Pedro Damiano de Odemira

Damião de Odemira (Odemira, Portugal, séc. XV - séc. XVI) foi boticário e jogador de xadrez português. Não se conhece com exactidão as datas do seu nascimento e morte. É internacionalmente conhecido por ter escrito um Tratado de Xadrez, em italiano e espanhol, "Questo libro e da imparare giocare a scachi: Et de belitissimi Partiti", publicado em Roma em 1512, cidade para onde havia fugido aquando da expulsão dos judeus de Portugal no reinado de D. Manuel I.

O autor, também muitas vezes confundido com Pietro Damiano (religioso italiano), foi tratadista mundial do jogo e o primeiro problemista de xadrez português. No seu Tratado, em que grande parte das "partidas" já fora publicada por Lucena, Damião analisa algumas aberturas, sugerindo que depois de 1.e4 e5 2.Cf3, a resposta 2...Cc6 é melhor e 2...d6 (actualmente chamada Defesa Philidor não é tão boa. Damião condenou 2...f6 como a pior defesa, mas, irónica e injustamente, o seu nome foi dado a esta abertura.

No seu livro, em dez capítulos, Damião sugere que o Xadrez foi inventado por Xerxes, sendo essa a razão para ser conhecido em Português por Xadrez e em Espanhol por Ajedrez. De facto, estas palavras vieram do Persa antigo chaturanga por via do Árabe xaţrandj. Aconselha, nomeadamente: "Quando tenhas em vista um bom lance, examina sempre se não existirá um que seja melhor. Quando se possui vantagem material, convém trocar o mais possível, se estas trocas nada fizerem perder". Também dedica um capítulo à "Arte de jogar com a mente".
O xadrezista português Mário Silva Araújo dedicou a Damião o livro "Damiano, o Português e a sua Obra" (ed. poligrafada). Também em sua honra, realiza-se anualmente em Odemira o torneio de xadrez Open Damiano de Odemira.