Sete Povos das Missões: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Missões.jpg|thumb|350px|As [[Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo|ruínas jesuítas de São Miguel das Missões]], na [[Região das Missões]]. [[Patrimônio da Humanidade]] desde [[1983]] no estado do Rio Grande do Sul.]]
'''Sete Povos das Missões''' é o nome que se deu ao conjunto de sete aldeamentos indígenas fundados pelos [[Jesuítas]] espanhóis no Continente do Rio Grande de São Pedro, atual [[Rio Grande do Sul]], composto pelas [[Missões jesuíticas|reduções]] de [[Redução de São Francisco de Borja|São Francisco de Borja]], [[Redução de São Nicolau|São Nicolau]], [[Redução de São Miguel Arcanjo|São Miguel Arcanjo]], [[Redução de São Lourenço Mártir|São Lourenço Mártir]], [[redução de São João Batista|São João Batista]], [[São Luiz Gonzaga]] e [[Redução de Santo Ângelo Custódio|Santo Ângelo Custódio]]. Os Sete Povos também são conhecidos como '''Missões Orientais''', por estarem localizados a leste do [[rio Uruguai]].


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== Origens ==
{{AP|[[Missões jesuíticas]]}}
Os Sete Povos foram fundados na derradeira onda colonizadora jesuíta na região, depois de terem sido fundadas dezoito reduções em tempos anteriores, todas destruídas pelos [[bandeirante]]s brasileiros e exploradores portugueses. Dentre as causas apontadas pelos historiadores para o retorno estão a abundância de [[gado]] na região e o desejo da coroa espanhola de assegurar a posse daquelas terras, em virtude da crescente presença portuguesa no sul. Contudo, essas teses são controversas.

Seja como for, a partir de [[1682]] os Jesuítas começaram a voltar para as suas antigas terras, e neste mesmo ano foi fundado o primeiro dos Sete Povos: São Francisco de Borja, seguido por São Nicolau, São Luiz Gonzaga e São Miguel.


== Os Sete Povos das Missões ==
[[Ficheiro:Reducciones.PNG|thumb|Localização dos Sete Povos (área em rosa)]]
[[Ficheiro:MuseuJulio2.jpg|thumb|''São Francisco Xavier'', importante exemplo de estatuária missioneira, hoje no [[Museu Júlio de Castilhos]]]]

=== São Francisco de Borja ===

A primeira a nascer, fundada pelo padre [[Francisco Garcia]], era uma extensão da redução de [[Santo Tomé]], de onde saíram 195 pessoas. Nela trabalhou o Padre [[José Brasanelli]]. Em [[1707]] esta redução contava com 2814 habitantes. Desta redução nasceu a cidade de [[São Borja]].

=== São Luiz Gonzaga ===

Sua origem está na transferência, em 1687, de 2.922 pessoas que antes habitavam as reduções de São Joaquim e Santa Tereza. O Padre [[Alfonso del Castillo]], Superior de todos os Povos, liderou a fundação. O 1º [[Cura]] foi o padre [[Miguel Fernandez]]. Em 1707 sua população se havia reduzido para 1.997 almas. Foi a origem a cidade moderna de [[São Luiz Gonzaga]].

=== São Nicolau ===

Sua população antigamente habitara este mesmo local, na redução fundada pelo padre [[Roque Gonzales]] em [[1626]], mas havia sido expulsa pelos ataques dos bandeirantes de [[Francisco Bueno]]. Passaram para a [[Argentina]] e fundaram a redução dos Apóstolos, para onde afluíram refugiados também da redução de [[Tapes]]. Em 1687 estes povos se uniram e voltaram ao Rio Grande, e refundaram São Nicolau em [[2 de fevereiro]].

Este renascimento foi marcado por um [[ciclone]] e um [[incêndio]], desastres que destruíram boa parte das instalações, incluindo a igreja. Mas logo a redução voltou a se recompor, reconstruindo o templo em pedra sob a orientação do padre [[Anselmo de la Matta]]. Chegou a possuir 7.751 pessoas em 1732, e deu origem à cidade de [[São Nicolau (Rio Grande do Sul)|São Nicolau]].

=== São Miguel Arcanjo ===

Seu primeiro fundador fora o padre [[Cristóvão de Mendonça (jesuíta)|Cristóvão de Mendonça]], em [[1632]], que igualmente atacado por predadores bandeirantes, abandonou o local com os índios e se refugiaram em [[Concepción (cidade do Paraguai)|Concepción]], no [[Paraguai]]. A volta aconteceu em 1687, com o deslocamento de 4.195 pessoas. E três anos já estava quase completa, com a casa dos padres e cem outras para os índios.

Em [[1697]] São Miguel foi dividida, indo 2.832 pessoas fundar a redução de São João Batista. Em 1707 possuía 3.110 habitantes. A igreja foi obra do padre [[João Batista Primoli]], que de [[1735]] a [[1744]] a levantou empregando somente operários indígenas.

[[Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo|Suas ruínas são ainda visíveis]] nos dias de hoje, pertencentes ao município de [[São Miguel das Missões]], constituindo o mais importante [[sítio arqueológico]] de sua natureza no estado, tendo sido declarado [[Patrimônio da Humanidade]] pela [[UNESCO]], junto com outras ruínas no Paraguai, [[Argentina]] e [[Bolívia]].
[[Ficheiro:MuseuJulio23.jpg|thumb|left|''Nossa Senhora da Conceição'', outro exemplo de escultura das Missões. Note-se os traços marcadamente índios da face. Acervo do Museu Júlio de Castilhos]]

=== São Lourenço Mártir ===

Foi fundada em [[1690]] com nativos de Santa Maria Maior, descendentes dos fugitivos de [[Guaíra]], que se instalaram no local liderados pelo padre [[Bernardo de La Veja]]. Em 1731 eram 6.400 os habitantes deste Povo. Seus remanescentes estão localizados em [[São Lourenço das Missões]], no município de [[São Luiz Gonzaga]].

=== São João Batista ===

Fundada pelo padre [[Antonio Sepp]], um [[polímata]] que dominava a [[música]], [[arquitetura]], [[urbanismo]], [[relojoaria]], [[pintura]] e [[escultura]]. Foi seguido por 2.832 pessoas oriundas da redução de São Miguel. Os trabalhos na igreja iniciaram em 1708, quando já havia 3.400 pessoas habitando o aldeamento. Sob orientação de Sepp esta redução mostrou alto nível de atividade cultural. Suas ruínas se localizam na cidade de [[Entre-Ijuís]].

Sepp também foi um [[geólogo]] e [[minerador]], extraindo o primeiro [[ferro]] das Missões, fazendo instrumentos variados e até os [[sino]]s da igreja do seu Povo. Sua obra-prima foi o [[relógio]] instalado no [[campanário]] da igreja que, ao dar as horas, fazia desfilar pelo mostrador os 12 [[Apóstolos]].

=== Santo Ângelo Custódio ===

Sua população anteriormente habitara Concepción, passara por [[Ijuí]] e por fim se fixou em [[Santo Ângelo]], em 1707, com 2.879 pessoas sob o comando do padre [[Diogo de Hasse]].

== Declínio ==

No século XVIII, a região estava sob disputa entre Espanha e Portugal. O [[Tratado de Madri]] de [[1750]] havia posto a área à disposição de Portugal em troca da [[Colônia do Sacramento]], e a saída dos Jesuítas espanhóis ali ficou decretada. Mas este Tratado gerou conflitos: nem padres nem índios queriam abandonar suas reduções, nem os portugueses queriam abandonar Sacramento. Houve uma série de confrontos armados que culminaram na [[Guerra Guaranítica]], que deixou um rastro de destruição e sangue que abalou as estruturas do sistema missioneiro.

Logo depois veio fim: com a intensa campanha difamatória que os Jesuítas sofreram a partir de meados do [[século XVIII]], a Companhia de Jesus foi expulsa de terras portuguesas em [[1759]], e em [[1767]] a [[Espanha]] fez o mesmo. No ano seguinte todas as reduções foram esvaziadas, com a retirada final dos Jesuítas. Então suas terras foram apossadas pelos espanhóis e os índios foram subjugados ou dispersos.

Quando em [[1801]] eclodiu [[Guerra de 1801|nova guerra]] entre Portugal e Espanha, os Sete Povos já estavam em tal estado de desintegração que com apenas 40 homens [[Manuel dos Santos Pedroso]] e [[José Borges do Canto]] conseguiram conquistá-los para Portugal, embora pareça ter havido a participação indígena como facilitadora da tomada de posse <ref>[http://www.ifch.unicamp.br/ihb/Textos/EFGarcia.pdf '''Garcia.''' ''A "conquista"'' ..]</ref> Depois disso Portugal anexou o território ao [[Rio Grande do Sul]], instalando um governo militar na região, encerrando todo um ciclo civilizatório e dando início a outro.

== Na cultura ==
[[Ficheiro:Catedral Angelopolitana2.jpg|thumb|A [[Catedral Angelopolitana]], erguida à semelhança da antiga igreja de São Miguel]]
Os Sete Povos fazem parte de um importante capítulo da história do Rio Grande do Sul. Deram origem a cidades prósperas, auxiliaram na delimitação de fronteiras, e foram tema para a formação de um grande [[folclore]] regionalista de tom heróico em torno das figuras dos padres e dos índios, dentre os quais em especial [[Sepé Tiaraju]]. A cultura desenvolvida nestes centros chegou a alto nível de complexidade em termos de [[arte]], [[urbanismo]] e harmonia social.

Os sinais deixados pelos Sete Povos das Missões foram fortes e permanecem em formas de ruinas, marcas arquitetônicas, fronteiras, costumes e lendas da região. Suas relíquias ainda podem ser vistas nos sítios arqueológicos e nos museus regionais. Sua importância é digna da atenção da UNESCO, e o acervo de estatuária que se preservou e está espalhado em coleções privadas e públicas é hoje patrimônio nacional tombado pelo [[IPHAN]].

==Notas==
{{reflist}}

=={{Ver também}}==
* [[Escultura dos Sete Povos das Missões]]
*[[Região das Missões]]
*[[Guaranis]]
*[[Companhia de Jesus]]
*[[Companhia de Jesus no Brasil]]
*[[Museu das Missões]]
*[[História do Rio Grande do Sul]]

==Referências==
* '''Silva, Patrícia Barboza da.''' ''Povos das Missões''. [http://www.brasilescola.com/historiab/povos-das-missoes.htm]
*'''RS VIRTUAL.''' ''O surgimento dos Sete Povos das Missões'' [http://www.riogrande.com.br/historia/missoes4b.htm]
*'''Garcia, Elisa Frühauf.''' ''A "conquista" dos Sete Povos das Missões: de "ato heróico" dos luso-brasileiros a campanha negociada com os índios.'' [http://www.ifch.unicamp.br/ihb/Textos/EFGarcia.pdf]
*'''Schilling, Voltaire.''' ''Rio Grande do Sul, o poncho e a pólvora''. [http://educaterra.terra.com.br/voltaire/brasil/2002/09/12/002.htm]
* '''Candeias, Nelly Martins Ferreira e Lucas Almeida.''' ''República Guarani: As Ruínas de São Miguel.'' [http://www.jbcultura.com.br/nelly/rguarani.htm]

=={{Ligações externas}}==
* [http://www.rotamissoes.com.br/_portugues/fundacaoMunicipios.php Fundação Rota Missões: História dos municípios missioneiros.]
* [http://www.rotamissoes.com.br/_portugues/oQueImperdiveisSitios.php Fundação Rota Missões: Os quatro sítios arqueológicos riograndenses]

{{Missões jesuíticas}}

[[Categoria:Missões jesuíticas]]
[[Categoria:Cultura indígena do Brasil]]
[[Categoria:Povos guaranis]]
[[Categoria:Colonização do Rio Grande do Sul]]

Revisão das 11h01min de 12 de abril de 2013

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