Rendição e reconcessão

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Rendição e reconcessão consistiu no mecanismo legal pelo qual a ilha da Irlanda foi convertida de uma estrutura de poder enraizada em clãs familiares e lealdades de parentesco, num sistema semifeudal sob o controle nominal da Coroa de Inglaterra durante a Reconquista Tudor no período de 1540-1603.[1] A intenção consistia em envolver os clãs na entidade política inglesa e garantir suas propriedades sob a lei inglesa ao invés do tradicional sistema da antiga lei irlandesa (Lei Gaélica).

Política[editar | editar código-fonte]

A lei de Rendição e Reconcessão foi dirigida pelo rei Henrique VIII (governou 1509-47) numa oferta para estender e assegurar seu controle sobre a ilha da Irlanda. Esta política foi colocada em prática no seguimento da Rebelião Geraldina (1535-39) e da posterior criação do Reino da Irlanda em 1541-42. Os terratenentes gaélicos foram ativamente encorajados a ceder ("render") suas terras ao rei e voltar a recuperá-las em concessão se lhe jurassem lealdade.[2] Esperava-se que aqueles que se rendessem falassem inglês, vestissem roupas inglesas ou de estilo inglês, se mantivessem leais à coroa, pagassem um imposto específico e seguissem suas leis e costumes. Através desta mudança seriam protegidos de ataques e poderiam entrar no Parlamento Irlandês.

A iniciativa da rendição e reconcessão lançou-se em 1540 sob o novo governador da Irlanda, Anthony St. Leger, cuja ideia consistia em transformar e assimilar a Irlanda gaélica a algo similar à política e sistema constitucional de Inglaterra.

Alguns dos clãs que participavam no processo eram os O'Neill de Tir Eoghain que foram nomeados os Condes de Tyrone e como tais se sentavam na Casa (Câmara) dos Lordes Irlandesa desde 1542. Em 1543 os O'Brien de Thomond foram nomeados Lordes de Inchiquin. Os Mac Aonghusa e os Magennis do Condado de Down foram nomeados Cavaleiros, e os O'Byrne de Wicklow, Kavanaghs (Lordes Balyan), os O'Donnell de Donegal e os FitzPatricks de Ossory (Lordes de Castletown) foram outros dos que aceitaram o sistema. No entanto, outros clãs como os O'Mores de Laois e os MacMahons de Monaghan não o fizeram. O chefe dos O'Donnel foi brevemente nomeado Conde em 1603-07.

Muitos dos chefes dos clãs reconcedidos permaneceram católicos, depois da divisão geral entre Inglaterra e Roma em 1570, o qual significava que sua nova situação legal permanecia ainda tangencial (i.e. precária) aos olhos dos oficiais conformistas.

Referências

  1. «"Surrender and regrant" Agreement of 1541» (em inglês). Consultado em 11 de dezembro de 2008 
  2. «Surrender and regrant agreement of 1541» (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2009 

http://catholicity.elcore.net/MacCaffrey/HCCRFR2_Chapter08.html McCaffrey J., HISTORY OF THE CATHOLIC CHURCH From the Renaissance to the French Revolution (1914) vol 2, chapter 8

• Christopher Maginn. "Surrender and Regrant" in the Historiography of Sixteenth-Century Ireland in The Sixteenth Century Journal; Vol. 38, No. 4 (Winter, 2007), p 972. http://www.jstor.org/stable/20478623?seq=1#page_scan_tab_contents

• Indenture dated 13 May, 34 Henry VIII (1543): terms of the O'More surrender and regrant, citing the Carew Manuscripts 1515–74

• Chambers, A. "Shadow Lord: Theobald Bourke, Tibbott-Ne-Long, 1567–1629: Son of the pirate queen Grace O'Malley" (Ashfield Press, Dublin 2007) p. 109; ISBN 978-1-901658-65-1

• Chambers, Anne: Ireland's Pirate Queen: The True Story of Grace O'Malley, p 138. New York: MJF, 2003.

• O'Hart's Pedigrees; Heber Line Pedigrees, MacCarthy Mor (1892)

• Debrett's Peerage, 22nd edition, 1839, p. 768

http://www.libraryireland.com/Pedigrees1/Dempsey-2-Heremo[ligação inativa]