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Língua harapeana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Harapeano

Vale do Indo, Moenjodaro

Falado(a) em: Vale do Rio Indo
Total de falantes: extinta 1400 a.C. (?)
Família: não-classificada
 Harapeano
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: xiv

A língua Harapeana, (também chamada língua Indus ou Moenjodaro) é uma língua desconhecida da Idade do Bronze (2º milênio a.C.) da Civilização do Vale do Indo(ou "CVI"). A língua não é atestada por qualquer fonte contemporânea legível, as hipóteses relativas à sua natureza são reduzidas à influência de palavras de origem externa, a um estrato, notadamente o “substratum” em Sânscrito védico e alguns termos registrados em escrita cuneiforme da Suméria (como Meluhha ), em conjunto com análises da não-decifrada escrita Indus. Há muitos possíveis empréstimos do idioma da Civilização do Vale do Indo. A palavra Sumeriana Meluhha pode ser derivado de um termo nativo daquela, também refletido no sânscrito mleccha, e Witzel (2000) sugere ainda que Sumeriano šimmar (um tipo de árvore) pode ser reconhecido na língua Rigvedica en ñimbala e malali (também nomes de árvores).[1]

A linguagem Harapean fora escrita no estilo logograma. A quantidade de sinais, 375 a 400, em comparação com os alfabetos estabelecidos, geralmente apenas 36, suporta o raciocínio de que não é um alfabeto. A escrita vai da direita para a esquerda, como perceptível por sinais sobrepostos, sendo encontrada em terracota, potes, braceleiras, selos, tabuletas de cobre, varas de marfim e ferramentas. Acredita-se que os adjetivos precediam os substantivos e os números eram denotados por traços curtos.[2]

Identificação

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Ficheiro:Indus Valley Civilisation Rangoli.jpg
Símbolo Harapeano de nó infinito / Rangoli e Inscrição possivelmente Proto-Dravidiana ou Proto-Sânscrito

Há uma série de hipóteses quanto à natureza dessa língua desconhecida:

  • Hipótese que a coloca como próxima das línguas dravidianas, talvez idêntica à própria língua proto-dravidiana. Proposto por Henry Heras na década de 1950,[3] a hipótese ganhou plausibilidade, sendo endossada por Kamil Zvelebil, Asko Parpola e Iravatham Mahadevan.[4][5]
  • Michael Witzel sugere como alternativa um idioma subjacente, prefixando que seja semelhante às línguas austro-asiáticas, notavelmente a língua khasi; ele a chama de "para-munda" (ou seja, um idioma relacionado ao subgrupo Munda ou outras austro-asiáticas, mas não estritamente descendente do último antecessor comum da família Munda contemporânea). Witzel argumenta que o Rigveda mostra sinais dessa hipotética influência no Harapeano no primeiro nível histórico, e Dravidiano apenas em níveis posteriores, sugerindo que falantes de Austro-asiáticas eram os habitantes originais do Punjabe e que os indo-arianos encontraram falantes de Dravidianas apenas em tempos posteriores.[6][7]
  • um "filo perdido", ou seja, uma linguagem sem continuações vivas (ou talvez um reflexo da última viva na moribunda língua Nihali). Neste caso, o único rastro deixado pela linguagem da civilização do Vale do Indo seria influência histórica do substrato, em particular o substrato no sânscrito védico.

Hipóteses que ganharam menos aceitação acadêmica:

  • uma língua indo-européia, próxima ou idêntica à proto-indo-iraniana: sugerida pelo arqueólogo Shikaripura Ranganatha Rao.[8]
  • uma língua semítica: Malati Shendge (1997) identificou a cultura Harapeana com o império "Asuras" e estes Asuras mais adiante com os antigos assírios.[9]

Muitas línguas

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A escrita Indus indicaria que fosse usada para escrever apenas um idioma. Mas é bem possível que várias línguas fossem faladas no CVI, semelhante à forma como a língua suméria e a acadiana coexistiram em Mesopotâmia por séculos. Jane R. McIntosh sugere uma dessas possibilidades: A língua Para-Munda foi originalmente a língua principal dessa civilização, especialmente na região do Punjabe. Mais tarde, os imigrantes proto-dravidianos introduziram sua língua na área em 5º milênio a.C. A língua dravidiana foi falada pelos novos colonos nas planícies do sul, enquanto o Para-Munda permaneceu a língua principal daqueles em Punjabe. (McIntosh -2008 - pgs. 355-356).

Notas

  1. An Indus loanword of "para-Munda" nature in Mesopotamian has been identified by Michael Witzel, A first link between the Rgvedic Panjab and Mesopotamia: śimbala/śalmali, and GIŠšimmar? In: Klaus Karttunen and Petteri Koskikallio (eds.) Vidyarnavavandanam. Essays in Honour of Asko Parpola. 2000 (Studia Orientalia, published by the Finnish Or. Soc. 94): 497-508. See also Witzel, «The language or languages of the Indus civilization». compling.ai.uiuc.edu. Consultado em 1 de janeiro de 2018. Arquivado do original em 20 de julho de 2011 , July 2007.
  2. Shereen Ratnagar, "The Mystery of Harappan Writing" from Understanding Harappa Civilization in the Greater Indus Valley (New Delhi: Tulika Publishers, 2001), pp. 60-62.
  3. Heras, Henry. Studies in Proto-Indo-Mediterranean Culture, Bombay: Indian Historical Research Institute, 1953.
  4. Rahman, Tariq. «Peoples and languages in pre-islamic Indus valley». Consultado em 20 de novembro de 2008. Cópia arquivada em 9 de maio de 2008. who was the first to suggest that the language of the Indus Civilization was Dravidian 
  5. Cole, Jennifer. «The Sindhi language» (PDF). Consultado em 20 de novembro de 2008. Arquivado do original (PDF) em 6 de janeiro de 2007. Harappan language, the ancient script is as yet undeciphered, but a prevailing theory suggests a Dravidian origin. 
  6. Witzel, Michael (17 de fevereiro de 2000). «The Languages of Harappa» (PDF). In: Kenoyer, J. Proceedings of the conference on the Indus civilization. Madison: [s.n.] Consultado em 18 de julho de 2007 
  7. Michael Witzel, Substrate Languages in Old Indo-Aryan. EJVS 5,1, Aug. 1999, 1-67 [1] cf. reprint in: International Journal of Dravidian Linguistics, IJDL 2001, 1 sqq.
  8. Indo-Iranian presence is likely only from the Late Harappan period (20th century BCE) at the earliest; see e.g. Parpola, Asko (1999). «The formation of the Aryan branch of Indo-European». In: Blench, Roger; Spriggs, Matthew. Archaeology and Language. III: Artefacts, languages and texts. London and New York: Routledge 
  9. Malati Shendge, The Language of the Harappans Abhinav Publications (1997), ISBN 978-81-7017-325-0.