Manuel Dias

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Manuel Dias Júnior
Manuel Dias
Nome chinês Yang Ma-No
Nascimento
cidade Castelo Branco
pais Portugal
data 1574
pai Domingos Fernandes
mãe Maria Fernandes
Morte
cidade Hangzhou
pais China
data 1659
Padre Jesuíta, missionário, Teólogo, Filósofo, Matemático, Astrónomo


Manuel Dias, também referido como Yang Ma-No (陽瑪諾 ou 演西[1]) ou Emanuel Diaz (Castelo Branco, 1574China, 4 de março de 1659)[2], foi um missionário jesuíta português que se destacou na China, nomeadamente na astronomia. O pe. Manuel Dias era conhecido com a especificação júnior (Pe. Manuel Dias Jr.) para se distinguir de outro jesuíta contemporâneo, mais velho e com o mesmo nome.

Vida vocacional[editar | editar código-fonte]

Aos 19 anos, Manuel Dias entrou para o Noviciado da Companhia de Jesus, em Coimbra, em 2 de Fevereiro de 1593. Entre 1596 e 1600 estudou filosofia.

Missão[editar | editar código-fonte]

O Pe. Padre Manuel Dias foi para a Índia em 1601, onde completou os estudos e permaneceu durante três anos. Depois foi para Macau, para ensinar filosofia e teologia e ali esteve seis anos. Em 1611 rumou à China acompanhado pelo Padre Gaspard Ferreira. Iniciou a sua missão na China em Shaozhou mas, devido às condições adversas para com os missionários (a sua residência foi vandalizada), foram obrigados a sair. Viajaram através do rio Beijiang até Nanxiong, onde estabeleceram uma nova missão em 1612. O Pe. Manuel Dias chegou a Pequim em 1613.

Em 1623 tornou-se vice-presidente da Missão Chinesa. Em 1626, retornou a Nanjing para pregar. Foi banido para Songjiang em 1627, por continuar sua missão. Em 1638, foi para Fuzhou, Fujian, para pregar com o Padre J. Aleni. Em 1º de março de 1659, morreu em Hangzhou(Hancheu) onde posteriormente foi enterrado numa praça, nos arredores de Hangzhou. [3]

Magnum Opus[editar | editar código-fonte]

O Pe. Manuel Dias é considerado um dos mais renomados jesuítas portugueses da missão Chinesa. Produziu importantes obras, entre as quais se estaca um manual de astronomia.

Chegou a Pequim apenas três anos após Galileu Galilei ter divulgado as suas primeiras observações telescópicas e aí divulgou princípios do novel instrumento óptico. Em 1614 foi autor da obra TianWen Lüe (sumário de astonomia, em chinês 天問略., mais conhecido pelo se nome latino: Explicatio Sphaerae Coelestis), na qual apresentou os mais avançados conhecimentos astronómicos europeus da época; A informação foi esquematizada na forma de respostas às questões colocadas por um chines a um europeu.

Importa salientar que, não sendo um grande especialista em matemática e astronomia como o eram outros jesuítas, estava ao corrente com alguns dos temas mais avançados nessas disciplinas, conhecimento que seguramente adquirira nas escolas da ordem. Os conhecimentos que revelou na obra (TienWen Lueh foi o primeiro texto escrito em chinês que fala em latitudes) mostram que estava familiarizado com a astronomia da época. A rapidez com que as descobertas de Galileu viajaram até ele revela a eficácia da 'rede' de divulgação cientifica de que dispunha a Ordem. Em Lisboa, o Colégio de Santo Antão era um dos seus expoentes.

A obra seria re-editada na China até ao século XIX.

Globo Terrestre[editar | editar código-fonte]

Em 1623 construiu, juntamente com Niccolò Longobardo, um globo terrestre. O globo, presentemente na Biblioteca Britânica, é um dos mais extraordinários exemplos da influencia da geografia ocidental na China. Foi pintado numa escala de aproximadamente de 1.21 milhões e representa, à época, o mundo com bastante detalhe, mostrando inclusivamente as descobertas europeias na Nova Guiné, datadas de 1606, e aos dias de hoje está relativamente actual.

O globo terá desempenhado um papel importante na aceitação das teorias europeias. Algumas das inscrições tentam transmitir conceitos astronômicos e geográficos europeus em termos que seriam acessíveis aos chineses mais cultos. O processo de influência foi, no entanto, em certa medida, mútuo e uma das inscrições refere-se ao magnetismo terrestre: um fenômeno que, 40 anos antes de chamar a atenção de Newton, já era bem aceite na China.

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Tian wen lae (Uma explicação da Esfera Terrestre), Pekin, 1615;
  • Sheng Ruose sheng shi (Biografia de São José)
  • Dai yi lun (Uma refutação da Metempsicose), 1622;
  • Shengjin zhijie (comentários sobre os Evanjgelhos), Hangzhou, 1642
  • Tianzhu shengjiao shi jilai zhiquan (Explicatcão detallada dos dez mandamentos da Santa Madre Igreja), 2 volumes, Pekin, 1642);
  • Jingjiao bei qua (Uma explicação do monumento nestoriano de Xian), Hangzhou, 1644.

Referências

  1. Notes on Chinese literature, Alexander Wylie
  2. João Manuel Esteves Pereira, Guilherme Rodrigues, "Diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico ...", J. Romano Torres, 1907
  3. https://archives.catholic.org.hk/Rare%20Books/Author/EJ-Diaz.htm

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Catherine Jami, Luís Saraiva, "The Jesuits, the Padroado and East Asian science (1552-1773)", World Scientific, 2008, ISBN 9812771255
  • Liam Matthew Brockey, "Journey to the East: the Jesuit mission to China, 1579-1724", Harvard University Press, 2007, ISBN 0674024486
  • Joseph Needham, "Chinese astronomy and the Jesuit mission: an encounter of cultures", China Society, 1958
  • Francisco Rodrigues, "Jesuitas portugueses astrónomos na China, 1583-1805", Tipografia Porto Medico, 1925
  • Joseph Needham, Ling Wang, "Science and Civilisation in China" ISBN 9780521058018
  • Henrique Leitão, "The contents and the context of Manuel Dias Tianwenlue"