Usuário(a):Cristina Zecchinelli/definição de umbanda

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Umbanda definição

A Umbanda é uma religião brasileira, surgida no primeiro quartel do séc.XX, è uma religião mediúnica, pautada no princípio do amor e da caridade para com o próximo. Formada a partir do contato entre diversos saberes religiosos, dos quais faz uma bricolagem e uma hibridização das personagens em seu panteão, tomando a cada saber religiosos aquilo que concebe como melhor. Da reunião de conhecimentos, cultos, ritos e mitos de religiões diversas - o Africanismo, o Amerindianismo, o Cristianismo (católico romano - popular), o Kardecismo[nota 1] e o Orientalismo- Hinduísmo[2] (aceitação das Leis do Carma, Evolução e Reencarnação) - surge uma nova religião: Umbanda

Sales, citando Arthur Ramos diz que o autor chama esse novo produto (a umbanda) de ’ jeje-nagô-mussulmi-banto-caboclo-espírita-católico’.[3] (grifo nosso) Para Prandi[4] e Oliveira[5], a Umbanda deriva da Macumba Carioca, e surge a partir da inserção de karcedistas insatisfeitos com a ortodoxia kardecista que não permitia a manifestação de caboclos e preto-velhos, por serem considerados “espíritos atrasados”. Ambos os autores reconhecem-na como religião brasileira, surgida nas primeiras décadas do séc.. XX , um período de urbanização e industrialização, o que segundo os mesmos, propiciou e contribuiu para sua formação.

Para Prandi[4] , A Umbanda é considerada a mais genuína religião brasileira de origem africana. Para Bairrão[6], (...)O termo de origem banto “umbanda” denomina uma religião brasileira que reflete a história e a sociedade do país(..). Não sendo uma religião fundamentada em um livro, tão pouco tendo nascido a partir do surgimento de um líder carismático, a Umbanda é uma religião de fazeres diversos, com ritos e mitos diversificados.

Algumas características da Umbanda são:

  1. A presença de caboclos, preto-velhos e crianças (considerados como o ‘tripé’ da Umbanda);
  2. O compromisso com "a manifestação do espírito para a caridade"[7]- o que significa trabalhar incorporado com espíritos para a prática de caridade sem cobrança financeira;
  3. O uso da língua portuguesa em rituais, cânticos( pontos cantados)e consultas;
  4. A forte autonomia dos terreiros, que persiste apesar de todos os esforços de federações e confederações para conseguir instituir algum tipo de codificação, dogmatização e unificação ritualística, tantas vezes tentadas por alguns de seus intelectuais e líderes;
  5. A gestão direta e independente de cada templo por seu diretor espiritual ( pai/mãe de santo- zelador) e pelo espírito do guia chefe de cada casa, no que tange a: horários , ritos, entidades, uso ou não de atabaques, cores das vestimentas, tipos de trabalhos a serem desenvolvidos , etc.
  6. A inclusão é uma de suas características mais marcantes.

Em geral, as entidades de umbanda são de alguma forma, representantes dos tipos nacionais mais sofridos, excluídos ou marginalizados. Autores diversos apontam para esta característica própria da umbanda: a inversão que transforma esses seres de marginalizados em objetos de culto, respeito, e em autoridades mágico-religiosas. Resgata tais personagens a partir da sacralização dos mesmos. Bairrão explica que :

Seu surgimento se dá em diversas partes do país, inicialmente, através da presença de espíritos cujas “roupagens perispirituais” se apresentam com aparência de pretos-velhos e caboclos. Estes espíritos fazem parte do que os candomblecistas denominam ‘eguns’ – espíritos dos mortos.[9] E como tal são evitados. Da mesma forma sofrem rejeição nos centros kardecistas , por serem entendidos como atrasados e ignorantes. Nesta fase inicial – início do séc. XX, ainda sem uma nomenclatura que as distinga como partícipes de um determinado culto as entidades umbandistas “incorporaram”, aparecem nos mais diversos locais do país,” baixam” em seus médiuns , trabalham, praticam caridade, aconselhamento, consolação e curas.

Mito fundador[editar | editar código-fonte]

O mito fundador da umbanda atribui ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, a anunciação[nota 2] da Umbanda , enquanto novo culto espiritualista, onde espíritos de caboclos e pretos-velhos, teriam oportunidade de cumprir suas missões ( pratica da caridade), já que esses espíritos vinham sendo rejeitados em outros cultos. Com o passar do tempo outros espíritos foram incluídos e aceitos no panteão umbandista: crianças, exus, pomba-giras, malandros, baianos, marinheiros, boiadeiros, mineiros, ciganos, mestres orientais, etc...

Notas

  1. Negrão referindo-se ao kardecismo explica: Ao ser transladado para o Brasil( o Kardecismo ), desenvolveu-se e difundiu-se muito mais que em seu país de origem, tendo acentuado seus traços religiosos e atenuado sua pretensão filosófica e científica. Permaneceu, no que se refere ao amor pelos vivos, grandemente interessado em obras sociais, mantendo hospitais, escolas e creches. Mas perdeu sua dimensão propriamente política, evitando os envolvimentos partidários. No plano da caridade espírita, propiciada a vivos (práticas terapêuticas) e mortos (exortações para a prática do bem e doutrinação) mediante o contato mediúnico entre eles, concentrou seus conteúdos religiosos. Manteve assim o espírito pedagógico original do kardecismo, agora totalmente voltado para a educação moral e religiosa. [1]
  2. Data aceita oficialmente como de “ fundação” da Umbanda : 15 de novembro de 1908 – anunciação ocorrida na Federação Espírita de Niterói. Data de início dos trabalhos do novo culto: 16 de novembro de 1908, em Neves, Niterói.

Referências

  1. NEGRÃO , Lísias Nogueira. Umbanda Entre a Cruz e a Encruzilhada. IN: Tempo Social; Revista de Sociologia USP, S. Paulo, 5(1-2): 113-122, 1993 A R T I G O (editado em nov. 1994)
  2. Omolubá - Fundamentos de Umbanda – Revelação Religiosa. . São Paulo: Cristális Editora e Livraria, 2004. p.111-112
  3. Arthur Ramos em: SALES, Nívio Ramos. Rituais Negros e Caboclos . Da origem, da crença e da prática do candomblé, pajelança, catimbó, toré , umbanda, jurema e outros. Rio de Janeiro: Pallas, 1986 – 2ª Ed. p19
  4. a b PRANDI, Reginaldo - Modernidade com Feitiçaria: Candomblé e Umbanda no Brasil do Século XX –Artigo -Tempo Social; Rev. Social. USP, S. Paulo, VOLUME 1 - 1º sem 1990 pp. 49-74
  5. OLIVEIRA, José Henrique Motta de. Das Macumbas à Umbanda – Uma Análise Histórica da Construção de Uma Religião Brasileira. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2008
  6. Bairrão, J. F. M. H. (2002) Subterrâneos da submissão: sentidos do mal no imaginário umbandista. Memorandum, 2, 55-67. Retirado em 10/06/2102 do World Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/ ~memorandum/artigos02/bairrao01.htm
  7. Frase conceitual da Umbanda , atribuída ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando da anunciação da Umbanda.
  8. (Birman, 1985; Brumana e Martinez, 1991)”. In: Bairrão, J. F. M. H. (2002) Subterrâneos da submissão: sentidos do mal no imaginário umbandista.Memorandum, 2, 55-67. Retirado em 10/06/2102 do World Wide Web: http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos02/bairrao01.htm
  9. Não confundir eguns - espíritos dos mortos, com egum-gum(ns) – espíritos de antepassados cultuados em cultos restritos.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BIRMAN, Patrícia (1985). O que é Umbanda-Coleção primeiros passos. São Paulo: Abril Cultural :Editora Brasiliense 
  • SALES, Nívio Ramos. Rituais Negros e Caboclos . Da origem, da crença e da prática do candomblé, pajelança, catimbó, toré , umbanda, jurema e outros. Rio de Janeiro: Pallas, 1986 – 2ª Ed.
  • PRANDI, Reginaldo - Modernidade com Feitiçaria: Candomblé e Umbanda no Brasil do Século XX –Artigo -Tempo Social; Rev. Social. USP, S. Paulo, VOLUME 1 - 1º sem 1990
  • OLIVEIRA, José Henrique Motta de. Das Macumbas à Umbanda – Uma Análise Histórica da Construção de Uma Religião Brasileira. Limeira, SP: Editora do Conhecimento, 2008
  • Omolubá - Fundamentos de Umbanda – Revelação Religiosa. . São Paulo: Cristális Editora e Livraria, 2004.