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Usuário(a):Celso Ardengh/Testes

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Celso Ardengh/Testes

Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto (1 de julho de 1937 - desaparecido) foi um jornalista, sociólogo e filósofo brasileiro que lutou contra o regime militar no país. Perseguido pelo governo, foi dado como desaparecido em 1974, aos 36 anos de idade, e morreu posteriormente de acordo com as informações divulgadas oficialmente.[1]

Nascido em Parintins, no estado do Amazonas, era filho de Togo Meirelles e Maria Garcia Meirelles. Formou-se pela Universidade de Moscou, foi casado com Miriam Marreiros Meirelles e teve dois filhos, Larissa e Togo. Além disso, Thomaz foi dirigente da Ação Libertadora Nacional (ALN), grupo armado que repreendia a ação da ditadura militar no Brasil, instaurada desde 1964. No dia 7 de maio de 1974, foi preso no Leblon, no Rio de Janeiro[1] - mais especificamente, na Rua da Alfândega, na capital carioca. Considerando o registro desta data, passou a figurar na lista de desaparecidos políticos.[2]

Tentando evitar qualquer tipo de perseguição, usava os codinomes "Luiz" e "Gilberto".[2]

Início da trajetória como militante[editar | editar código-fonte]

Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto chegou ao Rio de Janeiro em 1958, aos 21 anos de idade. Logo de cara, participou pela UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e UNE da direção e organização das manifestações culturais e políticas que os estudantes desenvolviam naquele período histórico, como conta sua viúva, Miriam.[1]Simultaneamente com a prática profissional de jornalista, acompanhou o trabalho do CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE (União Nacional dos Estudantes). A partir deste momento, o jovem teve contato com a pobreza e a miséria ao auxiliar as pessoas alagadas do Recife e outras que exerciam funções nas minas de carvão de Santa Catarina, o que resultou no interesse pelo tema.

Com isso, Thomaz vinculou o seu nome ao Partido Comunista do Brasil. Mais tarde, integrou a Ação Libertadora Nacional (ALN), "sempre dentro de princípios e programas políticos que defendam a emancipação do povo e da nação brasileira, das mais diferentes formas de domínio do imperialismo". Ao participar de movimentos contrários ao governo instituído na época, foi perseguido e desapareceu, como citado em relatos.[1]

Em 1961, durante o momento da renúncia do então presidente Jânio Quadros, Thomaz demonstrou apoio e fez parte da campanha em defesa da legalidade constitucional em favor da posse do vice João Goulart.[2]

Perseguição política e desaparecimento[editar | editar código-fonte]

Em 17 de novembro de 1972, Thomaz foi posto em liberdade. No entanto, as perseguições continuaram presentes em meados do ano seguinte. Desta maneira, aos 25 anos, voltou a viver na clandestinidade para não sofrer com as consequências impostas pelo governo. [2] Os documentos disponibilizados por órgãos de segurança e informação da ditadura militar confirmam o monitoramento das ações do rapaz.

Durante o período, muitas declarações e informações foram divulgadas pela imprensa. Durante as investigações, o caso de Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto também entrou em cena.

O nome de Thomaz consta na lista de pessoas consideradas desaparecidas e assumidas como mortas.[1] Adyr Fiúza de Castro, general responsável pelo aparato repressivo à época, concedeu entrevista ao jornal "Folha de S. Paulo", em janeiro de 1979. No decorrer da conversa com o jornalista Antônio Henrique Lago, ele reconheceu a morte de Thomaz, além de outros onze desaparecidos e perseguidos políticos.[2]

Mais tarde, ainda em 1979, o jornal "Correio da Manhã" em agosto noticiou que 14 desaparecidos políticos teriam sido executados pelo regime militar. Thomaz Antônio estava nesta lista. [2] Anos depois, já em 15 de abril de 1987, o ex-médico militar Amílcar Lobo revelou que viu Thomaz no DOI-CODI do Exército I, órgão subordinado ao sistema de inteligência e repressão do governo brasileiro nos anos do regime. Embora não pudesse precisar a data, o testemunho fez parte da matéria 'Longo Ponto Final', da revista "IstoÉ".[2]

Vestígios não encontrados (Comissão Nacional da Verdade)[editar | editar código-fonte]

Idealizada pelo governo do Brasil, a Comissão Nacional da Verdade surgiu com o propósito de investigar casos de violações dos direitos humanos no país entre os anos de 1948 e 1988. Estas violações foram caracterizadas como graves. Em 2014, ano da extinção do projeto, o colegiado voltou a interrogar Cláudio Antônio Guerra, ex-delegado do DOPS/ES, que já havia alegado publicamente que levou para incineração corpos mortos de perseguidos políticos. O ato era feito em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, na usina Cambahyba.

Durante o terceiro interrogatório com Guerra, quando o caso de Thomaz foi mencionado, o ex-delegado não tinha convicção de que tenha conduzido o corpo do jovem. Algumas fotografias para reconhecimento facial foram apresentadas. Apesar de não garantir, Cláudio Antônio Guerra afirmou que existe, sim, a possibilidade de ter levado Thomaz.

Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto segue desaparecido desde a sua prisão, que aconteceu em maio de 1974. Nas buscas realizadas em arquivos de cemitérios de Petrópolis, também no Rio, não foram encontrados registros.[2]

Honrarias[editar | editar código-fonte]

Por conta do esforço durante a luta contra o regime militar, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto foi homenageado na cidade do Rio de Janeiro ao ter seu nome colocado em uma rua da cidade. Anos após seu desaparecimento e morte, foi homenageado novamente, desta vez com a Medalha Chico Mendes de Resistência, reconhecida pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, entidade referência nacional em defesa dos direitos humanos desde 1985.[2]

Referências

  1. a b c d e ARAÚJO, Maria do Amparo Almeida (1995). Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos a Partir de 1964 (PDF). Recife: CEPE - Companhia Editora de Pernambuco. Consultado em 22 de novembro de 2019 
  2. a b c d e f g h i Comissão Nacional da Verdade: mortos e desaparecidos (PDF). Brasília: CNV. 2014. Consultado em 1 de dezembro de 2019