Mesentério (zoologia)

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Seção transversal de Terrazoanthus onoi (Zoantharia: Hydrozoanthidae) mostrando mesentérios completos e incompletos

Na zoologia, o mesentério é uma membrana dentro da cavidade corporal de um animal. O termo identifica diferentes estruturas em diferentes filos: nos vertebrados, é uma dobra dupla do peritônio que envolve os intestinos; em outros organismos, forma partições completas ou incompletas da cavidade do corpo, seja o celoma ou, como nos Anthozoa, a cavidade gastrovascular.

A palavra "mesentério" é derivada do grego "mesos", "no meio" e "enteron", um "intestino".[1]

Vertebrados[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Mesentério

Em vertebrados, um mesentério é uma membrana que consiste em uma dobra dupla de peritônio que envolve os intestinos e seus órgãos associados e os conecta com a parede dorsal da cavidade abdominal.[2] Nos invertebrados, o mesentério é um suporte ou divisória em uma cavidade corporal, com função semelhante à dos mesentérios dos vertebrados.[2]

Bilateria[editar | editar código-fonte]

Em organismos bilateralmente simétricos, geralmente há um mesentério maior separando as duas metades do celoma.[3] Em organismos segmentados, como as minhocas, há um par de cavidades celômicas em cada segmento. O mesotélio da parede do corpo é estendido ao redor do intestino central para formar um mesentério, uma partição longitudinal no plano sagital. Acima do intestino está o mesentério dorsal e, abaixo do intestino, o mesentério ventral. A partição transversal entre os segmentos separados é conhecida como septo.[4]

Cnidaria[editar | editar código-fonte]

Dissecação de uma anêmona-do-mar
5 - mesentério completo
10 - mesentério incompleto
11 - um dos dois óstios

No filo Cnidaria e na classe Anthozoa, os mesentérios são divisórias em forma de lençol que se estendem da parede do corpo do animal até sua cavidade gastrovascular. Eles são compostos por uma camada de mesogleia imprensada entre duas camadas de gastroderme. Elas podem ser "completas", unindo a gastroderme da parede do corpo com a da faringe, ou "incompletas", estendendo-se apenas parcialmente para dentro da cavidade (os termos "perfeitas" e "imperfeitas" são às vezes usados em seu lugar). Eles se estendem do disco pedal até o disco oral, e há duas perfurações ou óstios próximos ao disco oral. Os mesentérios geralmente estão em pares. A borda livre dos mesentérios incompletos é espessada para formar faixas glandulares e ciliadas denominadas filamentos mesenteriais. As extremidades inferiores dos filamentos mesenteriais são alongadas em acontia armadas com cnidoblastos (células urticantes) e podem se projetar através da parede do corpo ou da boca. As gônadas estão situadas nos mesentérios ao lado dos filamentos mesenteriais.[5]

Os corais-pétreos, da ordem Scleractinia, têm os mesentérios dispostos radialmente em pares que se desenvolvem ciclicamente. Os mesentérios depositam carbonato de cálcio, que forma uma crista pedregosa, o septo, entre cada par de mesentérios e constrói o coralito, o cálice no qual o pólipo se assenta.[6]

As anêmonas-do-mar, da ordem Actiniaria, têm pelo menos oito mesentérios completos e um número variável de mesentérios incompletos perto da base. O significado funcional dos mesentérios nas anêmonas-do-mar não é claro. Suas margens estão envolvidas apenas em uma quantidade limitada de digestão e absorção, portanto, sua principal função pode ser fornecer suporte para ajudar o animal a manter sua forma.[7]

Os corais moles, da ordem Alcyonacea, têm oito mesentérios primários que se alternam com os oito tentáculos.[5] Os mesentérios são completos e não pareados, com filamentos unilobados.[4]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Ruschenberger, William Samuel Waithman (1871). Invertebrate animals. Botany: the natural history of plants. Geology: the natural history of the earth's structure. Glossary (em inglês). [S.l.]: Claxton, Remsen & Haffelfinger. p. 96 
  2. a b «Definition of Mesentery» (em inglês). Merriam Webster. Consultado em 20 de maio de 2015 
  3. Willmer, Pat (1990). Invertebrate Relationships: Patterns in Animal Evolution (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. 28 páginas. ISBN 978-0-521-33712-0 
  4. a b Ruppert, Edward E.; Fox, Richard, S.; Barnes, Robert D. (2004). Invertebrate Zoology, 7th edition (em inglês). [S.l.]: Cengage Learning. pp. 138, 206. ISBN 978-81-315-0104-7 
  5. a b Khanna, Dev Raj; Yadav, P.R. (2005). Biology of Coelenterata (em inglês). [S.l.]: Discovery Publishing House. pp. 195–199. ISBN 978-81-8356-021-4 
  6. Barnes, R.S.K.; Hughes, R.N. (2009). An Introduction to Marine Ecology (em inglês). [S.l.]: John Wiley & Sons. p. 118. ISBN 978-1-4443-1327-7 
  7. Dorit, R. L.; Walker, W. F.; Barnes, R. D. (1991). Zoology (em inglês). [S.l.]: Saunders College Publishing. pp. 609–610. ISBN 978-0-03-030504-7