Santo António pregando aos peixes (Garcia Fernandes)

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Santo António pregando aos peixes
Santo António pregando aos peixes (Garcia Fernandes)
Autor Garcia Fernandes
Data 1535-40
Técnica pintura a óleo sobre madeira
Dimensões 144 cm × 94,5 cm 
Localização Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa

Santo António pregando aos peixes é uma pintura a óleo sobre madeira de carvalho pintada cerca de 1535-40 pelo pintor português do período Manuelino Garcia Fernandes e que se encontra actualmente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.[1]

Santo António pregando aos peixes tem representados dois episódios fundamentais da hagiografia de Santo António. Em primeiro plano vemos o Santo a pregar aos peixes no Adriático que o escutam com mais atenção do que os herejes de Rimini. Em cena secundária, está representado o milagre da mula, animal que ajoelhando-se reconheceu a presença divina na hóstia consagrada o que levou à conversão de um judeu incrédulo.[2]

Em 1934, Luís Reis-Santos divulgou a obra tendo atribuído a sua autoria a Garcia Fernandes, o que desde então tem sido aceite unanimemente pela crítica.[1]

Santo António pregando aos peixes pertenceu à colecção de Henrique Burnay, 1.º conde de Burnay tendo sido comprado pelo Estado português, em 1936, no leilão do espólio Burnay, juntamente com muitas obras de arte, incluindo o Santo Agostinho de Piero della Francesca.[3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

A composição divide-se em duas cenas. Em primeiro plano, ocupando um lugar destacado, Santo António, de hábito franciscano e segurando uma cruz, prega a um cardume de peixes que o escutam com as cabeças fora de água. Atrás do Santo duas figuras presenciam a pregação, uma delas com hábito franciscano. Em plano mais recuado, está representado o milagre da mula. O espaço desta segunda cena, onde se agitam vários grupos de figuras, está enquadrado por construções de estilos variados, por uma arcaria gótica, do lado direito, e um edifício renascentista, no fundo.[1]

A relação entre as duas cenas define-se assim também no espaço pictural figurando a segunda num conjunto arquitectónico de laivos classicistas que foi cuidadosamente riscado a régua e compasso com incisões que são ainda visíveis.[2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Ficha sobre a obra na Matriznet, [1]
  2. a b Nota lateral explicativa da obra na exposição permanente do MNAA.
  3. Lucinda Canelas, Colecção Henri Burnay: Um "burguês pragmático", Público, 4 de Dezembro de 2003, [2]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Reis-Santos, Luís - "Comunicação ao Instituto de Arqueologia" in Diário de Notícias. Lisboa: 27/02/1934.
  • Gusmão, Adriano de - Mestres desconhecidos do Museu Nacional de Arte Antiga. Lisboa: Artis, 1957.
  • Reis-Santos, Luís - Garcia Fernandes. Lisboa: Artis, 1957.
  • Caetano, Joaquim de Oliveira - O Que Janus Via. Rumos e Cenários da Pintura Portuguesa (1535-1570). 2 Vol., Texto fotocopiado da Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1996.
  • Caetano, Joaquim de Oliveira - "Garcia Fernandes. Uma Exposição à procura de um pintor", in Garcia Fernandes. Pintor do Renascimento. Eleitor da Misericórdia de Lisboa (catálogo da exposição). Lisboa, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 1998.


Ligação externa[editar | editar código-fonte]