Sétimo Céu (peça de teatro)

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Sétimo Céu
Escrita por Caryl Churchill
Data de estreia 14 de Fevereiro de 1979
Local de estreia Darlington College of Arts, em Devon
Língua original Inglês
Temas Colonialismo, género
Cenário Acto I, colónia britânica na África vitoriana; Acto II, Londres em 1979

Sétimo Céu é uma peça de teatro em dois actos escrita pela dramaturga britânica Caryl Churchill, que se inspirou nos workshops que realizou com a companhia de teatro Joint Stock em finais de 1978. A peça estreou na Faculdade de Letras de Dartington, em Devon, a 14 de Fevereiro de 1979.

Os dois actos da peça apresentam uma estrutura em contraponto. O primeiro acto passa-se numa colónia britânica em África na era vitoriana e o segundo acto num parque londrino em 1979. Contudo, entre os dois actos, apenas vinte e cinco anos passam para as personagens. Cada actor desempenha um papel no primeiro acto e outro no segundo acto – as personagens que aparecem em ambos os actos são interpretadas por diferentes actores no primeiro e no segundo. O primeiro acto ridiculariza o género convencional da comédia e satiriza a sociedade vitoriana e o colonialismo. O segundo acto mostra o que poderia acontecer se as restrições quer do género de comédia quer da ideologia vitoriana se esbatessem nos mais permissivos anos 70.

A peça apresenta retratos controversos de sexualidade e uma linguagem obscena para estabelecer um paralelismo entre a opressão colonial e a sexual. O humor da peça nasce da incongruência e do carnavalesco, sublinhando a mensagem política de Churchill no que respeita à aceitação da diferença, sem contudo dominar as pessoas ou as forçar a desempenhar determinados papéis sociais.

Personagens[editar | editar código-fonte]

Primeiro acto

  • Clive, um administrador colonial (Clive representa a natureza opressiva do colonialismo patriarcal britânico)
  • Betty, sua mulher, interpretada por um homem (Betty reflecte o ideal vitoriano de mulher)
  • Joshua, o seu criado negro, interpretado por um branco (Joshua quer ser aquilo que os brancos querem que ele seja)
  • Edward, seu filho, interpretado por uma mulher (Edward é um rapaz efeminado, o que era inaceitável na época)
  • Victoria, sua filha, uma boneca (Victoria representa a forma como a sociedade vitoriana queria que as raparigas fossem, silenciosas e submissas)
  • Maud, sua sogra (Maud representa uma mulher conservadora que se opõe às de ideias de mudança e progresso)
  • Ellen, a preceptora de Edward (Ellen é uma lésbica apaixonada por Betty, embora esta não se aperceba de que Ellen a ama)
  • Harry Bagley, um explorador (Harry é bissexual, mantém uma relação sexual tanto com Edward como com Joshua, embora demonstre admiração por Betty)
  • Sra. Saunders, uma viúva (a Sra. Saunders é uma vizinha que confia em Clive para a proteger dos nativos rebeldes; ela e Clive têm um caso)

Segundo acto

  • Betty, agora interpretada por uma mulher (durante o segundo acto, Betty aceita gradualmente a sua própria identidade e sexualidade e deixa Clive)
  • Edward, seu filho, agora interpretado por um homem (Edward assumiu a sua homossexualidade e quer casar com Gerry)
  • Victoria, sua filha (Victoria é casada com Martin mas tem um caso com Lin)
  • Martin, o marido de Victoria (quase tão dominador como Clive)
  • Lin (uma mãe solteira lésbica que tem um caso com Victoria)
  • Cathy, a filha de 5 anos de Lin, interpretada por um homem (Cathy é violenta e gosta de brincar com armas; no entanto, recusa-se a usar calças, apresentando-se sempre de vestido)
  • Gerry, o amante de Edward (que o deixa durante o segundo acto)

Sinopse[editar | editar código-fonte]

Primeiro acto

Clive, um administrador colonial britânico, vive com a família, uma preceptora e um criado em África, num período conturbado. Os nativos revoltam-se; a Sra. Saunders, uma viúva, procura refúgio junto da família de Clive. À sua chegada sucede-se a de Harry Bagley, um explorador. Clive envolve-se com Sra. Saunders; Betty, a sua mulher, sente-se atraída por Harry, que tem relações com o escravo Joshua e com o filho de Clive, Edward. Ellen, a preceptora, que se assume como lésbica, é obrigada a casar com Harry. O primeiro acto acaba com a celebração do casamento; na cena final, Clive faz um discurso e Joshua aponta-lhe uma arma.

Segundo acto

Apesar de o segundo acto se situar em 1979, algumas personagens do primeiro acto reaparecem – para elas passaram apenas 25 anos. Betty deixou Clive, a sua filha Victoria está agora casada com Martin e Edward tem uma relação homossexual assumida com Gerry. Victoria deixa Martin e começa uma relação lésbica com Lin. Quando Gerry deixa Edward, este muda-se para casa da sua irmã e de Lin. Os três, bêbados, invocam a Deusa numa cerimónia; depois disso, personagens do primeiro acto começam a aparecer no segundo acto. O segundo acto tem uma estrutura menos rígida do que o primeiro acto; Churchill jogou com a ordem das cenas.