Tages

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Escombros do templo etrusco, em Tarquínia , que serve de pano de fundo à lenda etiológica do mito de Tages.

Tages é o deus da sabedoria e adivinhação na mitologia etrusca[1][2], tendo sido ulteriormente assimilado pelos romanos.[3]

Mito etiológico[editar | editar código-fonte]

Ao contrário do que sucede noutras mitologias antigas, como a grega e a romana, a mitologia etrusca rastreava a origem dos seus seus princípios orientadores ao mito do nascimento do deus Tages.[1] Com efeito, o deus Tages teria nascido, ao despontar do sulco lavrado por um arado na zona da Tarquínia, na actual Itália. [3]

Tages surge descrito ora como uma criança de cabelos grisalhos, denotativos da sua sabedoria[2], ora simplesmente como um anão, que já nascera grisalho e sábio.[3] É reputado como sendo a autoridade que ensinou os etruscos nas lides: da fundação de cidades e da delimitação de campos agrícolas; da arte da adivinhação; da ordem do universo e da religião.[3][1]

Mais concretamente, é Tages que é apontado como aquele que instruiu os etruscos sobre a hierarquia das divindades, a sua localização e a forma de propiciar o favor dos deuses, por meio de rituais específicos. [1] Terá sido ele quem os instruiu sobre o aspecto do Inferno e sobre quais as regras que deveriam obedecer, por molde a alcançar a vida após a morte.[1]

Em todo o caso, deve ressalvar-se que, mesmo dentre os etruscos, havia fontes que atribuíam à ninfa Vegóia,uma divindade das aguas doces, parte dos ensinamentos supra reputados a Tages.[1]

Adivinhação[editar | editar código-fonte]

A este rol de conhecimentos sobre o sagrado e sobre as regras dos rituais àquele afectos, os autores latinos designaram «disciplina etrusca», a qual se encontraria exarada num rol de obras, das quais: os Libri fatales, os Libri fulgurales, os Libri haruspicini, os Libri rituales e os Libri acheruntici.[1] Algumas destas obras, cria-se, teriam sido escritas pelo próprio Tages, como seria o caso do Libri rituales.[1][3]

O fito principal destas obras centrava-se na interpretação da vontade dos deuses, lançando-se mão de profecias, obtidas mediante o exame dos raios, nomeadamente pela forma como os padrões por aqueles traçados no ar uniam o céu à terra ou pela hepatoscopia, ou seja, pela a interpretação dos lóbulos do fígado de sacríficos animais.[1]


Referências

  1. a b c d e f g h i Guarinello, Norberto Luiz (2018). «Religião e artes divinatórias na Etrúria antiga». Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos (4). 123 páginas. ISSN 2176-6436. Consultado em 14 de agosto de 2023 
  2. a b Curtius, Ernst Robert; Trask, Willard Ropes; Curtius, Ernst Robert (1990). European literature and the Latin Middle Ages. Col: Princeton/Bollingen paperbacks. Princeton, N.J., EUA: Princeton University Press. p. 101. 718 páginas. ISBN 0691018995 
  3. a b c d e SOUSA, Liliana Oliveira (2017). «Os Milagres de São Rosendo e São Geraldo de Braga: Ensaio de tipificação». Universidade do Porto. Omni Tempore - Atas dos Encontros da Primavera. 3: 52-76