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A Volta a Portugal em bicicleta percorre anualmente o território português há mais de 80 anos e tem já várias obras dedicadas à sua história[1][2][3][4][5]. A primeira Volta data de 1927 e é resultado de uma parceria entre os jornais Diário de Notícias e Os Sports que se inspiram no Tour de France, inventado pelo jornal L’Auto em 1903. A Volta aparece a seguir ao Giro d'Italia organizado pela La Gazeta dello Sport em Maio de 1909, e antes da Vuelta a España realizada pelo Informaciones em 1935. A realização da primeira Volta a Portugal foi um banco de ensaios em termos económicos, mas os encargos terão sido de tal ordem que, não obstante a popularidade alcançada, os empreendedores só conseguiram repetir o evento quatro anos mais tarde, em 1931. Com a Guerra Civil de Espanha a Volta não se realiza em 1936-37 e, devido à II Guerra Mundial, interrompe de novo entre 1942-45. Em 1953-54 a Volta não se faz por falta de organizador e em 1975 não se realiza devido à revolução vivida após o 25 de Abril de 1974. A Volta, desde que criada, é o maior evento de ciclismo de Portugal.

História da Volta a Portugal em bicicleta[2][editar | editar código-fonte]

== A primeira Volta de 1927 == Os Sports, 4 de Fevereiro de 1927 A criação da Volta a Portugal em bicicleta deve-se a Raul Oliveira do jornal Os Sports[6]. O jornalista fez parte da comitiva do Tour de 1919 e organizou a primeira Volta a Lisboa em 1924, quando ainda trabalhava no Diário de Lisboa. Para organizar a primeira Volta, o Diário de Notícias contava já com a experiência da realização de dois eventos: o Grande e Popular Concurso Riquezas de Portugal[7] e o Circuito Hípico de Portugal[8], ambos levados a cabo em 1925. A Volta a Portugal a cavalo serviu de teste à aceitação popular de um grande evento mediático como foi a disputa entre um militar, que usou três montadas, e um civil, José Tanganho, que ganha a prova usando para o efeito unicamente o seu próprio cavalo[5]. A Volta é criada em 1927, tem o seu Regulamento publicado no jornal Os Sports de 4 de Fevereiro de 1927 e o primeiro itinerário realiza um desenho paralelo à linha da fronteira do continente português.

Os Itinerários da Volta[9][editar | editar código-fonte]

O Grande Território[editar | editar código-fonte]

A fronteira foi a grande referência dos itinerários das primeiras décadas da Volta. As primeiras voltas procuraram unir todos os locais e, neste esforço, as cidades do interior situadas nesses limites são praticamente todas contempladas pelo desenho do itinerário. Entre 1955 e 1965, o itinerário é assimétrico e passa duas vezes pelo litoral entre Lisboa e Porto. A crescente popularidade do ciclismo e o aparecimento de novas pistas como a de Alpiarça, a de Loulé e a de Sangalhos marcam anos de prosperidade para os clubes de ciclismo, maioritariamente situados no litoral a Norte de Lisboa. Os itinerários contêm etapas em circuito feitas em torno destas vilas que acabam em festivais de pista.

Territórios de incerteza - as etapas de montanha[editar | editar código-fonte]

A partir dos anos 60 a identidade dos itinerários caracteriza-se por alguma indefinição porque têm de incluir, em simultâneo, lugares que de prática do ciclismo, onde estão os velódromos e as pistas nas quais se realizam os festivais que financiam a prova, e lugares com montanha, com percursos que promovem a incerteza do resultado desportivo e garantem a promoção mediática do espectáculo. A etapa das Penhas da Saúde entra para o percurso em 1968, a da Torre em 1971 e, por último, a da Srª da Graça em 1979 (em 1978, acaba em Mondim de Basto e não sobe o Monte Farinha)

Territórios fragmentados[editar | editar código-fonte]

O itinerário composto por territórios fragmentados é economicamente dependente da capacidade financeira dos municípios que compram as partidas ou as chegadas das etapas e, ao nível desportivo, é constituído por percursos que exigem um ritmo rápido que têm de evitar etapas de ligação monótonas.

Os Mapas Alegóricos da Volta[10][editar | editar código-fonte]

Em 1933, o mapa divulgado pela revista desportiva Stadium contem o itinerário e as figuras alusivas à singularidade de cada um desses lugares por onde passa a Volta. Os monumentos referenciam as cidades e as figuras típicas ajudam a diferenciar as regiões do país. O mapa da Volta a Portugal de 1939[11] divulga a localização dos castelos e monumentos.

Organização do evento[12][editar | editar código-fonte]

Entidades organizadoras da Volta a Portugal Anos
Diário de Notícias e Sports 1927
Interrupção – Falta de organizador
Diário de Notícias e Sports 1931-35
Interrupção - Guerra Civil de Espanha
Diário de Notícias e Sports 1938-1939
C.A.C.O. (Clube Atlético de Campo de Ourique) 1940-1941
Interrupção – II Guerra Mundial
Diário de Notícias e Mundo Desportivo 1946
Sport Lisboa e Benfica 1947
UVP-FPC 1948-1949
Diário do Norte 1950-1951
Diário do Norte e Norte Desportivo 1952
Interrupção – Falta de organizador
UVP-FPC e Mundo Desportivo 1955
UVP-FPC 1956-1957
Diário Ilustrado 1958-1960
UVP-FPC 1961-1964
Diário de Notícias, Jornal de Notícias e Mundo Desportivo 1965
UVP-FPC 1966-1970
Sonarte/Publirama – G.P. Robialac 1971-1973
UVP-FPC 1974
Interrupção – pós 25 de Abril de 1974
UVP-FPC 1976-1981
Jornal de Notícias 1982-2000
PAD (Produção de Actividades Desportivas) e Unipublic 2001-2002
PAD/João Lagos Sport 2003-2010
PAD desde 2011

Referências

  1. Santos 2011a.
  2. a b Santos 2011b.
  3. Júnior 2006.
  4. Barroso 2001.
  5. a b Moreira 1980.
  6. , Os Sports de Abril de 1927.
  7. , Diário de Lisboa de 20 de Agosto de 1925.
  8. , Diário de Lisboa de 10 de Outubro de 1925.
  9. Santos 2011a, p. 87-176.
  10. Santos 2011a, p. 117-127.
  11. Gago 2002.
  12. , Diário de Notícias 1927-2012.

Fontes[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

  • BARROSO, Miguel. História do Ciclismo em Portugal, Lisboa, CTT, 2001
  • GAGO, Cândido. O Ciclismo no Alentejo: seu aparecimento e evolução desde finais do séc. XIX pelo XX adentro, Grândola, CMG, 2002
  • GUIMARÃES, Júlio. Recordação da IV volta a portugal em bicicleta: verso e prosa, Lisboa, Livr. Barateira, 1933
  • GUIMARÃES, Júlio. Homenagem aos corredores: recordação da 11ª volta a Portugal em bicicleta, Lisboa, Livr. Barateira, 1935
  • JÚNIOR, Guita. História da Volta, Lisboa, Talento, 2006
  • MOREIRA, Abílio Gil. A História do Ciclismo Português: no seu já século de existência e o que tem sido a sua ligação com a velocipedia internacional. Alcobaça: ed. aut. 1980
  • SANTOS, Ana. Volta a Portugal em Bicicleta: Territórios, Narrativas e Identidades. Lisboa: Mundos Sociais, 2011a. ISBN 8-989-96783-9-2 Erro de parâmetro em {{ISBN}}: comprimento
  • SANTOS, Ana. "A História da Volta a Portugal em bicicleta" in Neves, J. e Domingos, N. (ed)Uma História do Desporto em Portugal. Lisboa: Quinodi, 2011b, pp.7-49 ISBN 978-989-554-888-0

Jornais[editar | editar código-fonte]

  • A Bola, Julho a Setembro de 1947 - 2005
  • Diário de Lisboa de 20 de Agosto de 1925
  • Diário de Lisboa de 10 de Outubro de 1925
  • Diário de Lisboa, Julho a Setembro de 1933 a 1934; de 1945 a 1947; 1950
  • Diário de Notícias, Janeiro a Dezembro de 1925 a 1927
  • Diário de Notícias, Julho a Setembro de 1931 - 1981
  • Jornal de Notícias, Julho a Setembro de 1932 - 2000
  • Mundo Desportivo, Julho a Setembro de 1947 a 1949
  • O Norte Desportivo, Julho a Setembro de 1948
  • Os Sports, 1927, 1931-40
  • Revista Stadium Abril e Maio 1927
  • Revista Eco Dos Sports Abril e Maio, 1927