Mostrar código-fonte de Princípio antrópico

{{Descrição curta|Princípio filosófico sobre a ocorrência de vida sapiente no Universo}}
<!-- {{Redirect|:en:Anthropic bias|o livro de Nick Bostrom|:en:Anthropic Bias (book)}} -->
O '''princípio antrópico''', também conhecido como "efeito de seleção de observação",<ref>{{Citar periódico |último=Bostrom |primeiro=Nick |ano=2008 |título=''Where are they? Why I hope the search for extraterrestrial life finds nothing'' |url=https://www.nickbostrom.com/extraterrestrial.pdf |arquivourl=https://ghostarchive.org/archive/20221009/https://www.nickbostrom.com/extraterrestrial.pdf |arquivodata=2022-10-09 |urlmorta=não |periódico=Technology review |volume=2008 |páginas=72 – 77 |língua=en }}</ref> é a hipótese, proposta pela primeira vez  em 1957 por [[Robert Henry Dicke|Robert Dicke]], de que a gama de possíveis observações que poderíamos fazer sobre o universo é limitada pelo fato de que as observações só poderiam acontecer em um universo capaz de desenvolver vida inteligente em primeiro lugar.<ref>{{Citar web |url=http://www.anthropic-principle.com/ |título=''Was the Universe made for us?'' |último=Bostrom |primeiro=Nick |data=09-02-2020 |website=anthropic-principle.com |citação=Os dados que coletamos sobre o Universo são filtrados não apenas pelas limitações de nossos instrumentos, mas também pela pré-condição de que alguém esteja lá para "ter" os dados produzidos pelos instrumentos (e para construir os instrumentos em primeiro lugar). |língua=en }}</ref> Os proponentes do princípio antrópico argumentam que ele explica por que este universo tem a [[Idade do Universo|idade]] e as <!-- [[:en:Dimensionless physical constant]] -->[[Constante fundamental|constantes físicas fundamentais]] necessárias para acomodar a vida consciente, pois se qualquer um deles fosse diferente, não estaríamos por perto para fazer observações. O raciocínio antrópico é frequentemente usado para lidar com a noção de que o universo parece estar [[Universo bem afinado|bem ajustado para a existência da vida]].<ref>{{Citar web |url=http://abyss.uoregon.edu/~js/cosmo/lectures/lec24.html |autor=James Schombert, |publicado=''Departamento de física da Universidade de Oregon'' |título=''Anthropic principle''  |access-date=2012-04-26 |arquivodata=2012-04-28 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20120428004546/http://abyss.uoregon.edu/~js/cosmo/lectures/lec24.html |urlmorta=sim |língua=en }}</ref>

Existem muitas formulações diferentes do princípio antrópico. O filósofo {{Ill|en|Nick Bostrom|Nick Bostrom|nlk=true}} os conta em trinta, mas os princípios subjacentes podem ser divididos em formas "fracas" e "fortes", dependendo dos tipos de afirmações cosmológicas que envolvem. O '''princípio antrópico fraco (P.A.Fr.)'''{{Nre|nome=wap|do inglês ''W.A.P. – '''w'''eak '''a'''nthropic '''p'''rinciple''}}, conforme definido por [[Brandon Carter]], afirma que o ajuste fino ostensivo do universo é o resultado do {{Ill|en|viés de seleção|Selection bias|nlk=true}} (especificamente, o [[viés de sobrevivência]]). A maioria desses argumentos baseia-se em alguma noção do [[Multiverso (ciência)|multiverso]] para que haja uma [[População (estatística)|população estatística]] de universos para selecionar. No entanto, um único universo vasto é suficiente para a maioria das formas do princípio antrópico fraco (P.A.Fr.{{Nre|nome=wap}}) que não lidam especificamente com o ajuste fino. Carter distinguiu o princípio antrópico fraco (P.A.Fr.{{Nre|nome=wap}}) do '''princípio antrópico forte (P.A.Fo.)'''{{Nre|nome=sap|do inglês ''S.A.P. – '''s'''trong '''a'''nthropic '''p'''rinciple''}}, que considera o universo em certo sentido compelido a eventualmente ter vida consciente e sapiente [[Emergência|emergindo]] dentro dele.<ref name="auto">{{citar web|url=https://www.britannica.com/science/anthropic-principle/Forms-of-the-anthropic-principle#ref1078369 |título=''Forms of the anthropic principle'' |website=Britannica |acessodata=04-07-2022 |língua=en }}</ref><ref>{{Citar web |url=https://www.thoughtco.com/what-is-the-anthropic-principle-2698848 |título=''What is the anthropic principle?'' |website=thoughtco.com |acessodata=04-08-2022 |língua=en }}</ref> Uma forma deste último conhecido como '''princípio antrópico participativo''', articulado por [[John Archibald Wheeler]], sugere com base na [[mecânica quântica]] que o universo, como condição de sua existência, deve ser observado, implicando assim um ou mais observadores. Mais forte ainda é o '''princípio antrópico final''', proposto por [[John David Barrow|John D. Barrow]] e [[Frank J. Tipler|Frank Tipler]], que vê a estrutura do universo como expressável por ''[[bit]]s'' de [[informação]] de tal forma que o {{Ill|en|processamento da informação|Information processing (psychology)|nlk=true}} é inevitável e eterno.<ref name="auto"/>

== Definição e base ==

O princípio foi formulado como uma resposta a uma [[Universo bem afinado|série de observações]] de que as leis da natureza e os parâmetros do universo assumem valores consistentes com as condições da vida como a conhecemos, em vez de um conjunto de valores que não seriam consistentes com a vida na [[Terra]]. O princípio antrópico afirma que isso é uma [[A priori e a posteriori|necessidade]], porque se a vida fosse impossível, nenhuma entidade viva estaria lá para observá-la e, portanto, não seria conhecida. Ou seja, deve ser possível observar ''algum'' universo e, portanto, as leis e constantes de qualquer desses universos devem acomodar essa possibilidade.

O termo [[:en:wikt:anthropic|''antrópico'']] em "princípio antrópico" tem sido argumentado<ref>Mosterín J., (2005), ''Antropic explanations in cosmology'', em  Hajek, Valdés & Westerstahl (eds.), ''Proceedings of the 12th international congress of logic, methodology and philosophy of science''; http://philsci-archive.pitt.edu/1658/"</ref> como sendo um {{Ill|en|nome impróprio|Misnomer|nlk=true}}.{{Nre|"antrópico" significa "de ou pertencente à humanidade ou humanos".}} Ao destacar nosso tipo de vida baseada no carbono, nenhum dos fenômenos afinados requer vida [[Humano|humana]] ou algum tipo de {{Ill|en|chauvinismo do carbono|Carbon chauvinism|nlk=true}}.<ref>{{Citar livro |último1=Stenger |primeiro1=Victor J. |autorlink1=Victor J. Stenger |editor-sobrenome1=Flynn |editor-nome1=Tom <!-- |editor1-link=:en:Tom Flynn (author) -->|título=The new encyclopedia of unbelief |ano=2007 |publicado=Prometheus books |isbn=9781615922802 |páginas=65 – 70 |capítulourl=https://books.google.com/books?id=fsZ26vQxJKMC&pg=PA65 |língua=en |capítulo=''The anthropic principle'' }}</ref><ref>{{Harvnb|Bostrom|2002|p=6}}</ref> Qualquer forma de vida ou qualquer forma de átomo pesado, pedra, estrela, ou galáxia serviria; nada especificamente humano ou antrópico está envolvido.<ref>{{Citar periódico |último=Smith |primeiro=Quentin |data=setembro de 1994 |título=''Anthropic explanations in cosmology'' |url=http://dx.doi.org/10.1080/00048409412346161 |periódico=Australasian journal of philosophy |volume=72 |número=3 |páginas=371 – 382 |doi=10.1080/00048409412346161 |issn=0004-8402 |língua=en }}</ref>

O princípio antrópico deu origem a alguma confusão e controvérsia, em parte porque a frase foi aplicada a várias ideias distintas. Todas as versões do princípio foram acusadas de desencorajar a busca por uma compreensão física mais profunda do universo. O princípio antrópico é frequentemente criticado por falta de [[Falseabilidade|falsificabilidade]] e, portanto, seus críticos podem apontar que o princípio antrópico é um conceito não científico, embora o princípio antrópico fraco, "as condições que são observadas no universo devem permitir que o observador exista",<ref>[http://www.merriam-webster.com/dictionary/anthropic%20principle ''anthropic principle'']. ''Merriam-Webster online dictionary''.</ref> é "fácil" de apoiar em matemática e filosofia (ou seja, é uma [[Tautologia (lógica)|tautologia]] ou {{Ill|en|truísmo|Truism|nlk=true}}).<!-- Embora uma declaração "vagamente verdadeira" [removida por enquanto] -->No entanto, construir um argumento substantivo com base em um fundamento tautológico é problemático. Variantes mais fortes do princípio antrópico não são tautologias e, portanto, fazem afirmações consideradas controversas por alguns e que dependem de verificação empírica.<ref>{{Citar web |url=http://www.physics.sfsu.edu/~lwilliam/sota/anth/SAP_FAP.htm |título=''The strong anthropic principle and the final anthropic principle |acessodata=2011-08-03 |arquivodata=2019-07-29 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20190729215113/http://www.physics.sfsu.edu/~lwilliam/sota/anth/SAP_FAP.htm |urlmorta=sim }}</ref><ref>{{Citar web |url=http://firstpraxis.wordpress.com/2011/05/26/on-knowing-sagan-from-pale-blue-dot/ |título=''On knowing, Sagan from Pale blue dot'' |língua=en }}</ref>

== "Coincidências" antrópicas ==
{{Design inteligente}}
{{Artigo principal|Universo bem afinado}}
Em 1961, [[Robert Henry Dicke|Robert Dicke]] observou que a [[Idade do Universo|idade do universo]], vista por observadores vivos, não pode ser aleatória.<ref>{{Citar periódico |autorlink=Robert Henry Dicke |autor=Dicke, R. H. |periódico=Nature |título=''Dirac's cosmology and Mach's principle'' |volume=192 |páginas=440 – 441 |ano=1961 |doi=10.1038/192440a0 |bibcode=1961Natur.192..440D |número=4801 |s2cid=4196678 |língua=en }}</ref> Em vez disso, os fatores biológicos restringem o universo a estar mais ou menos em uma "era de ouro", nem muito jovem nem muito velho.<ref name="Davies-2006">{{Citar livro |autorlink=Paul Davies |autor=Davies, P. |título=The Goldilocks enigma |publicado=Allen Lane |ano=2006 |isbn=978-0-7139-9883-2 |língua=en }}</ref> Se o universo tivesse um décimo da idade atual, não haveria tempo suficiente para construir níveis apreciáveis de [[metalicidade]] (níveis de elementos além de [[hidrogênio]] e [[hélio]]), especialmente [[carbono]], por [[nucleossíntese]]. Pequenos planetas rochosos ainda não existiriam. Se o universo fosse 10 vezes mais velho do que realmente é, a maioria das estrelas seria velha demais para permanecer na [[sequência principal]] e teria se transformado em [[Anã branca|anãs brancas]], além das [[Anã vermelha|anãs vermelhas]] mais tênues, e os sistemas planetários estáveis já teriam chegado ao fim . Assim, Dicke explicou a coincidência entre grandes números adimensionais construídos a partir das constantes da física e a idade do universo, uma coincidência que inspirou a {{Ill|en|teoria do ''G'' variável de Dirac|Dirac large numbers hypothesis|nlk=true}}.

Dicke mais tarde raciocinou que a densidade da matéria no universo deve ser quase exatamente a [[Equações de Friedmann#O parâmetro de densidade|densidade crítica]] necessária para evitar o [[Big Crunch|''grande colapso'']] (o [[argumento]] das "coincidências de Dicke"). As medições mais recentes podem sugerir que a densidade observada da matéria [[Bárion|bariônica]] e algumas previsões teóricas da quantidade de [[matéria escura]] representam cerca de 30% dessa densidade crítica, com o restante contribuído por uma [[Catástrofe do vácuo|constante cosmológica]]. [[Steven Weinberg]]<ref>{{Citar periódico |autorlink=Steven Weinberg |autor=Weinberg, S. |título=''Anthropic bound on the cosmological constant'' |periódico=Physical review letters |volume=59 |páginas=2607 – 2610 |ano=1987 |doi=10.1103/PhysRevLett.59.2607 |pmid=10035596 |número=22 |bibcode=1987PhRvL..59.2607W |língua=en }}</ref> deu uma explicação antrópica para este fato: ele observou que a constante cosmológica tem um valor notavelmente baixo, cerca de 120 [[Ordem de magnitude|ordens de magnitude]] menor do que o valor que a [[física de partículas]] prevê (isso foi descrito como a "pior previsão da física" ).<ref>{{Citar web |url=https://www.newscientist.com/blog/space/2007/02/physicists-debate-nature-of-space-time.html |título=''New scientist space blog: Physicists debate the nature of space-time - New scientist'' <!-- Título gerado por bot e, posteriormente,  editado. -->|língua=en }}</ref>  No entanto, se a constante cosmológica fosse apenas várias ordens de magnitude maior do que seu valor observado, o universo sofreria uma [[Inflação cósmica|inflação]] catastrófica, que impediria a formação de estrelas e, portanto, a vida.

Os valores observados das [[Constante fundamental|constantes físicas adimensionais]] (como a [[constante de estrutura fina]]) que regem as quatro [[Força fundamental|interações fundamentais]] são equilibrados como se fossem ajustados para permitir a formação de matéria comumente encontrada e subsequentemente o surgimento da vida.<ref>[http://math.ucr.edu/home/baez/constants.html ''How many fundamental constants are there?'' ] (em inglês) [http://math.ucr.edu/home/baez/README.html John Baez, físico matemático. U. C. Riverside] (em inglês), 22 de abril de 2011</ref> Um ligeiro aumento na [[Força forte|interação forte]] ligaria o {{Ill|en|dineutron|Neutronium#In the periodic table|nlk=true}} e o [[Isótopos de hélio#Hélio-2 (diprotão)|dipróton]] e converteria todo o hidrogênio no início do universo em hélio;<ref name=focus>{{Citar web |data=agosto de 2010 |publicado=''Focus'' |último =Couchman |primeiro =D. |título=''The strong nuclear force as an example of fine tuning for life'' |url=http://www.focus.org.uk/strongforce.php |acessodata=15-07-2019 |língua=en }}</ref> da mesma forma, um aumento na [[interação fraca]] também converteria todo o hidrogênio em hélio. A água, assim como as estrelas estáveis com vida suficientemente longa, ambas essenciais para o surgimento da vida como a conhecemos, não existiriam.<ref name=leslie2>{{Citar livro |último=Leslie |primeiro=J. |título=Universes |ano=1989 |isbn=0-203-05318-4 |url=https://books.google.com/books?id=dEeEAgAAQBAJ |publicado=''Routledge'' <!-- |página=--> |língua=en }}</ref> De maneira mais geral, pequenas mudanças nas forças relativas das quatro interações fundamentais podem afetar muito a idade, a estrutura e a capacidade de vida do universo.

== Origem ==

A frase "princípio antrópico" apareceu pela primeira vez na contribuição de [[Brandon Carter]] para um [[simpósio]] na [[Cracóvia]], em 1973, em homenagem ao 500º aniversário de [[Nicolau Copérnico|Copérnico]]. Carter, um astrofísico teórico, articulou o Princípio antrópico em reação ao [[Princípio copernicano|Princípio de Copérnico]], que afirma que os humanos não ocupam uma posição privilegiada no [[Universo]]. Carter disse: "Embora nossa situação não seja necessariamente ''central'', ela é inevitavelmente privilegiada até certo ponto".<ref name="carter1973">{{citar conferência|primeiro =B. |último =Carter |autorlink =Brandon Carter |títulolivro=IAU symposium 63: Confrontation of cosmological theories with observational data |publicado=''Reidel'' |ano=1974 |local=Dordrecht |título=''Large number coincidences and the anthropic principle in cosmology'' |volume=63 |páginas=291 – 298 |doi=10.1017/S0074180900235638 |doi-access=free |língua=en }}; republicado ''online'' pela ''Cambridge university press'' (7 de fevereiro de 2017)</ref> Especificamente, Carter discordou do uso do Princípio de Copérnico para justificar o {{Ill|en|[[Princípio cosmológico|Princípio cosmológico perfeito]]|Cosmological principle#Perfect cosmological principle|nlk=true}}, que afirma que todas as grandes regiões ''e tempos'' no universo devem ser estatisticamente idênticos. O último princípio sustentava a [[teoria do estado estacionário]], que havia sido recentemente refutada pela descoberta em 1965 da [[radiação cósmica de fundo em micro-ondas]]. Esta descoberta foi uma evidência inequívoca de que o universo mudou radicalmente ao longo do tempo (por exemplo, através do ''[[Big Bang]]'').

Carter definiu duas formas do princípio antrópico, uma "fraca" que se referia apenas à seleção antrópica de locais privilegiados do [[espaço-tempo]] no universo, e uma forma "forte" mais controversa que abordava os valores das constantes fundamentais da física.

[[Roger Penrose]] explicou a forma fraca da seguinte forma:

{{Quote|O argumento pode ser usado para explicar por que as condições são perfeitas para a existência de vida (inteligente) na Terra no momento. Pois se elas não estivessem certos, então não estaríamos aqui agora, mas em outro lugar, em algum outro momento apropriado. Esse princípio foi usado de forma muito eficaz por Brandon Carter e [[Robert Henry Dicke|Robert Dicke]] para resolver uma questão que intrigou os físicos por muitos anos. A questão envolvia várias relações numéricas impressionantes que se observa entre as constantes físicas (a [[Constante gravitacional universal|constante gravitacional]], a massa do [[próton]], a [[Idade do Universo|idade do universo]], etc.). Um aspecto intrigante disso é que algumas das relações se mantêm apenas na época atual da história da Terra, então parecemos, coincidentemente, estar vivendo em uma época muito especial (mais ou menos alguns milhões de anos!). Isso foi explicado mais tarde, por Carter e Dicke, pelo fato de que essa época coincidiu com o tempo de vida das chamadas estrelas da [[sequência principal]], como o Sol. Em qualquer outra época, dizia o argumento, não haveria [[Sabedoria#Sapiência|vida inteligente]] por perto para medir as constantes físicas em questão - então a coincidência tinha que se manter, simplesmente porque haveria vida inteligente por aí apenas no momento específico em que a coincidência se verificasse!|[[A Mente Nova do Rei|''The Emperor's new mind'']], capítulo 10}}

Uma das razões pelas quais isso é plausível é que existem muitos outros lugares e épocas em que podemos nos imaginar nos encontrando. Mas ao aplicar o princípio forte, temos apenas um universo, com um conjunto de parâmetros fundamentais, então qual é exatamente o ponto que está sendo defendido? Carter oferece duas possibilidades: primeiro, podemos usar nossa própria existência para fazer "previsões" sobre os parâmetros. Mas, em segundo lugar, "como último recurso", podemos converter essas previsões em ''explicações'' assumindo que existe mais de um universo, na verdade uma coleção grande e possivelmente infinita de universos, algo que agora é chamado de [[Multiverso (ciência)|multiverso]] ("conjunto de mundos" era o termo de Carter), em que os parâmetros (e talvez as leis da física) variam entre os universos. O princípio forte torna-se então um exemplo de {{Ill|en|efeito de seleção|Selection bias|nlk=true}}, exatamente análogo ao princípio fraco. Postular um multiverso é certamente um passo radical, mas tomá-lo poderia fornecer pelo menos uma resposta parcial a uma questão aparentemente fora do alcance da ciência normal: "Por que as [[Lei científica|leis fundamentais da física]] assumem a forma particular que observamos e não outra?"

Desde o artigo de Carter em 1973, o termo ''princípio antrópico'' foi estendido para abranger uma série de ideias que diferem de maneira importante das dele. Uma confusão particular foi causada pelo livro, de 1986, ''The anthropic cosmological principle'', de [[John David Barrow|John D. Barrow]] e [[Frank J. Tipler|Frank Tipler]],<ref>{{Citar livro |título=[[#O princípio cosmológico antrópico|The anthropic cosmological principle]] |último1=Barrow |primeiro1=John D. |autorlink1=John David Barrow |último2 =Tipler |primeiro2=Frank J. |autorlink2=Frank J. Tipler |ano=1986 |publicado=[[Oxford University Press|''Oxford university press'']] |isbn=978-0-19-282147-8 |lccn=87028148 |edição=1ª |língua=en }}</ref> que distinguia entre um princípio antrópico "fraco" e "forte" de uma forma muito diferente da de Carter, conforme discutido na próxima seção.

Carter não foi o primeiro a invocar alguma forma do princípio antrópico. Na verdade, o [[Biologia evolutiva|biólogo evolutivo]] [[Alfred Russel Wallace]] antecipou o princípio antrópico já em 1904: "Um universo tão vasto e complexo como o que sabemos que existe ao nosso redor pode ter sido absolutamente necessário [...] a fim de produzir um mundo que deve ser precisamente adaptado em todos os detalhes para o desenvolvimento ordenado da vida culminando no homem."<ref>{{Citar livro |autorlink=Alfred Russel Wallace |autor=Wallace, A. R.  |ano=1904 |título=Man's place in the universe: a study of the results of scientific research in relation to the unity or plurality of worlds |edição=4ª |local=Londres |publicado=''George Bell & Sons'' |páginas=256 – 257 |bibcode=1903mpus.book.....W |língua=en }}</ref> Em 1957, [[Robert Henry Dicke|Robert Dicke]] escreveu: "A idade do Universo "agora" não é aleatória, mas condicionada por fatores biológicos [...] [mudanças nos valores das constantes fundamentais da física] impediria a existência do homem para considerar o problema."<ref>{{Citar periódico |último=Dicke |primeiro=R. H. |título=''Gravitation without a Principle of equivalence'' |periódico=Reviews of modern physics |volume=29 |ano=1957 |páginas=363 – 376 |doi=10.1103/RevModPhys.29.363 |bibcode=1957RvMP...29..363D |número=3 |língua=en }}</ref>

[[Ludwig Boltzmann]] pode ter sido um dos primeiros na ciência moderna a usar o raciocínio antrópico. Antes do conhecimento dos conceitos termodinâmicos do ''[[Big Bang]]'', Boltzmann pintou uma imagem de um universo que tinha entropia inexplicavelmente baixa. Boltzmann sugeriu várias explicações, uma das quais se baseava em flutuações que poderiam produzir bolsões de baixa entropia ou universos de Boltzmann. Embora a maior parte do universo não tenha características neste modelo, para Boltzmann, não é notável que a humanidade habite um universo de Boltzmann, já que esse é o único lugar onde a vida inteligente poderia estar.<ref name="carroll2017">{{citar arXiv|eprint=1702.00850 |último1 =Carroll |primeiro1 =Sean M. |título=''Why Boltzmann brains are bad'' |ano=2017 |class=hep-th}}</ref>{{Sfn|Bostrom|2002}}

== Variantes ==

'''Princípio antrópico fraco (P.A.Fr.)'''{{Nre|nome=wap}} ([[Brandon Carter|Carter]]): "... nossa localização no universo é necessariamente privilegiada a ponto de ser compatível com nossa existência como observadores."<ref name="carter1973"/> Observe que, para Carter, "localização" se refere à nossa localização no tempo como no espaço.

'''Princípio antrópico forte (P.A.Fo.)'''{{Nre|nome=sap}} (Carter): "[O] universo (e, portanto, os [[Constante fundamental|parâmetros fundamentais]] dos quais depende) deve ser tal que admita a criação de observadores dentro dele em algum estágio. Parafraseando [[René Descartes|Descartes]], cogito ''ergo mundus talis est''."
A ''tag'' latina ("penso, logo o mundo é tal [como é]") deixa claro que "deve" indicar uma [[Método dedutivo|dedução]] do fato de nossa existência; a afirmação é, portanto, um {{Ill|en|truísmo|Truism|nlk=true}}.

Em seu livro de 1986, ''The anthropic cosmological principle'', [[John David Barrow|John Barrow]] e [[Frank J. Tipler|Frank Tipler]] partem de Carter e definem o princípio antrópico fraco (P.A.Fr.){{Nre|nome=wap}} e o princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} da seguinte forma:<ref>{{Citar periódico |autor=Barrow, John D. |título=''Anthropic definitions'' |periódico=Quarterly journal of the Royal astronomical society |volume=24|páginas=146 – 153 |ano=1997 |bibcode=1983QJRAS..24..146B |língua=en }}</ref><ref>As definições de Barrow & Tipler são citadas literalmente em [http://www.dhushara.com/book/quantcos/anth/anth.htm ''Genesis of Eden diversity encyclopedia''] (em inglês).</ref>

'''Princípio antrópico fraco (P.A.Fr.)'''{{Nre|nome=wap}} (Barrow e Tipler): "Os valores observados de todas as quantidades físicas e [[Cosmologia|cosmológicas]] não são igualmente prováveis, mas assumem valores restritos pela exigência de que existam locais onde a [[vida baseada em carbono]] pode [[Evolução|evoluir]] e pelos requisitos que o universo tenha idade suficiente para já ter feito isso."<ref>Barrow e Tipler, 1986: 16.</ref><br/>
Diferentemente de Carter, eles restringem o princípio à vida baseada em carbono, em vez de apenas "observadores". Uma diferença mais importante é que eles aplicam o princípio antrópico fraco (P.A.Fr.){{Nre|nome=wap}} às constantes físicas fundamentais, como a [[constante de estrutura fina]], o [[#Dimensões do espaço-tempo|número de dimensões do espaço-tempo]] e a [[constante cosmológica]] — tópicos que se enquadram no Princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Carter.

'''Princípio antrópico forte (P.A.Fo.)'''{{Nre|nome=sap}} (Barrow e Tipler): "O Universo deve ter aquelas propriedades que permitem que a vida se desenvolva dentro dele em algum estágio de sua história."<ref>Barrow e Tipler, 1986: 21.</ref><br/> Isso se parece muito com o princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Carter, mas diferentemente do princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Carter, o "deve" é um imperativo, como mostrado pelas três possíveis elaborações do princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}}, cada uma proposta por Barrow e Tipler:<ref>Barrow e Tipler, 1986: 22.</ref>

* "Existe um Universo possível "projetado" com o objetivo de gerar e sustentar "observadores'""
::Isso pode ser visto simplesmente como o clássico [[Argumento teleológico|argumento do ''design'']] reapresentado na vestimenta da [[cosmologia]] contemporânea. Isso implica que o propósito do universo é dar origem à [[Sabedoria#Sapiência|vida inteligente]], com as [[Lei científica|leis da natureza]] e suas constantes físicas fundamentais definidas para garantir que a vida como a conhecemos surja e evolua.
* "Os observadores são necessários para trazer o Universo à existência."
::Barrow e Tipler acreditam que esta é uma conclusão válida da [[mecânica quântica]], como sugeriu [[John Archibald Wheeler]], especialmente por meio de sua ideia de que a informação é a realidade fundamental <!-- (ver {{Ill|en|''It from bit''|It from bit|nlk=true}}) -->e seu '''princípio antrópico participativo (P.A.P.)'''{{Nre|nome=pap|do inglês '' P.A.P. – '''p'''articipatory '''a'''nthropic '''p'''rinciple''}}, que é uma [[Consciência causa colapso|interpretação da mecânica quântica]] associada às ideias de [[John von Neumann]] e [[Eugene Wigner]].
* "Um conjunto de outros universos diferentes é necessário para a existência do nosso Universo."
:: Em contraste, Carter apenas diz que um [[Multiverso (ciência)|conjunto de universos]] é necessário para que o princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} conte como uma explicação.

Os [[filósofo]]s {{Ill|en|John Leslie|John A. Leslie|nlk=true}}<ref>{{Citar conferência |autor=Leslie, J. <!-- |autorlink =:en:John A. Leslie -->|título=''Probabilistic phase transitions and the anthropic principle'' |títulolivro=Origin and early history of the Universe: LIEGE 26 |páginas=439 – 444 |publicado=Knudsen |ano=1986 |bibcode=1986LIACo..26..439L |língua=en }}</ref> e {{Ill|en|Nick Bostrom|Nick Bostrom|nlk=true}}{{Sfn|Bostrom|2002}} rejeitam o princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Barrow e Tipler como uma leitura fundamental errada de Carter. Para Bostrom, o princípio antrópico de Carter apenas nos adverte para levar em consideração o ''viés antrópico'' - isto é, o viés criado pelos {{Ill|en|efeitos de seleção|Selection bias|nlk=true}} antrópica (que Bostrom chama de efeitos de seleção de "observação") - a necessidade de observadores existirem para obter um resultado. Ele escreve:
{{Quote|Muitos "princípios antrópicos" são simplesmente confusos. Alguns, especialmente aqueles inspirados nos artigos seminais de Brandon Carter, são sólidos, mas... são muito fracos para fazer qualquer trabalho científico real. Em particular, argumento que a metodologia existente não permite que nenhuma consequência observacional seja derivada de teorias cosmológicas contemporâneas, embora essas teorias possam ser e estejam sendo testadas empiricamente por astrônomos. O que é necessário para preencher essa lacuna metodológica é uma formulação mais adequada de como os {{Ill|en|efeitos de seleção|Selection bias|nlk=true}} de observação devem ser levados em consideração.|''Viés antrópico'', introdução<ref>Bostrom, N. (2002), op. cit.</ref>}}

{{Ill|en|'''Suposição de auto-amostragem forte (S.A.A.F.)'''|Anthropic Bias (book)#Self-sampling assumption|nlk=true}}{{Nre|nome=sssa|do inglês ''S.S.S.A. – '''s'''trong '''s'''elf-'''s'''ampling '''a'''ssumption''}} (Bostrom): "Cada momento do observador deve raciocinar como se fosse selecionado aleatoriamente da classe de todos os momentos do observador em sua classe de referência."
Analisar a experiência de um observador em uma sequência de "momentos de observação" ajuda a evitar certos paradoxos; mas a principal ambiguidade é a seleção da "classe de referência" apropriada: para o princípio antrópico fraco (P.A.Fr.){{Nre|nome=wap}} de Carter, isso pode corresponder a todos os momentos reais ou potenciais do observador em nosso universo; para o princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}}, para todos no multiverso. O desenvolvimento matemático de Bostrom mostra que escolher uma classe de referência muito ampla ou muito estreita leva a resultados contra-intuitivos, mas ele não é capaz de prescrever uma escolha ideal.

De acordo com {{Ill|en|Jürgen Schmidhuber|Jürgen Schmidhuber|nlk=true}}, o princípio antrópico essencialmente diz apenas que a [[Probabilidade condicionada|probabilidade condicional]] de se encontrar em um universo compatível com sua existência é sempre 1. Ele não permite quaisquer previsões não triviais adicionais, como "a gravidade não mudará amanhã". Para obter mais poder preditivo, são necessárias suposições adicionais sobre a [[Probabilidade a priori|distribuição anterior]] de [[Multiverso (ciência)|universos alternativos]].<ref name="RgenSchmidhuber">{{citar arXiv|eprint=quant-ph/0011122 |último1 =Schmidhuber |primeiro1 =Juergen |título=''Algorithmic theories of everything'' |ano=2000 |língua=en }}</ref><ref>{{Ill|en|Jürgen Schmidhuber|Jürgen Schmidhuber|nlk=true}}, 2002,[http://www.idsia.ch/~juergen/speedprior.html ''A velocidade anterior: uma nova medida de simplicidade que produz previsões computáveis quase ideais''] (em inglês). ''Procedimentos da 15ª conferência anual sobre teoria da aprendizagem computacional'' (T.A.Co. [do inglês ''Co.L.T. – '''co'''mputational '''l'''earning '''t'''heory''], 2002), Sydney, Austrália, Notas de aula sobre inteligência artificial. ''Springer'': 216 – 228.</ref>

O dramaturgo e romancista {{Ill|en|Michael Frayn|Michael Frayn|nlk=true}} descreve uma forma do princípio antrópico forte em seu livro de 2006, ''The human touch'', que explora o que ele caracteriza como "a estranheza central do Universo":

{{Quote|É este simples paradoxo. O Universo é muito antigo e muito grande. A humanidade, em comparação, é apenas uma pequena perturbação em um pequeno canto dela – e muito recente. No entanto, o Universo só é muito grande e muito antigo porque estamos aqui para dizer que é... E, claro, todos sabemos perfeitamente que é o que é, quer estejamos aqui ou não.<ref>{{Ill|en|Michael Frayn|Michael Frayn|nlk=true}}, ''The human touch'' (em inglês). ''Faber & Faber'' {{ISBN|0-571-23217-5}}</ref>}}

== Caráter do raciocínio antrópico ==

Carter optou por se concentrar em um aspecto tautológico de suas ideias, o que resultou em muita confusão. De fato, o raciocínio antrópico interessa aos cientistas por causa de algo que está apenas implícito nas definições formais acima, ou seja, que devemos considerar seriamente a existência de outros universos com valores diferentes dos "parâmetros fundamentais" - ou seja, as [[Constante fundamental|constantes físicas adimensionais]] e condições iniciais para o ''[[Big Bang]]''. Carter e outros argumentaram que a vida como a conhecemos não seria possível na maioria desses universos. Em outras palavras, o universo em que estamos é [[Universo bem afinado|ajustado]] para permitir a vida. Collins e Hawking (1973) caracterizaram a então grande ideia inédita de Carter como o postulado de que "não existe um universo, mas todo um conjunto infinito de universos com todas as condições iniciais possíveis".<ref>{{Citar periódico |autor=Collins C. B. <!-- |autorlink =:en:C. B. Collins -->|autor2=Hawking, S. W. |autorlink2=Stephen Hawking |título=''Why is the universe isotropic?'' |periódico=Astrophysical journal |volume=180 |páginas=317–334 |ano=1973 |doi=10.1086/151965 |bibcode=1973ApJ...180..317C |língua=en }}</ref> Se isso for concedido, o princípio antrópico fornece uma explicação plausível para o ajuste fino de nosso universo: o universo "típico" não é ajustado com precisão, mas com universos suficientes, uma pequena fração será capaz de sustentar vida inteligente. O nosso deve ser um desses e, portanto, o ajuste fino observado não deve ser motivo de admiração.

Embora os filósofos tenham discutido conceitos relacionados por séculos, no início dos anos 1970 a única teoria física genuína que produzia uma espécie de multiverso era a [[interpretação de muitos mundos]] da [[mecânica quântica]]. Isso permitiria variação nas condições iniciais, mas não nas constantes verdadeiramente fundamentais. Desde então, vários mecanismos para produzir um multiverso foram sugeridos: veja a revisão de [[Max Tegmark]].<ref>{{Citar periódico |autor=Tegmark, M. |autorlink=Max Tegmark |título=''Is 'the theory of everything' merely the ultimate ensemble theory?'' |periódico=Annals of physics |volume=270 |número=1 |páginas=1 – 51 |ano=1998 |doi=10.1006/aphy.1998.5855|arxiv=gr-qc/9704009 |bibcode=1998AnPhy.270....1T |s2cid=41548734 |língua=en }}</ref> Um desenvolvimento importante na década de 1980 foi a combinação da [[Inflação cósmica|teoria da inflação]] com a hipótese de que alguns parâmetros são determinados pela {{Ill|en|quebra de simetria|Symmetry breaking|nlk=true}} no início do universo, o que permite que parâmetros anteriormente considerados como "constantes fundamentais" variem em distâncias muito grandes, corroendo assim a distinção entre os princípios fortes e fracos de Carter. No início do século XXI, o {{Ill|en|panorama da teoria das cordas|String theory landscape|nlk=true}} surgiu como um mecanismo para variar essencialmente todas as constantes, incluindo o número de dimensões espaciais.{{Nre|Estritamente falando, o número de dimensões que não são compactas, veja [[Teoria das cordas]]}}

A ideia antrópica de que os parâmetros fundamentais são selecionados de uma infinidade de possibilidades diferentes (cada uma real em um universo ou outro) contrasta com a esperança tradicional dos físicos por uma [[teoria de tudo]] sem parâmetros livres. Como [[Albert Einstein]] disse: "O que realmente me interessa é se Deus teve alguma escolha na criação do mundo." Em 2002, alguns proponentes da principal candidata a uma "teoria de tudo", a [[teoria das cordas]], proclamaram "o fim do princípio antrópico",<ref>{{Citar periódico |autor=Kane, Gordon L. |autor2=Perry, Malcolm J. |autor3=Zytkow, Anna N. |name-list-style=amp |título=''The beginning of the end of the anthropic principle'' |periódico=New astronomy |volume=7 |número=1 |ano=2002 |páginas=45 – 53  |doi=10.1016/S1384-1076(01)00088-4 |arxiv=astro-ph/0001197 |bibcode=2002NewA....7...45K |s2cid=15749902 |língua=en }}</ref> já que não haveria parâmetros livres para selecionar. Em 2003, no entanto, [[Leonard Susskind]] afirmou: "... parece plausível que o panorama seja inimaginavelmente grande e diverso. Quer gostemos ou não, esse é o tipo de comportamento que dá credibilidade ao princípio antrópico."<ref name="arXiv:hep-th/0302219">{{citar periódico|título=''The anthropic landscape of string theory |arxiv=hep-th/0302219 |último =Susskind |primeiro =Leonard |periódico=The Davis meeting on cosmic inflation |data=27-02-2003 |página=26 |bibcode=2003dmci.confE..26S |língua=en }}</ref>

A forma moderna de um [[Argumento teleológico|argumento de ''design'']] é apresentada pelo [[Design inteligente|''design'' inteligente]]. Os defensores do ''design'' inteligente frequentemente citam as observações de [[Universo bem afinado|ajuste fino]] que (em parte) precederam a formulação do princípio antrópico por Carter como uma prova de um ''designer'' inteligente. Os oponentes do ''design'' inteligente não se limitam àqueles que levantam a hipótese de que existem outros universos; eles também podem argumentar, antiantropicamente, que o universo é menos ajustado do que frequentemente se afirma, ou que aceitar o ajuste fino como um fato bruto é menos surpreendente do que a ideia de um criador inteligente. Além disso, mesmo aceitando o ajuste fino, {{Ill|en|Sober|Elliott Sober|nlk=true}} (2005),<ref>Sober, Elliott, 2005, "[http://philosophy.wisc.edu/sober/black-da.pdf ''The design argument'']" (em inglês) em Mann, W. E., ed., ''The blackwell guide to the philosophy of religion''. ''Blackwell publishers''. {{Webarchive |url=https://web.archive.org/web/20110903095009/http://philosophy.wisc.edu/sober/black-da.pdf |data=03-09-2011 }}</ref> Ikeda e {{Ill|en|Jefferys|William H. Jefferys|nlk=true}},<ref>Ikeda, M. e Jefferys, W., "''The anthropic principle does not support supernaturalism''," em ''The improbability of God'', Michael Martin e Ricki Monnier, editores, pp. 150 – 166. Amherst, N.Y.: ''Prometheus press''. {{ISBN|1-59102-381-5}}</ref><ref>Ikeda, M. e Jefferys, W. (2006). ''Unpublished F.A.Q.'' "[http://quasar.as.utexas.edu/anthropic.html ''The anthropic principle does not support supernaturalism''.]" (em inglês)</ref> argumentam que o princípio antrópico, conforme declarado convencionalmente, na verdade prejudica o ''design'' inteligente.

O livro de [[Paul Davies]], {{Ill|en|''The goldilocks enigma''|Cosmic Jackpot|nlk=true}} (2006), revisa o estado atual do debate de ajuste fino em detalhes e conclui enumerando as seguintes respostas a esse debate:<ref name="Davies-2006" />{{Rp|261–267}}

# O universo absurdo: Acontece que nosso universo é do jeito que é.
# O universo único: Existe uma profunda unidade subjacente na física que exige que o Universo seja do jeito que é. Alguma "[[teoria de tudo]]" explicará por que as várias características do Universo devem ter exatamente os valores que vemos.
# O multiverso: Existem múltiplos universos, tendo todas as combinações possíveis de características, e inevitavelmente nos encontramos dentro de um universo que nos permite existir.
# ''Design'' inteligente: Um criador projetou o Universo com o propósito de suportar a complexidade e o surgimento da inteligência.
# O princípio da vida: Existe um princípio subjacente que obriga o Universo a evoluir em direção à vida e à mente.
# O universo auto-explicativo: Um ciclo explicativo ou causal fechado: "talvez apenas universos com capacidade de consciência possam existir". Este é o princípio antrópico participativo (P.A.P.){{Nre|nome=pap}} de [[John Archibald Wheeler|Wheeler]].
# O universo falso: vivemos dentro de uma [[Realidade simulada|simulação de realidade virtual]].

Omitido aqui é o modelo de {{Ill|en|seleção natural cosmológica|Lee Smolin#Cosmological natural selection|nlk=true}} de [[Lee Smolin]], também conhecido como ''universos fecundos'', que propõe que os universos têm "filhos" que são mais abundantes se se assemelharem ao nosso universo. Veja também Gardner (2005).<ref>Gardner, James N., 2005, "[http://www.kurzweilai.net/the-physical-constants-as-biosignature-an-anthropic-retrodiction-of-the-selfish-biocosm-hypothesis ''The physical constants as biosignature: An anthropic retrodiction of the selfish biocosm hypothesis'']", (em inglês) ''[[International Journal of Astrobiology]]''.</ref>

Claramente, cada uma dessas hipóteses resolve alguns aspectos do quebra-cabeça, enquanto deixa outros sem resposta. Seguidores de Carter admitiriam apenas a opção 3 como uma explicação antrópica, enquanto 3 a 6 são cobertas por diferentes versões do princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Barrow e Tipler (que também incluiria a 7 se for considerada uma variante da 4, como em Tipler 1994).

O princípio antrópico, pelo menos como Carter o concebeu, pode ser aplicado em escalas muito menores do que todo o universo. Por exemplo, Carter (1983)<ref>{{Citar periódico |autor=Carter, B. |título=''The anthropic principle and its implications for biological evolution'' |periódico=Philosophical transactions of the Royal society |volume=A310 |páginas=347 – 363 |ano=1983 |doi=10.1098/rsta.1983.0096 |último2=McCrea |primeiro2 =W. H. |número=1512 |bibcode=1983RSPTA.310..347C |s2cid=92330878 |língua=en }}</ref> inverteu a linha de raciocínio usual e apontou que, ao interpretar o registro evolutivo, deve-se levar em conta considerações [[Cosmologia|cosmológicas]] e [[astrofísica]]s. Com isso em mente, Carter concluiu que, dadas as melhores estimativas da [[Idade do Universo|idade do universo]], a cadeia evolucionária que culmina no [[Humano|''Homo sapiens'']] provavelmente admite apenas um ou dois elos de baixa probabilidade.

== Evidências observacionais ==

Nenhuma evidência observacional possível tem relação com o princípio antrópico fraco (P.A.Fr.){{Nre|nome=wap}} de Carter, pois é apenas um conselho para o cientista e não afirma nada discutível. O teste óbvio do princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Barrow, que diz que o universo é "necessário" para sustentar a vida, é encontrar evidências de vida em universos diferentes do nosso. Qualquer outro universo é, pela maioria das definições, inobservável (caso contrário, seria incluído em ''nossa'' porção deste universo). Assim, em princípio, o princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Barrow não pode ser falsificado pela observação de um universo no qual um observador não pode existir.

O filósofo {{Ill|en|John Leslie|John A. Leslie|nlk=true}}<ref>Leslie, J. (1986) op. cit.</ref> afirma que o princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Carter (com [[Multiverso (ciência)|multiverso]]) prevê o seguinte:

* A teoria física evoluirá de modo a fortalecer a hipótese de que as [[Transição de fase|transições de fase]] iniciais ocorrem probabilisticamente em vez de determinísticamente, caso em que não haverá nenhuma razão física profunda para os valores das constantes fundamentais;
* Várias teorias para gerar [[Multiverso (ciência)|múltiplos universos]] provarão ser robustas;
* As evidências de que o universo está [[Universo bem afinado|bem ajustado]] continuarão a se acumular;
* Nenhuma vida com uma [[Tipos hipotéticos de bioquímica#Bioquímicas não baseadas em carbono|química não-carbonada]] será descoberta;
* Estudos matemáticos da [[Formação e evolução de galáxias|formação de galáxias]] confirmarão que ela é sensível à taxa de [[Expansão métrica do espaço|expansão do universo]].

Hogan<ref>{{Citar periódico |autor=Hogan, Craig |título=''Why is the universe just so?'' |periódico=Reviews of modern physics |volume=72 |ano=2000 |páginas=1149 – 1161 |doi=10.1103/RevModPhys.72.1149 |bibcode=2000RvMP...72.1149H |arxiv=astro-ph/9909295 |número=4 |s2cid=14095249 |língua=en }}</ref> enfatizou que seria muito estranho se todas as constantes fundamentais fossem rigorosamente determinadas, pois isso nos deixaria sem uma explicação pronta para o aparente ajuste fino. Na verdade, talvez tenhamos que recorrer a algo semelhante ao princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Barrow e Tipler: não haveria opção para tal universo ''não'' suportar a vida.

Previsões probabilísticas de valores de parâmetros podem ser feitas dadas:

# um multiverso particular com uma "[[Teoria da medida|medida]]", ou seja, uma "densidade de universos" bem definida (assim, para o parâmetro ''X'', pode-se calcular a [[Probabilidade a priori|probabilidade anterior]] ''P''(''X''<sub>0</sub>) ''dX'' de que ''X'' está no intervalo ''X''<sub>0</sub> < ''X'' < ''X''<sub>0</sub> + ''dX''), e
# uma estimativa do número de observadores em cada universo, ''N''(''X'') (por exemplo, isso pode ser considerado proporcional ao número de estrelas no universo).

A probabilidade de observar o valor ''X'' é então proporcional a ''N''(''X'') ''P''(''X''). Uma característica genérica de uma análise dessa natureza é que os valores esperados das constantes físicas fundamentais não devem ser "ajustados", ou seja, se houver algum valor predito perfeitamente ajustado (por exemplo, zero), o valor observado não precisa estar mais próximo desse valor previsto do que o necessário para tornar a vida possível. O valor pequeno, mas finito, da [[constante cosmológica]] pode ser considerado uma previsão bem-sucedida nesse sentido.

Uma coisa que ''não'' contaria como evidência para o princípio antrópico é a evidência de que a Terra ou o [[Sistema Solar|Sistema solar]] ocupou uma posição privilegiada no universo, em violação do [[Princípio copernicano|princípio de Copérnico]] (para possíveis evidências contrárias a este princípio, veja o [[Princípio copernicano|princípio de Copérnico]]), a menos que houvesse alguma razão para pensar que essa posição era uma [[Necessidade e suficiência|condição necessária]] para nossa existência como observadores.

== Aplicações do princípio ==

=== A nucleossíntese do carbono-12 ===

[[Fred Hoyle]] pode ter invocado o raciocínio antrópico para prever um fenômeno astrofísico. Diz-se que ele raciocinou, a partir da prevalência na Terra de formas de vida cuja química era baseada em núcleos de [[carbono-12]], que deve haver uma [[ressonância]] não descoberta no núcleo de carbono-12, facilitando sua síntese em interiores estelares por meio do [[processo triplo-alfa]]. Ele então calculou a energia dessa ressonância não descoberta em 7,6 milhões de [[elétron-volt]]s.<ref>Universidade de Birmingham [http://www.np.ph.bham.ac.uk/research/anthropic.htm ''Life, bent chains and the anthropic principle''] (em inglês) {{Webarchive |url=https://web.archive.org/web/20090927094126/http://www.np.ph.bham.ac.uk/research/anthropic.htm |data=27-09-2009 }}</ref><ref>{{Citar periódico |doi=10.1103/RevModPhys.29.547 |volume=29 |título=Synthesis of the elements in stars |ano=1957 |periódico=Reviews of modern physics |páginas=547 – 650 |último1=Burbidge |primeiro1=E. Margaret |número=4 |bibcode=1957RvMP...29..547B |doi-access=free |língua=en }}</ref> O grupo de pesquisa de [[William Alfred Fowler|Willie Fowler]] logo encontrou essa ressonância, e sua energia medida estava próxima da previsão de Hoyle.

No entanto, em 2010, {{Ill|en|Helge Kragh|Helge Kragh|nlk=true}} argumentou que Hoyle não usou o raciocínio antrópico ao fazer sua previsão, já que ele fez sua previsão em 1953 e o raciocínio antrópico não ganhou destaque até 1980. Ele chamou isso de "mito antrópico", dizendo que Hoyle e outros fizeram uma conexão posterior entre o carbono e a vida, décadas após a descoberta da ressonância.

{{Quote|Uma investigação das circunstâncias históricas da previsão e sua subseqüente confirmação experimental mostra que Hoyle e seus contemporâneos não associaram o nível no núcleo de carbono com a vida.<ref>{{Citar web |último1=Kragh |primeiro1=Helge <!-- |autorlink =:en:Helge Kragh -->|título=''When is a prediction anthropic? Fred Hoyle and the 7.65 MeV carbon resonance'' |url=http://philsci-archive.pitt.edu/5332/ |ano=2010 |acessodata=02-07-2019 |língua=en }}</ref>}}

=== Inflação cósmica ===

{{Artigo principal|Inflação cósmica}}

[[Don Page]] criticou toda a teoria da [[inflação cósmica]] da seguinte forma.<ref>{{Citar periódico |primeiro=D.N. |último=Page |ano=1983 |título=''Inflation does not explain time asymmetry'' |periódico=Nature |volume=304 |página=39 |doi=10.1038/304039a0 |bibcode=1983Natur.304...39P |número=5921 |s2cid=4315730 |língua=en }}</ref> Ele enfatizou que as condições iniciais que possibilitaram uma [[Flecha do tempo|seta do tempo]] termodinâmica em um universo com origem no ''[[Big Bang]]'' devem incluir a suposição de que na singularidade inicial, a [[entropia]] do universo era baixa e, portanto, extremamente improvável. [[Paul Davies]] refutou essa crítica invocando uma versão inflacionária do princípio antrópico.<ref>{{Citar periódico |primeiro=P.C.W. |último=Davies |autorlink=Paul Davies |ano=1984 |título=''Inflation to the universe and time asymmetry'' |periódico=Nature |volume=312 |página=524 |doi=10.1038/312524a0|bibcode=1984Natur.312..524D |número=5994 |s2cid=4307546 |língua=en }}</ref> Embora Davies aceitasse a premissa de que o estado inicial do universo visível (que preenchia uma quantidade microscópica de espaço antes de inflar) tinha que possuir um valor de entropia muito baixo - devido a flutuações quânticas aleatórias - para explicar a seta termodinâmica observada do tempo, ele considerou este fato uma vantagem para a teoria. O fato de que o minúsculo pedaço de espaço a partir do qual nosso universo observável cresceu tinha que ser extremamente ordenado, para permitir que o universo pós-inflação tivesse uma seta do tempo, torna desnecessária a adoção de quaisquer hipóteses "ad hoc" sobre o estado inicial de entropia, hipóteses que outras teorias do ''Big Bang'' requerem.

=== Teoria das cordas ===
<!-- {{Artigo principal|:en:String theory landscape}} -->

A [[teoria das cordas]] prevê um grande número de universos possíveis, chamados de "planos de fundo" ou "vazios". O conjunto desses vácuos é frequentemente chamado de "[[Multiverso (ciência)|multiverso]]" ou {{Ill|en|"paisagem antrópica"|String theory landscape|nlk=true}} ou "paisagem de cordas". [[Leonard Susskind]] argumentou que a existência de um grande número de vácuos coloca o raciocínio antrópico em terreno firme: apenas universos cujas propriedades permitem a existência de observadores são observados, enquanto um conjunto possivelmente muito maior de universos sem tais propriedades passa despercebido.<ref name="arXiv:hep-th/0302219"/>

[[Steven Weinberg]]<ref>{{Citar conferência |autor=Weinberg, S. |autorlink=Steven Weinberg |ano=2007 |título=''Living in the multiverse'' |títulolivro=Universe or multiverse? |editor=B. Carr |publicado=''Cambridge university press'' |isbn=978-0-521-84841-1 |arxiv=hep-th/0511037 |bibcode=2005hep.th...11037W |língua=en }}</ref> acredita que o princípio antrópico pode ser apropriado por [[Cosmologia|cosmólogos]] comprometidos com o [[não-teísmo]], e refere-se a esse princípio como um "ponto de virada" na ciência moderna, porque aplicá-lo à paisagem de cordas "pode explicar como as constantes da natureza que observamos pode assumir valores adequados para a vida sem ser ajustado por um criador benevolente". Outros – principalmente [[David Gross]], mas também [[Luboš Motl|Lubos Motl]], {{Ill|en|Peter Woit|Peter Woit|nlk=true}} e [[Lee Smolin]] – argumentam que isso não é preditivo. [[Max Tegmark]],<ref>Tegmark (1998) op. cit.</ref> [[Mario Livio]] e [[Martin Rees]]<ref>{{Citar periódico |autor=Livio, M. |autor2 =Rees, M. J. |name-list-style=amp |título=''Anthropic reasoning'' |periódico=Science |volume=309 |páginas=1022–1023 |ano=2003 |doi=10.1126/science.1111446 |pmid=16099967 |número=5737|bibcode=2005Sci...309.1022L |s2cid=40089857 |língua=en }}</ref> argumentam que apenas alguns aspectos de uma teoria física precisam ser observáveis e/ou testáveis para que a teoria seja aceita, e que muitas teorias bem aceitas estão longe de serem completamente testáveis atualmente.

{{Ill|en|Jürgen Schmidhuber|Jürgen Schmidhuber|nlk=true}} (2000 – 2002) aponta que a teoria de {{Ill|en|Ray Solomonoff|Ray Solomonoff|nlk=true}} da {{Ill|en|inferência indutiva universal|Teoria da Inferência Indutiva de Solomonoff|nlk=true}} e suas extensões já fornecem uma estrutura para maximizar nossa confiança em qualquer teoria, dada uma sequência limitada de observações físicas e alguma [[Probabilidade a priori|distribuição anterior]] no conjunto de possíveis explicações do universo.

=== Dimensões do espaço-tempo ===

[[Imagem:Spacetime dimensionality.svg|thumb|300px|Propriedades de espaços-tempos ''n''+''m''-dimensionais<ref>{{Citar periódico |último=Tegmark |primeiro=Max |data=1997-04-01 |título=On the dimensionality of spacetime |periódico=Classical and quantum gravity |volume=14 |issue=4 |páginas=L69 – L75 |doi=10.1088/0264-9381/14/4/002 |arxiv=gr-qc/9702052 |bibcode=1997CQGra..14L..69T |s2cid=250904081 |issn=0264-9381 |língua=en }}</ref> (em inglês)]]

Existem dois tipos de dimensões: [[Dimensão|espacial]] (bidirecional) e [[Dimensão#Tempo|temporal]] (unidirecional).<ref name="Skow2007">{{Citar periódico |último1=Skow |primeiro1=Bradford |título=''What makes time different from space?'' |periódico=Noûs |ano=2007 |volume=41 |número=2 |páginas=227–252 |url=http://web.mit.edu/bskow/www/research/temporality.pdf |acessodata=13-04-2018 |doi=10.1111/j.1468-0068.2007.00645.x |citeseerx=10.1.1.404.7853 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20160824025031/http://web.mit.edu/bskow/www/research/temporality.pdf |arquivodata=2016-08-24 |língua=en }}</ref> Seja o número de dimensões espaciais ''N'' e o número de dimensões temporais seja ''T''. Que ''N'' = 3 e ''T'' = 1, deixando de lado as dimensões compactificadas invocadas pela [[teoria das cordas]] e indetectáveis até agora, pode ser explicado apelando para as consequências físicas de deixando ''N'' diferir de 3 e ''T'' diferir de 1. O argumento é muitas vezes de caráter antrópico e possivelmente o primeiro de seu tipo, embora antes do conceito completo entrar em voga.

A noção implícita de que a dimensionalidade do universo é especial é atribuída pela primeira vez a [[Gottfried Wilhelm Leibniz]], que no {{Ill|en|''Discurso sobre metafísica''|Discourse on Metaphysics|nlk=true}} sugeriu que o mundo é "[[Wikiquote:Gottfried Leibniz|aquele que é ao mesmo tempo o mais simples em hipóteses e o mais rico em fenômenos]]".<ref name="Leibniz1686">{{Citar livro |último1=Leibniz |primeiro1=Gottfried |título=Die philosophischen schriften von Gottfried Wilhelm Leibniz |volume=4 |ano=1880 |publicado=''Weidmann'' |páginas=427 – 463 |capítulourl=https://en.wikisource.org/wiki/Discourse_on_Metaphysics |acessodata=13-04-2018 |capítulo=''Discourse on metaphysics'' |língua=en }}</ref> [[Immanuel Kant]] argumentou que o espaço tridimensional era uma consequência da [[lei da gravitação universal]] do inverso do quadrado. Embora o argumento de Kant seja historicamente importante, [[John David Barrow|John D. Barrow]] disse que ele "coloca o ponto final de trás para frente: é a tridimensionalidade do espaço que explica por que vemos leis de força de quadrado inverso na natureza, e não vice-versa" (Barrow 2002: 204).{{Nre|1=Isso ocorre porque a lei da gravitação (ou qualquer outra <!-- [[:en:Inverse-square law|]] -->lei do quadrado inverso) decorre do conceito de [[Fluxo (física)|fluxo]] e a relação proporcional de densidade de fluxo e intensidade de campo. Se ''N'' = 3, então objetos sólidos tridimensionais têm áreas de superfície proporcionais ao quadrado de seu tamanho em qualquer dimensão espacial selecionada. Em particular, uma esfera de [[Raio (geometria)|raio]] ''r'' tem uma área de superfície de 4''πr{{Sup|2}}''. De forma mais geral, em um espaço de ''N'' dimensões, a força da atração gravitacional entre dois corpos separados por uma distância de ''r'' seria inversamente proporcional a ''r''<sup>''N''-1</sup>.}}

Em 1920, [[Paul Ehrenfest]] mostrou que, se houver apenas uma única dimensão de tempo e mais de três dimensões espaciais, a [[órbita]] de um [[planeta]] em torno de seu Sol não pode permanecer estável. O mesmo se aplica à órbita de uma estrela em torno do centro de sua [[galáxia]].<ref>{{Citar periódico |último=Ehrenfest |primeiro=Paul |autorlink=Paul Ehrenfest |título=''How do the fundamental laws of physics make manifest that space has 3 dimensions?'' |periódico=Annalen der physik |volume=61 |páginas=440 – 446 |ano=1920 |doi=10.1002/andp.19203660503 |número=5 |bibcode=1920AnP...366..440E |url=https://zenodo.org/record/1424351 |língua=en }}. Veja também Ehrenfest, P. (1917) "De que maneira se torna manifesto nas leis fundamentais da física que o espaço tem três dimensões?" (em inglês) ''Procedimentos da Academia de Amsterdã'' 20: 200.</ref> Ehrenfest também mostrou que, se houver um número par de dimensões espaciais, as diferentes partes de um impulso de [[onda]] viajarão em velocidades diferentes. Se houver <math>5 + 2k</math> dimensões espaciais, onde k é um número inteiro positivo, então os impulsos de onda ficam distorcidos. Em 1922, [[Hermann Weyl]] afirmou que a teoria do [[eletromagnetismo]] de [[James Clerk Maxwell|Maxwell]] pode ser expressa em termos de uma ação apenas para uma variedade quadridimensional.<ref>Weyl, H. (1922). ''Space, time, and matter''. ''Dover'', reimpressão: 284.</ref> Finalmente, Tangherlini mostrou em 1963 que, quando há mais de três dimensões espaciais, os [[Orbital atômico|orbitais]] dos elétrons ao redor dos núcleos não podem ser estáveis; os elétrons cairiam no [[Núcleo atómico|núcleo]] ou se dispersariam.<ref>{{Citar periódico |último=Tangherlini |primeiro=F. R. |título=''Atoms in higher dimensions'' |periódico=Nuovo Cimento |volume=14 |número=27 |páginas=636 |ano=1963 |doi=10.1007/BF02784569 |s2cid=119683293 |língua=en }}</ref>

[[Max Tegmark]] expande o argumento anterior da seguinte maneira antrópica.<ref name="tegmark-dim">{{Citar periódico |último=Tegmark |primeiro=Max |autorlink=Max Tegmark |título=''On the dimensionality of spacetime'' |periódico=Classical and quantum gravity |volume=14 |número=4 |páginas=L69 – L75 |data=abril de 1997 |url=https://space.mit.edu/home/tegmark/dimensions.pdf |doi=10.1088/0264-9381/14/4/002 |acessodata=2006-12-16 |arxiv=gr-qc/9702052 |bibcode=1997CQGra..14L..69T |s2cid=15694111 |língua=en }}</ref> Se ''T'' difere de 1, o comportamento dos sistemas físicos não pode ser previsto de forma confiável a partir do conhecimento das [[Equação diferencial parcial|equações diferenciais parciais]] relevantes. Em tal universo, a vida inteligente capaz de manipular a tecnologia não poderia surgir. Além disso, se ''T'' > 1, Tegmark sustenta que [[próton]]s e [[elétron]]s seriam instáveis e poderiam decair em partículas com massa maior do que eles próprios. (Isso não é um problema se as partículas tiverem uma temperatura suficientemente baixa.)<ref name="tegmark-dim"/> Por fim, se ''N'' < 3, a gravitação de qualquer tipo torna-se problemática e o universo provavelmente é simples demais para conter observadores. Por exemplo, quando ''N'' < 3, os [[nervo]]s não podem cruzar  (atravessar) sem se cruzar<ref name="tegmark-dim"/> Portanto, argumentos antrópicos e outros argumentos descartam todos os casos, exceto ''N'' = 3 e ''T'' = 1, que descrevem o mundo ao nosso redor.

Por outro lado, em vista de criar [[Buraco negro|buracos negros]] a partir de um {{Ill|en|gás monoatômico|Monatomic gas|nlk=true}} ideal sob sua autogravidade, Wei-Xiang Feng mostrou que o espaço-tempo (3+1)-dimensional é a [[Dimensão|dimensionalidade]] marginal. Além disso, é a dimensionalidade única que pode proporcionar uma esfera de gás "estável" com uma [[constante cosmológica]] "positiva". No entanto, um gás autogravitante não pode ser vinculado de forma estável se a esfera de massa for maior que ~10<sup>21</sup> massas solares devido à pequena positividade da [[constante cosmológica]] observada.<ref>{{Citar periódico |último=Feng |primeiro=W.-X. |data=2022-08-03 |título=''Gravothermal phase transition, black holes and space dimensionality'' |url=https://journals.aps.org/prd/abstract/10.1103/PhysRevD.106.L041501 |periódico=Physical review D |volume=106 |número=4 |páginas=L041501 |arxiv=2207.14317 |doi=10.1103/PhysRevD.106.L041501 |bibcode=2022PhRvD.106d1501F |s2cid=251196731 |língua=en }}</ref>

Em 2019, James Scargill argumentou que a vida complexa pode ser possível com duas dimensões espaciais. De acordo com Scargill, uma teoria puramente escalar da gravidade pode permitir uma força gravitacional local, e redes bidimensionais (''2D'') podem ser suficientes para redes neurais complexas.<ref>{{Citar periódico |último=Scargill |primeiro=J. H. C. |data=2020-02-26 |título=''Existence of life in 2 + 1 dimensions'' |url=https://link.aps.org/doi/10.1103/PhysRevResearch.2.013217 |periódico=Physical review research |volume=2 |número=1 |páginas=013217 |arxiv=1906.05336 |doi=10.1103/PhysRevResearch.2.013217 |bibcode=2020PhRvR...2a3217S |s2cid=211734117 |língua=en }}</ref><ref>{{Citar web |título=''Life could exist in a 2D universe (according to physics, anyway)'' |url=https://www.technologyreview.com/2019/06/20/102942/life-could-exists-in-a-2d-universe-according-to-physics-anyway/ |acessodata=2021-06-16 |website=technologyreview.com |língua=en}}</ref>

== Interpretações metafísicas ==

Algumas das disputas e especulações metafísicas incluem, por exemplo, tentativas de apoiar a interpretação anterior de [[Teilhard de Chardin|Pierre Teilhard de Chardin]] do universo como sendo centrado em Cristo (compare [[Ponto Ômega|Ponto ômega]]), expressando uma ''creatio evolutiva'' em vez da antiga noção de ''creatio continua''.<ref name=":3">Johann Dorschner e Ralph Neuhäuser, "''Evolution des kosmos und der punkt omega''", em Nikolaus Knoepffler, H. James Birx, Teilhard de Chardin, ''V&R unipress GmbH'', 2005, p. 109 e seguintes</ref> De uma perspectiva estritamente secular, humanista, permite também colocar os seres humanos de volta no centro, uma mudança antropogênica na cosmologia.<ref name=":3" />  {{Ill|en|Karl W. Giberson|Karl W. Giberson|nlk=true}}<ref>Giberson, Karl. "''Anthropic principle: A postmodern creation myth?''" (em inglês). ''Journal of interdisciplinary studies''. 9.1/2 (1997): 63 – 90.</ref> afirmou laconicamente que

{{Quote|O que emerge é a sugestão de que a cosmologia pode finalmente estar de posse de alguma matéria-prima para um mito [[Pós-modernismo|pós-moderno]] da criação.|{{Ill|en|Karl W. Giberson|Karl W. Giberson|nlk=true}}}}

William Sims Bainbridge discordou do otimismo de Chardin sobre um futuro Ponto ômega no final da história, argumentando que logicamente estamos presos no Ponto ômicron, no meio do alfabeto grego, em vez de avançar para o fim, porque o universo não precisa ter quaisquer características que apoiariam nosso progresso técnico posterior, se o princípio antrópico apenas exigir que seja adequado para nossa evolução até este ponto.<ref>Bainbridge, William Sims, 1997, "''The omicron point: Sociological application of the anthropic theory''", em ''Chaos and complexity in sociology: Myths, models and theory'', (em inglês) editores Raymond E. Eve, Sara Horsfall e Mary E. Lee, pp. 91 – 101. Thousand oaks, Califórnia: ''Sage publications''. {{ISBN|0-7619-0890-0}}</ref>

=== O princípio cosmológico antrópico ===

Um estudo completo existente do princípio antrópico é o livro ''The anthropic cosmological principle'' de [[John David Barrow|John D. Barrow]], um [[Cosmologia|cosmólogo]], e [[Frank J. Tipler]], um [[Cosmologia|cosmólogo]] e [[Física matemática|físico matemático]]. Este livro expõe em detalhes as muitas coincidências e restrições antrópicas conhecidas, incluindo muitas encontradas por seus autores. Embora o livro seja principalmente um trabalho de [[astrofísica]] teórica, ele também aborda a [[Mecânica quântica|física quântica]], a [[química]] e as [[Geociência|ciências da Terra]]. Um capítulo inteiro argumenta que o [[Humano|''Homo sapiens'']] é, com grande probabilidade, a única {{Ill|en|espécie inteligente|Extraterrestrial intelligence|nlk=true}} na [[Via Láctea|Via láctea]].

O livro começa com uma extensa revisão de muitos tópicos da [[história das ideias]] que os autores consideram relevantes para o princípio antrópico, porque os autores acreditam que esse princípio tem antecedentes importantes nas noções de [[teleologia]] e [[Design inteligente|''design'' inteligente]]. Eles discutem os escritos de [[Johann Gottlieb Fichte|Fichte]], [[Georg Wilhelm Friedrich Hegel|Hegel]], [[Henri Bergson|Bergson]] e [[Alfred North Whitehead]], e a cosmologia do [[Ponto Ômega|Ponto ômega]] de [[Teilhard de Chardin]]. Barrow e Tipler distinguem cuidadosamente o raciocínio [[Teleologia|teleológico]] do raciocínio {{Ill|en|eutaxiológico|Eutaxiology|nlk=true}}; o primeiro afirma que a ordem deve ter um propósito conseqüente; o último afirma mais modestamente que a ordem deve ter uma causa planejada. Eles atribuem essa distinção importante, mas quase sempre negligenciada, a um obscuro livro de 1883 de L. E. Hicks.<ref>{{Citar livro |último=Hicks  |primeiro=L. E.  |ano=1883  |título=A Critique of design arguments  |url=https://archive.org/details/critiqueofdesign00hick  |local=Nova Iorque  |publicado=Scribner's |língua=en }}</ref>

Vendo pouco sentido em um princípio que exige o surgimento de vida inteligente, permanecendo indiferente à possibilidade de sua eventual extinção, Barrow e Tipler propõem o [[Frank J. Tipler#A cosmologia do Ponto Ômega|princípio antrópico final (P.A.Fi.)]]{{Nre|nome=fap|do inglês ''F.A.P. – '''f'''inal '''a'''nthropic '''p'''rinciple''}}: o processamento inteligente de informações deve existir no universo e, uma vez que passa a existir, nunca morrerá.<ref>Barrow e Tipler 1986: 23</ref>

Barrow e Tipler afirmam que o princípio antrópico final (P.A.Fi.){{Nre|nome=fap}} é uma declaração física válida e "estreitamente ligada a valores morais". O princípio antrópico final (P.A.Fi.){{Nre|nome=fap}} impõe fortes restrições à estrutura do [[universo]], restrições desenvolvidas posteriormente em ''The physics of immortality'', de Tipler.<ref>{{Citar livro |primeiro=F. J. |último=Tipler |autorlink=Frank J. Tipler |título=The physics of immortality |publicado=''DoubleDay'' |ano=1994 |isbn=978-0-385-46798-8 |url=https://archive.org/details/physicsofimmorta00fran |língua=en }}</ref> Uma dessas restrições é que o universo deve terminar em um ''[[Big Crunch]]'', o que parece improvável em vista das conclusões preliminares tiradas desde 1998 sobre a [[energia escura]], com base em observações de [[supernova]]s muito distantes.

Em sua revisão<ref>[[Martin Gardner|Gardner, M.]], "''W.A.P., S.A.P., P.A.P., and F.A.P.''" (em inglês) ''The New York review of books 23'', Nº 8 (8 de maio de 1986): 22 – 25.</ref> de Barrow e Tipler, Martin Gardner ridicularizou o princípio antrópico final (P.A.Fi.){{Nre|nome=fap}} citando as duas últimas sentenças de seu livro como definindo um princípio antrópico completamente ridículo (P.a.C.R.){{Nre|do inglês ''C.R.A.P. – '''c'''ompletely '''r'''idiculous '''a'''nthropic '''p'''rinciple'' – com a intenção de ''crap'', por também, significar "besteira"}}:

{{Quote|No instante em que o [[Ponto Ômega|Ponto ômega]] for alcançado, a vida terá obtido o controle de ''toda'' a matéria e forças não apenas em um único universo, mas em todos os universos cuja existência é logicamente possível; a vida terá se espalhado por ''todas'' as regiões espaciais em todos os universos que poderiam existir logicamente, e terá armazenado uma quantidade infinita de informações, incluindo ''todos'' os pedaços (''bits'') de conhecimento que é logicamente possível saber. E este é o fim.<ref>Barrow e Tipler 1986: 677</ref>}}

== Recepção e controvérsias ==

Carter frequentemente se arrepende de sua própria escolha da palavra "antrópico", porque transmite a impressão enganosa de que o princípio envolve seres humanos especificamente, em vez de observadores inteligentes em geral.<ref>por exemplo, Carter (2004) ''op. cit.''</ref> Outros<ref>por exemplo, mensagem de [[Martin Rees]] apresentada na conferência Kavli-CERCA (ver vídeo em Ligações externas)</ref> criticaram a palavra "princípio" como sendo muito grandiosa para descrever aplicações diretas de {{Ill|en|efeitos de seleção|Selection bias|nlk=true}}.

Uma crítica comum ao princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Carter é que ele é um ''[[deus ex machina]]'' fácil que desencoraja as buscas por explicações físicas. Para citar Penrose novamente: "[E]le tende a ser invocado por teóricos sempre que eles não têm uma teoria boa o suficiente para explicar os fatos observados."<ref>{{Citar livro |autor=Penrose, R. |autorlink=Roger Penrose |título=The Emperor's new mind |url=https://archive.org/details/emperorsnewmindc00penr |acessourl=registro |capítulo=10 |publicado=''Oxford university press'' |isbn=978-0-19-851973-7 |ano=1989 |língua=en }}</ref>

O princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Carter e o princípio antrópico fraco (P.A.Fr.){{Nre|nome=wap}} de Barrow e Tipler foram descartados como {{Ill|en|truísmos|Truism|nlk=true}} ou {{Ill|en|tautologias|Tautologia (lógica)|nlk=true}} triviais - isto é, declarações verdadeiras apenas em virtude de sua [[forma lógica]] e não porque uma afirmação substantiva é feita e apoiada pela observação da realidade. Como tal, eles são criticados como uma forma elaborada de dizer: "Se as coisas fossem diferentes, elas seriam diferentes",{{Carece de fontes|data=setembro de 2022}} o que é uma afirmação válida, mas não reivindica uma alternativa factual em detrimento de outra.

Os críticos do princípio antrópico forte (P.A.Fo.){{Nre|nome=sap}} de Barrow e Tipler afirmam que não é testável nem falsificável e, portanto, não é uma [[Método científico|afirmação científica]], mas sim filosófica. A mesma crítica foi levantada contra a hipótese de um [[Multiverso (ciência)|multiverso]], embora alguns argumentem<ref>[https://blogs.scientificamerican.com/guest-blog/are-parallel-universes-unscientific-nonsense-insider-tips-for-criticizing-the-multiverse/ ''Are parallel universes unscientific nonsense? Insider tips for criticizing the multiverse''] (em inglês) Tegmark, Max. 4 de fevereiro de 2014.</ref> que faz previsões falsificáveis. Uma versão modificada dessa crítica é que entendemos tão pouco sobre o surgimento da vida, especialmente da vida inteligente, que é efetivamente impossível calcular o número de observadores em cada universo. Além disso, a distribuição prévia dos universos em função das constantes fundamentais é facilmente modificada para obter qualquer resultado desejado.<ref>{{Citar periódico |autor=Starkman, G. D. |autor2=Trotta, R. |título=''Why anthropic reasoning cannot predict Λ'' |periódico=Physical review letters |volume=97 |página=201301 |ano=2006 |doi=10.1103/PhysRevLett.97.201301 |pmid=17155671 |número=20 |bibcode=2006PhRvL..97t1301S |arxiv=astro-ph/0607227 |s2cid=27409290 |língua=en }} Veja também esta [http://www.physorg.com/news83924839.html notícia.] (em inglês)</ref>

Muitas críticas se concentram em versões do princípio antrópico forte, como o ''princípio cosmológico antrópico'' de Barrow e Tipler, que são noções [[Teleologia|teleológicas]] que tendem a descrever a existência da vida como um ''pré-requisito necessário'' para as constantes observáveis da física. Da mesma forma, [[Stephen Jay Gould]],<ref>{{Citar conferência |último=Gould |primeiro=Stephen Jay |ano=1998 |título=''Clear thinking in the sciences'' |títulolivro=Lectures at Harvard university |língua=en }}</ref><ref>{{Citar livro |último=Gould |primeiro=Stephen Jay |ano=2002  |título=Why people believe weird things: Pseudoscience, superstition, and other confusions of our time |isbn=978-0-7167-3090-3  |língua=en }}</ref> [[Michael Shermer]],<ref>{{Citar livro |último=Shermer |primeiro=Michael |ano=2007 |título=Why Darwin matters |isbn=978-0-8050-8121-3 |url=https://archive.org/details/whydarwinmatters00mich |língua=en }}</ref> e outros afirmam que as versões mais fortes do princípio antrópico parecem reverter causas e efeitos conhecidos. Gould comparou a alegação de que o universo é ajustado para o benefício de nosso tipo de vida a dizer que as salsichas foram feitas longas e estreitas para que pudessem caber nos modernos pães de cachorro-quente, ou dizer que os navios foram inventados para abrigar [[Cirripedia|cracas]]. Esses críticos citam a vasta evidência física, fóssil, genética e outras evidências biológicas consistentes de que a vida foi [[Universo bem afinado|ajustada]] por meio da [[seleção natural]] para se adaptar ao ambiente físico e geofísico no qual a vida existe. A vida parece ter se adaptado ao universo, e não o contrário.

Algumas aplicações do princípio antrópico foram criticadas como {{Ill|en|argumento por falta de imaginação|Argument from incredulity|nlk=true}}, por assumir tacitamente que compostos de carbono e água são a única química possível da vida (às vezes chamado de {{Ill|en|"chauvinismo do carbono"|Carbon chauvinism|nlk=true}}, veja também [[Tipos hipotéticos de bioquímica|bioquímica alternativa]]).<ref>por exemplo, {{Citar periódico |autor=Carr, B. J. |autor2=Rees, M. J. |título=''The anthropic principle and the structure of the physical world'' |periódico=Nature |volume=278 |páginas=605 – 612 |ano=1979 |doi=10.1038/278605a0 |bibcode=1979Natur.278..605C |número=5705 |s2cid=4363262 |autorlink2=Martin Rees |autorlink=Bernard Carr |língua=en }}</ref> A gama de [[Constante fundamental|constantes físicas fundamentais]] consistentes com a evolução da vida baseada no carbono também pode ser mais ampla do que argumentam aqueles que defendem um [[Universo bem afinado|universo bem ajustado]].<ref>{{Citar livro |último=Stenger |primeiro=Victor J. |autorlink=Victor J. Stenger |ano=2000 |título=Timeless reality: Symmetry, simplicity, and multiple universes |publicado=''Prometheus books'' |isbn=978-1-57392-859-5 |língua=en }}</ref> Por exemplo, Harnik ''et al''.<ref>{{Citar periódico |autor=Harnik, R. |autor2=Kribs, G. |autor3=Perez, G. |ano=2006 |título=''A Universe without weak interactions'' |periódico=Physical review |volume=D74 |página=035006 |doi=10.1103/PhysRevD.74.035006 |arxiv= hep-ph/0604027 |bibcode=2006PhRvD..74c5006H |número=3 |s2cid=14340180 |língua=en }}</ref> propõem um {{Ill|en|Universo fraco|Weakless universe|nlk=true}} no qual a [[Interação fraca|força nuclear fraca]] é eliminada. Eles mostram que isso não tem efeito significativo sobre as outras [[Força fundamental|interações fundamentais]], desde que alguns ajustes sejam feitos na forma como essas interações funcionam. No entanto, se alguns dos detalhes ajustados do nosso universo fossem violados, isso descartaria estruturas complexas de qualquer tipo – [[estrela]]s, [[planeta]]s, [[galáxia]]s, etc.

[[Lee Smolin]] ofereceu uma teoria destinada a melhorar a falta de imaginação de que os princípios antrópicos foram acusados. Ele apresenta sua teoria dos {{Ill|en|universos fecundos|Lee Smolin#Cosmological natural selection|nlk=true}}, que assume que os universos têm "descendentes" através da criação de [[Buraco negro|buracos negros]] cujos universos descendentes têm valores de constantes físicas que dependem daqueles do universo-mãe.<ref>{{Citar livro |autor=Lee Smolin |autorlink=Lee Smolin |editor=Tyson, Neil deGrasse |editor-link=Neil deGrasse Tyson |editor2=Soter, Steve <!-- |editor2-link=:en:Steven Soter --> |ano=2001 |título=Cosmic horizons: Astronomy at the cutting edge |publicado=''The new press'' |isbn=978-1-56584-602-9 |páginas=[https://archive.org/details/isbn_9781565846029/page/148 148 – 152] |url=https://archive.org/details/isbn_9781565846029/page/148 |língua=en }}</ref>

Os filósofos da cosmologia [[John Earman]],<ref>{{Citar periódico |autor=Earman John |ano=1987 |título=''The S.A.P. also rises: A critical examination of the anthropic principle'' |periódico=American philosophical quarterly |volume=24 |páginas=307 – 317 |língua=en }}</ref> {{Ill|en|Ernan McMullin|Ernan McMullin|nlk=true}},<ref>McMullin, Ernan. (1994). "''Fine-tuning the Universe?''" em M. Shale & G. Shields (ed.), ''Science, technology, and religious ideas'' (em inglês), Lanham: ''University press of America''.</ref> e {{Ill|en|Jesús Mosterín|Jesús Mosterín|nlk=true}} afirmam que "em sua versão fraca, o princípio antrópico é uma mera tautologia, que não nos permite explicar nada ou prever nada que já não sabíamos. Em sua versão forte, é uma especulação gratuita".<ref>Mosterín, Jesús. (2005). ''Op. cit.''</ref> Uma outra crítica de Mosterín diz respeito à inferência "antrópica" falha da suposição de uma infinidade de mundos para a existência de um como o nosso:

{{Quote|A sugestão de que uma infinidade de objetos caracterizados por certos números ou propriedades implica a existência entre eles de objetos com qualquer combinação desses números ou características [...] é equivocada. Um infinito não implica de forma alguma que qualquer arranjo esteja presente ou repetido. [...] A suposição de que todos os mundos possíveis são realizados em um universo infinito é equivalente à afirmação de que qualquer conjunto infinito de números contém todos os números (ou pelo menos todos os números de Gödel das sequências [definidoras]), o que obviamente é falso.}}

== Ver também ==

* [[A Fórmula de Deus|''A fórmula de Deus'']] – Romance de José Rodrigues dos Santos (discutindo o princípio antrópico)
* [[Antropocentrismo]] – Crença de que os seres humanos são os seres mais importantes da existência
* {{Ill|en|Argumento do juízo final|Doomsday argument|nlk=true}} – Cenário do juízo final sobre nascimentos humanos
* [[Arthur Schopenhauer]] – Filósofo pessimista alemão (1788 – 1860) (um precursor imediato da ideia)
* {{Ill|en|Falácia do apostador inversa|Inverse gambler's fallacy|nlk=true}}{{Nre|também conhecida como falácia de Monte Carlo inversa}} - Falácia formal da inferência bayesiana
* {{Ill|en|Grande filtro|Great Filter|nlk=true}} – O que quer que impeça civilizações interestelares de surgirem de matéria não viva
* [[Grande Rebote|Grande rebote]]{{Nre|do inglês ''Big bounce''}} – Modelo cosmológico hipotético para a origem do universo conhecido
* [[Hipótese da Terra rara]] - Hipótese de que a vida extraterrestre complexa é improvável e extremamente rara
* {{Ill|en|Hipótese matemática do universo|Mathematical universe hypothesis|nlk=true}} – Teoria cosmológica
* {{Ill|en|Massa quark e afinidade com a vida|Alejandro_Jenkins#Quark_mass_and_congeniality_to_life|nlk=true}} – Físico costarriquenho (obra de Alejandro Jenkins)
* [[Naturalismo metafísico]] - cosmovisão filosófica rejeitando "sobrenatural"
* [[Neocatastrofismo]] - Hipótese para a falta de alienígenas detectados
* [[Paradoxo de Fermi]] - Falta de evidências de que os alienígenas existem
* {{Ill|en|Por que existe alguma coisa|Why there is anything at all|nlk=true}} – Questão metafísica
* [[Princípio copernicano]] – Princípio de que os humanos não são observadores privilegiados do universo
* [[Princípio da mediocridade]] – Conceito filosófico
* [[Princípio de Cachinhos Dourados|Princípio de Cachinhos dourados]]{{Nre|do inglês ''Goldilocks''}} – Analogia para condições ótimas
* {{Ill|en|Problema da Bela adormecida|Sleeping Beauty problem|nlk=true}} – Problema matemático
* [[Processo triplo-alfa]] – Cadeia de reação de fusão nuclear convertendo hélio em carbono
* [[Teorema do macaco infinito]] – resultado contra-intuitivo em probabilidade
* [[Universo bem afinado|Universo em sintonia fina]] – Hipótese sobre a vida no universo

== Notas de rodapé ==

{{Listanota}}

== Referências ==

<references/>

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{{Refbegin|30em}}
* {{Citar livro |título=[[#O princípio cosmológico antrópico|The anthropic cosmological principle]] |último1=Barrow |primeiro1=John D. |autorlink1=John David Barrow |último2=Tipler |primeiro2=Frank J. |autorlink2=Frank J. Tipler |ano=1986 |publicado=[[Oxford University Press|''Oxford university press'']] |isbn=978-0-19-282147-8 |lccn=87028148 |edição=1ª |língua=en }}
* {{Citation |último=Bostrom |primeiro=N. <!-- |autorlink=:en:Nick Bostrom -->|ano=2002 |título=Anthropic bias: Observation selection effects in science and philosophy |publicado=''Routledge'' |isbn=978-0-415-93858-7 |língua=en }} 5 capítulos disponíveis [http://www.anthropic-principle.com/book/ ''online''.] {{Webarchive |url=https://web.archive.org/web/20060826121429/http://www.anthropic-principle.com/book/ |data=2006-08-26 }}
* {{Citar periódico |autor=Cirkovic, M. M. |ano=2002 |título=''On the first anthropic argument in astrobiology'' |periódico=Earth, Moon, and planets |volume=91 |páginas=243 – 254 |doi=10.1023/A:1026266630823 |número=4 |arxiv=astro-ph/0306185 |bibcode=2002EM&P...91..243C |s2cid=17341587 |língua=en }}
* {{Citar periódico |autor=Cirkovic, M. M. |ano=2004 |título=''The anthropic principle and the duration of the cosmological past'' |periódico=Astronomical and astrophysical transactions |volume=23 |páginas=567 – 597 |doi=10.1080/10556790412331335327 |arxiv=astro-ph/0505005 |bibcode=2004A&AT...23..567C |número=6 |s2cid=6068309 |língua=en }}
* {{Citar livro |primeiro=Simon |último=Conway Morris <!-- |autorlink =:en:Simon Conway Morris -->|ano=2003 |título=Life's solution: Inevitable humans in a lonely Universe |url=https://archive.org/details/lifessolutionine01conw |acessourl=registro |publicado=''Cambridge university press'' |língua=en }}
* {{Citar periódico |autor=Craig, William Lane |autorlink=William Lane Craig |ano=1987 |título=''Critical review of 'The anthropic cosmological principle''' |periódico=International philosophical quarterly |volume=27 |número=4 |páginas=437 – 447 |doi=10.5840/ipq198727433 |língua=en }}
* {{Citar livro |último=Hawking |primeiro=Stephen W. |autorlink=Stephen Hawking |ano=1988 |título=A brief history of time |url=https://archive.org/details/briefhistoryofti00step_1 |acessourl=registro |página=[https://archive.org/details/briefhistoryofti00step_1/page/174 174] |local=Nova Iorque |publicado=''Bantam books'' |isbn=978-0-553-34614-5 |língua=en }}
* [[Victor J. Stenger|Stenger, Victor J.]] (1999), "''Anthropic design''", ''The skeptical inquirer 23'' (31 de agosto de 1999) (em inglês): 40 – 43
* {{Ill|en|Mosterín, Jesús|Mosterín, Jesús|nlk=true}} (2005). "''Anthropic explanations in cosmology''" (em inglês) em P. Háyek, L. Valdés e D. Westerstahl (editores), ''Logic, methodology and philosophy of science, Proceedings of the 12th international congress of the L.M.P.S.''. Londres: ''King's college publications'', pp.&nbsp;441 – 473. {{ISBN|1-904987-21-4}}.
* {{Citar livro |autor=Taylor |autor2=Stuart Ross |ano=1998 |título=Destiny or chance: Our Solar system and its place in the cosmos |publicado=''Cambridge university press'' |isbn=978-0-521-78521-1 |língua=en }}
* {{Citar periódico |autor=Tegmark, Max |autorlink=Max Tegmark |ano=1997 |url= http://space.mit.edu/home/tegmark/dimensions.html |título=''On the dimensionality of spacetime'' |periódico=Classical and quantum gravity |volume=14 |páginas=L69 – L75  |doi=10.1088/0264-9381/14/4/002 |arxiv=gr-qc/9702052 |bibcode=1997CQGra..14L..69T |número=4 |s2cid=15694111 |língua=en }} Um argumento antrópico simples para explicar por que existem 3 dimensões espaciais e 1 dimensão temporal.
* {{Citar periódico |autor=Tipler, F. J. |autorlink=Frank J. Tipler |ano=2003 |título=''Intelligent life in cosmology'' |periódico=International journal of astrobiology |volume=2 |páginas=141 – 148 |doi=10.1017/S1473550403001526 |bibcode=2003IJAsB...2..141T |número=2 |arxiv=0704.0058 |s2cid=119283361 |língua=en }}
* {{Citar periódico |autor=Walker, M. A. |autor2=Cirkovic, M. M. |name-list-style=amp |ano=2006 |título=''Anthropic reasoning, naturalism and the contemporary design argument'' |periódico=International studies in the philosophy of science |volume=20 |páginas=285 – 307 |doi=10.1080/02698590600960945 |número=3 |citeseerx=10.1.1.212.2588 |s2cid=8804703 |língua=en }} Mostra que algumas das críticas comuns ao princípio antrópico (P.A.) baseadas em sua relação com a numerologia ou o argumento do ''design'' teológico estão erradas.
* {{Citar livro |autor=Ward, P. D. |autor2=Brownlee, D. |name-list-style=amp |ano=2000 |título=[[Hipótese da Terra rara|Rare Earth: Why complex life is uncommon in the Universe]] |publicado=Springer Verlag |isbn=978-0-387-98701-9 <!-- |títulolink=Hipótese da Terra rara -->|língua=en }}
* {{Cite book <!-- |author-link=:en:Alexander Vilenkin --> |first=Alex |last=Vilenkin |year=2006 |title=Many worlds in one: The search for other universes |publisher=''Hill and Wang'' |isbn=978-0-8090-9523-0 |url=https://archive.org/details/manyworldsinoneo00vile |language=en }}
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== Ligações externas ==

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* {{Ill|en|Nick Bostrom|Nick Bostrom|nlk=true}}: [http://www.anthropic-principle.com/ Princípio antrópico] – ''Website'' dedicado ao princípio antrópico  (em inglês).
* Friederich, Simon. [https://plato.stanford.edu/entries/fine-tuning/ Ajuste fino] – Artigo de revisão da discussão sobre ajuste fino, destacando o papel dos princípios antrópicos (em inglês).
* Gijsbers, Victor. (2000). [https://web.archive.org/web/20141102054638/http://www.positiveatheism.org/faq/anthropic.htm Princípio antrópico teísta refutado] – Revista ateísmo positivo (em inglês).
* Chown, Marcus, [http://space.mit.edu/home/tegmark/toe_frames.html Qualquer coisa serve] – ''New scientist'', 6 de junho de 1998. Sobre o trabalho de Max Tegmark (em inglês).
* [[Stephen Hawking]], [[Steven Weinberg]], {{Ill|en|Alexander Vilenkin|Alexander Vilenkin|nlk=true}}, [[David Gross]] e [[Lawrence Krauss]]: [http://www.phys.cwru.edu/events/cerca_video_archive.php Debate sobre o raciocínio antrópico] {{Webarchive |url=https://web.archive.org/web/20200410165653/http://www.phys.cwru.edu/events/cerca_video_archive.php |data=2020-04-10 }} – Arquivo de vídeo da conferência ''Kavli-CERCA'' (em inglês) .
* Sober, Elliott R. 2009, "[http://sober.philosophy.wisc.edu/selected-papers/PS-2009-AbsenseOfEvidenceAndEvidenceOfAbsence.pdf Ausência de evidência e evidência de ausência – Transitividade evidencial em conexão com fósseis, pesca, ajuste fino e pelotões de fuzilamento]"{{Dead link|date=maio de 2023 |bot=InternetArchiveBot |fix-attempted=yes }} – Estudos filosóficos, 2009, 143: 63 – 90 (em inglês).
* "[http://www.starlarvae.org/Star_Larvae_Anthropic_Coincidence.html Coincidência antrópica]" – A controvérsia antrópica como uma continuação da teoria de [[Lee Smolin]] da seleção natural cosmológica (em inglês).
* [[Leonard Susskind]] e [[Lee Smolin]] debatem o [http://www.edge.org/3rd_culture/smolin_susskind04/smolin_susskind.html princípio antrópico] (em inglês).
* [https://arxiv.org/find/astro-ph/1/OR+ti:+AND+anthropic+principle+abs:+AND+anthropic+principle/0/1/0/all/0/1 Debate entre cientistas no ''arxiv.org''] (em inglês).
* [https://web.archive.org/web/20060502002523/http://www.epicidiot.com/evo_cre/13cards.htm Probabilidade evolucionária e ajuste fino] (em inglês).
* [https://archive.ph/20130128125932/http://www.mathpages.com/home/kmath252/kmath252.htm "'Design'' benevolente e o princípio antrópico] em ''MathPages'' (em inglês).
* [https://web.archive.org/web/20051223140116/http://www.epicidiot.com/evo_cre/vr_privileged_planet.htm Resenha crítica de "O planeta privilegiado"] (em inglês).
* [https://web.archive.org/web/20070227160115/http://www.ipod.org.uk/reality/reality_anthropic_principle.asp O princípio antrópico] – Uma resenha (em inglês).
* Berger, Daniel, 2002, "[http://www.bluffton.edu/~bergerd/essays/impert.html Um resumo impertinente do princípio cosmológico antrópico]" {{Webarchive |url=https://web.archive.org/web/20160304201803/http://www.bluffton.edu/~bergerd/essays/impert.html |data=2016-03-04 }} – Uma crítica de Barrow e Tipler (em inglês).
* {{Ill|en|Jürgen Schmidhuber|Jürgen Schmidhuber|nlk=true}}: [http://www.idsia.ch/~juergen/computeruniverse.html Artigos sobre teorias algorítmicas do tudo] e a falta de poder preditivo do princípio antrópico (em inglês).
* [[Paul Davies]]: [https://web.archive.org/web/20071030190754/http://www.wpr.org/book/070415a.html ''Cosmic jackpot''] – Entrevista sobre o princípio antrópico (começa aos 40 minutos), 15 de maio de 2007 (em inglês).
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