Leão Gabalas
Leão Gabalas | |
---|---|
Senhor de Rodes e Cíclades | |
Reinado | ca. 1203 (?) – ca. 1240 |
Sucessor(a) | João Gabalas |
Morte | século XIII |
Religião | Cristianismo |
Leão Gabalas (em grego: Λέων Γαβαλᾶς) foi um magnata bizantino e governante independente de um domínio centrado na ilha de Rodes e ilhas egeias vizinhas, que foi estabelecido no rescaldo da dissolução do Império Bizantino pela Quarta Cruzada em 1204. Reconheceu de alguma forma a suserania do Império de Niceia, mas permaneceu virtualmente independente até sua morte, em algum momento no começo dos anos 1240.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Gabalas pertenceu a uma antiga família aristocrática, datada pelo menos do começo do século X, quando Ana Gabala se casou com Estêvão Lecapeno, filho e co-governante do imperador Romano I Lecapeno (r. 920–944). A família foi de importância relativamente baixa a partir dai, mas produziu uma série de oficiais civis e eclesiásticos seniores nos séculos XI-XII.[1]
Nada se sabe dos primeiros anos de Leão, e ele é atestado seguramente pela primeira vez em 1232/1233. A origem do título de césar de Leão e os detalhes do estabelecimento de seu domínio sobre Rodes são igualmente incertos. Fontes contemporâneas deixam claro que Rodes tinha saído do controle bizantino e era mantida por um governante independente já pelo tempo da Quarta Cruzada (1203–1204). Isto governante é geralmente identificado com Leão, mas Nicéforo Blemides afirma que Leão manteve seu título por direito hereditário, o que pode indicar uma predecessor desconhecido que na verdade manteve controle da ilha. Tem sido imaginado que em algum momento Leão reconheceu a suserania do Império de Niceia, e que o título de césar pode ter sido concedido pelos governantes nicenos Teodoro I Láscaris (r. 1205–1222) ou João III Vatatzes (r. 1221–1254). Por outro lado, se ele (como um parente) manteve poder sobre Rodes desde antes de 1203, o título pode ter sido concedido pelos imperadores Ângelos.[2][3]
Seja qual for a natureza de suas relações com o Império de Niceia, fica claro a partir do registro de Jorge Acropolita que Gabalas continuou a atuar independentemente, provocando a ira de Vatatzes, que lançou uma expedição contra Rodes em 1232/1233. Foi liderada por seu grande doméstico Andrônico Paleólogo e supervisionada de perto pelo próprio imperador. A expedição foi também acompanhada por Blemides, que aportou em Rodes com as tropas nicenas. A ilha foi devastada, e Acropolita apresenta a expedição como bem sucedida, sem dar mais detalhes.[4] No entanto, é certo que Gabalas foi deixado no controle efetivo de Rodes, já que no ano seguinte (agosto de 1234), ele concluiu uma tratado de aliança com os venezianos. Apresentando a si mesmo como "césar" e "Senhor de Rodes e Cíclades", Gabalas reconheceu o doge de Veneza como seu senhor, concordando em assistência mútua contra um ataque de Vatatzes sobre seus domínios respectivos, e promessa de assistência em subjugar quaisquer rebeliões na colônia veneziana de Creta.[5] Em 1235/1236, contudo, Gabalas juntou-se ao ataque de Vatatzes contra Constantinopla, e ainda é registrado como tendo lutado contra a frota veneziana.[3][6]
É desconhecido quando Leão morreu. Ele estava certamente morto por 1248, quando seu irmão João Gabalas - que não é chamado como césar em lugar nenhum, mas apenas "mestre de Rodes" - controlou a ilha e teve que recorrer a ajuda de tropas nicenas contra um ataque genovês. Os genoveses capturaram a ilha, e a domínio da família Gabalas sobre Rodes terminou formalmente logo em seguida, provavelmente após a expulsão final dos genoveses em 1250, quando a ilha tornou-se uma província nicena.[2][3]
Cunhagem
[editar | editar código-fonte]Os irmãos Gabalas emitira suas próprias moedas de cobre, de valor ou denominação desconhecidos. Elas eram anicônicas, e continuam apenas inscrições, com as moedas de Leão carregando seus títulos: ΚΑΙCΑΡ Ο ΓΑΒΑΛΑC ("O césar Gabalas") no anverso, e Ο ΔΟVΛΟC ΤΟV ΒΑCΙΛΕ[ΩC] ("servente do imperador") no reverso.[7]
Referências
- ↑ Cheynet 1996, p. 150–151.
- ↑ a b Hendy 1999, p. 648–649.
- ↑ a b c Macrides 2007, p. 188.
- ↑ Macrides 2007, p. 185, 187–188.
- ↑ Setton 1976, p. 52 (Nota #37).
- ↑ Hendy 1999, p. 648.
- ↑ Hendy 1999, p. 649–650.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cheynet, Jean-Claude; Jean-François Vannier (1986). Études Prosopographiques (em francês). Paris: Publications de la Sorbonne. ISBN 978-2-85944-110-4
- Hendy, Michael F. (1999). Catalogue of the Byzantine Coins in the Dumbarton Oaks Collection and in the Whittemore Collection, Volume 4: Alexius I to Michael VIII, 1081–1261 – Part 1: Alexius I to Alexius V (1081–1204) (em inglês). Washington: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-233-1
- Macrides, Ruth (2007). George Akropolites: The History – Introduction, Translation and Commentary. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-921067-1
- Setton, Kenneth Meyer (1976). The Papacy and the Levant, 1204–1571: Volume I. The Thirteenth and Fourteenth Centuries. Filadélfia: The American Philosophical Society. ISBN 0-87169-114-0