Mercúrio retrógrado
O termo Mercúrio retrógrado se refere ao movimento retrógrado aparente do planeta Mercúrio do ponto de vista da Terra. A expressão também se refere à crença pseudocientífica, especialmente no contexto da Astrologia, de que esse movimento teria consequências negativas para certas ações executadas enquanto esse movimento acontece.
Astronomia
[editar | editar código-fonte]Para uma pessoa na Terra, o Sol, a Lua e as constelações vão de leste a oeste, e este é o movimento convencionado como "direto". Entretanto, todos os planetas do Sistema Solar parecem se mover no sentido oposto ao convencional ("retrógrado") em certos períodos. Sendo o planeta mais próximo do Sol, Mercúrio tem uma órbita pequena que ocasiona retrogradações mais frequentes: três a quatro vezes por ano, cada uma durando cerca de três semanas, enquanto os demais planetas costumam ter apenas um período anual, sendo mais longo quanto mais distante é o planeta.
Astrologia
[editar | editar código-fonte]Embora não haja evidências de que o movimento dos corpos celestes afete assuntos humanos[1][2], existe na Astrologia a crença de que movimentos retrógrados dos planetas têm consequências negativas para atos que acontecem durante esse movimento. Em particular, Mercúrio é associado com comunicações[3] (Mercúrio era o mensageiro dos deuses na Mitologia greco-romana). A frequência desse evento o torna um bode expiatório ideal para infortúnios relacionados à comunicação. Assim, astrólogos avisam para esperar mal-entendidos e fazem recomendações como não assinar contratos, por exemplo, durante esses períodos.[4]
História
[editar | editar código-fonte]O suposto significado astrológico de Mercúrio retrógrado mudou ao longo do tempo. Em meados do século XVIII o evento foi observado em almanaques agrícolas britânicos, usados para determinar a melhor época para o plantio.[5][6] No final do século XIX publicações conectavam a retrogradação de Mercúrio a fortes chuvas e quedas de temperatura.[7] As caracterizações do acontecimento como um mau agouro também apareceram em alguns artigos durante esse período[8].
Na década de 1970, enquanto outras pseudociências como espiritismo e observação de cristais decaíram, a Astrologia se tornou mais popular, em particular através dos horóscopos em jornais. Em uma edição de abril de 1979, o jornal The Baltimore Sun anunciava: "Não comece nada quando Mercúrio estiver retrógrado", alegando a presença de "tempestades magnéticas" que se intensificariam quando Mercúrio retrocede.[9] Embora tais tempestades aconteçam em todos os planetas do Sistema Solar (com exceção de Vênus e Marte), as de Mercúrio são as mais fracas, e não há indício de que afetem a Terra nem de ligação de sua intensidade com retrogradações[10].
A partir de 2009, observou-se um ressurgimento da crença.[3][11]
Referências
- ↑ «Phil Plait's Bad Astronomy: Misconceptions: Astrology». www.badastronomy.com. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «Constellations and the Calendar | NASA Space Place – NASA Science for Kids». spaceplace.nasa.gov. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ a b «Mercury Is Entering Retrograde Again. This Is Why So Many People Care». Time (em inglês). Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ Zraick, Karen (14 de março de 2019). «Mercury Is in Retrograde. Don't Be Alarmed.». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331
- ↑ «Almanac | book». Encyclopedia Britannica (em inglês). Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «Who's Afraid of Mercury Retrograde? Or Why Astrology's Most-Feared Cycle May be Just What You Need | Penguin Random House». PenguinRandomhouse.com (em inglês). Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ Pearce (astrologer.), Alfred John (1881). The science of the stars (em inglês). [S.l.]: Simpkin & Company
- ↑ «What is Mercury in Retrograde, and Why Do We Blame Things On It?». www.mentalfloss.com (em inglês). 5 de março de 2019. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «The Baltimore Sun from Baltimore, Maryland on April 22, 1979 · 217». Newspapers.com (em inglês). Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «Final Mercury Flyby Reveals Huge Magnetic "Power Surges"». National Geographic News (em inglês). 15 de julho de 2010. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «Google Trends». Google Trends. Consultado em 20 de fevereiro de 2020