Mostrar código-fonte de Panteão (Roma)

{{Info/Monumento de Roma
| nome = Panteão
| imagem_nome= Rome_Pantheon_front.jpg
| legenda = Vista do Panteão
| label_name = Panteão
| local = [[14 regiões da Roma de Augusto|IX Região - Circo Flamínio]]
| data = 118-128
| construtor = [[Públio Élio Adriano]]
| tipo = [[Templo romano]]
 |latG=41|latM=53|latS=34.55|latP=N
 |lonG=12|lonM=29|lonS=7.45|lonP=E
| artigos = [[Marco Vipsânio Agripa]], [[Adriano]], [[Apolodoro de Damasco]]
}}
'''Panteão''' ({{lang-la|''Pantheon''}}{{efn|Raramente [[latinização|latinizado]] como '''Pantheum''', como na [[História Natural de Plínio]] (XXXVI.38)<ref>D.E. Eichholz ''"(Agrippae Pantheum decoravit Diogenes Atheniensis; in columnis templi eius [[Caryatid]]es probantur inter pauca operum, sicut in fastigio posita signa, sed propter altitudinem loci minus celebrata)"''.</ref>}}) é um edifício em [[Roma]], [[Itália]], encomendado por [[Marco Vipsânio Agripa]] durante o reinado do [[imperador romano|imperador]] [[Augusto]] {{nwrap|r.|27 a.C.|14 d.C.}} e reconstruído por [[Adriano]] {{nwrap|r.|117|138}} por volta de 126.<ref>{{Harvnb|MacDonald|1976|p=9}}</ref>

Sua [[planta baixa|planta]] é circular com um [[pórtico]] de grandes colunas [[ordem coríntia|coríntias]] de granito (oito na primeira fila e dois grupos de quatro na segunda) suportando um [[frontão]]. Um [[vestíbulo (arquitetura)|vestíbulo]] retangular liga o pórtico à [[rotunda (arquitetura)|rotunda]], que está coberta por uma enorme [[cúpula]] de [[caixotão|caixotões]] de [[concreto]] encimada por uma abertura central ([[óculo (arquitetura)|óculo]]) descoberta. Quase dois mil anos depois de ter sido construído, esta cúpula é ainda hoje a maior cúpula de concreto não armado do mundo.<ref>{{citar web |url= http://www.romanconcrete.com/docs/chapt01/chapt01.htm |título=The Pantheon |primeiro =David |último =Moore |obra=romanconcrete.com |ano=1999|acessodata=26 de setembro de 2011}}</ref> A altura até o óculo e o [[diâmetro]] da [[circunferência]] interior são idênticos, 43,3 metros.<ref>{{Harvnb|Rasch|1985|p=119}}</ref>

É uma das mais bem preservadas estruturas [[Roma Antiga|romanas antigas]] e permaneceu em uso por toda a sua história. Localizado na ''[[Piazza della Rotonda]]'', o Panteão tem sido utilizado como uma [[igreja (edifício)|igreja]], dedicada à "[[Virgem Maria|Santa Maria]] e os [[Mártir]]es" chamada oficialmente de '''''Santa Maria dei Martiri''''' ({{lang-la|''Sancta Maria ad Martyres''}}) e informalmente de '''''Santa Maria Rotonda''''' desde o {{séc|VII}}.<ref name="MacDonald 1976 p=18">{{Harvnb|MacDonald|1976|p=18}}</ref> É uma [[basílica menor]] da [[Igreja Católica]] e foi uma [[Santa Maria dos Mártires (diaconia)|diaconia]] até 1929.<ref>{{link|en|2=http://www.gcatholic.org/churches/cardinal/299.htm|3=GCatholic}}</ref>

== Etimologia ==

O termo [[latim|latino]] ''"pantheon"'' é derivado do [[grego antigo]] ''"pantheon"'' ({{lang|el|Πάνθεον}}), que significa "'de', 'relativo a' ou 'comum a' todos os deuses" ("pan/{{lang|el|Παν}}"–"todos" + "theon/{{lang|el|θεον}}"–"deuses").<ref name=OED/> [[Dião Cássio]], um [[Senado (Roma Antiga)|senador romano]] que escrevia em grego, especulou que o nome teria vindo ou da estátua dos muitos deuses que ficavam à volta do edifício ou da semelhança entre a cúpula e os céus.<ref>[[Dião Cássio]], ''[[História romana (Dião Cássio)|História romana]]'' 53.27, citado em  {{Harvnb|MacDonald|1976|p=76}}</ref> Esta incerteza sugere fortemente que ''pantheon'' era apenas um apelido e não o nome real do edifício<ref>{{citar periódico|último =Ziolkowski|primeiro =Adam|título=Was Agrippa's Pantheon the Temple of Mars 'In Campo'?|periódico=Papers of the British School at Rome|data=1994|volume=62|página=271}}</ref> e o próprio conceito de um "[[panteão]]", um templo dedicado a todos os deuses, é questionável. O único panteão anterior ao de Agripa relatado nas fontes é o de [[Antioquia]], na [[Síria (província romana)|Síria romana]], ainda assim, um edifício citado apenas em uma única fonte do {{séc|VI}}.<ref>{{citar livro|último =Thomas|primeiro =Edmund|título=Pantheons; Transformations of a Monumental Idea|data=2004|publicado=Aldershot: Ashgate|isbn=978-0-7546-0808-0|página=17|editor=Richard Wrigley and Matthew Craske, eds.|capítulo=From the Pantheon of the Gods to the Pantheon of Rome}}</ref> Ziegler tentou obter mais evidências de outros panteões, mas sua lista consiste unicamente de dedicações simples "a todos os deuses" ou "aos doze deuses", que não necessariamente representam evidências de verdadeiros panteões no sentido de "um templo dedicado ao culto de todos os deuses".<ref>{{citar livro|último =Ziegler|primeiro =Konrat|título=Pauly's Real-Encyclopädie der Classischen Altertumswissenschaft: neue Bearbeitung|data=1949|local=Stuttgart|páginas=697–747|edição=vol. XVIII|capítulo=Pantheion}}</ref>

Godfrey e Hemsoll lembram que os autores antigos jamais fazem referência ao Panteão de Adriano utilizando a palavra ''aedes'', como fazem com outros templos, e que a inscrição [[dinastia severiana|severiana]] gravada na [[arquitrave]] utiliza unicamente o termo ''pantheum'' e não ''aedes panthei'' ("templo de todos os deuses").<ref name="Godfrey 1986 199">{{citar livro|último =Godfrey|primeiro =Paul|título=Pagan Gods and Shrines of the Roman Empire|data=1986|publicado=Oxford University Committee for Archaeology|edição=Monograph No 8|autor2 =Hemsoll, David|editor=Martin Henig and Anthony King, eds|capítulo=The Pantheon: Temple or Rotunda?|página=199}}</ref> É também bastante importante o fato de Dião Cássio não ter citado a mais simples explicação para o nome do edifício, a de que ele seria um templo dedicado a todos os deuses.<ref>{{citar periódico|último =Ziolkowski|primeiro =Adam|título=Was Agrippa's Pantheon the Temple of Mars 'In Campo'?|periódico=Papers of the British School at Rome|data=1994|volume=62|página=265}}</ref> Na realidade, [[Tito Lívio]] escreveu que [[templo romano|templos]] (ou talvez apenas suas [[cela (arquitetura)|celas]]) só poderiam ser dedicados a uma divindade por vez para que ficasse claro qual delas estaria ofendida se, por exemplo, o edifício fosse atendido por um [[relâmpago|raio]] e por que havia sacrifícios e ritos específicos para uma ou outra (27.25.7-10).<ref>{{citar livro|último =Godfrey|primeiro =Paul|título=Pagan Gods and Shrines of the Roman Empire|data=1986|publicado=Oxford University Committee for Archaeology|edição=Monograph No 8|autor2 =Hemsoll, David|editor=Martin Henig and Anthony King, eds|capítulo=The Pantheon: Temple or Rotunda?|página=198}}</ref> Godfrey e Hemsoll defendem que a palavra ''pantheon'' "não precisa denotar um grupo de deuses em particular e, na verdade, nem todos os deuses, pois ela pode muito bem ter tido outros significados... Certamente a palavra 'pantheus' ou 'pantheos' poderia ser aplicada a divindades individuais... Lembrando ainda que a palavra grega {{lang|el|θειος}} ('theios') não necessariamente significa 'de um deus', mas pode ser ainda 'super-humano' ou mesmo 'excelente'".<ref name="Godfrey 1986 199"/>

Desde a [[Revolução Francesa]], quando a igreja de [[Santa Genoveva]] (''Sainte-Geneviève'') em [[Paris]] foi desconsagrada e transformada no monumento secular chamado [[Panteão (Paris)|''Panthéon'']], o termo genérico ''pantheon'' ([[panteão]]) tem sido aplicado a outros edifícios nos quais os mortos mais ilustres de uma comunidade são homenageados ou sepultados.<ref name=OED>{{citar livro |título=[[Oxford English Dictionary]]|publicado=Oxford University Press|local=Oxford, England|data=dezembro de 2008|capítulo=Pantheon}}</ref>

== História ==
=== Antiga ===

[[Imagem:Plan Pantheon.gif|thumb|esquerda|upright=1.3|Planta do Panteão. Em vermelho, o Panteão de Agripa e em preto, o Panteão de Adriano. Neste diagrama fica evidente a mudança na orientação do edifício com a mudança de posição do [[pórtico]] de entrada.]]

Depois da [[Batalha de Áccio]] ({{AC|31|x}}), [[Marco Vipsânio Agripa]] deu início a um impressionante programa de obras: o Panteão era parte de um complexo criado por ele em suas próprias terras no [[Campo de Marte (Roma)|Campo de Marte]] entre 29 e {{AC|19|x}}, que incluía ainda três edifícios alinhados do sul para o norte, os [[Banhos de Agripa]], a [[Basílica de Netuno]] e o Panteão.<ref>{{citar web|último1 =Dio|primeiro1 =Cassius|título=Roman History|url=http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Cassius_Dio/53*.html|página=53.23.3}}</ref> É provável que os dois últimos fossem os edifícios religiosos de uso exclusivo de Agripa (''sacra privata'') e não templos públicos (''aedes publicae'').<ref>{{citar livro|último1 =Ziolkowski|primeiro1 =Adam|título=Lexicon topographicum urbis Romae 4|data=1999|publicado=Quasar|local=Rome|páginas=55–56}}</ref> Esta designação menos solene ajuda a explicar o motivo pelo qual o edifício perdeu tão facilmente seu nome e objetivo originais (Ziolkowski refuta essa ideia e defende que ele era originalmente o Templo de Marte no Campo)<ref>{{citar periódico|último =Ziolkowski|primeiro =Adam|título=Was Agrippa's Pantheon the Temple of Mars 'In Campo'?|periódico=Papers of the British School at Rome|data=1994|volume=62}}</ref> em tão pouco tempo.<ref>{{citar periódico|último =Ziolkowski|primeiro =Adam|título=Was Agrippa's Pantheon the Temple of Mars 'In Campo'?|periódico=Papers of the British School at Rome|data=1994|volume=62|página=275}}</ref>

Por muito tempo se acreditou que o edifício atual tenha sido construído por Agripa e que teria apenas sofrido algumas alterações posteriores, uma crença decorrente, pelo menos em parte, da inscrição no [[frontão]],<ref>{{harvnb|Thomas|1997|p=165}}</ref> <small>"M·AGRIPPA·L·F·COS·TERTIVM·FECIT"</small> ou ''M[arcus] Agrippa L[ucii] F[ilius] co[n]s[ul] tertium fecit'' ("[[Marcos Vipsânio Agripa|Marcos Agripa]], filho de [[Lúcio Vipsânio Agripa|Lúcio]], fez [este edifício] quando [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsul]] pela terceira vez").<ref>{{citar web|url=http://www.romereborn.virginia.edu/ge/TS-010.html |título=Pantheon |publicado=Romereborn.virginia.edu |data= |acessodata=2013-03-12}}</ref> Porém, escavações arqueológicas revelaram que o Panteão de Agripa foi completamente demolido, com exceção da fachada. Lise Hetland defende que a construção moderna começou em 114, no reinado de [[Trajano]], quatro anos depois de ter sido destruído num incêndio pela segunda vez (Oros. 7.12). Ela reexaminou o trabalho de Herbert Bloch (1959), que propôs a data [[Adriano|adriânica]] geralmente defendida, e afirma que ele não deveria ter excluído todos os tijolos trajânicos de seu estudo dos selos de olaria. Este argumento é reforçado pelo argumento de Heilmeyer, baseado em evidências estilísticas, de que [[Apolodoro de Damasco]], o arquiteto de Trajano, teria obviamente sido o arquiteto do Panteão.<ref>{{citar periódico|último1 =Hetland|primeiro1 =Lise|editor-sobrenome1 =Graßhoff|editor-nome1 =G|editor-sobrenome2 =Heinzelmann|editor-nome2 =M|editor-sobrenome3 =Wäfler|editor-nome3 =M|título=Zur Datierung des Pantheon|periódico=The Pantheon in Rome: Contributions Contributions to the Conference|data=9–12 de novembro de 2006|local=Bern}}</ref>

A forma do Panteão de Agripa ainda é discutida. Como resultado das escavações do final do {{séc|XIX}}, o arqueólogo [[Rodolfo Lanciani]] concluiu que ele estava de frente para o sul, ao contrário do edifício atual, que está de frente para o norte, e que ele tinha uma planta em forma de um "T" encurtado, com a entrada na base do "T". Esta descrição foi amplamente aceita até o final do {{séc|XX}}. Apesar de as mais recentes escavações arqueológicas sugerirem que o edifício de Agripa possa ter sido circular com um pórtico triangular e com a fachada voltada para o norte, muito parecido com as reconstruções posteriores, Ziolkowski reclama que estas conclusões são [[conjectura]]is. As escavações não encontraram nenhum material [[datação relativa|datável]] e, ainda assim, atribuíram todos os achados à fase de Agripa sem levar em conta que [[Domiciano]], conhecido por seu entusiasmo em construir e que certamente restaurou o Panteão depois de 80 pode muito bem ter sido o responsável por tudo o que foi encontrado. Segundo ele, a opinião original de Lanciani ainda é sustentada por todos os achados até o momento, inclusive o destas escavações. Além disso, ele se mostra cético por que o edifício descrito recentemente, "um único edifício composto por um enorme [[pronau]] e uma [[cela (arquitetura)|cela]] circular de mesmo diâmetro unidas por uma relativamente estreita e muito curta passagem (muito mais estreita que o atual bloco intermediário) não tem nenhum paralelo conhecido na arquitetura clássica e iria contra tudo o que conhecemos sobre os princípios do design romano em geral e da arquitetura augustana em particular".<ref>{{citar periódico|último1 =Ziolkowski|primeiro1 =Adam|editor-sobrenome1 =Graßhoff|editor-nome1 =G|editor-sobrenome2 =Heinzelmann|editor-nome2 =M|editor-sobrenome3 =Wäfler|editor-nome3 =M|título=What did Agrippa's Pantheon Look like?  New Answers to an Old Question|periódico=The Pantheon in Rome: Contributions to the Conference|data=9–12 de novembro de 2006|páginas=31–34|local=Bern}}</ref>
[[Imagem:Brockhaus and Efron Encyclopedic Dictionary b44 706-0.jpg|upright|Diagrama da igreja no início do {{séc|XX}}.|thumb]]

As únicas passagens que fazem referência à decoração do Panteão de Agripa escritas por uma testemunha ocular estão na [[História Natural de Plínio]]. Através dela, sabemos que "os [[capitel|capiteis]], também, dos pilares, que foram colocados por M. Agrippa no Panteão, são feitos de [[bronze]] [[siracusa]]no",<ref>{{citar web|último1 =Plínio|primeiro1 =o Veho|título=A História Natural|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0137%3Abook%3D34|página=34.7}}</ref> que "o Panteão de Agripa foi decorado por Diógenes de Atenas e as [[cariátide]]s, dele, que formam as colunas do templo, são consideradas obras-primas da excelência: o mesmo, também, para as estátuas colocadas no teto"<ref>{{citar web|último1 =Plínio|primeiro1 =o Veho|título=A História Natural|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0137%3Abook%3D34|página=36.4}}</ref> e que uma das pérolas de [[Cleópatra]] foi partida ao meio para que cada metade "pudesse servir como pingentes nas orelhas da [[Vênus (mitologia)|Vênus]] no Panteão de Roma".<ref>{{citar web|último1 =Plínio|primeiro1 =o Veho|título=A História Natural|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0137%3Abook%3D34|página=9.58}}</ref> O Panteão de Agripa foi destruído juntamente com muitos outros edifícios num gigantesco incêndio em 80 [[Domiciano]] reconstruiu o edifício, que queimou de novo em 110.<ref>{{Harvnb|Kleiner|2007|p=182}}</ref>

Terminado por Adriano, mas não reivindicado como uma de suas obras, o novo edifício reutilizou o texto da inscrição original na nova fachada (uma prática comum nos projetos de reconstrução de Adriano em toda Roma; o único edifício no qual ele pôs seu próprio nome foi o Templo do Divino Trajano).<ref name="ramage">{{harvnb|Ramage|Ramage|2009|p=236}}</ref> Não se sabe para quê o edifício era utilizado. A [[História Augusta]] relata que Adriano dedicou o Panteão (entre outros edifícios) em nome do patrono original (Hadr. 19.10), mas a atual inscrição não pode ser uma cópia da original, pois ela não informa a quem o templo de Agripa era dedicado e, na opinião de Ziolkowski, seria extremamente improvável, em {{AC|25|x}}, Agripa ter se apresentado como ''consul tertium''. Em moedas, as mesmas palavras, "M. Agrippa L.f cos. tertium", foram utilizadas para fazer referência a ele depois de morto; ''consul tertium'' servindo como "uma espécie de '[[cognomen]] ex virtude', uma lembrança do fato de que, de todos os homens de sua geração, com exceção do próprio Augusto, foi o único a ser cônsul por três vezes".<ref>{{citar periódico|último1 =Ziolkowski|primeiro1 =Adam|editor-sobrenome1 =Graßhoff|editor-nome1 =G|editor-sobrenome2 =Heinzelmann|editor-nome2 =M|editor-sobrenome3 =Wäfler|editor-nome3 =M|título=What did Agrippa's Pantheon Look like?  New Answers to an Old Question|periódico=The Pantheon in Rome: Contributions to the Conference|data=9–12 de novembro de 2006|página=39|local=Bern}}</ref> Seja qual tenha sido a causa da alteração da inscrição, a nova inscrição reflete o fato de que houve uma mudança no objetivo do edifício.<ref>{{citar livro|último1 =Ziolkowski|primeiro1 =Adam|editor-sobrenome1 =Leone|editor-sobrenome2 =Palombi|editor-sobrenome3 =Walker|título=Res Bene Gestae: Ricerche di storia urbana su Roma antica in onore di Eva Margreta Steinby|data=2007|publicado=Quasar|local=Rome}}</ref>

[[Dião Cássio]], escrevendo aproximadamente 75 anos depois da reconstrução do Panteão, atribuiu erroneamente o edifício a Agripa e não a Adriano, apesar de ser o único autor quase-contemporâneo a citar o Panteão. Já em 300 havia incerteza sobre a origem do edifício e seu objetivo:

{{citação2|[[Marco Vipsânio Agripa|Agripa]] completou a construção do edifício chamado de Panteão. Ele traz seu nome, talvez por que ele tenha recebido entre as imagens que o decoravam as estátuas de muitos deuses, incluindo [[Marte (mitologia)|Marte]] e [[Vênus (mitologia)|Vênus]]; mas minha opinião sobre o nome é que, por causa de seu teto [[abóbada|abobadado]], ele lembra os céus.|[[Dião Cássio]]|História Romana 53.27.2}}

Em 202, o edifício foi restaurado pelos imperadores conjuntos [[Sétimo Severo]] e [[Caracala]], seu filho, motivo pelo qual há mais uma inscrição, menor, na [[arquitrave]] da fachada, pouco abaixo da anterior.<ref name="PialeVasi1851">{{citar livro|autor1 =Luigi Piale|autor2 =Mariano Vasi|título=New Guide of Rome and the Enirons According to Vasi and Nibby: Containing a Description of the Monuments, Galleries, Churches &#91;etc.&#93; Carefully Revised and Enlarged, with an Account of the Latest Antiquarian Researches|url=http://books.google.com/books?id=Bg0YAAAAYAAJ&pg=PA272|ano=1851|publicado=L. Piale|página=272}}</ref><ref>{{citar web |url= http://avirel.unitus.it/bd/autori/melchiorri/nuova_guida_metodica/parte_terza.html |título= Nuova guida metodica di Roma e suoi contorni - Parte Terza ("New methodic guide to Rome and its suburbs - Third Part") |data= 1834 |autor= Giuseppe Melchiorri |editor= Paolo Badalì |obra= Archivio viaggiatori italiani a roma e nel lazio - Istituto Nazionale Di Studi Romani |publicado= [[Tuscia University]] |língua= italiano |arquivourl= https://www.webcitation.org/6Nmvmp9JP?url=http://avirel.unitus.it/bd/autori/melchiorri/nuova_guida_metodica/parte_terza.html |arquivodata= 2014-03-03 |acessodata= 2015-05-30 |urlmorta= yes }}</ref> Quase ilegível atualmente, diz:<ref name="Rodocanachi1920">{{citar livro|autor =Emmanuel Rodocanachi|título=Les monuments antiques de Rome encore existants: les ponts, les murs, les voies, les aqueducs, les enceintes de Rome, les palais, les temples, les arcs|url=http://books.google.com/books?id=Z0HQAAAAMAAJ&pg=PA192|ano=1920|publicado=Libr. Hachette|língua=francês|página=192}}</ref>
:<small>IMP·CAES·L·SEPTIMIVS·SEVERVS·PIVS·PERTINAX·ARABICVS·ADIABENICVS·PARTHICVS·MAXIMVS·PONTIF·MAX·TRIB·POTEST·X·IMP·XI·COS·III·P·P·PROCOS&nbsp;&nbsp;ET</small> ("Imp[erador] [[César (título)|Caes[ar]]] [[Sétimo Severo|L[ucius] Septimius Severus Pius Pertinax]], vitorioso na [[Arábia Pétrea|Arabia]], vencedor de [[Adiabene]], grande vitorioso da [[Pártia]], [[Pontifex Maximus|Pontif[ex] Max[imus]]], dez vezes [[tribuno]], onze vezes imperador, três vezes [[Cônsul (Roma Antiga)|cônsul]], [[Pater Patriae|P[ater] P[atriae]]], [[procônsul]])
:<small>IMP·CAES·M·AVRELIVS·ANTONINVS·PIVS·FELIX·AVG·TRIB·POTEST·V·COS·PROCOS·PANTHEVM·VETVSTATE·CORRVPTVM·CVM·OMNI·CVLTV·RESTITVERVNT</small> ("Imp[erador] Caes[ar] [[Caracalla|M[arcus] Aurelius Antoninus Pius Felix Aug[ustus]]], cinco vezes tribuno, cônsul, procônsul, restauraram cuidadosamente o Panteão, arruinado pela idade")

=== Medieval ===
[[Imagem:0_Obélisque_de_Macuteo_-_Fontaine_Della_Porta_-_Panthéon_(Rome).jpg|thumb|esquerda|Panteão e a Fontana del Pantheon]]
Em 609, o [[imperador bizantino]] [[Focas]] {{nwrap|r.|602|610}} deu o edifício ao [[papa Bonifácio IV]] {{nwrap|r.|608|615}}, que a converteu em uma igreja cristã e consagrou-a a "Santa Maria e os Mártires" em 13 de maio de 609.<ref>[[João, o Diácono (morto antes de 882)|João, o Diácono]], ''Monumenta Germaniae Historia'' (1848) 7.8.20, citado em {{Harvnb|MacDonald|1976|p=139}}</ref> Vinte e oito carregamentos de [[relíquia]]s de [[mártir]]es foram removidos das [[catacumbas de Roma]] e colocados num recipiente de [[pórfiro (geologia)|pórfiro]] abaixo do [[altar-mor]].<ref>{{citar web|url = http://oce.catholic.com/index.php?title=Popes_Boniface_III-VII|título = Popes Boniface III-VII|publicado = Original Catholic Encyclopedia|língua = inglês|acessodata = 2015-05-30|arquivourl = https://web.archive.org/web/20150523174632/http://oce.catholic.com/index.php?title=Popes_Boniface_III-VII|arquivodata = 2015-05-23|urlmorta = yes}}</ref>

A consagração do edifício como igreja salvou-o do abandono, destruição e do pior da [[spolia|espoliação]] que acometeram a maioria dos edifícios da Roma Antiga durante os primeiros séculos da [[Idade Média]]. [[Paulo, o Diácono]] relata a espoliação do edifício pelo imperador [[Constante II]], que visitou Roma em julho de 663:
{{citação2|Permanecendo em Roma por doze dias, ele removeu tudo que, em tempos antigos, havia sido feito de metal para ornamentar a cidade, a ponto de remover o teto da igreja [de Santa Maria], que no passado era chamada de Panteão, e que fora fundada para homenagear todos os deuses e que agora, com permissão de antigos governantes, era o local de todos os mártires; e ele removeu as telhas de bronze e as enviou com todos os demais ornamentos para [[Constantinopla]].}}

Muito do fino mármore externo foi removido ao longo dos séculos e, por exemplo, os [[capitel|capiteis]] de algumas [[pilastra]]s estão no [[Museu Britânico]].<ref>[http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/gr/m/pantheon_marble_capitals.aspx British Museum Highlights]</ref> Duas colunas foram engolidas por edifícios medievais que se apoiaram no Panteão pelo leste e se perderam.

=== Renascimento ===
[[Imagem:Giovanni_Paolo_Panini_-_Interior_of_the_Pantheon,_Rome_-_Google_Art_Project.jpg|thumb|upright|Interior do Panteão no século XVIII por [[Giovanni Paolo Pannini]]]]

Desde o [[Renascimento]], o Panteão tem sido utilizado como [[túmulo]] e entre os sepultados ali estão os pintores [[Rafael Sanzio|Rafael]] e [[Annibale Carracci]], o compositor [[Arcangelo Corelli]] e o arquiteto [[Baldassare Peruzzi]]. No {{séc|XV}}, muitas pinturas foram levadas para lá e a mais conhecida é uma "[[Anunciação]]" de [[Melozzo da Forlì]]. No início do {{séc|XVII}}, [[papa Urbano VIII|Urbano VIII Barberini]]  {{nwrap|r.|1623|1644}} ordenou que o teto de bronze do pórtico do Panteão fosse derretido. A maior parte do bronze foi utilizado para fazer [[bombarda (arma)|bombarda]]s para defender o [[Castelo de Santo Ângelo]] e o resto, utilizado pela [[Câmara Apostólica]] para diversos fins. Diz-se também que o bronze foi utilizado por [[Bernini]] para criar seu famoso [[baldaquino da Basílica de São Pedro|baldaquino]] sobre o [[altar-mor]] da [[Basílica de São Pedro]], mas, de acordo com pelo menos um perito, o relato papal afirma que cerca de 90% do bronze foi de fato utilizado para fazer canhões e que o bronze para o baldaquino veio de [[República de Veneza|Veneza]].<ref>{{citar web|url=http://gnv.fdt.net/~aabbeama/Christmas/Pantheon.html|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070701023945/http://gnv.fdt.net/~aabbeama/Christmas/Pantheon.html|arquivodata=2007-07-01|título=Pantheon, The ruins and excavations of ancient Rome|publicado=Rodolpho Lanciani|acessodata=2015-05-30|urlmorta=yes}}</ref> Esta [[spolia|espoliação]] resultou na famosa frase do satírico [[Pasquino]]: ''Quod non fecerunt barbari fecerunt Barberini'' ("O que os bárbaros não fizeram fez o Barberini").

Além disso, Urbano VIII substituiu o [[campanário]] medieval pelas famosas torres gêmeas (frequentemente atribuídas erroneamente a [[Bernini]]<ref>{{citar livro |título= Bernini: His Life and His Rome |último = Mormando |primeiro = Franco |ano=2011 |publicado= University of Chicago Press. |isbn= 0-226-53851-6 |url=http://books.google.com/?id=oeJ0qXzP9HsC&lpg=PT148&dq=bernini%20pantheon%20ass&pg=PT148#v=onepage&q=bernini%20pantheon%20ass&f=false |acessodata=3 de janeiro de 2012}}</ref>), chamadas de "as orelhas do jumento"<ref>{{citar livro |título=The Pantheon |último =DuTemple |primeiro =Leslie A. |ano=2003 |publicado=Lerner Publns. |local=Minneapolis |isbn= 978-0-8225-0376-7|página=64 |url=http://books.google.com/books?id=I319kQzBkGcC&lpg=PA63&dq=bernini%20pantheon%20towers&pg=PA64#v=onepage&q&f=false |acessodata=8 de maio de 2011}}</ref> e que só seriam removidas no final do {{séc|XIX}}.<ref name="Marder2">{{Harvnb|Marder|1991|p=275}}</ref> Além destas, a única outra perda foram as esculturas exteriores que adornavam o [[frontão]] sobre a inscrição de Agripa. O interior em mármore sobreviveu em grande parte, mas somente através de sucessivas restaurações. Em 1747, o largo [[friso (arquitetura)|friso]] abaixo da cúpula, com suas janelas falsas, foi "restaurado", mas o resultado ficou muito diferente do original. Nas primeiras décadas do {{séc|XX}}, um pedaço do original, o melhor que se pôde reconstruir a partir de desenhos e pinturas medievais, foi recriado em um dos painéis.

=== Contemporânea ===
Dois [[Reino de Itália (1861–1946)|reis da Itália]] estão sepultados no Panteão: [[Vítor Emanuel II da Itália|Vítor Emanuel II]] e [[Umberto I da Itália|Humberto I]] (e sua esposa, [[Margarida de Saboia]]). Embora a [[Itália]] seja uma república desde 1946, membros voluntários de organizações [[monarquismo|monarquistas]] mantém uma [[vigília]] permanente sobre os túmulos reais no Panteão, o que provoca protestos de republicanos de tempos em tempos. O Panteão continua sendo utilizado como igreja católica e [[missa]]s são celebradas no local aos [[domingo]]s e [[dia santo|dias santos]], assim como casamentos.

== Estrutura ==

=== Pórtico ===

[[Imagem:Pantheon_Rome_04_2016_6460.jpg|thumb|esquerda|As gigantescas colunas do [[pórtico]].]]

Antigamente, a entrada do edifício era precedida por uma escadaria, eliminada quando o nível do piso que leva ao pórtico foi elevado em uma das reformas posteriores.<ref name="MacDonald 1976 p=18"/> O [[frontão]] era decorado com esculturas em relevo, provavelmente banhadas em [[bronze]]. Os buracos que marcam os locais onde estavam presos os grampos que prendiam as esculturas sugerem que elas representavam uma [[águia]] numa [[grinalda]]; fitas saíam da grinalda em direção aos cantos do frontão.<ref>{{Harvnb|MacDonald|1976|pp=63, 141–2}}; {{Harvnb|Claridge|1998|p=203}}</ref> O pórtico foi projetado originalmente para conter colunas de granito monolíticas com [[fuste]]s de 50 [[pé romano|pés romanos]] (pesando cerca de 100 toneladas) e [[capitel|capiteis]] de 10 pés romanos de altura em [[ordem coríntia|estilo coríntio]].<ref>{{Harvnb|Wilson-Jones|2003|loc=The Enigma of the Pantheon: The Exterior}}, pp. 199–210</ref> Porém, este pórtico mais alto teria escondido o segundo frontão visível no bloco intermediário e a solução encontrada pelos construtores foi a realização de uma série de ajustes pouco harmônicos para que fosse possível utilizar fustes de 40 pés e capiteis de oito pés.<ref>{{Harvnb|Wilson-Jones|2003|loc=The Enigma of the Pantheon: The Exterior}}, pp. 199–206</ref>

Esta substituição foi provavelmente resultado de dificuldades logísticas em algum ponto da construção. As colunas de [[granito]] utilizadas no pórtico foram obtidas em {{ilc|Monte Claudiano||Mons Claudianus}}, no [[Egito romano]]. Cada uma tem 11,9 metros de altura, 1,5 metros de diâmetro e pesa 60 toneladas.<ref>{{citar web |último=Parker |primeiro=Freda |url=http://www.monolithic.com/stories/the-pantheon-rome-126-ad |título=The Pantheon – Rome – 126 AD |publicado=Monolithic |data= |acessodata=2009-07-08 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20090526073555/http://www.monolithic.com/stories/the-pantheon-rome-126-ad |arquivodata=2009-05-26 |urlmorta=yes }}</ref> Cada uma delas foi arrastada por mais de 100 quilômetros da pedreira até o [[rio Nilo]] em trenós de madeira. Depois, navegando em barcaças somente durante a cheia da primavera —quando o nível da água estava mais alto —, chegaram aos portos no [[Mediterrâneo]], onde foram embarcadas em navios para a viagem até o porto romano de [[Óstia Antiga|Óstia]]. Dali, novamente em barcaças, seguiam para Roma pelo [[rio Tibre]].<ref>{{Harvnb|Wilson-Jones|2003|loc=The Enigma of the Pantheon: The Exterior}}, pp. 206–212</ref> Depois de desembarcarem perto do [[Mausoléu de Augusto]], ainda precisavam ser arrastadas por mais 700 metros até o local do Panteão.<ref>{{Harvnb|Wilson-Jones|2003|loc=The Enigma of the Pantheon: The Exterior}}, pp. 206–207</ref> As grandes portas de bronze da [[cela (arquitetura)|cela]], que no passado eram banhadas a ouro, são antigas, mas não são originais. Pequenas demais para os batentes, estão ali desde o {{séc|XV}}.<ref>{{Harvnb|Claridge|1998|p=204}}</ref>

=== Rotunda ===
[[Imagem:Pantheon-Roof-from-Gianicolo-2012.JPG|thumb|Vista da [[cúpula]] à distância.]]

O peso de {{formatnum|5000}} [[tonelada]]s da [[cúpula]] de [[concreto romano]] está concentrado no anel de [[aduela]]s com 9,1 metros de diâmetro que forma o [[óculo]] e o impulso descendente da cúpula é suportado por oito [[abóbada de berço|abóbadas de berço]] na parede de 6,4 metros de largura do [[tambor (arquitetura)|tambor]], assentado sobre oito [[pilar]]es. A espessura da cúpula varia de 6,4 metros na base até 1,2 metros à volta do óculo.<ref name=cowan>{{Harvnb|Cowan|1977|p=56}}</ref> Sabe-se que as forças de [[Stress (física)|stress]] na cúpula foram substancialmente reduzidas pelo uso de agregados rochosos progressivamente menos densos, como pedaços de [[pedra-pomes]], nas camadas superiores do domo. Mark & Hutchison estimaram que, se concreto normal tivesse sido utilizado em toda a estrutura, o stress nos arcos teria sido 80% maior. Câmaras escondidas criadas no interior da rotunda forma uma sofisticada [[estrutura em favos de mel]],<ref>{{Harvnb|MacDonald|1976|p=33|}}</ref> que reduziu o peso do teto, o que fez também a eliminação do [[ápice]] da cúpula com a criação do [[óculo]].<ref name="Ancient Roman Concrete">{{citar web |url=http://www.romanconcrete.com/docs/spillway/spillway.htm |título=The Riddle of Ancient Roman Concrete |publicado=Roman Concrete.com |obra=S Dept. of the Interior, Bureau of Reclamation, Upper Colorado Region |data=Fevereiro de 1993 |autor =Moore, David}}</ref>

O topo da parede da rotunda apresenta uma série de arcos de tijolo para aliviar as forças de stress, visíveis do lado fora e construídos no interior da estrutura de tijolos da parede. O Panteão está repleto de estruturas deste tipo, mas elas ficavam escondidas no interior pelo revestimento de mármore e, no exterior, pelo revestimento de pedra ou [[estuque]]. A altura do óculo e o diâmetro do círculo interior são idênticos, 43,3 metros. Portanto, o interior caberia exatamente dentro de um [[cubo]] e poderia abrigar uma [[esfera]] perfeita de 43,3 metros de diâmetro.<ref name=roth>{{Harvnb|Roth|1992|p=36}}</ref> Estas dimensões fazem muito mais sentido quando expressas nas [[unidades de medida da Roma Antiga]]: a cúpula tem 150 pés romanos; o óculo tem 30 pés de diâmetro; a porta tem 40 pés de altura.<ref>{{Harvnb|Claridge|1998|pp=204–5}}</ref> Substancialmente maior que as [[lista de cúpulas romanas|cúpulas anteriores]], o Panteão ainda detém o recorde de mair cúpula de concreto não reforçado do mundo.<ref>{{Harvnb|Lancaster|2005|pp=44–46}}</ref> Embora geralmente aparece em desenhos como um edifício isolado, havia um outro edifício anexo ao fundo do Panteão. Apesar de servir como [[contraforte]] adicional à rotunda, não havia uma passagem interior de um edifício para o outro.<ref>{{Harvnb|MacDonald|1976|p=34}}, {{Harvnb|Wilson-Jones|2000|p=191}}</ref>

===Interior=== 
[[Imagem:Pantheon_-_panoramio_(15).jpg|esquerda|upright|[[Caixotão|Caixotões]] da cúpula e o [[óculo]] central.|thumb]]
[[Imagem:Pantheon (Rome) altar.jpg|thumb|esquerda|upright|[[Altar-mor]]]]
O interior da cúpula provavelmente foi desenhado para simbolizar a [[abóbada celeste]].<ref name=roth/> O óculo no [[ápice]] e a porta de entrada são as únicas fontes de luz natural no interior. No decorrer de um dia, a luz do óculo passeia pelo espaço num movimento inverso ao de um [[relógio de sol]].<ref>{{Harvnb|Wilson-Jones|2003|loc=The Enigma of the Pantheon: The Interior}}, pp. 182–184</ref> O óculo serve ainda como sistema de resfriamento e ventilação do edifício; durante chuvas e tempestades, um sistema de drenagem no piso remove a água que escorre pela abertura. Pelo interior, a cúpula é formada por [[caixotão|caixotões]], em cinco anéis de 28 unidades cada. Este espaçamento uniforme é difícil de conseguir e, presume-se, tem um significado simbólico, seja numérico, geométrico ou [[ciclo lunar|lunar]].<ref>{{Harvnb|Lancaster|2005|p=46}}</ref><ref>{{Harvnb|Wilson-Jones|2003|loc=The Enigma of the Pantheon: The Interior}}, pp. 182–183.</ref>

Os atuais altares e [[abside]]s foram encomendados pelo [[papa Clemente XI]] {{nwrap|r.|1700|1721}} e projetados por [[Alessandro Specchi]]. No santuário na abside acima do altar-mor está um [[ícone]] [[bizantino]] do {{séc|VII}} da [[Madona com o Menino]] doado pelo [[imperador bizantino|imperador]] [[Focas]] ao [[papa Bonifácio IV]] na ocasião da dedicação do Panteão como igreja cristã em 13 de maio de 609. O [[coro (arquitetura)|coro]] foi acrescentado em 1840 e é um projeto de [[Luigi Poletti (arquiteto)|Luigi Poletti]].

O primeiro nicho à direita da entrada abriga uma "[[Madona do Santo Cinto]] e [[São Nicolau de Bari]]" (1686), de um artista desconhecido. Na Capela da Anunciação, a primeira à direita, está um [[afresco]] da [[Anunciação]] atribuído a [[Melozzo da Forlì]]. À esquerda dele está uma tela de Clement Maioli, "[[São Lourenço de Roma|São Lourenço]] e [[Santa Inês de Roma|Santa Inês]]" (1645–50), e à direita, "[[Dúvida de Tomé|Incredulidade de São Tomé]]" (1633), de [[Pietro Paolo Bonzi]].

O segundo nicho abriga um afresco do {{séc|XV}} da escola [[toscana]] da "[[Coroação da Virgem]]". Na segunda capela, originalmente dedicada ao [[Espírito Santo]], está o túmulo do rei [[Vítor Emanuel II da Itália|Vítor Emanuel II]] (m. 1878). Uma competição foi realizada para decidir qual o arquiteto que iria decorá-la, vencida por [[Manfredo Manfredi]], que iniciou seus trabalhos em 1885. [[Giuseppe Sacconi]] participou e perdeu, mas iria depois projetar o túmulo de [[Umberto I da Itália|Umberto I]], na capela oposta. O túmulo consiste de uma grande placa de bronze encimada por uma águia romana e o [[brasão]] da [[Casa de Saboia]]. A [[:wikt:lamparina|lamparina]] dourada acima do túmulo queima em homenagem a [[Vítor Emanuel III]], que morreu no [[exílio]] em 1947.

O terceiro nicho abriga uma escultura de ''[[Il Lorenzone]]'', "[[Santa Ana]] e [[Virgem Maria|Virgem]]". Na terceira capela está uma pintura do {{séc|XV}} da escola [[Úmbria|umbriana]], "[[Nossa Senhora das Mercês]] entre [[São Francisco de Assis|São Francisco]] e [[São João Batista]]". Esta imagem é conhecida como "Nossa Senhora da Grade" por que originalmente ficava pendurada em um dos nichos do lado esquerdo pórtico, protegida por uma grade. Foi transferida primeiro para a Capela da Anunciação e depois para a localização atual em algum momento depois de 1837. O [[epigrama]] em bronze comemora a restauração do santuário pelo papa Clemente XI. Na parede direita está a tela "Imperador [[Focas]] presenteando o Panteão ao papa Bonifácio IV" (1750), de um artista desconhecido. Há três placas comemorativas no piso. O nicho à direita abriga uma estátua de "[[Santo Anastácio]]" (1725), de [[Bernardino Cametti]].<ref name="Marder1">{{Harvnb|Marder|1980|p=35}}</ref>

No primeiro nicho à esquerda da entrada está uma "[[Assunção da Virgem|Assunção]]" (1638), de [[Andrea Camassei]]. A primeira capela à esquerda, dedicada a "São José na Terra Santa", é a capela da Confraternidade dos Virtuosos no Panteão (cujos membros eram os ''virtuosi''), uma confraternidade de artistas e músicos fundadas no local por um [[cônego]] da igreja do {{séc|XVI}}, Desiderio da Segni, para assegurar a devoção na capela. Entre os primeiros membros estavam, entre outros, [[Antonio da Sangallo, o Jovem]], Jacopo Meneghino, Giovanni Mangone, [[Taddeo Zuccari|Zuccari]], [[Domenico Beccafumi]] e [[Flaminio Vacca]]. Ela continuou a atrair membros da elite dos artistas e arquitetos de Roma e entre os últimos membros estão [[Gian Lorenzo Bernini|Bernini]], [[Pietro da Cortona|Cortona]], [[Alessandro Algardi|Algardi]] e muitos outros. A confraternidade ainda existe com o nome de ''Academia Ponteficia di Belle Arti'' ("Pontifícia Academia de Belas Artes), baseada no ''[[Palazzo della Cancelleria]]''. O altar nesta capela está revestido mármore falso e abriga uma estátua de "[[São José]] e o [[Menino Jesus]]", de Vincenzo de Rossi.

Nos lados estão pinturas de [[Francesco Cozza (pintor)|Francesco Cozza]], um dos ''virtuosi'': "[[Adoração dos Pastores]]" à esquerda e "[[Adoração dos Magos]]" à direita. O relevo em [[estuque]] à esquerda, "[[Sonho de São José]]", é de Paolo Benaglia e o da direita, "[[Descanso na Fuga para o Egito]]", é de Carlo Monaldi. Na abóbada estão várias telas do {{séc|XVII}}, da esquerda para direita: "[[Sibila de Cumas]]", de [[Ludovico Gimignani]]; "[[Moisés]]", de [[Francesco Rosa]]; "[[Deus Pai|Pai Eterno]]", de [[Giovanni Peruzzini]]; "[[David]]", de [[Luigi Garzi]]; e "[[Sibila da Eritreia]]", de Giovanni Andrea Carlone.
[[Imagem:Roma_Pantheon_001.jpg|thumb|Interior do Panteão]]

O segundo nicho abriga uma estátua de "[[Santa Inês de Roma|Santa Inês]]", de Vincenzo Felici. O busto à esquerda é um retrato de [[Baldassare Peruzzi]], baseado num retrato de [[Giovanni Duprè]]. O túmulo do rei Umberto I e de sua esposa, [[Margarida de Saboia]], está na capela seguinte, originalmente dedicada a [[São Miguel Arcanjo]] e depois a [[São Tomé]]. O projeto atual é de [[Giuseppe Sacconi]], completado depois de sua morte pelo seu pupilo Guido Cirilli. O túmulo é uma laje de [[alabastro]] em um suporte de bronze dourado. O [[friso (arquitetura)|friso]] está decorado com [[alegoria]]s da "Generosidade", de Eugenio Maccagnani, e da "Prodigalidade", de [[Arnaldo Zocchi]]. Os túmulos reis são conservados pelo Instituto Nacional da Guarda de Honra dos Túmulos Reais, fundado em 1878.

O terceiro nicho abriga os restos mortais do grande artista [[Rafael Sanzio|Rafael]]. Sua noiva (ela morreu antes do casamento), Maria Bibbiena, está enterrada à sua direita. O sarcófago foi doado pelo [[papa Gregório XVI]] {{nwrap|r.|1831|1846}} e, na inscrição, lê-se: <small>ILLE HIC EST RAPHAEL TIMUIT QUO SOSPITE VINCI / RERUM MAGNA PARENS ET MORIENTE MORI</small> ("Aqui jaz Rafael, por quem a mãe de todas as coisas [Natureza] temia ser ultrapassada enquanto ele vivia e, enquanto ele morria, temia morrer também". Este [[epitáfio]] foi escrito por [[Pietro Bembo]]. O atual arranjo da capela é de 1811, um projeto de Antonio Munoz. O busto de Rafael (1833), é de Giuseppe Fabris. As duas placas comemorativas celebram Maria Bibbiena e [[Annibale Carracci]]. Atrás do túmulo está um estátua conhecida como ''"Madonna del Sasso"'' ("Madona das Rochas"), pois a Virgem está com um pé num pedregulho na imagem, encomendada por Rafael e executada por [[Lorenzetto]] em 1524.

Na Capela da Crucificação, a parede de tijolos romana é visível nos nichos. O crucifixo de madeira no altar é do {{séc|XV}}. Na parede esquerda, está "[[Pentecostes|Vinda do Espírito Santo]]" (1790), de Pietro Labruzi, e, na direita, o [[baixo-relevo]] "Cardeal Consalvi apresenta ao [[Papa Pio VII]] as Cinco Províncias a serem Restauradas à Santa Sé" (1824), do escultor [[holandeses|holandês]] [[Bertel Thorvaldsen]]. O busto é um retrato do cardeal [[Agostino Rivarola]]. O nicho final do lado esquerdo abriga uma estátua de [[São Rásio]] (''S. Erasio'') (1727), de Francesco Moderati.<ref name="Marder1"/>
{{panorama|Einblick_Panorama_Pantheon_Rom.jpg|800px|Vista panorâmica da área interna do Panteão}}

== Obras baseadas no Panteão ==
Como o mais bem preservado exemplo de um [[arquitetura romana|edifício romano monumental antigo]], o Panteão tem sido enormemente influente na [[arquitetura ocidental]], pelo menos do [[Renascimento]] em diante,<ref>{{Harvnb|MacDonald|1976|pp=94–132}}</ref> começando com a cúpula de 42 metros de diâmetro de [[Filippo Brunelleschi|Brunelleschi]] em ''[[Santa Maria del Fiore]]'' ([[Florença]]), completada em 1436.<ref>{{Harvnb|Ross|2000}}</ref>

== Localização ==
{{Planimetria do Campo de Marte central}}

== Notas ==
{{notelist}}

{{Referências|col=2}}

== Bibliografia ==
{{Refbegin|2}}
*{{citar livro |último = Claridge |primeiro = Amanda |título= Rome | series= Oxford Archaeological Guides |publicado= Oxford University Press |local= Oxford Oxfordshire |ano= 1998| isbn = 0-19-288003-9 }}
*{{citar livro |último = Cowan |primeiro = Henry |título= The Master Builders: : A History of Structural and Environmental Design From Ancient Egypt to the Nineteenth Century |publicado= John Wiley and Sons|local= New York |ano= 1977 | isbn = 0-471-02740-5 }}
*{{citar livro |último =Favro |primeiro =Diane |contribuição=Making Rome a World City |título=The Cambridge Companion to the Age of Augustus |ano=2005 |publicado=Cambridge University Press |páginas=234–263 |isbn=978-0-521-00393-3}}
*{{citar livro |último = Hetland |primeiro = L. M.|título= Dating the Pantheon |ano= 2007 |páginas= 95–112 | volume = 20|número=1 |periódico= Journal of Roman Archaeology |issn=1047-7594}}
*{{citar livro |último = King |primeiro = Ross |título= Brunelleschi's Dome |publicado= Chatto & Windus |local= London |ano= 2000 | isbn = 0-7011-6903-6 }}
*{{citar livro |último = Kleiner |primeiro = Fred S.|título= A History of Roman Art |publicado= Wadsworth Publishing |local= Belmont |ano= 2007 | isbn = 0-534-63846-5 }}
*{{citar livro |último = Lancaster |primeiro = Lynne C. |título= Concrete Vaulted Construction in Imperial Rome: Innovations in Context |publicado= Cambridge University Press |local= Cambridge |ano= 2005 | isbn = 0-521-84202-6 }}
*{{citar livro |último =Loewenstein|primeiro =Karl|autorlink =Karl Loewenstein|título=The Governance of Rome|ano=1973|publicado=Martinus Nijhof|local=The Hague, Netherlands|isbn=978-90-247-1458-2}}
*{{citar livro |último =MacDonald|primeiro = William L.|título=The Pantheon: Design, Meaning, and Progeny |publicado=Harvard University Press|local=Cambridge, MA|ano=1976|isbn=0-674-65345-9}}
*{{citar livro |último =Marder|primeiro =Tod A. |ano=1980|título=Specchi's High Altar for the Pantheon and the Statues by Cametti and Moderati|periódico=[[The Burlington Magazine]]|volume=122|número=922|páginas=30–40|publicado=The Burlington Magazine Publications, Ltd.| jstor = 879867}}
*{{citar livro |último =Marder|primeiro =Tod A. |título= Alexander VII, Bernini, and the Urban Setting of the Pantheon in the Seventeenth Century  |ano= 1991  |periódico= The Journal of the Society of Architectural Historians |páginas= 273–292|volume=50|número=3|doi=10.2307/990615|publicado=Society of Architectural Historians  | jstor = 990615}}
*{{citar livro |último1 = Mark |primeiro1 =  R.|último2 =  Hutchinson  |primeiro2 =  P.|título=  On the structure of the Pantheon |ano= 1986 |periódico= Art Bulletin |páginas= 24–34 | volume = 68 | doi = 10.2307/3050861 |número= 1 |publicado= College Art Association | jstor = 3050861}}
*{{citar livro |primeiro1 =Nancy H. |último1 =Ramage|último2 =Ramage|primeiro2 =Andrew|título=Roman art : Romulus to Constantine|ano=2009|publicado=Pearson Prentice Hall|local=Upper Saddle River, N.J.|isbn=978-0-13-600097-6|edição=5th}}
*{{citar livro |último =Rasch|primeiro =Jürgen|título=  Die Kuppel in der römischen Architektur. Entwicklung, Formgebung, Konstruktion, Architectura |ano= 1985 |periódico= Architectura |páginas= 117–139 | volume = 15}}
*{{citar livro |último = Roth |primeiro = Leland M. |título= Understanding Architecture: Its Elements, History, And Meaning |publicado= Westview Press |local= Boulder |ano= 1992 | isbn = 0-06-438493-4 }}
*{{citar livro |último =Thomas |primeiro =Edmund|título=The Architectural History of the Pantheon from Agrippa to Septimius Severus via Hadrian |periódico=Hephaistos |volume=15 |ano=1997 |páginas=163–186}}
*{{citar livro |último = Wilson-Jones|primeiro = Mark |título= Principles of Roman Architecture |publicado= Yale University Press |local= New Haven |ano= 2003 | isbn = 0-300-10202-X }}
 {{Refend}}

== Ligações externas ==
{{refbegin|2}}
* {{citar web| url = http://www.vicariatusurbis.org/SantaMariaadMartyres/| título = Pantheon| publicado = [[Vicariato de Roma]]| língua = inglês| acessodata = 2015-05-30| arquivourl = https://web.archive.org/web/20150916002619/http://www.vicariatusurbis.org/SantaMariaadMartyres/| arquivodata = 2015-09-16| urlmorta = yes}}
* {{citar web|url = http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Gazetteer/Places/Europe/Italy/Lazio/Roma/Rome/_Texts/PLATOP*/Pantheon.html| título = Pantheon| publicado = Platner's Topographical Dictionary of Ancient Rome| língua = inglês}}
* {{citar web|url = http://www.greatbuildings.com/buildings/Pantheon.html| título = Pantheon| publicado = Great Buildings/Architecture Week website| língua = inglês}}
* {{citar web|url = http://www.rome-guide.it/english/monuments/monuments_pantheon.html| título = Pantheon| publicado = Art & History Pantheon| língua = inglês}}
* {{Structurae|id=s0000292|title=Pantheon}}
 {{Refend}}

{{Marcos de Roma}}
{{controle de autoridade}}
{{Portal3|Roma Antiga|Itália|Arquitetura|Catolicismo}}

{{DEFAULTSORT:Panteao}}
[[Categoria:128]]
[[Categoria:Século VII]]
[[Categoria:Basílicas em Roma]]
[[Categoria:Rotundas (arquitetura)]]
[[Categoria:Panteões|Roma, Panteao de]]
[[Categoria:Templos no Campo de Marte]]
[[Categoria:Templos não cristãos convertidos em igrejas]]
[[Categoria:Projetos de construção de Adriano]]
[[Categoria:Roma R. VIII Sant'Eustachio]]
[[Categoria:Roma R. IX Pigna]]