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João Gomes de Sousa mais conhecido como "Feiticeiro da Calheta" (Calheta, 30 de novembro de 1895 - Calheta, 8 de julho de 1974) foi um poeta popular madeirense.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

João Gomes de Sousa mais conhecido como "Feiticeiro da Calheta" nasceu a 30 de novembro de 1895, na Vereda da Levadinha da Prata, no sítio do Lombo do Atouguia, freguesia da Calheta, concelho da Calheta na Ilha da Madeira. Filho de João Gomes de Sousa e Maria Rodrigues dos Santos, nasceu muito frágil, pelo que teve de ser batizado prematuramente, com apenas 15 dias de vida, no dia 15 de dezembro de 1895, na igreja matriz da Vila da Calheta. Os seus pais eram muito humildes e viviam do sustento da terra e João Gomes de Sousa era um dos seus oito filhos.[1]

Os seus pais eram muito humildes e viviam do sustento da terra e João Gomes de Sousa era um dos seus oito filhos. Aos catorze anos, ficou órfão de pai, ficando com a mãe e os seus sete irmãos a seu cargo, um acontecimento que o marcaria bastante na sua vida. Com 23 anos, contraiu matrimónio em primeiras núpcias com Catarina Pestana, a 6 de abril de 1918, na igreja matriz da Vila da Calheta.

Fica viúvo de Catarina a 28 de maio de 1945 e volta a casar neste mesmo ano, a 29 de dezembro, com Augusta Gomes, na igreja paroquial de São Pedro no Funchal. Desta união nasceu a sua única filha, Maria de Jesus Gomes de Sousa Agrela, que nasceu a 7 de setembro de 1947, no Lombo do Brasil, neste que constituiu um momento memorável da sua vida, tendo mesmo dedicado versos a ela. Frequentador assíduo dos principais arraiais da ilha, como o do Senhor Bom Jesus na Ponta Delgada, São Pedro na Ribeira Brava e Nossa Senhora do Loreto no Arco da Calheta, onde dizia os seus versos, nos quais relatava os acontecimentos ocorridos quer na ilha, quer lá fora. A companhia da sua segunda esposa, Augusta Gomes era assídua nas suas digressões pela ilha. Considerado, o “pai” do Bailinho da Madeira, este poeta popular analfabeto, era um homem alegre e divertido, com uma memória incrível e grande capacidade que improvisava os versos e pedia para que lhos escrevessem. A sua obra insere-se na literatura de cordel e de acordo com o professor David Pinto Correia, a sua escrita caracteriza-se pela “improvisação, imaginação, o senso de humor, e a oralidade.” Deixou uma obra publicada em quarenta e quatro títulos publicados, entre 1938 e 1971, sendo o primeiro sobre “Versos Cantados na Exibição do Rancho do Arco da Calheta no Campo Almirante Reis Sobre A Vinda do Presidente Carmona”em 1938. Estes folhetos eram vendidos nas vendas,(mercearias) nos arraiais, nos finais das missas, bem como nos autocarros da Rodoeste.

Folhetos de literatura de cordel[editar | editar código-fonte]

1.Versos Cantados na Exibição do Rancho do Arco da Calheta no Campo Almirante Reis Sobre A Vinda do Presidente Carmona (1938);

2. A festa da vindima de 1938

3. A Revolução da Madeira (1939);

4. O Desastre da Ponte da Madalena(1939);

5.Versos da Catástrofe que se Deu na Madalena do Mar – 30 de Dezembro de 1939 (1940);

6. Versos A Sua Eminência O Senhor Cardeal Patriarca de Volta d' África Passou pela Madeira em 29 de Setembro e Foi Até À Ribeira Brava (1944);

7. Versos da Atual Guerra Mundial (1945);

8.Versos da Paz da Guerra da Europa (1945);

9. Versos da Vida do Feiticeiro da Calheta Feitos por Ele Próprio (1945);

10. Versos do Ciclone dos Açores em que Morreram Alguns Pescadores Madeirenses (1946);

11. Versos do Comércio da Madeira Depois da Guerra Acabar (1946);

12. Versos da Guerra que Acabou (1946);

13. Versos da Mulher que Envenenou o Marido no Chão da Lôba (1946);

14. Versos do Estado Novo – Obras do Porto – Estradas da Madeira (1946);

15. Versos do Lavrador (1947);

16. Versos da Malícia das Mulheres (1947);

17. Versos das Facadas que se Deram no natal por Causa da Ruína do Vinho (1948);

18. Versos da Passagem pela Madeira de Nossa Senhora de Fátima (1948);

19. Versos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo (1948);

20. História, em Verso, dos Dois Assassínios do Arco da Calheta e São Jorge – João Mau e Catingueiro (1949);

21. Versos da Vida do Pescador (1949);

22. Despedida do Ano Santo – Versos da Vida de Nossa Senhora e do Nascimento do Menino Jesus – Peregrinação de Roma – A Assunção da Virgem Maria nos Céus (1950);

23. A Epopeia dum Grande Herói – O Senhor Carmona (1951);

24. História dos Vendeiros e Caloteiros e da Vendeirinha Mimosa (1951);

25. História Sentimental – Das Cinco Mortes no Trágico Desastre da Praia Formosa em Dia de São Pedro (1952);

26. Versos da Máquina de Coser das de Duas Lançadeiras, Atribuída às Mulheres Vaidosas que Têm Os Maridos Embarcados (1952);

27. A História do Frangainho Loiro (1953);

28História do Desastre do Fogo que Se Deu no Arco da Calheta (1953);

29. Continuação da História das Meninas Vaidosas e das Mulheres que Têm os Maridos Embarcados e que Os Não Respeitam (Segunda Parte) (1954);

30. História em Versos dum Inimigo Vencido – A Doença e o Médico (1954);

31. A Visita de Sua Excelência o Senhor Presidente da República – General Craveiro Lopes à Madeira (1955);

32. Versos das Bilhardeiras que Não Cumprem Com A Lei dos Seus Ministros (1958);

33. História das Mulheres que Aproximam O Fim do Mundo (1958);

34. A Falta de Carne Devido À Falta do Gado da Serra – Os Bichos que Desterram O Lavrador (1959);

35. História em Verso da Agonia dos Passageiros do Barco “Santa Maria” (1961);

36. História em Verso dum Caso que Sucedeu na Freguesia da Calheta – Um Homem que Queria Matar AMulher e Os Filhos e Apareceu Morto! (1961);

37. História dos Bêbedos – Das Desordens que Se Dão por Causa da Bebedeira e do Bêbado que Jogou A Panela de Milho para A Ladeira (1962);

38. História em Verso – Dum Desastre de Automóvel que Aconteceu No Sítio da Ribeira Funda, Freguesia do Estreito da Calheta. Dois irmãos, Ambos solteiros que Morreram No Mesmo Dia (1963);

39. História Em Verso – O Engrandecimento de Portugal – O Festejo que Houve Para As Obras do Hospital da Calheta (1964);

40. História da Maior Virtude e Das Mulheres que A Perdem – que Tendo Seus Maridos Embarcados Os Não Respeitam (1965);

41. História Maravilhosa dos Três Astronautas Americanos que Foram no «Apolo-11» e Desembarcaram na Lua (1969);

42. História em Versos – das Meninas Vaidosas e das Mulheres que Têm Os Maridos embarcados… (1971);

43. O Luxo das Raparigas e A Loucura dos Rapazes que Andam para Casar (s.d.).

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 2015 foi inaugurada no espaço Infarte da Secretária Regional do Turismo e Cultura uma exposição bilingue em homenagem ao poeta popular madeirense "Feiticeiro da Calheta", intitulada "A primeira festa da vindima de 1938 a origem do Bailinho da Madeira" coordenada pelo Paulo Ladeira e Eugénio Perregil.

Em 2017 foi produzindo o filme Feiticeiro da Calheta sendo o mentor do projecto, Eugénio Perregil e o realizador Luis Miguel Jardim e a banda sonora João Augusto.

Referências

  1. Perregil, Eugénio (2015). Vida e Obra de João Gomes de Sousa. Calheta: Câmara Municipal da Calheta. p. 11 

É autor dos versos que mais tarde originaram a música Bailinho da Madeira. João Gomes de Sousa era analfabeto, mas revelou ter uma grande capacidade para criar versos e rimas, relatando diversas histórias, acerca do quotidiano insular e acontecimentos do seu tempo, que imprimia em folhetos. Da sua obra conhecida fazem parte quarenta e dois títulos, reunidos em 2015 no livro de edição póstumaFeiticeiro da Calheta: vida e obra, João Gomes de Sousa.

Palavras-chave: “Feiticeiro da Calheta”; poesia popular; folhetos, Cultura, tradições populares.

Na Madeira, dava-se o nome de “feiticeiro” à figura do poeta popular que, com aparência estranha ou marginal, tinha a capacidade de versejar relatos e pensamentos, de trovar, de cantar ao despique e de exercer poder através da palavra cantada, obtendo grande impacto e encantamento junto do público.