Paulinella

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaPaulinella

Classificação científica
(sem classif.) clado SAR
Filo: Cercozoa
Classe: Imbricatea
Ordem: Euglyphida
Género: Paulinella
Lauterborn[1]
Espécies

Paulinella é um género que compreende cerca de nove[6] espécies de amebóides aquáticos. Os seus membros mais famosos são as três espécies foto-sintéticas P. chromatophora, P. micropora e P. longichromatophora, as duas primeiras formas de água doce e a terceira marinha,[7] que recentemente (em termos evolutivos) captaram uma cianobactéria como endossimbionte.[8] Este plastídeo é por vezes denominado 'cianela' ou cromatóforo. Considera-se que o evento endossimbiótico ocorreu há 90–140 milhões de anos numa espécie bacteriana que divergiu há 500 milhões de anos a partir dalgumas cianobactérias conhecidas.[9][10] Isto é surpreendente, porque os cloroplastos de todos os demais eucariotas fotossintéticos conhecidos derivam em última instância dum só endossimbionte cianobacteriano, que foi captado provavelmente há mil milhões de anos por um arqueplastidiano ancestral (e seguidamente adotado por outros grupos eucariotas, em eventos posteriores endossimbióticos). O simbionte P. chromatophora foi relacionado com as cianobactérias Prochlorococcus e Synechococcus (irmãos do grupo que consta dos membros vivos desses dois géneros).[3] O genoma do cromatóforo sofreu uma redução e agora é só um terço do tamanho do genoma dos seus parentes vivos livres mais próximos, mas ainda assim é 10 vezes maior que a maioria dos genomas de plastídeos. Alguns dos genes perderam-se, outros migraram para o núcleo da ameba por transferência genética endossimbiótica.[11] Outros genes degeneraram devido ao chamado trinquete de Muller (acumulação de mutações nocivas devido ao isolamento genético e provavelmente foram substituídos por genes doutros micróbios por transferência horizontal de genes).[12] Os genes nucleares de P. chromatophora (as regiões não modificadas pelo simbionte) estão mais estreitamente relacionadas com o heterótrofo P. ovalis.[13] P. ovalis também tem pelo menos dois genes de tipo cianobacteriano, que foram provavelmente integrados nos seus genomas por transferência horizontal de genes a partir da sua presa cianobacteriana. Genes similares poderam fazer com que as espécies fotossintéticas estivessem pré-equipadas para aceitar o cromatóforo.[14]

Referências

  1. M.D. Guiry in Guiry, M.D. & Guiry, G.M. 2013. AlgaeBase. World-wide electronic publication, National University of Ireland, Galway. http://www.algaebase.org; searched on 4 March 2013.
  2. a b c d e f g h «Paulinella». Integrated Taxonomic Information System. Consultado em 28 de janeiro de 2008 
  3. a b Birger Marin, Eva CM Nowack, Gernot Glöckner, and Michael Melkonian (2007). «The ancestor of the Paulinella chromatophore obtained a carboxysomal operon by horizontal gene transfer from a Nitrococcus-like γ-proteobacterium». BMC Evol. Biol. 7. 85 páginas. PMC 1904183Acessível livremente. PMID 17550603. doi:10.1186/1471-2148-7-85 
  4. a b «Paulinella» (HTML). NCBI taxonomy (em inglês). Bethesda, MD: National Center for Biotechnology Information. Consultado em 4 de janeiro de 2019. Lineage(full) cellular organisms; Eukaryota; Rhizaria; Cercozoa; Imbricatea; Silicofilosea; Euglyphida; Paulinellidae 
  5. «Paulinella ovalis». Consultado em 31 de janeiro de 2008 
  6. «Eukaryotes». Consultado em 28 de janeiro de 2008 
  7. Evolutionary dynamics of the chromatophore genome in three photosynthetic Paulinella species - Nature
  8. Laura Wegener Parfrey; Erika Barbero; Elyse Lasser; Micah Dunthorn; Debashish Bhattacharya; David J Patterson & Laura A Katz (dezembro 2006). «Evaluating Support for the Current Classification of Eukaryotic Diversity». PLoS Genet. 2 (12): e220. PMC 1713255Acessível livremente. PMID 17194223. doi:10.1371/journal.pgen.0020220 
  9. Sánchez-Baracaldo, Patricia; Raven, John A.; Pisani, Davide; Knoll, Andrew H. (12 de setembro de 2017). «Early photosynthetic eukaryotes inhabited low-salinity habitats». Proceedings of the National Academy of Sciences (em inglês). 114 (37): E7737–E7745. ISSN 0027-8424. PMC 5603991Acessível livremente. PMID 28808007. doi:10.1073/pnas.1620089114 
  10. Pérez-Zamorano, Bernardo; Valadez-Cano, Cecilio; Delaye, Luis (15 de março de 2016). «How Really Ancient Is Paulinella Chromatophora?» Verifique valor |url= (ajuda). PLOS Currents Tree of Life. 8. PMC 4866557Acessível livremente. PMID 28515968. doi:10.1371/currents.tol.e68a099364bb1a1e129a17b4e06b0c6b. Consultado em 4 de abril de 2019 – via currents.plos.org 
  11. Zhang, Ru; Nowack, Eva C. M.; Price, Dana C.; Bhattacharya, Debashish; Grossman, Arthur R. (1 de abril de 2017). «Impact of light intensity and quality on chromatophore and nuclear gene expression in Paulinella chromatophora, an amoeba with nascent photosynthetic organelles». The Plant Journal: For Cell and Molecular Biology. 90 (2): 221–234. PMID 28182317. doi:10.1111/tpj.13488 
  12. This little amoeba committed grand theft: Scientists reveal how a little-known amoeba engulfed a bacterium to become photosynthetic
  13. Patrick J. Keeling (2004). «Diversity and evolutionary history of plastids and their hosts». American Journal of Botany. 91 (10): 1481–1493. PMID 21652304. doi:10.3732/ajb.91.10.1481 
  14. Steal My Sunshine | The Scientist Magazine