Teoria da atividade

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Teoria da atividade é um termo genérico para uma linha de teorias e pesquisas de ciências sociais ecléticas, com origem na teoria da atividade psicológica soviética iniciada por Alexei Leontiev e Sergei Rubinstein. Esses estudiosos procuraram compreender as atividades humanas como fenômenos complexos e socialmente situados e ir além dos paradigmas da reflexologia (o ensino de Vladimir Bekhterev e seus seguidores) e da fisiologia da atividade nervosa superior (o ensino de Ivan Pavlov e sua escola), a psicanálise e o behaviorismo. Tornou-se uma das principais abordagens psicológicas na ex-URSS, sendo amplamente utilizada tanto na psicologia teórica como na aplicada, na educação, na formação profissional, na ergonomia e na psicologia do trabalho.[1]

A teoria da atividade é mais uma meta-teoria ou quadro descritivo do que uma teoria preditiva. Ela considera todo um sistema de trabalho/atividade (incluindo equipes, organizações, etc.) além de apenas um ator ou usuário. Entra em consideração com o ambiente, a história da pessoa, a cultura, o papel do artefato, as motivações e a complexidade da atividade da vida real. Um dos pontos fortes da teoria da atividade é que ela faz a ponte entre o sujeito individual e a realidade social - ela estuda ambos através da atividade de mediação. A unidade de análise na teoria da atividade é o conceito de atividade humana culturalmente mediada, coletiva e orientada a objetos, ou sistema de atividade. Esse sistema inclui o objeto (ou objetivo), assunto, artefatos mediadores (sinais e ferramentas), regras, comunidade e divisão do trabalho. O motivo para a atividade na teoria da atividade é criado através das tensões e contradições dentro dos elementos do sistema.[2] De acordo com o etnógrafo Bonnie Nardi, um teórico especialista na teoria da atividade, esta "centra-se na prática, o que elimina a necessidade de distinguir ciência 'aplicada' de 'pura' - entender a prática quotidiana no mundo real é o principal objectivo da prática científica. (...) O objeto da teoria da atividade é compreender a unidade da consciência e da atividade."[3]

A teoria da atividade é particularmente útil como uma lente em metodologias de pesquisa qualitativa (por exemplo, etnografia, estudo de caso). A teoria da atividade fornece um método de compreensão e análise de um fenômeno, encontrando padrões e fazendo inferências através de interações, descrevendo fenômenos e apresentando fenômenos através de uma linguagem e retórica embutida. Uma atividade em particular é uma interação propositada ou dirigida a objetivos de um sujeito com um objeto através do uso de ferramentas. Essas ferramentas são formas exteriorizadas de processos mentais que se manifestam em construções, sejam elas físicas ou psicológicas. A teoria da atividade reconhece a internalização e a externalização de processos cognitivos envolvidos na utilização de ferramentas, bem como a transformação ou desenvolvimento que resulta da interação.[4]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Bedny, Gregory; Meister, David (1997). The Russian Theory of Activity: Current Applications To Design and Learning. Col: Series in Applied Psychology. [S.l.]: Psychology Press. ISBN 978-0-8058-1771-3 
  2. Engeström, Yrjö; Miettinen, Reijo; Punamäki, Raija-Leena (1999). Perspectives on Activity Theory. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 0-521-43730-X 
  3. Nardi, Bonnie (1995). Context and Consciousness: Activity Theory and Human-Computer Interaction. [S.l.]: MIT Press. ISBN 0-262-14058-6 
  4. Fjeld, M., Lauche, K., Bichsel, M., Voorhorst, F., Krueger, H., Rauterberg, M. (2002): Physical and Virtual Tools: Activity Theory Applied to the Design of Groupware. In B. A. Nardi & D. F. Redmiles (eds.) A Special Issue of Computer Supported Cooperative Work (CSCW): Activity Theory and the Practice of Design, Volume 11 (1-2), pp. 153-180.