imporem uma [[moratória]] de três meses à sua independência.<ref name=":04">Ahrens, Geert-Hinrich (2007). ''Diplomacy on the Edge: Containment of Ethnic Conflict and the Minorities Working Group of the Conferences on Yugoslavia''. Washington, D.C.: Woodrow Wilson Center Press. ISBN 978-0-8018-8557-0</ref>

Durante estes três meses, o Exército Iugoslavo completou a sua retirada da Eslovénia, mas na Croácia, uma [[Guerra de Independência da Croácia|guerra]] sangrenta eclodiu no Outono de 1991. Os sérvios étnicos, que criaram a sua própria [[República Sérvia de Krajina|República Estatal da Krajina Sérvia]] em regiões fortemente povoadas por sérvios, resistiram às forças policiais da República da Croácia que tentavam trazer aquela região separatista de volta à jurisdição croata. Em alguns locais estratégicos, o Exército Iugoslavo atuou como zona tampão; na maioria dos outros, protegia ou ajudava os sérvios com recursos e até mão de obra no seu confronto com o novo exército croata e a sua força policial.

Em Setembro de 1991, a [[Macedónia do Norte|República da Macedônia]] também declarou independência, tornando-se a única ex-república a ganhar a soberania sem resistência das autoridades jugoslavas baseadas em Belgrado. 500 soldados norte-americanos foram então destacados sob a bandeira da ONU para monitorizar as fronteiras norte da Macedónia com a República da Sérvia. O primeiro presidente da Macedónia, [[Kiro Gligorov]], manteve boas relações com Belgrado e as outras repúblicas separatistas e até à data não houve problemas entre a polícia fronteiriça macedónia e sérvia, apesar de pequenas zonas do Kosovo e do vale de [[Preševo]] completarem a parte norte da região histórica conhecida. como a Macedônia (parte Prohor Pčinjski), que de outra forma criaria uma disputa de fronteira se algum dia o nacionalismo macedônio ressurgisse (ver [[Organização Revolucionária Interna da Macedônia]]). Isto apesar do facto de o Exército Iugoslavo se ter recusado a abandonar a sua infra-estrutura militar no topo da montanha Straža até ao ano 2000.

Como resultado do conflito, o [[Conselho de Segurança das Nações Unidas]] adoptou por unanimidade a [[Resolução 721 do Conselho de Segurança da ONU|Resolução 721 do Conselho de Segurança das Nações Unidas]] em 27 de Novembro de 1991, que abriu caminho ao estabelecimento de operações de [[manutenção da paz]] na Iugoslávia.<ref>{{Citar web|url=http://www.nato.int/ifor/un/u911127a.htm|titulo=Resolution 721|data=25 Set 1991|acessodata=21 de julho de 2006|website=N.A.T.O.|arquivourl=https://web.archive.org/web/20060629130641/http://www.nato.int/ifor/un/u911127a.htm|arquivodata=29 de junho de 2006|urlmorta=live}}</ref>

Na Bósnia e Herzegovina, em Novembro de 1991, os sérvios bósnios realizaram um referendo que resultou numa votação esmagadora a favor da formação de uma república sérvia dentro das fronteiras da Bósnia e Herzegovina e da permanência num estado comum com a Sérvia e Montenegro. Em 9 de janeiro de 1992, a autoproclamada assembleia sérvia da Bósnia proclamou uma "República do povo sérvio da Bósnia e Herzegovina" separada. O referendo e a criação de SARs foram proclamados [[Constitucionalidade|inconstitucionais]] pelo governo da Bósnia e Herzegovina e declarados ilegais e inválidos. Em Fevereiro-Março de 1992, o governo realizou um referendo nacional sobre a independência da Bósnia da Jugoslávia. Esse referendo foi, por sua vez, declarado contrário à Bósnia e Herzegovina e à Constituição Federal pelo Tribunal Constitucional federal de Belgrado e pelo recém-criado governo sérvio da Bósnia.

O referendo foi amplamente boicotado pelos sérvios da Bósnia. O tribunal federal de Belgrado não decidiu sobre a questão do referendo dos sérvios da Bósnia. A participação situou-se entre 64 e 67% e 98% dos eleitores votaram pela independência. Não ficou claro o que realmente significava o requisito da maioria de dois terços e se foi satisfeito. O governo da república declarou a sua independência em 5 de abril e os sérvios declararam imediatamente a independência da {{Lang|sr|Republika Srpska}}. A [[Guerra da Bósnia|guerra na Bósnia]] ocorreu logo depois.

=== Linha do tempo ===
Várias datas são consideradas o fim da República Socialista Federativa da Iugoslávia:

* 25 de junho de 1991, quando a [[Croácia]] e a [[Eslovénia|Eslovênia]] declararam independência<ref name="Meier">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=ef4OS4ZYZKUC&pg=PR14|título=Yugoslavia: A History of its Demise|ultimo=Meier|primeiro=Viktor|data=2005|editora=Routledge|isbn=978-1-1346-6510-5}}</ref>
* 8 de setembro de 1991: na sequência de um referendo, a [[Macedónia do Norte|República da Macedônia]] declarou a independência, que foi ratificada pela Assembleia da Macedónia em 17 de setembro<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=g4bbBAAAQBAJ&pg=PA98|título=Democratic Statehood in International Law: The Emergence of New States in Post-Cold War Practice|ultimo=Vidmar|primeiro=Jure|data=2013|editora=Bloomsbury Publishing|isbn=978-1-7822-5090-6}}</ref>
* 8 de outubro de 1991, quando a moratória de 9 de julho sobre a secessão eslovena e croata terminou e a Croácia reafirmou a sua independência no Parlamento croata (esse dia é oficialmente considerado a data da Independência)<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=YSX3DwAAQBAJ&pg=PA689|título=Good Administration and the Council of Europe: Law, Principles, and Effectiveness|data=2020|editora=Oxford University Press|editor-sobrenome=Stelkens|isbn=978-0-1988-6153-9|editor-sobrenome2=Andrijauskaitė}}</ref>
* 6 de abril de 1992: reconhecimento total da independência da [[República da Bósnia e Herzegovina|Bósnia e Herzegovina]] pela União Europeia, seguido pelos EUA<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=IDMhDgCJCe0C&pg=PA124|título=Confronting the Yugoslav Controversies: A Scholars' Initiative|ultimo=Calic|primeiro=Marie-Janine|data=2013|editora=Purdue University Press|editor-sobrenome=Ingrao|isbn=978-1-5575-3617-4|editor-sobrenome2=Emmert}}</ref>
* 28 de abril de 1992: é formada a [[Sérvia e Montenegro|República Federal da Iugoslávia]]
* 14 de dezembro de 1995: o [[Acordo de Dayton]] é assinado pelos líderes da RF da Iugoslávia, Bósnia e Herzegovina e Croácia

== Novos Estados ==

=== Sucessão, 1992–2003 ===
[[Ficheiro:Map_of_war_in_Yugoslavia,_1992.png|miniaturadaimagem|Iugoslávia no momento da sua dissolução, início de 1992]]
[[Ficheiro:Former_Yugoslavia_2008.PNG|miniaturadaimagem|A situação do território da ex-Iugoslávia, 2008]]
À medida que as [[Guerra Civil Iugoslava|Guerras Iugoslavas]] assolavam a Bósnia e a Croácia, as repúblicas da Sérvia e Montenegro, que permaneceram relativamente intocadas pela guerra, formaram um [[estado remanescente]] conhecido como [[Sérvia e Montenegro|República Federal da Iugoslávia]] (RFI) em 1992. A República Federal da Iugoslávia aspirava ser a única [[Sucessão de Estados|sucessora legal]] da [[República Socialista Federativa da Iugoslávia|República Federal Socialista da Iugoslávia]], mas essas reivindicações foram contestadas pelas outras ex-repúblicas. As Nações Unidas também [[Resolução 777 do Conselho de Segurança das Nações Unidas|negaram o seu pedido para continuar automaticamente como membro do antigo estado]].<ref name="mpil.de">{{Citar livro|url=https://web.archive.org/web/20100613083054/http://www.mpil.de/shared/data/pdf/pdfmpunyb/wood_1.pdf|título=Max Planck Yearbook of United Nations Law|páginas=241–243|capitulo=Participation of Former Yugoslav States in the United Nations|arquivourl=|arquivodata=13 de junho de 2010}}</ref> Em 2000, Milošević foi processado pelas atrocidades cometidas durante o seu governo de dez anos na Sérvia e nas Guerras Iugoslavas.<ref name=":05">{{Citar livro|título=The World Transformed 1945 to the Present|ultimo=Hunt|primeiro=Michael|editora=Oxford University Press|ano=2014|localização=New York|páginas=522|isbn=978-0-19-937102-0}}</ref> Eventualmente, após a [[Queda do regime de Slobodan Milošević|derrubada de Slobodan Milošević]] do poder como presidente da federação em 2000, o país abandonou essas aspirações, aceitou a opinião do [[Comitê de Arbitragem Badinter]] sobre a sucessão partilhada e voltou a candidatar-se e tornou-se membro da ONU em 2 de Novembro de 2000.<ref name="EBRD Country Promotion Programme2" /> De 1992 a 2000, alguns países, incluindo os Estados Unidos, referiram-se à RFI como ''Sérvia e Montenegro,''<ref name="Serbia and Montenegro">1999 [[The World Factbook|CIA World Factbook]]: [http://www.umsl.edu/services/govdocs/wofact99/265.htm Serbia and Montenegro] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20110917015632/http://www.umsl.edu/services/govdocs/wofact99/265.htm|date=17 September 2011}}</ref> por considerarem ilegítima a sua reivindicação à sucessão da Iugoslávia.<ref>{{Citar web|url=http://www.cia.gov:80/cia/publications/factbook/sr.html|titulo=CIA – The World Factbook 1999 – Serbia and Montenegro|data=16 Ago 2000|acessodata=26 Ago 2018|arquivourl=https://web.archive.org/web/20000816214535/http://www.cia.gov/cia/publications/factbook/sr.html|arquivodata=16 Ago 2000|urlmorta=dead}}</ref> Em abril de 2001, os cinco estados sucessores existentes na época redigiram um [[Acordo sobre Questões de Sucessão da Antiga República Federativa Socialista da Jugoslávia|Acordo sobre Questões de Sucessão da Antiga República Federativa Socialista da Iugoslávia]].<ref>{{Citar web|url=http://www.dipublico.com.ar/english/yugoslav-agreement-on-succession-issues-2001/|titulo=Yugoslav Agreement on Succession Issues (2001)|acessodata=14 de junho de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20120526192918/http://www.dipublico.com.ar/english/yugoslav-agreement-on-succession-issues-2001/|arquivodata=26 de Maio de 2012|urlmorta=dead}}</ref><ref name="Successor agreement">{{Citar periódico |título=Agreement on Succession Issues Between the Five Successor States of the Former State of Yugoslavia |periódico=International Legal Materials |número=1 |ultimo=Arthur |primeiro=Watts |ano=2002 |paginas=3–36 |doi=10.1017/s0020782900009141 |jstor=20694208 |volume=41}}</ref> Marcando uma transição importante na sua história, a República Federal da Iugoslávia foi oficialmente renomeada como [[Sérvia e Montenegro]] em 2003.

De acordo com o Acordo de Sucessão assinado em Viena em 29 de junho de 2001, todos os bens da ex-Iugoslávia foram divididos entre cinco estados sucessores:<ref name="Successor agreement2">{{Citar periódico |título=Agreement on Succession Issues Between the Five Successor States of the Former State of Yugoslavia |periódico=International Legal Materials |número=1 |ultimo=Arthur |primeiro=Watts |ano=2002 |paginas=3–36 |doi=10.1017/s0020782900009141 |jstor=20694208 |volume=41}}</ref>
{| class="sortable wikitable"
![[Lista de Estados soberanos|Nome]]
![[Capital]]
![[Bandeira nacional|Bandeira]]
![[Brasão]]
!Data da Declaração de independência
![[Estados-membros das Nações Unidas|Membro das Nações Unidas]]<ref>{{Citar web|url=https://www.un.org/en/member-states/|titulo=Member States|acessodata=29 de junho de 2017|publicado=United Nations|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170627130318/http://www.un.org/en/member-states/|arquivodata=27 de junho de 2017|urlmorta=live}}</ref>
|-
|[[Sérvia e Montenegro|República Federal da Iugoslávia]]<ref group="Nota">Mais tarde renomeado para [[Sérvia e Montenegro]] em 2003.</ref>
|[[Belgrado]]
|[[Ficheiro:Flag_of_Serbia_and_Montenegro.svg|borda|70x70px]]
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Serbia_and_Montenegro.svg|47x47px]]
|27 de abril de 1992<ref group="Nota">Data da proclamação da RF da Iugoslávia.</ref>
|1 de novembro de 2000<ref group="Nota">A adesão foi sucedida pela [[Sérvia]] em 3 de junho de 2006.</ref>
|-
|[[República da Bósnia e Herzegovina]]
|[[Sarajevo]]
| style="width:6em" |[[Ficheiro:Flag_of_Bosnia_and_Herzegovina_(1992–1998).svg|borda|70x70px]]
| style="width:4em" |[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Bosnia_and_Herzegovina_(1992–1998).svg|54x54px]]
|3 de março de 1992
|22 de maio de 1992
|-
|[[Croácia|República da Croácia]]
|[[Zagreb]]e
|[[Ficheiro:Flag_of_Croatia.svg|borda|70x70px]]
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Croatia.svg|53x53px]]
|25 de junho de 1991
|22 de maio de 1992
|-
|[[Macedónia do Norte|República da Macedônia]]<ref group="Nota">O nome foi alterado para República da Macedônia do Norte em 2019 como resultado do [[Acordo de Prespa]].</ref>
|[[Escópia]]
|[[Ficheiro:Flag_of_Macedonia_(1992–1995).svg|borda|70x70px]]
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Macedonia_(1946-2009).svg|47x47px]]
|8 de setembro de 1991
|8 de abril de 1993
|-
|[[Eslovénia|República da Eslovênia]]
|[[Liubliana]]
|[[Ficheiro:Flag_of_Slovenia.svg|borda|70x70px]]
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Slovenia.svg|51x51px]]
|25 de junho de 1991
|22 de maio de 1992
|}

=== Sucessão, 2006–presente ===
Em junho de 2006, [[Montenegro]] tornou-se uma nação independente após os resultados de um [[Plebiscito sobre a independência do Montenegro em 2006|referendo de maio de 2006]], tornando assim a Sérvia e Montenegro inexistentes. Após a independência do Montenegro, a Sérvia tornou-se a [[Sucessão de Estados|sucessora legal]] da Sérvia e do Montenegro, enquanto o Montenegro voltou a candidatar-se à adesão a organizações internacionais. Em Fevereiro de 2008, a [[Kosovo|República do Kosovo]] declarou independência da Sérvia, levando a uma disputa contínua sobre se o Kosovo é um estado legalmente reconhecido. A República do Kosovo não é membro das Nações Unidas, mas vários estados, incluindo os Estados Unidos e vários membros da [[União Europeia]], [[Reconhecimento internacional da independência do Kosovo|reconheceram a República do Kosovo como um estado soberano]].<ref name="declaration vote">{{citar web|url=http://www.chicagotribune.com/news/nationworld/chi-kosovo_spolar_18feb18,0,2283866.story|título=Kosovo rejoices in independence: Ethnic Albanians cheer; Serbia calls declaration illegal|data=18-02-2008|publicado=[[Chicago Tribune]]|língua=inglês}}</ref>
{| class="sortable wikitable"
![[Lista de Estados soberanos|Nome]]
![[Capital]]
![[Bandeira nacional|Bandeira]]
![[Brasão]]
!Data da Declaração de independência
|-
|[[Bósnia e Herzegovina]]
|[[Belgrado|Sarajevo]]
|{{Flagicon|Bosnia and Herzegovina|size=70px}}
|{{Coat of arms|Bosnia and Herzegovina|size=45px|text=none}}
|3 de março de 1992
|-
|[[Croácia|República da Croácia]]
|[[Zagreb]]
|[[Ficheiro:Flag_of_Croatia.svg|borda|70x70px]]
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Croatia.svg|60x60px]]
|25 de junho de 1991
|-
|[[Kosovo|República do Kosovo]]
|[[Pristina]]
| style="width:6em" |{{Flagicon|Kosovo|size=70px}}
| style="width:4em" |{{Coat of arms|Kosovo|size=45px|text=none}}
|17 de fevereiro de 2008
|-
|[[Montenegro|República de Montenegro]]
|[[Podgoritza]]
|{{Flagicon|Montenegro|size=70px}}
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Montenegro.svg|52x52px]]
|3 de junho de 2006
|-
|[[Macedónia do Norte|República da Macedônia do Norte]]
|[[Escópia]]
|{{Flagicon|North Macedonia|size=70px}}
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_North_Macedonia.svg|48x48px]]
|8 de setembro de 1991
|-
|[[Sérvia|República da Sérvia]]
|[[Belgrado]]
|{{Flagicon|Serbia|size=70px}}
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Serbia.svg|56x56px]]
|5 de junho de 2006
|-
|[[Eslovénia|República da Eslovênia]]
|[[Liubliana]]
|[[Ficheiro:Flag_of_Slovenia.svg|borda|70x70px]]
|[[Ficheiro:Coat_of_arms_of_Slovenia.svg|57x57px]]
|25 de junho de 1991
|}

=== Iugonostalgia ===
{{Artigo principal|Iugonostalgia}}A lembrança da época do estado articular e seus atributos positivos é chamada de ''[[Iugonostalgia]]''. Muitos aspectos da Iugonostalgia referem-se ao sistema socialista e à sensação de segurança social que ele proporcionava. Ainda existem pessoas da ex-Iugoslávia que se autoidentificam como [[iugoslavos]]; esse identificador é comumente visto em dados demográficos relacionados à etnia nos estados independentes de hoje.<ref name="lindstrom">[http://sites.google.com/site/nrlindstrom/ECEPageProofs.pdf?attredirects=0 Nicole Lindstrom, Review essay on: "Yugonostalgia: Restorative and Reflective Nostalgia in Former Yugoslavia."]</ref>

== Demografia ==
[[Ficheiro:Yugoslavia_ethnic_map.jpg|miniaturadaimagem|Mapa étnico da Iugoslávia baseado em dados do censo de 1991, publicado pela CIA em 1992]]
A Iugoslávia sempre foi o lar de uma população muito diversificada, não só em termos de filiação nacional, mas também de filiação religiosa. Das muitas religiões, o [[Islão|Islã]], o [[Catolicismo Romano]], o [[Judaísmo]] e o [[Protestantismo]], bem como várias religiões [[Cristianismo oriental|Ortodoxas Orientais]], compunham as religiões da Iugoslávia, compreendendo mais de 40 no total. A demografia religiosa da Iugoslávia mudou dramaticamente desde a Segunda Guerra Mundial. Um censo realizado em 1921 e mais tarde em 1948 mostra que 99% da população parecia estar profundamente envolvida com a sua religião e práticas. Com os programas governamentais de modernização e urbanização do pós-guerra, a percentagem de crentes religiosos sofreu uma queda dramática. As ligações entre a crença religiosa e a nacionalidade representavam uma séria ameaça às políticas do governo comunista do pós-guerra sobre a unidade nacional e a estrutura do Estado. Embora a Iugoslávia tenha se tornado um [[Ateísmo de Estado|estado ateu]] ''de facto'', em contraste com outros [[Estado socialista|estados socialistas]] da época, a Igreja Católica manteve um papel ativo na sociedade da Iugoslávia,<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=lZUBZlth2qgC&pg=PA513|título=The Encyclodedia of Christianity|editora=[[William B. Eerdmans Publishing Company]]|ano=2008|editor-sobrenome=Fahlbusch|volume=5|capitulo=[[Evangelisches Kirchenlexikon]]|isbn=9780802824172|acessodata=30 de julho de 2022|editor-sobrenome2=Milic Lochman|editor-nome2=Jan|editor-sobrenome3=Bromiley|editor-nome3=Geoffrey William|editor-sobrenome4=Mbiti|editor-nome4=John|editor-sobrenome5=Pelikan|editor-nome5=Jaroslav|editor-sobrenome6=Vischer|editor-nome6=Lukas}}</ref> a [[Santa Sé]] normalizou as suas [[Relações entre Iugoslávia e Santa Sé|relações com a Iugoslávia]] em 1967 e trabalhou em conjunto para parar a [[Guerra do Vietnã]].<ref name="Jutarnji">{{Citar web|ultimo=Klasić|primeiro=Hrvoje|autorlink=Hrvoje Klasić|url=https://www.jutarnji.hr/vijesti/svijet/detalji-neocekivane-suradnje-dviju-suprotstavljenih-strana-kako-su-tito-i-sveta-stolica-dosli-na-ideju-da-zajedno-pokusaju-zaustaviti-rat-u-vijetnamu-6920370|titulo=DETALJI NEOČEKIVANE SURADNJE DVIJU SUPROTSTAVLJENIH STRANA Kako su Tito i Sveta Stolica došli na ideju da zajedno pokušaju zaustaviti rat u Vijetnamu|data=11 de janeiro de 2018|acessodata=9 Fev 2021|publicado=[[Jutarnji list]]}}</ref> Da mesma forma, a [[Igreja Ortodoxa Sérvia]] recebeu tratamento favorável, e a Iugoslávia não se envolveu em campanhas antirreligiosas na extensão de outros países do [[Bloco de Leste|Bloco Oriental]].<ref name=":2">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=VxM04Jdr1NEC&dq=yugoslavia&pg=PA44|título=Expanding Religion: Religious Revival in Post-communist Central and Eastern Europe|ultimo=Tomka|primeiro=Miklós|data=2011|editora=Walter de Gruyter|páginas=44|língua=en|isbn=9783110228151}}</ref>

Após a ascensão do comunismo, uma pesquisa realizada em 1964 mostrou que pouco mais de 70% da população total da Iugoslávia se considerava crente religioso. Os locais de maior concentração religiosa foram o [[Kosovo]] com 91% e a [[Bósnia e Herzegovina]] com 83,8%. Os locais de menor concentração religiosa foram a [[Eslovénia|Eslovênia]] 65,4%, a [[Sérvia]] com 63,7% e a [[Croácia]] com 63,6%. A percentagem de ateus autodeclarados foi mais elevada entre os [[Iugoslavos]] por nacionalidade, com 45%, seguidos pelos [[Sérvios]], com 42%.<ref>{{Citar livro|título=[[Balkan Idols|Balkan Idols: Religion and Nationalism in Yugoslav States]]|ultimo=Perica|primeiro=Vjekoslav|editora=[[Oxford University Press]]|ano=2002|capitulo=8. Flames and Shrines: The Serbian Church and Serbian Nationalist Movement in the 1980s|doi=10.1093/0195148568.001.0001|isbn=0-19-517429-1|autorlink=Vjekoslav Perica}}</ref> As diferenças religiosas entre [[sérvios]] ortodoxos e [[Eslavos-macedônios|macedônios]], [[croatas]] e [[eslovenos]] católicos e [[Bosníacos|bósnios]] e [[albaneses]] muçulmanos, juntamente com a ascensão do nacionalismo, contribuíram para o colapso da Iugoslávia em 1991.

O [[Reino da Iugoslávia]] tinha políticas unitárias, suprimiu a autonomia e proclamou que a ideologia oficial era que sérvios, croatas, bósnios, montenegrinos, macedônios e eslovenos eram tribos de uma nação de [[iugoslavos]] (ver [[Iugoslavismo]]), para forte desacordo e resistência de croatas e outros grupos étnicos; isto foi interpretado como uma [[Servianização|sérvio]] gradual da população não sérvia da Iugoslávia. O [[Liga dos Comunistas da Jugoslávia|Partido Comunista]] da [[República Socialista Federativa da Iugoslávia]], no poder, opôs-se ideologicamente ao unitarismo étnico e à hegemonia real e, em vez disso, promoveu a diversidade étnica e o [[iugoslavismo]] social dentro da noção de "[[fraternidade e unidade]]", enquanto organizava o país como uma federação.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=ZMyZdvTympMC|título=Yugoslavism: Histories of a Failed Idea, 1918-1992|ultimo=Bougarel|primeiro=Xavier|editora=[[C. Hurst & Co.]]|ano=2003|editor-sobrenome=Djokić|editor-nome=Dejan|editor-link=Dejan Djokić (historian)|localização=London|páginas=100–114|capitulo=Bosnian Muslims and the Yugoslav Idea|isbn=1-85065-663-0}}</ref>

=== Línguas ===
As três principais línguas da Iugoslávia eram o [[Língua servo-croata|servo-croata]], o [[Língua eslovena|esloveno]] e o [[Língua macedônia|macedônio]].<ref name="magner1967">{{Citar periódico |url=https://archive.org/details/ERIC_ED024915/page/n3/mode/2up |título=Language and Nationalism in Yugoslavia. |data=1967 |periódico=Canadian Slavic Studies |número=3 |ultimo=Magner |primeiro=Thomas |paginas=333–347 |lingua=en |volume=1}}</ref> O servo-croata, a única língua ensinada em toda a ex-Iugoslávia, continuou a ser a [[segunda língua]] de muitos [[eslovenos]]<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=6YuBEAAAQBAJ&dq=%22Od%20Vardara%20pa%20do%20Triglava%22&pg=PA198|título=The Balkans in Focus: Cultural Boundaries in Europe|ultimo=Törnquist-Plewa|primeiro=Barbara|data=2002|editora=Nordic Academic Press|editor-sobrenome=Resic|editor-nome=Sanimir|localização=Lund, Sweden|isbn=9789187121708|oclc=802047788}}</ref> e [[Eslavos-macedônios|macedônios]], especialmente aqueles nascidos durante o tempo da Iugoslávia. Após a dissolução da Iugoslávia, o servo-croata perdeu a sua codificação unitária e o seu estatuto unitário oficial e desde então divergiu em quatro variedades padronizadas do que continua a ser uma [[língua pluricêntrica]]: [[Língua bósnia|bósnio]], [[Língua croata|croata]], [[Língua montenegrina|montenegrino]] e [[Língua sérvia|sérvio]].

== Ver também ==

* [[História dos Bálcãs|História dos Balcãs]]
* [[Reino da Iugoslávia]]
* [[República Socialista Federativa da Iugoslávia]]
* [[Frente Iugoslava]]
* [[Josip Broz Tito]]
* [[Morte e funeral de estado de Josip Broz Tito]]
* [[Guerra Civil Iugoslava]]
{{Referências|título=Notas|grupo=Nota}}{{Referências}}

=== Leitura adicional ===
{{refbegin|30em}}
* Allcock, John B. ''Explaining Yugoslavia'' (Columbia University Press, 2000)
* Allcock, John B. et al. eds. ''Conflict in the Former Yugoslavia: An Encyclopedia'' (1998)
* Bezdrob, Anne Marie du Preez. ''Sarajevo Roses: War Memoirs of a Peacekeeper''. Oshun, 2002. {{ISBN|1-77007-031-1}}
* {{citar livro|url=https://books.google.com/books?id=a0jA_LdH6nsC|título=Histoire du peuple serbe|data=2005|publicado=L’Age d’Homme|editor-sobrenome =Bataković|editor-nome =Dušan T.|editor-link=Dušan T. Bataković|isbn=9782825119587|títulotrad=History of the Serbian People|língua=fr|local=Lausanne}}
*Chan, Adrian. ''Free to Choose: A Teacher's Resource and Activity Guide to Revolution and Reform in Eastern Europe''. Stanford, CA: SPICE, 1991. ED 351 248
*Cigar, Norman. ''Genocide in Bosnia: The Policy of Ethnic-Cleansing''. College Station: Texas A&M University Press, 1995
*Cohen, Lenard J. ''Broken Bonds: The Disintegration of Yugoslavia''. Boulder, CO: Westview Press, 1993
*[https://web.archive.org/web/20060627040113/http://easyweb.easynet.co.uk/conversi/german.html Conversi, Daniele: ''German -Bashing and the Breakup of Yugoslavia'', The Donald W. Treadgold Papers in Russian, East European and Central Asian Studies, no. 16, March 1998 (University of Washington: HMJ School of International Studies)]
*[[Milovan Djilas|Djilas, Milovan]]. ''Land without Justice'', [with] introd. and notes by [[William Jovanovich]]. New York: Harcourt, Brace and Co., 1958.
*Dragnich, Alex N. ''Serbs and Croats. The Struggle in Yugoslavia''. New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1992
*Fisher, Sharon. ''Political Change in Post-Communist Slovakia and Croatia: From Nationalist to Europeanist''. New York: Palgrave Macmillan, 2006 {{ISBN|1-4039-7286-9}}
*[[Misha Glenny|Glenny, Mischa]]. ''The Balkans: Nationalism, War and the Great Powers, 1804–1999'' (London: Penguin Books Ltd, 2000)
*[[Misha Glenny|Glenny, Mischa]]. ''The fall of Yugoslavia: The Third Balkan War'', {{ISBN|0-14-026101-X}}
*Gutman, Roy. ''A Witness to Genocide. The 1993 Pulitzer Prize-winning Dispatches on the "Ethnic Cleansing" of Bosnia''. New York: Macmillan, 1993
* Hall, Richard C., ed. ''War in the Balkans: An Encyclopedic History from the Fall of the Ottoman Empire to the Breakup of Yugoslavia'' (2014) [https://www.amazon.com/dp/1610690303#reader_1610690303 excerpt]
*Hall, Brian. ''The Impossible Country: A Journey Through the Last Days of Yugoslavia'' (Penguin Books. New York, 1994)
*Hayden, Robert M.: Blueprints for a House Divided: The Constitutional Logic of the Yugoslav Conflicts. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2000
*Hoare, Marko A., ''A History of Bosnia: From the Middle Ages to the Present Day''. London: Saqi, 2007
* Hornyak, Arpad. ''Hungarian-Yugoslav Diplomatic Relations, 1918–1927'' (East European Monographs, distributed by Columbia University Press; 2013) 426 pages
*[[Barbara Jelavich|Jelavich, Barbara]]: ''History of the Balkans: Eighteenth and Nineteenth Centuries'', Volume 1. New York: American Council of Learned Societies, 1983 ED 236 093
*[[Barbara Jelavich|Jelavich, Barbara]]: ''History of the Balkans: Twentieth Century'', Volume 2. New York: American Council of Learned Societies, 1983. ED 236 094
*Kohlmann, Evan F.: ''Al-Qaida's Jihad in Europe: The Afghan-Bosnian Network'' Berg, New York 2004, {{ISBN|1-85973-802-8}}; {{ISBN|1-85973-807-9}}
*Malesevic, Sinisa: Ideology, Legitimacy and the New State: Yugoslavia, Serbia and Croatia. London: Routledge, 2002.
*Owen, David. ''Balkan Odyssey'' Harcourt (Harvest Book), 1997
* Pavlowitch, Stevan K. ''The improbable survivor: Yugoslavia and its problems, 1918–1988'' (1988). [https://archive.org/details/improbablesurviv0000pavl  online free to borrow]
* Pavlowitch, Stevan K. ''Tito—Yugoslavia's great dictator : a reassessment'' (1992) [https://archive.org/details/titoyugoslaviasg00pavl  online free to borrow]
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* {{citar livro|url=https://books.google.com/books?id=FTw3lEqi2-oC|título=The Three Yugoslavias: State-Building and Legitimation, 1918–2005|último =Ramet|primeiro =Sabrina P.|publicado=Indiana University Press|isbn=978-0-253-34656-8|ano=2006|local=Bloomington}}
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{{refend}}

== Ligações externas ==
{{wikiatlas|Yugoslavia}}

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* [https://web.archive.org/web/20121215042159/http://repository.library.georgetown.edu/handle/10822/552526 Vídeo sobre o conflito na ex-Iugoslávia] de [https://repository.library.georgetown.edu/handle/10822/552494/browse?type=title Dean Peter Krogh Foreign Affairs Digital Archives]
* [http://chnm.gmu.edu/1989/exhibits/collapse/essay O colapso da Iugoslávia comunista]

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