Língua harapeana
Harapeano Vale do Indo, Moenjodaro | ||
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Falado(a) em: | Vale do Rio Indo | |
Total de falantes: | extinta 1400 a.C. (?) | |
Família: | não-classificada Harapeano | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | --
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ISO 639-2: | --- | |
ISO 639-3: | xiv
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A língua Harapeana, (também chamada língua Indus ou Moenjodaro) é uma língua desconhecida da Idade do Bronze (2º milênio a.C.) da Civilização do Vale do Indo(ou "CVI"). A língua não é atestada por qualquer fonte contemporânea legível, as hipóteses relativas à sua natureza são reduzidas à influência de palavras de origem externa, a um estrato, notadamente o “substratum” em Sânscrito védico e alguns termos registrados em escrita cuneiforme da Suméria (como Meluhha ), em conjunto com análises da não-decifrada escrita Indus. Há muitos possíveis empréstimos do idioma da Civilização do Vale do Indo. A palavra Sumeriana Meluhha pode ser derivado de um termo nativo daquela, também refletido no sânscrito mleccha, e Witzel (2000) sugere ainda que Sumeriano šimmar (um tipo de árvore) pode ser reconhecido na língua Rigvedica en ñimbala e malali (também nomes de árvores).[1]
A linguagem Harapean fora escrita no estilo logograma. A quantidade de sinais, 375 a 400, em comparação com os alfabetos estabelecidos, geralmente apenas 36, suporta o raciocínio de que não é um alfabeto. A escrita vai da direita para a esquerda, como perceptível por sinais sobrepostos, sendo encontrada em terracota, potes, braceleiras, selos, tabuletas de cobre, varas de marfim e ferramentas. Acredita-se que os adjetivos precediam os substantivos e os números eram denotados por traços curtos.[2]
Identificação
[editar | editar código-fonte]Há uma série de hipóteses quanto à natureza dessa língua desconhecida:
- Hipótese que a coloca como próxima das línguas dravidianas, talvez idêntica à própria língua proto-dravidiana. Proposto por Henry Heras na década de 1950,[3] a hipótese ganhou plausibilidade, sendo endossada por Kamil Zvelebil, Asko Parpola e Iravatham Mahadevan.[4][5]
- Michael Witzel sugere como alternativa um idioma subjacente, prefixando que seja semelhante às línguas austro-asiáticas, notavelmente a língua khasi; ele a chama de "para-munda" (ou seja, um idioma relacionado ao subgrupo Munda ou outras austro-asiáticas, mas não estritamente descendente do último antecessor comum da família Munda contemporânea). Witzel argumenta que o Rigveda mostra sinais dessa hipotética influência no Harapeano no primeiro nível histórico, e Dravidiano apenas em níveis posteriores, sugerindo que falantes de Austro-asiáticas eram os habitantes originais do Punjabe e que os indo-arianos encontraram falantes de Dravidianas apenas em tempos posteriores.[6][7]
- um "filo perdido", ou seja, uma linguagem sem continuações vivas (ou talvez um reflexo da última viva na moribunda língua Nihali). Neste caso, o único rastro deixado pela linguagem da civilização do Vale do Indo seria influência histórica do substrato, em particular o substrato no sânscrito védico.
Hipóteses que ganharam menos aceitação acadêmica:
- uma língua indo-européia, próxima ou idêntica à proto-indo-iraniana: sugerida pelo arqueólogo Shikaripura Ranganatha Rao.[8]
- uma língua semítica: Malati Shendge (1997) identificou a cultura Harapeana com o império "Asuras" e estes Asuras mais adiante com os antigos assírios.[9]
Muitas línguas
[editar | editar código-fonte]A escrita Indus indicaria que fosse usada para escrever apenas um idioma. Mas é bem possível que várias línguas fossem faladas no CVI, semelhante à forma como a língua suméria e a acadiana coexistiram em Mesopotâmia por séculos. Jane R. McIntosh sugere uma dessas possibilidades: A língua Para-Munda foi originalmente a língua principal dessa civilização, especialmente na região do Punjabe. Mais tarde, os imigrantes proto-dravidianos introduziram sua língua na área em 5º milênio a.C. A língua dravidiana foi falada pelos novos colonos nas planícies do sul, enquanto o Para-Munda permaneceu a língua principal daqueles em Punjabe. (McIntosh -2008 - pgs. 355-356).
Notas
- ↑ An Indus loanword of "para-Munda" nature in Mesopotamian has been identified by Michael Witzel, A first link between the Rgvedic Panjab and Mesopotamia: śimbala/śalmali, and GIŠšimmar? In: Klaus Karttunen and Petteri Koskikallio (eds.) Vidyarnavavandanam. Essays in Honour of Asko Parpola. 2000 (Studia Orientalia, published by the Finnish Or. Soc. 94): 497-508. See also Witzel, «The language or languages of the Indus civilization». compling.ai.uiuc.edu. Consultado em 1 de janeiro de 2018. Arquivado do original em 20 de julho de 2011, July 2007.
- ↑ Shereen Ratnagar, "The Mystery of Harappan Writing" from Understanding Harappa Civilization in the Greater Indus Valley (New Delhi: Tulika Publishers, 2001), pp. 60-62.
- ↑ Heras, Henry. Studies in Proto-Indo-Mediterranean Culture, Bombay: Indian Historical Research Institute, 1953.
- ↑ Rahman, Tariq. «Peoples and languages in pre-islamic Indus valley». Consultado em 20 de novembro de 2008. Cópia arquivada em 9 de maio de 2008.
who was the first to suggest that the language of the Indus Civilization was Dravidian
- ↑ Cole, Jennifer. «The Sindhi language» (PDF). Consultado em 20 de novembro de 2008. Arquivado do original (PDF) em 6 de janeiro de 2007.
Harappan language, the ancient script is as yet undeciphered, but a prevailing theory suggests a Dravidian origin.
- ↑ Witzel, Michael (17 de fevereiro de 2000). «The Languages of Harappa» (PDF). In: Kenoyer, J. Proceedings of the conference on the Indus civilization. Madison: [s.n.] Consultado em 18 de julho de 2007
- ↑ Michael Witzel, Substrate Languages in Old Indo-Aryan. EJVS 5,1, Aug. 1999, 1-67 [1] cf. reprint in: International Journal of Dravidian Linguistics, IJDL 2001, 1 sqq.
- ↑ Indo-Iranian presence is likely only from the Late Harappan period (20th century BCE) at the earliest; see e.g. Parpola, Asko (1999). «The formation of the Aryan branch of Indo-European». In: Blench, Roger; Spriggs, Matthew. Archaeology and Language. III: Artefacts, languages and texts. London and New York: Routledge
- ↑ Malati Shendge, The Language of the Harappans Abhinav Publications (1997), ISBN 978-81-7017-325-0.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Austin Patrick Olivelle. Between the Empires : Society in India 300 BC to AD 400. [S.l.]: Oxford University Press
- McIntosh, Jane R. (2008). The Ancient Indus Valley : New Perspectives. Santa Barbara, California: ABC-CLIO. ISBN 9781576079072