Ramona Martínez (enfermeira)

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Ramona Martínez (século XIX) foi uma enfermeira paraguaia escravizada. Ela se tornou uma heroína na Guerra da Tríplice Aliança e foi descrita como "a Joana d'Arc americana".

Biografia[editar | editar código-fonte]

Pouco se sabe sobre o início da vida de Martínez, exceto que ela foi escravizada pelo presidente Francisco Solano López e sua esposa Eliza Lynch.[1][2]  É considerada uma heroína da Batalha de Itá Ybaté, durante a Guerra da Tríplice Aliança.[3] Martínez, que tinha 15 ou 22 anos de acordo com diferentes relatos,[4][5][2] estava presente na batalha, trabalhando como enfermeira.[6][7] Quando presenciou o ferimento do Major Francisco Ozuna, inspirou-se a atacar o inimigo com uma espada. Esse ato persuadiu seus camaradas e outros soldados feridos a se engajarem novamente na batalha, o que impediu o avanço dos brasileiros.[4][8][1][9] Como resultado de sua intervenção e de sua luta, o jornal El Semanario a apelidou de "Joana d'Arc americana".[6]

Historiografia[editar | editar código-fonte]

O papel das mulheres durante a Guerra da Tríplice Aliança foi historicamente negligenciado. Um dos primeiros textos a referir-se ao seu envolvimento foi El libro de los héroes. Páginas históricas de la Guerra del Paraguai, que, segundo a historiadora Carolina Alegre Benitez, introduziu mulheres, incluindo Martínez.[10] Ela também é significativa, pois representa um número de pessoas escravizadas que lutaram na guerra e cujas vidas foram negligenciadas pelos historiadores que pesquisam a guerra, ao lado dos povos indígenas.[11]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Whigham, Thomas (1 de agosto de 2015). La guerra de la triple alianza III (em espanhol). [S.l.]: Penguin Random House Grupo Editorial Chile. ISBN 978-99967-32-02-7 
  2. a b «Leyendas, y una heroína - Locales - ABC Color». www.abc.com.py (em espanhol). Consultado em 19 de agosto de 2021 
  3. Históricas, Instituto Femenino de Investigaciones (1971). Anuario (em espanhol). [S.l.: s.n.] 
  4. a b Mellid, Atilio García y (1963). Proceso a los falsificadores de la historia del Paraguay (em espanhol). [S.l.]: Ediciones Theoría 
  5. Richard, Nicolas; Capdevila, Luc; Boidin, Capucine (2007). Les guerres du Paraguay aux XIXe et XXe siècles: Actes du colloque international le Paraguay à l'ombre de ses guerres, acteurs, pouvoirs et représentations, Paris, 17-19 novembre 2005 (em francês). [S.l.]: CoLibris éditions. ISBN 978-2-916937-01-4 
  6. a b Delvalle, Acosta; Carolina, Yessica (18 de dezembro de 2019). «Construcción de identidades, imaginarios y representaciones en el "Álbum Grafico de la República del Paraguay" : La creación de una idea de nación» 
  7. O'Leary, Juan Emiliano (1985). Nuestra epopeya (em espanhol). [S.l.]: Ediciones Mediterráneo 
  8. Argaña, Juan I. Livieres (1968). Antología de la oratoria paraguaya: 1811-1967 (em espanhol). [S.l.]: Escuela Técnica Salesiana 
  9. Vittone, Luis (1968). La mujer paraguaya en la vida nacional (em espanhol). [S.l.: s.n.] 
  10. Benítez, Carolina Alegre (18 de agosto de 2016). «Historia y memoria en la escuela paraguaya». Novapolis (em espanhol) (10): 31–49. ISSN 2307-8693 
  11. Squinelo, Ana Paula (21 de dezembro de 2020). «O que as narrativas didáticas de história contam sobre a Guerra Guasu 150 anos depois? Mulheres, crianças, negros e indígenas em uma mirada comparada: Brasil, Paraguai e Uruguai». Diálogos. 24 (3): 242–264. ISSN 2177-2940. doi:10.4025/dialogos.v24i3.56815Acessível livremente