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Memorando de Mallet-Prevost

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O memorando de Mallet-Prevost é um documento publicado postumamente escrito por Severo Mallet-Prevost, secretário oficial da delegação estadunidense-venezuelana durante o Laudo Arbitral de Paris de 1899, no qual afirmava que o laudo que sentenciou em grande parte a favor da Grã-Bretanha em uma disputa territorial com a Venezuela, foi o resultado da pressão exercida pelo presidente da Corte, Friedrich Martens, e de um acordo político entre a Rússia e a Grã-Bretanha. Este memorando deu origem às queixas da Venezuela às Nações Unidas em 1962, que levaram ao Acordo de Genebra, assinado com o Reino Unido em 1966.

Após a morte de Severo Mallet Prevost, seu representante legal Otto Schöenrich tornou público em 1949, a pedido expresso de Prevost, um documento redigido pelo próprio Mallet Prevost em 1944, no qual considerava que o Laudo Arbitral foi um acordo político, obra da pressão contra a justiça, um compromisso de bastidores pelo qual "três juízes que dispuseram a maioria do território da Venezuela, porque os dois juízes britânicos não atuavam como juízes, mas fizeram-no como homens do governo, como advogados". O documento confirmaria que Fiódor Martens deliberadamente não atuou como juiz imparcial, não se orientou pelos princípios vinculados ao direito ou à análise técnica das evidências e inclusive, como revela o documento, persuadiu uma das partes a aceitar uma proposta de resolução do litígio que ele próprio havia elaborado, afastando-se das mesmas normas contidas no Tratado de Arbitragem de 1897 e dos princípios que regem o direito.[1][2]

Consequências

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O documento revelaria um compromisso ocorrido em relação à decisão do Tribunal Arbitral de Paris e serviria à Venezuela como um dos vários elementos para apresentar uma reclamação formal da sentença perante as Nações Unidas em 1962.[3][4]

Referências

  1. Schoenrich, Otto, "The Venezuela-British Guiana Boundary Dispute", July 1949, American Journal of International Law. Vol. 43, No. 3. p. 523. Washington, DC. (USA).
  2. Norberto Paredes (4 de outubro de 2023). «Por qué se agudizó la disputa por el Esequibo, la zona que enfrenta a Guyana y Venezuela desde hace casi dos siglos». BBC News Mundo 
  3. Isidro Morales Paúl, Análisis Crítico del Problema Fronterizo "Venezuela-Gran Bretaña", in La Reclamación Venezolana sobre la Guayana Esequiba, Biblioteca de la Academia de Ciencias Económicas y Sociales. Caracas, 2000, p. 200.
  4. de Rituerto, Ricardo M. Venezuela reanuda su reclamación sobre el Esequibo, El País, Madrid, 1982.