Saltar para o conteúdo

Usuário(a):Betocastrojr

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Jeitinho brasileiro.

Segundo Fernanda Carlos Borges, a expressão jeitinho apareceu na primeirametade do século XX, com o processo de modernização industrial do Brasil, quando o brasileiro,acostumado com a vida social apoiada nas relações pessoais, viu-se repentinamente transformado em indivíduo. O indivíduo não tem jeito: os critérios de relação social entre indivíduos estão apoiados naimparcialidade. O jeito do corpo importa nas relações com o caráter afetivo. Para o indivíduo, o importante é a autonomia preservada pela imparcialidade normativa. A grande mídia trabalha com a idéia de que somente o indivíduo imparcial será capaz de nos “levar para frente”. E tudo que acontece de errado nas nossas instituições privadas ou políticas (corrupção,suborno, rabo preso, etc.) é tratado como culpa do jeitinho, que não é uma prática “moderna” e revelaria nosso atraso. No entanto, a especificidade do jeitinho é priorizar a afetividade em algumas circunstâncias, apesar da norma. O jeitinho não é conseqüência de um “atraso” por não sermos indivíduos imparciais. Ele envolve uma outra visão de homem e organização humana. Só damos um jeitinho para quem sabe pedir com um jeito: com humildade, simpatia, urgência diante de uma imprevisibilidade. Diante de um jeito superior ou arrogante não damos um jeitinho, invocamos a lei. Portanto, ele revela um critério ético e uma axiologia sobre um modo de ser no mundo: este modo de ser aceita a participação da imprevisibilidade,da fragilidade, da afetividade e da invenção dentro das organizações.