Mostrar código-fonte de Língua sango

{{Info/Língua
 |nome        = Língua Sango
 |nomenativo  = Yângâ tî Sängö
 |pronúncia   = {{IPA|[jáŋɡá tʃí sāŋɡō]|IPA}}
 |outrosnomes = Sango, Sangho
 |corfamília  = Língua crioula
 |estados     = {{flag|República Centro-Africana}}, <br>{{flag|República Democrática do Congo}}, <br>{{flag|República do Congo}}, <br>{{flag|Camarões}} e <br>{{flag|Chade}}.
 |região      = [[África central]]
 |falantes    = [[Língua materna|Língua nativa (L1)]]: cerca de 500 mil<br>[[Segunda língua|Segunda língua (L2)]]: cerca de 5 milhões<ref name="ethnologue">{{citar web|título=Central African Republic – Language |url=https://www.ethnologue.com/country/cf/languages |website=Ethnologue |língua=en |acessodata=2020-05-25}}</ref>
 |família     = [[Línguas crioulas|Língua crioula]] de base [[Língua ngbandi|ngbandi]]
 |escrita     = [[Alfabeto latino]]
 |wiki        = {{url|sg.wikipedia.org|em Sango}}
 |oficial     = {{flag|República Centro-Africana}} <ref name="constituição">{{citar livro|url=https://faolex.fao.org/docs/pdf/Caf183136.pdf|título=Central African Republic's Constitution of 2016|data-publicacao=30 de julho de 2018|página=9|total-páginas=46|lingua=en|formato=PDF|citacao=Its national language is Sango. [...] Its official languages are Sango and French.|anooriginal=2016}}</ref>
 |iso1        = sg
 |iso2        = sag
 |iso3        = sag
<!-- |glotto      = sang1328 -->
}}
'''Sango''' (ou '''sangho''') é uma língua falada principalmente na [[República Centro-Africana]], e – em menor medida – nas regiões fronteiriças dos países vizinhos, onde é usada como [[língua franca]].
É a língua nacional,<ref name="constituição"/> desde 1963, uma das duas línguas oficiais, conjuntamente com o [[Língua francesa|francês]]<ref name="constituição"/> desde 1991, e a língua mais utilizada<ref name="Britannica">{{Citar web|url = https://www.britannica.com/topic/Sango-language |título = Língua sango |obra = Encyclopædia Britannica Online |língua = en |acessodata = 2 de dezembro de 2019}}</ref> da [[República Centro-Africana]].

Segundo o censo de 1988, a língua era usada nativamente por cerca de 450 000 pessoas, e estimativas atuais indicam que cerca de 92% da população da [[República Centro-Africana]] (aproximadamente 5 milhões) é capaz de se comunicar em sango, e que a população de falantes nativos cresce acentuadamente, apesar de não haverem números confiáveis quanto a isso.<ref name="ethnologue"/>

A classificação [[linguística]] do sango é objeto de disputa, onde alguns linguistas afirmam que o sango é uma língua crioula de origem ngbandi,<ref name="Samarin63">{{citar livro | url = https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/67151/1/Grammar%20of%20Sango.pdf | título = A Grammar of Sango | ultimo = Samarin | primeiro = William J. | editora = Hartford Seminary Foundation | ano = 1963 | local = Hartford | ref = harv | lingua = en}}</ref><ref name="Taber-Samarin65">{{citar livro | url = https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/68788/1/A_Dictionary%20of%20Sango.pdf | título = A Dictionary of Sango | ultimo = Taber, Samarin | primeiro = Charles R., William J. | editora = Hartford Seminary Foundation | ano = 1965 | local = Hartford | ref = harv | lingua = en}}</ref> e outros argumentam que as mudanças estruturais do sango podem ser justificadas sem um processo de creolização.<ref name="glottolog">{{citar web|url=https://glottolog.org/resource/languoid/id/sang1328|titulo=Spoken L1 Language: Sango|acessodata=14 de março de 2024|website=Glottolog|lingua=en|urlmorta=não}}</ref><ref name="DK86">{{citar livro | url = https://www.persee.fr/doc/polaf_0244-7827_1986_num_23_1_3833 | título = Le sango dans la formation de la nation centrafricaine |último = Diki-Kidiri |primeiro = Marcel | ano = 1986 | ref = harv |lingua=fr}}</ref><ref name="Henry97">{{citar livro|último = Henry |primeiro = Charles Morrill |ano= 1997 |título= Language, Culture and Sociology in the Central African Republic, The Emergence and Development of Sango | ref = harv | lingua = en}}</ref>

De acordo com a hipótese da creolização, sango é ímpar no que tange sua base nativa (africana), ao invés de colonial (européia) - como é a norma -, onde o sango possui muitos [[Empréstimo (linguística)|empréstimos linguísticos]] do [[Língua francesa|francês]], porém sua estrutura geral e características principais derivam quase completamente do [[Língua ngbandi|ngbandi]].<ref name = "Samarin63"/> O [[pidgin]] do qual se origina foi usado como [[língua franca]] para comércio ao longo do [[Rio Ubangui|rio Ubangi]], se expandindo como linguagem de comunicação interétnica antes da colonização francesa na década de 1880.<ref name = "Samarin70">{{citar livro | url = https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/67163/1/Sango%3A%20Langue%20de%20l%27Afrique%20centrale.pdf | título = Sango: Langue de l'Afrique centrale | ultimo = Samarin | primeiro = William J. | ano = 1970 | local = Toronto | editor-sobrenome = Brill | editor-nome = E. J. | editora = Université de Toronto | ref = harv | lingua = fr}}</ref> De um ponto de visto meramente estatístico, as palavras derivadas do francês são em maior quantidade, contudo, são raramente usadas, e, paralelamente, as palavras que provêm do Ngbandi são usadas mais frequentemente, com cerca de 490 palavras nativas do sango contando para cerca de 90% da fala coloquial.<ref name="Taber64">{{citar livro|título=French loan words in Sango : a statistical analysis of incidence|ultimo=Taber|primeiro=Charles Russel|editora=Hartford Seminary Foundation|ano=1964|local=Hartford|lccn=78315181| ref = harv | lingua = en}}</ref>

O sango é uma língua que apresenta [[Tom (linguística)|tonalização]], e ordenação frasa sujeito-verbo-objeto (SVO, assim como o [[Língua portuguesa|português]]).<ref name = "Samarin63"/> Apesar de apresentar tonicidade, sua presença não possui função semântica no nível das palavras, inclusive apresentando tonicidade caótica nas palavras, e apenas apresenta função para demarcar características frasais como ênfase, negação e interrogação.{{Sfn|Samarin|1963|p=28}} Sua ortografia foi oficialmente estabelecida somente em 1984, e, até então, a maior parte do uso de linguagem escrita na República Centro-Africana era estabelecido em [[Língua francesa|francês]]. Consequentemente, possui material escrito limitado, e focado especialmente em literatura religiosa, sendo, inclusive, o seu primeiro registro impresso um folheto catequista de 1930, atribuído a [[Barthélémy Boganda]].{{Sfn|Diki-Kidiri|1986|p=90}}

Diferentemente de outras línguas crioulas, que já passaram por processos de [[descrioulização]] numa tentativa de forçar uma [[língua oficial]], o sango foi a língua eleita para ser elevada a língua oficial, após um período colonial muito breve. Dessa forma, a maior parte dos centro-africanos usam o sango no seu dia-a-dia, e uma proporção crescente a tem como [[língua materna]], e por isso a língua se encontra em situação estável e sem probabilidade de extinção.<ref name = "Samarin70"/>

== Etimologia ==
''Yângâ tî Sängö'' significa literalmente, em [[Língua portuguesa|português]], "Língua do povo Sango", subgrupo étnico dos ''Ubangi'' (por sua vez, subgrupo étnico dos ''Ngbandi''), assim como os ''Yacomas'' e os ''Dendis'', que, em sua expansão comercial no período pré-colonial francês, difundiu a base do que mais tarde se tornaria uma [[língua franca]] entre os povos ''Ubangi''.<ref name="Samarin15">{{citar livro | título = Une histoire brève de l’origine de la langue sango en Afrique centrale | subtítulo = Une oeuvre inédite | url = https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/70639/1/Origine%20Sango_Samarin_2015.pdf | ultimo = Samarin | primeiro = William J. | editora = Université de Toronto, département d’anthropologie | ano = 2015 | local = Toronto}}</ref>

A palavra ''Yângâ'' [jáŋɡá], é um substantivo de origem Ngbandi idêntica e pode significar "boca", "abertura", "beirada", "contorno", "porta" ou "linguagem", a depender do contexto em que se insere,{{Sfn|Taber, Samarin|1965|p=201}} que, no caso, indica seu uso como "linguagem". Por sua vez, a partícula ''tî'' é um [[conectivo]] subordinativo que expressa relações [[Caso genitivo|genitivas]] gerais.{{Sfn|Taber, Samarin|1965|p=182}}

== História ==
[[Imagem:Sango tribe.png|thumb|Sango tribe members, 1906]]

Originária inicialmente da língua usada pela tribo Sango, parte da família linguística Nbandi, o sango foi originalmente usado como uma língua franca para as diferentes tribos com suas línguas distintas que viviam no entorno do [[Rio Ubangi]] no período anterior da colonização da região pela [[França]].<ref name="karan12.1">{{Harvcoltxt|Karan|2006|loc=12.1 Sango: language of wider communication and of the churches}}</ref><ref>{{citar livro | título = Une histoire brève de l’origine de la langue sango en Afrique centrale | subtítulo = Une oeuvre inédite | url = https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/70639/1/Origine%20Sango_Samarin_2015.pdf | ultimo = Samarin | primeiro = William J. | editora = Université de Toronto, département d’anthropologie | ano = 2015 | local = Toronto}}</ref> A língua aumentou o seu uso a partir do momento em que o exército francês começou a recrutar os centro-africanos, como forma de comunicação interétnica. Ao longo do século XX, missionários promoverram o sango devido ao seu já amplo uso.<ref name="karan12.1" />

O rápido crescimento da capital [[Bangui]] nos anos 1960s teve implicações significativas no desenvolvimento do sango, com o surgimento, pela primeira vez, de uma população de falantes cuja língua-mãe era o sango. Enquanto imigrantes rurais para a cidade falavam diversas línguas e usavam o sango apenas como língua franca, e a próxima geração já o usava como principal (e ocasionalmente, única) língua. Tal fenômeno levou a uma rápida expansão do léxico - tanto formal, quanto informal - dentro do sango. Adicionalmentr, sua nova posição como língua corrente na capital elevou progressivamente o sango a prestígios cada vez maiores e um uso crescente para meios em que anteriormente o uso do francês era a norma.<ref name="karan12.1" />

== Fonologia ==
=== Vogais ===
Sango possui sete vogais orais e cinco nasais.<ref name="KaranFono" /> O sango aceita uma grande variação alofônica que depende fortemente da etnia e língua mãe do falante, principalmente expressa pela incidência e frequência de nasalização na fala.<ref name="KaranFono" />

{| class="wikitable"
|+ Vogais do sango<ref name="KaranFono">{{Harvcoltxt|Karan|2006|loc=12.5 The phonology of Sango}}</ref>
! rowspan="2" | &nbsp;
! colspan="2" | [[Vogal nasal|Oral]]
! colspan="2" | [[Vogal nasal|Nasal]]
|-
! [[Vogal anterior|Anterior]]
! [[Vogal posterior|Posterior]]
! Anterior
! Posterior
|-
! [[Vogal fechada|Fechada]]
| align="center" | {{IPA link|i}}
| align="center" | {{IPA link|u}}
| align="center" | {{IPA link|ĩ}}
| align="center" | {{IPA link|ũ}}
|-
! [[Vogal semifechada|Semifechada]]
| align="center" | {{IPA link|e}}
| align="center" | {{IPA link|o}}
| &nbsp;
| &nbsp;
|-
! [[Vogal semiaberta|Semiaberta]]
| align="center" | {{IPA link|ɛ}}
| align="center" | {{IPA link|ɔ}}
| align="center" | {{IPA link|ɛ̃}}
| align="center" | {{IPA link|ɔ̃}}
|-
! [[Vogal aberta|Aberta]]
| colspan="2" align="center" | {{IPA link|a}}
| colspan="2" align="center" | {{IPA link|ã}}
|}

<!--==== Variações das vogais ====
-->

=== Consoantes ===
{| class="wikitable" style="text-align:center;"
|+ Consoantes do sango<ref name="walker">{{Harvcoltxt|Walker|Samarin|1997}}</ref><ref name="KaranFono" />
! colspan="2" |
! [[Consoante labial|Labial]]
! [[Consoante dental|Dental]]
! [[Consoante alveolar|Alveolar]]
! [[Consoante palatal|Palatal]]
! [[Consoante velar|Velar]]
! [[Consoante complexa|Labiovelar]]
! [[Consoante glotal|Glotal]]
|-
! rowspan="3" | [[Oclusiva]]
! {{small|[[Consoante surda|Surda]]}}
| {{IPA|{{IPA link|p}}}}
| {{IPA|{{IPA link|t̪}}}}
|
|
| {{IPA|{{IPA link|k}}}}
| {{IPA|{{IPA link|k͡p}}}}
|
|-
! {{small|[[Consoante sonora|Sonora]]}}
| {{IPA|{{IPA link|b}}}}
| {{IPA|{{IPA link|d̪}}}}
|
|
| {{IPA|{{IPA link|ɡ}}}}
| {{IPA|{{IPA link|ɡ͡b}}}}
|
|-
! {{small|[[Consoante complexa|Pré-nasal]]}}
| {{IPA|[[Consoante oclusiva bilabial sonora prenasalizada|ᵐb]]}}
| {{IPA|[[Consoante oclusiva dental sonora prenasalizada|ⁿd]]}}
|
|
| {{IPA|[[Consoante oclusiva velar sonora prenasalizada|ᵑɡ]]}}
| {{IPA|[[Consoante oclusiva labiovelar sonora prenasalizada|ᵑ͡ᵐɡ͡b]]}}
|
|-
! [[Consoante nasal|Nasal]]
! {{small|[[Consoante sonora|Sonora]]}}
| {{IPA|{{IPA link|m}}}}
| {{IPA|{{IPA link|n}}}}
|
|
|
|
|
|-
! rowspan="3" | [[Fricativa]]
! {{small|[[Consoante surda|Surda]]}}
| {{IPA|{{IPA link|f}}}}
|
| {{IPA|{{IPA link|s}}}}
|
|
|
| {{IPA|{{IPA link|h}}}}
|-
! {{small|[[Consoante sonora|Sonora]]}}
| {{IPA|{{IPA link|v}}}}
|
| {{IPA|{{IPA link|z}}}}
|
|
|
|
|-
! {{small|[[Consoante complexa|Pré-nasal]]}}
| {{IPA|[[Consoante fricativa labiodental sonora prenasalizada|ᶬv]]}}
|
| {{IPA|[[Consoante fricativa alveolar sonora prenasalizada|ⁿz]]}}
|
|
|
|
|-
! rowspan="2" | [[Consoante aproximante|Aproximante]]
! {{small|[[Consoante sonora|Sonora]]}}
|
|
| {{IPA|{{IPA link|l}}}}
| {{IPA|{{IPA link|j}}}}
|
| {{IPA|{{IPA link|w}}}}
|
|-
! {{small|[[Consoante complexa|Pré-nasal]]}}
|
|
|
| {{IPA|[[Consoante aproximante palatar sonora prenasalizada|ⁿj]]}}
|
|
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|-
! [[Consoante vibrante|Vibrante]]
! {{small|[[Consoante vibrante simples|Tap]]}}
|
|
| {{IPA|{{IPA link|r}}}}
|
|
|
|
|}

Fricativos palatais (como /{{IPA link|ɕ}}/ e /{{IPA link|ʑ}}/) ocorrem ocasionalmente em empréstimos linguísticos e em alguns dialetos específicos.<ref name="KaranFono" /> [ᶬv] é um [[fonema]] consideravelmente raro na linguagem falada.<ref name="KaranFono" />

==== Variações das consoantes ====

Alguns dialetos possuem alternâncias entre {{IPA|[ᶬv]}} e {{IPA|[m]}}, {{IPA|[ᵐb]}} e {{IPA|[ᵑ͡ᵐg͡b]}}, {{IPA|[ᵐb]}} e {{IPA|[b]}}, {{IPA|[l]}} e {{IPA|[r]}} (quando no meio das palavras) e {{IPA|[h]}} e {{IPA|[{{IPA link|ʔ}}]}} (quando no começo das palavras).<ref name="KaranFono" />

As plosivas não vozeadas {{IPA|[p t k k͡p]}} são produzidas com graus variados de aspiração, que varia desde mínima até bastante drástica, a depender do falante e de seu contexto etnolinguístico. Nota-se especificamente que, assim como no português, na fala de pessoas da etnia Banda, que possuem como segunda língua sango, {{IPA|[tʃ]}} substutui {{IPA|[t]}} quando sucedido de {{IPA|[i]}}.{{Sfn|Samarin|1963|p=1}} Além disso, falantes de sango das etnias Ngambay e Fulani languages frequentemente substituem {{IPA|[p b]}} por {{IPA|[kp gb]}}.{{Sfn|Samarin|1963|p=1}}

Os fricativos {{IPA|[f s h v z nz]}} possuem um amplo alcance de realização fonética. Falantes Ngbambay, por exemplo, costumam trocar {{IPA|[f v]}} por {{IPA|[p b]}}, e o oposto também se aplica. Outros falante, como os Isungu (também conhecidos como Mbati) usam {{IPA|[{{IPA link|ɸ}}]}} para realizar o que seria {{IPA|[f]}}. Finalmente, o fonema representado por {{angle bracket|h}} é ocasionalmente realizado como {{IPA|[{{IPA link|ʔ}}]}} por diversas etnias diferentes. {{Sfn|Samarin|1963|p=2}}
<!--The phoneme 1 is not characterized by more than one discernible phonetic
form: it is apico-alveolar without distinctive coarticulated tongue or
lip modifications. On the other hand, r has several phonetic forms. These
depend to a great extent on the linguistic background of the speaker of Sango.
There is a voiced lateral flap (which is produced by drawing back the tip of
the tongue to middle of the roof of the mouth and then striking the roof as
the tip goes forward) which is common among the Gbanu people. Others, like
the Banda, use an apieo-dental single flap (not too different from the flap
in the American pronunciation of 'Betty'). An apico-dental trill (i.e.
multiple flap) occurs in a few words under special stylistic conditions
(e.g. emphasis). A uvular flap like the French one is not native to Sango
but it is used by French-speaking bilinguals in words of known French origin
and also occasionally in Sango words in very affected speech. Naturally,
those people whose language does not have a contrast between a lateral continuant [1] and some kind of flap, using only the former, will not likely
make a distinction until they have learned it well. -->

=== Fonotática ===
No sango, a estrutura [[Sílaba|silábica]] costuma tomar a forma CV, porém, apesar de sua raridade, duas vogais consecutivas (esquivalentes à estrutura CVV) também podem ocorrer.<ref name="KaranFono" /> Não se deve confundir um [[ditongo]] com uma sílaba contendo uma vogal de contorno, dado que ambos são representados por {{angle bracket|CVV}}, onde a repetição da mesma vogal com tons distintos por parte do último permite a distinção fácil dos dois.<ref name="KaranOrtoPos" />

Consoantes em sango pode ser tanto [[Palatalização|palatalizadas]] ou [[Labialização|labializadas]], e são ortograficamente representados por C{{angle bracket|i}} e C{{angle bracket|u}}, respectivamente.<ref name="KaranFono" />

Palavras são costumeiramente mono ou dissilábicas, e, menos comumente, trissilábicas.<ref name="KaranFono" /> Palavras tetrassílabas são derivadas através de [[reduplicação]] ou [[composição (linguística)|composição]], e podem ser tanto escritas como uma só palavra ou separadas novamente ("''kêtêkêtê"'' ou "''kêtê kêtê",'' muito pouco, e "''walikundû"'' ou "''wa likundû",'' feiticeiro).<ref name="KaranFono" />

=== Tons ===
Sango é uma [[língua tonal]] com três tons básicos (certos falantes com línguas maternas dotadas de mais tons ocasionalmente os usam na fala em sango, sem perdas de compreensão): baixo, médio e alto;<ref name="KaranFono" /> onde tons baixos não são indicados, tons médios são indicados por uma [[trema]] {{angle bracket|◌̈}}, e tons altos são indicados por um [[acento circunflexo]] {{angle bracket|◌̂}}.<ref name="Samarin63" />

O tom médio é um fonema marginal no sango, sendo que em apenas cinco palavras ele representa um contraste determinante com os outros dois tons, que é essencial para o entendimento da palavra. Isso porque, de forma semelhante ao que ocorre com vogais, dependendo do falante, o tom médio pode se expressar como tom alto ou baixo - efetivamente anulando qualquer efeito semântico que ele poderia trazer, no caso geral -, o tom baixo pode se expressar apenas como o médio, e o tom alto, apenas como o médio. Dessas palavras, quatro são os substantivos ''kôlï'' (homem), ''wâlë'' (mulher), ''ngâgö'' (espinafre) e ''îtä'' (irmão), e uma é a partícula de sentença ''ï''.{{Sfn|Samarin|1963|p=13}}

Em algumas poucas palavras, notam-se de tons de contorno, porém eles se limitam quase em sua totalidade a empréstimos linguísticos do francês. Esses tons de contorno são ortograficamente indicados por vogais duplas com tons distintos para indicar o padrão ascendente ou descendente. Por exemplo, {{angle bracket|aâ}} indica um tom baixo-alto ascendente, {{angle bracket|âa}} alto-baixo descendente e {{angle bracket|äa}} médio-baixo descendente.<ref name="KaranOrtoPos" />

Tons em sango possuem forte variação idioletal, afetada principalmente pela língua-mãe do falante não nativo, e uma carga funcional baixa, ou seja, sua modificação, presença ou ausência raramente causa danos consideráveis à compreensão, características derivadas de sua natureza crioula do sango.<ref name="KaranFono" /> No entanto, [[Par mínimo|pares mínimos]] consistentes ainda existem, como: ''dü'' (dar à luz) e ''dû'' (buraco).<ref name="KaranFono" />

==== Empréstimos linguísticos do francês ====
Empréstimos linguísticos monossilábicos constumam possuir um padrão de tonalização descendente alto-baixo (''bâan'' (banco) do francês, ''banc''). Em palavras multissilábicas, todas as sílabas carregam o tom baixo, exceto a sílaba final que é alongada e recebe um tom descendente, que, geralmente, é um tom descendente médio-baixo para [[substantivo]]s (''ananäa'' (abacaxi) do francês, ''ananas'') e descendente alto-baixo para [[verbo]]s (''aretêe'' (parar) do frencês, ''arrêter'').<ref name="KaranFono" />

== Ortografia ==
Os primeiros registros de sango foram escritos por [[missionários]] franceses com convenções católicas e protestantes levemente diferentes.<ref name="KaranOrtoPre">{{Harvcoltxt|Karan|2006|loc=12.9 The Sango orthography before 1984}}</ref><ref name="Uma obra inédita">{{citar livro
| título = Une histoire brève de l’origine de la langue sango en Afrique centrale
| subtítulo = Une oeuvre inédite
| url = https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/70639/1/Origine%20Sango_Samarin_2015.pdf
| ultimo = Samarin
| primeiro = William J.
| editora = Université de Toronto, département d’anthropologie
| ano = 2015
| local = Toronto}}</ref> A Bíblia de 1966<ref name="Bíblia">{{citar livro|url=https://ia600208.us.archive.org/35/items/rosettaproject_sag_gen-1/rosettaproject_sag_gen-1.pdf|título=GENESE|subtítulo=KODJO MBBTI TI MOISE|editora=Alliance Biblique Universelle|ano=1966|formato=PDF}}</ref> e o Hinário de 1968 foram altamente influentes para o desenvolvimento das convenções ortográficas atuais e ainda são usados até os dias atuais.<ref name="KaranOrtoPre" />

Em 1984, o presidente [[André Kolingba]] assinou o "Décret No 84.025", estabelecendo uma [[ortografia]] oficial para o sango, onde o [[alfabeto]] oficial consiste no [[alfabeto latino]] reduzido a 22 letras:<ref name="KaranOrtoPos">{{Harvcoltxt|Karan|2006|loc=12.10 The 1984 orthography decree}}</ref>

:{|class="wikitable" style="border-collapse:collapse; font-size: 120%;"
|+
|-
| colspan="26" bgcolor="#EFEFEF" align="center" | '''Ortografia oficial do sango de 1984{{small|<ref name="KaranOrtoPos" />}}'''
|-
|width=3% align="center"|[[A]]||width=3% align="center"|[[B]]||width=3% align="center"|[[D]]||width=3% align="center"|[[E]]||width=3% align="center"|[[F]]||width=3% align="center"|[[G]]||width=3% align="center"|[[H]]||width=3% align="center"|[[I]]||width=3% align="center"|[[K]]||width=3% align="center"|[[L]]||width=3% align="center"|[[M]]||width=3% align="center"|[[N]]||width=3% align="center"|[[O]]||width=3% align="center"|[[P]]||width=3% align="center"|[[R]]||width=3% align="center"|[[S]]||width=3% align="center"|[[T]]||width=3% align="center"|[[U]]||width=3% align="center"|[[V]]||width=3% align="center"|[[W]]||width=3% align="center"|[[Y]]||width=3% align="center"|[[Z]]
|}

As letras são pronunciadas como suas contrapartes em [[Alfabeto fonético internacional|IPA]] exceto por {{angle bracket|y}}, pronounciado como {{IPA|[{{IPA link|j}}]}}, (consequência da origem francesa do alfabeto do sango), por {{angle bracket|e}}, que pode representar tanto {{IPA|/{{IPA link|e}}/}} quanto {{IPA|/{{IPA link|ɛ}}/}}, e por {{angle bracket|o}}, que pode ser {{IPA|/{{IPA link|o}}/}} e {{IPA|/{{IPA link|ɔ}}/}}. A ortografia oficial contém apenas as seguintes [[consoante]]s: {{angle bracket|p, b, t, d, k, g, kp, gb, mb, mv, nd, ng, ngb, nz, f, v, s, z, h, l, r, y, w}}, entretanto, {{angle bracket|’b}} é ocasionalmente adicionado para representar {{IPA|/{{IPA link|ɓ}}/}}. Adicionalmente, os [[dígrafo]]s {{angle bracket|ny, kp, gb, mb, mv, nd, ng, nz}} são pronunciados como  {{IPA|[{{IPA link|ɲ}}]}} (apenas presente em estrangerismos), {{IPA|[k͡p]}}, {{IPA|[ɡ͡b]}}, {{IPA|[ᵐb]}}, {{IPA|[(ᶬv)]}}, {{IPA|[ⁿd]}}, {{IPA|[ᵑɡ]}} and {{IPA|[ⁿz]}}, respectivamente, e o trígrafo {{angle bracket|ngb}} como {{IPA|[ᵑ͡ᵐɡ͡b]}}. Sango possui sete [[Vogal|vogais]] orais, {{IPA|/a e ɛ i o ɔ u/}}, das quais cinco, {{IPA|/ã ɛ̃ ĩ ɔ̃ ũ/}}, podem ser [[Nasalização|nasalizadas]], sendo representadas por {{angle bracket|an, en, in, on, un}}, respectivamente.<ref name="KaranOrtoPos" />

Sango possui três tons, onde tons baixos não são indicados, tons médios são indicados por uma [[trema]] {{angle bracket|◌̈}}, e tons altos são indicados por um [[acento circunflexo]] {{angle bracket|◌̂}}.<ref name="Samarin63" />

Os dígrafos {{angle bracket|’b}}, {{angle bracket|ty}} e {{angle bracket|dy}} podem ser usados em alguns empréstimos linguísticos, porém não estão competamente integrados ao sitema fonológico do sango.<ref name="KaranOrtoPos" />

{{angle bracket|s}} não precisa ser duplicado para apresentar o som {{IPA|[s]}}, como é comum no português. Adicionalmente, {{angle bracket|s}} nunca pe interpretado como outros som que não {{IPA|[s]}}, como quando, no português, {{angle bracket|s}} é pronunciado como {{IPA|[z]}}.
{{angle bracket|g}} é consistentemente relacionado ao som {{IPA|/g/}}, sem necessitar ser acompanhado por {{angle bracket|g}}, formando as estruturas {{angle bracket|gue}} e {{angle bracket|gui}}. Ainda, {{angle bracket|g}} nunca apresenta o som {{IPA|[{{IPA link|ʒ}}]}} (como o {{angle bracket|g}} em "gelo"), que só é presente ocasionalmente como variação dialetal de {{IPA|[z]}}.<ref name="KaranOrtoPos" />

== Gramática ==

=== Pronomes ===

==== Pessoais ====
Os pronomes pessoais em sango possuem características muito próximas dos pronomes usados no português, com singular e plural, e as tradicionais 1ª, 2ª e 3ª pessoas, idênticas ao português. A diferença notável é que existe uma fusão das 2ª e 3ª pessoas plurais, sendo um só pronome para as duas classes. Portanto, no total são 5 os pronomes pessoais do sango:{{Sfn|Samarin|1963|p=135}}
{| class="wikitable" style="text-align:center;"
|+Pronomes pessoais do sango {{Sfn|Samarin|1963|p=135}}
!
!1ª pessoa
!2ª pessoa
!3ª pessoa
|-
!Singular
|mbi
|mo
|lo
|-
!Plural
|î
| colspan="2" |âla
|}No sango, os pronomes pessoais são exclusivamente reservados a pessoas e animais, sendo qualquer referência pronominal a objetos inanimados muita rara e fortemente evitada, apesar de possível. Tal uso incomum ocorre principalmente de bilíngues que, ao invés de usar um pronome pessoal, usam o estruturas pronominais decorrentes do adjuntivo ''ni''.{{Sfn|Samarin|1963|p=135}}

Ainda, o uso de pronomes pessoais na voz passiva são consideravelmente incomuns. Para tais instâncias, os pronomes de 2ª e 3ª pessoas, tanto singular quanto plural, Second or third person pronouns, singular and plural, são substituídos por estruturas pronominais decorrentes do adjuntivo ''ni''. A substituição de ''ni'' por esses pronomes (comumente ''lo'' e ''âla'') também é feita com o objetivo de evitar ambiguidades.{{Sfn|Samarin|1963|p=135}}

Os pronomes plurais, - frequentemente para ''î'' e também raramente ''âla'' — também são usados para antecipar a pluralidade resultante da combinação de pronomes pessoais singulares ou um pronome singular com um substantivo singular. Isso seria equivalente a dizer "nós e ele" para significar "eu e ele" no português. Tais frases coordenativas são quase exclusivamente construções nominais anteriores à oração como em "''Î na lo, î gâ na Bambari.''" (Nós e ele, nós viemos ao Bambari) ou "''Î na mamâ, î gâ.''" (Nós e mamãe, nós viemos).{{Sfn|Samarin|1963|p=137}}

==== De tratamento ====
Em sango, não existem pronomes de tratamento diretamente. Porém existem formas pronominais especificamente usadas para demonstrar respeito a outras pessoas, de forma equivalente a pronomes de tratamente. Esse mecanismo se dá pelo uso de pronomes pessoais plurais, de forma aparentemente agramática, quando deveria-se usar, no lugar, um pronome pessoal singular. Nomeadamente, tanto no discurso direto quanto no indireto, ''âla'' substitui ''mo'' e ''lo''.{{Sfn|Samarin|1963|p=136}}

==== Marcador de sujeito ====
O prefixo verbal a- é a única outra classe de pronomes identeificada no sango. Assim como os pronomes pessoais, ele pode tomar a função de sujeito de um verbal em certas circunstâncias. Adicionalmente, nunca é observado a adição de quaisquer modificadores sobre a-. Frases pronominais são sucedidas por a-, mas o pronome ''mbi'' não é seguido de  a- exceto na fala de certos dialetos e falantes. No entanto, a- é usado indiscriminadamente objetos tanto animados quanto inanimados.{{Sfn|Samarin|1963|p=138}}

Quando não imediatamente precedido por um sujeito gramatical, a- é encontrando ou seguido de ''si'' e ''laâ'' aderindo a uma construção nominal anterior à oração com o verbo; ou para substituir um sujeito previamente mencionado porque possui indentificação recente ou quanto é conhecido contextualmente, ou ainda pode ser usado como sujeito semanticamente indefinido (como "eles" em "Não se pode mais viver confortavelmente, eles estão sempre nos vigiando.").{{Sfn|Samarin|1963|p=138}}

=== Substantivos ===
==== Número ====
Apesar de nem todos os substantivos estarem abertos a pluralização, esta é marcada em sango pelo prefixo â-. Exceto para a categoria de flexão em número, nenhuma outra categoria gramatical ou semântica é representada no próprio substantivo. No entanto, a pluralidade não é necessariamente marcada, mesmo quando há referência a objetos específicos cujo número é conhecido. Não há certeza do padrão de ocorrência no marcador de plural em sango, porém uma tendência geral é que, nas circunstâncias em que o número de objetos é conhecido, ou assumido como tal, a marcação de pluralidade costuma ser evitada.m ainda que haja o reggistro de casos de redundância em circunstâncias onde a pluralidade é marcada tanto por â- quanto por um modificador nominal posterior, como numerais, "''mingi''" (muito) e "''kôé''" (tudo). No entanto, seguindo um padrão muito mais recorrentemente, existe uma tendência de pluralização muito mais forte pra nomes referentes a objetos animados, em detrimento de nomes referentes a objetos inanimados, característica comum a muitas línguas da area, como o [[gbaya]].{{Sfn|Samarin|1963|pp=131-132}}

==== Gênero ====
Como susbtantivos não apresentam qualquer flexão que não de número, a flexão de gênero deve ocorrer por indicação externa, através de , por exemplo, palavras acessórias, como é o caso para a indicação da flexão em gênero. Assim, para se indicar o masculino, se usa "''kâli''", e para o feminino, "''wâle''".{{Sfn|Samarin|1963|p=127}}

=== Verbos ===
Os verbos em sango, assim como outras classes gramaticais, são morfologicamente simples, tendo como único afixo o pronome marcador de sujeito ''a-''. Fora isso, os verbos não adquirem qualquer flexão, seja de tempo, modo, aspecto, evidencialidade, pessoa, número ou gênero. A sufixação por -ngô é verbal simplesmeste porque somente sufixa radicais verbais, porém o sufixo em si é substantivizante e o verbo sufixado de -ngô nunca funciona como predicado.{{Sfn|Samarin|1963|p=153}}

As necessárias flexões são então consideradas semanticamente ou através do léxico ou do contexto. Por exemplo, ação completada não é indicada de qualquer maneira explícita, sendo que quando há a necessidade para precisa ou esclarecimento, ''awe'' (está terminado") é inserido ao final da(s) oração(ões). Analogamente, tempo futuro é indicado por ''fadê'' adicionado antes do sujeito ou do verbo, ou indicado pelo verbo ''eke'' (ser) imediatamente anterior ao verbo principal da oração. Ainda o  modo condicional é indicado por ''tongana'' (sempre) e, em algumas construções, ''ka'' (ou substituindo ou paralelamente a ''tongana'').{{Sfn|Samarin|1963|p=153}}

==== Verbo ''eke''====
O verbo ''eke'' é usado precedendo outros verbos exceto ''de'' (restar) para indicar ação incompleta ou habitual. Mesmo sem o marcador de ação completa, ''awe'', a oração ''lo te kôbe'' é interpretada naturalmente como "ele comeu" ao invés de "ele está comendo", que apenas após se adicionar o verbo ''eke'' é que pode indica-se a continuidade da ação na oração em ''lo [e]ke te kôbe'' (note que o primeiro "e" de ''eke'' é comumente eilpsado na fala de nativos, parte de uma série de contração previsíveis de ''eke'' em certos contextos gramaticais).{{Sfn|Samarin|1963|pp=157-158}}

== Vocabulário ==
=== Números ===
O sango usa o sistema numeral indo-arábico em [[Base (aritmética)|base numérica]] [[Sistema de numeração decimal|decimal]] base 10. Apesar de numerais, eles são tratados como adjuntivos, e muito raramente como substantivos, como é frequente em línguas européias. Números maiores que 9 são construídos sintaticamente através de números anteriores. Abaixo estão listados os principais [[Número cardinal|números cardinais]] em sango:{{Sfn|Samarin|5=1963|p=45|loc=4.22}}

{| class="wikitable mw-collapsible" style="text-align:center;"
|+Números cardinais em sango{{Sfn|Samarin|5=1963|p=45|loc=4.22}}
!Número
!Sango
!Tradução direta
!Número
!Sango
!Tradução direta
!Número
!Sango
!Tradução direta
|-
|1
|''ôko''
|um
|7
|''mbâsâmbârâ''
|sete
|11
|''bale ôko na (ndô nî) ôko''
|10 uma vez e (em cima) um
|-
|2
|''ôse''
|dois
|8
|''miombe''
|oito
|21
|''bale ôse na (ndô nî) ôko''
|10 duas vezes e (em cima) um
|-
|3
|''otâ''
|três
|9
|''ngombâyâ''
|nove
|100
|''ngbangbu (ôko)''
|cem (uma vez)
|-
|4
|''osiô''
|quatro
|10
|''bale ôko''
|10 uma vez
|1000
|''ngangbu bale ôko''
ou

''kutu''
|100 ((10 uma vez) vezes)
mil
|-
|5
|''ukû''
|cinco
|20
|''bale ôse''
|10 duas vezes
|2000
|''ngangbu bale ôse''
ou

''kutu osê''
|100 ((10 duas vezes) vezes)
1000 (duas vezes)
|-
|6
|''omanâ''
|seis
|30
|''bale otâ''
|10 três vezes
|7382
|''ngangbu bale mabâsâmbârâ na ngangbu otâ na bale miombe na ôse''
|100∗10∗7 + 100∗3 + 10∗8 + 2
|}

Em se tratando de dinheiro, é muito frequente o uso dos numerais franceses para contá-lo, uma herança do período colonial, apesar de haver a tendência crescente de usar o sistema númerico nativo. O sistema monetário atual é o [[Franco CFA da África Central]].{{Sfn|Samarin|5=1963|p=45|loc=4.22}}

=== Origem das palavras ===
De um ponto de visto meramente estatístico, as palavras derivadas do francês são em maior quantidade, contudo, são raramente usadas, e, paralelamente, as palavras que provêm do Ngbandi são usadas mais frequentemente, com cerca de 490 palavras nativas do sango contando para cerca de 90% da fala coloquial.<ref name="Taber64">{{citar livro|título=French loan words in Sango : a statistical analysis of incidence|ultimo=Taber|primeiro=Charles Russel|editora=Hartford Seminary Foundation|ano=1964|local=Hartford|lccn=78315181| ref = harv | lingua = en}}</ref>

Dada a história da língua não é difícil compreender tais estatísticas. Como o sango era usado como língua franca, dependia de um léxico fundamental reduzido para a parte mais essencial da comunicação, representada pelas 490 palavras nativas de uso altamente recorrente. Igualmente, após a colonização francesa, a necessidade para o léxico mais específico e preciso aumentou, uma vez que o sango estava sofrendo um acelerado crescimento, e empréstimos linguísticos foram a alternativa mais prática e acessível para todos os falantes de sango, independentemente da etnia do falante. Assim, o francês - e outras línguas, porém de maneira reduzida - supriu quase completamente tal demanda lexical, compondo enfim, a maior parte das palavras, porém com uso altamente reduzido.<ref name="Taber64"/>
<!--== Notas ==
<references group="nota"/>-->

{{Referências}}
</div>

== Bibliografia ==

* {{citar livro
|url=https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/68788/1/A_Dictionary%20of%20Sango.pdf
|título = A Dictionary of Sango
|ultimo = Taber, Samarin
|primeiro = Charles R., William J.
|editora = Hartford Seminary Foundation
|ano=1965
|local=Hartford
|ref=harv
|lingua=en}}

* {{citar livro
| título = French loan words in Sango : a statistical analysis of incidence
| ultimo = Taber
| primeiro = Charles Russel
| editora = Hartford Seminary Foundation
| ano = 1964
| local = Hartford
| lccn = 78315181
| ref = harv
| lingua = en}}

* {{citar livro
|url=https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/67151/1/Grammar%20of%20Sango.pdf
|título=A Grammar of Sango
|ultimo=Samarin
|primeiro=William J.
|editora=Hartford Seminary Foundation
|ano=1963
|local=Hartford
| ref = harv
|lingua=en}}

* {{citar livro
|url=https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/67163/1/Sango%3A%20Langue%20de%20l%27Afrique%20centrale.pdf
|título=Sango: Langue de l'Afrique centrale
|ultimo=Samarin
|primeiro=William J.
|ano=1970
|local=Toronto
|editor-sobrenome=Brill
|editor-nome=E. J.
|editora=Université de Toronto
| ref = harv
|lingua=fr}}

* {{citar livro
| título = Une histoire brève de l’origine de la langue sango en Afrique centrale
| subtítulo = Une oeuvre inédite
| url = https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/70639/1/Origine%20Sango_Samarin_2015.pdf
| ultimo = Samarin
| primeiro = William J.
| editora = Université de Toronto, département d’anthropologie
| ano = 2015
| local = Toronto}}

* {{citar livro
|url=https://www.persee.fr/doc/polaf_0244-7827_1986_num_23_1_3833
|título=Le sango dans la formation de la nation centrafricaine
|último =Diki-Kidiri
|primeiro =Marcel
|ano=1986
| ref = harv
|lingua=fr}}
* {{citar livro
|último =Diki-Kidiri
|primeiro =Marcel
|ano=1977
|publicado=Société d'études linguistiques et anthropologiques de France |local=Paris
|isbn=2-85297-057-0
|título=Le sango s'écrit aussi-- : esquisse linguistique du sango, langue nationale de l'Empire centrafricain
| ref = harv
|lingua=fr}}

* {{citar tese
|último =Diki-Kidiri
|primeiro =Marcel
|ano=1978
|título=Grammaire Sango: phonologie et syntaxe, langue nationale de l'Empire centrafricain
|publicado=Sorbonne Nouvelle University
| ref = harv
|lingua=fr}}

* {{citar livro
|último =Diki-Kidiri
|primeiro =Marcel
|ano=1998
|título=Dictionnaire orthographique du sängö
| ref = harv
| lingua = fr}}

* {{citar livro
|último =Henry
|primeiro =Charles Morrill
|ano=1997
|título=Language, Culture and Sociology in the Central African Republic, The Emergence and Development of Sango
| ref = harv
| lingua = en}}

* {{citar livro|último =Karan|ano=2006|título=Sango literature|ref=harv|lingua=en|capitulo=12.7}}

* {{citar livro
|url=https://ia600208.us.archive.org/35/items/rosettaproject_sag_gen-1/rosettaproject_sag_gen-1.pdf
|título = GENESE
|subtítulo = KODJO MBBTI TI MOISE
|editora = Alliance Biblique Universelle
|ano=1966
|ref = harv
|lingua=sg}}

{{Controle de autoridade}}

{{DEFAULTSORT:Sango}}
[[Categoria:Línguas crioulas]]
[[Categoria:Línguas ubangianas]]
[[Categoria:Línguas da República Centro-Africana]]
[[Categoria:Línguas da República Democrática do Congo]]