Usuário(a):GMT28/Vida Pregressa do Papa João Paulo II

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A vida pregressa do Papa João Paulo II cobre o período do seu nascimento em 1920 até sua ordenação sacerdotal em 1946.

Infância[editar | editar código-fonte]

Retrato de casamento dos pais.

Karol Józef Wojtyla (junior) nasceu em 18 de março de 1920 em Wadowice próximo a cidade de Cracóvia no sul da Polônia, sendo o mais novo de três filhos.[1]

Seu pai era Karol Józef Wojtyla (senhor), nascido em 18 de julho de 1879 em Lipnik (agora parte de Bielsko-Biala). Ele era um oficial não-comissionado do Exército Austro-Húngaro e capitão do Exército Polonês. Wojtyla (senhor) morreu, do que se acredita ter sido um ataque cardíaco, em 18 de fevereiro de 1941 (Cracóvia, Polónia) enquanto o filho estava longe, e acredita-se que o fato influenciou a decisão do filho de ir para o seminário. Os pais de Wojtyla (senhor) eram Anna (Przeczek) e Maciej Wojtyla.[2]

Sua mãe era Emilia Wojtyla, née Kaczorowska, nascida em 26 de março de 1884 em Biala, Polônia. Os pais de Emilia eram Anna Maria (Scholz) e Feliks Kaczorowski. Um túnel rodoviário seria batizado com o nome dela em março de 2010 (Túnel Emilia). Ela morreu de problemas no coração e nos rins em 13 de abril de 1929 em Wadowice, Polônia. Olga, sua única irmã, morreu ainda criança, antes de Karol nascer.

Após a morte de Emilia, seu pai, um homem muito religioso que fazia a maior parte das tarefas domésticas, criou Karol para que ele pudesse estudar. Quando criança, Karol era chamado de Lolek por seus amigos e família. Ele cresceu junto do irmão Edmund, que Karol apelidou de Mundek. Edmund formou-se na Universidade Jaguelônica em Cracóvia e exerceu a profissão de médico em Bielsko.[3] No inverno de 1932, houve uma epidemia de escarlatina, e Edmund contraiu a doença de um de seus pacientes.[4] Ele morreu quatro dias depois, em 5 de dezembro, com 26 anos; Karol, já com 12 anos, foi profundamente afetado.[5]Ele demonstrou isso quinze anos depois, em um discurso na Universidade Jaguelônica: "Estes são eventos que ficaram profundamente gravados em minha memória, a morte do meu irmão até mais que de minha mãe - igualmente devido às circunstâncias especiais, pode-se dizer trágicas, e tendo em vista minha maior maturidade na época."[6]Em 10 de outubro de 2019, a Conferência Episcopal Polonesa anunciou formalmente que iria pedir à Santa Sé permissão para começar a causa de beatificação e canonização do Sr. Karol e de Emilia a nível local, na Arquidiocese de Cracóvia. Se o Papa Francisco, através do Cardeal Prefeito e dos cardeais e bispos votantes membros da Congregação para a Causa dos Santos, concordarem, o casal seria nomeado "Servos de Deus", o primeiro estágio. Se observado que eles viveram com virtude heroica, eles podem ser chamados "Veneráveis". Após isso, um milagre, geralmente médico em natureza, precisa ser comprovado para que eles sejam beatificados, e outro para canonização, a menos que o Papa renuncie um requisito.[7]

A juventude de Karol foi influenciada por numerosos contatos com a vibrante e próspera comunidade judaica em Wadowice. Ele jogava futebol, como goleiro, e era um torcedor do clube polonês Cracovia e do clube espanhol FC Barcelona.[8][9]Os jogos de futebol escolares eram geralmente organizados em times de judeus e católicos, e devido aos sentimentos anti-judeus da época, havia chances de os jogos acabarem em confusões. Karol, entretanto, oferecia-se alegremente como goleiro substituto para os judeus se eles estivessem com poucos jogadores.

Foi por esta época que o jovem Karol teve sua primeira relação séria com uma garota. Ele se tornou próximo de uma garota chamada Ginka Beer, descrita como "uma beleza judia, com olhos estupendos e cabelos preto azeviche, esbelta, uma atriz excepcional."[10]

No ensino médio, ele se juntou e rapidamente tornou-se presidente da Sociedade de Maria (uma sociedade leiga, que não deve ser confundida com os marianistas).[11]

O biógrafo papal George Weigel lembra que, quando Karol tinha em torno de 15 anos, um jovem apontou brincando uma arma para ele sem perceber que ela estava carregada. Apertando o gatilho, a arma disparou e por pouco errou o alvo. Karol escaparia de outros incidentes de quase morte como seminarista e, mais tarde, como Papa.[12]

Universidade[editar | editar código-fonte]

Após completar os estudos na escola de ensino médio Marcin Wadowita em Wadowice, no verão de 1938, Karol Wojtyla e seu pai mudaram-se de Wadowice para Cracóvia, antiga capital da Polonia, onde ele se matriculou na Universidade Jaguelônica no semestre de outono. No ano de calouro, Wojtyla estudou Filosofia, Língua Polonesa e Literatura, Introdução ao Russo, e Antigo Eslavo Eclesiástico. Ele teve também aulas privadas de Frances. Karol trabalhou como bibliotecário voluntário e fez treinamento militar compulsório na Legião Acadêmica, mas se recusou a segurar ou atirar uma arma. No fim do ano acadêmico de 1938-39, ele interpretou sagitário na fábula-fantasia O Cavaleiro do Luar, produzido por um grupo de teatro experimental.

Quando jovem, Karol foi atleta, ator e dramaturgo, e aprendeu doze línguas. Já como Papa ele falava nove línguas fluentemente: Polonês (língua nativa), Latim, Grego Antigo, Italiano, Frances, Alemão, Inglês, Espanhol e Português.

A Segunda Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

Em setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polónia, e logo após, o país foi ocupado pelas forças alemãs e soviéticas. Quando a guerra começou, Karol e seu pai fugiram de Cracóvia em direção ao leste, junto de milhares de outros poloneses. Eles encontram-se muitas vezes em trincheiras, protegendo-se do bombardeio da Luftwaffe. Após andarem 193 quilômetros, eles tomaram conhecimento da invasão soviética da Polónia e foram obrigados a retornarem para Cracóvia. Em novembro, 184 acadêmicos da Universidade Jaguelônica foram presos e a universidade fechada. Todos os homens capazes precisavam ter um trabalho.

No primeiro ano da guerra, Karol trabalhou como estafeta para um restaurante. Esse trabalho leve permitiu que ele continuasse seus estudos, a carreira teatral e atos de resistência cultural. Ele também intensificou seus estudos de Francês. A partir do outono de 1940, Karol trabalhou por quase quatro anos como trabalhador braçal em uma pedreira de calcário,[13] e era bem pago. Seu pai morreu em 1941 de um ataque cardíaco. Em 1942, ele entrou no seminário secreto do Cardeal Sapieha, o arcebispo de Cracóvia. A B'nai B'rith e outras autoridades confirmaram que ele ajudou judeus a encontrar refúgio dos nazistas.

Em 29 de fevereiro de 1944, quando voltava do trabalho na pedreira, Karol foi nocauteado por um caminhão alemão. Os oficiais alemães cuidarem de Wojtyla, e a decisão de parar um caminhão que passava para usá-lo como ambulância em socorro do paciente, contrasta fortemente com a dureza que normalmente se espera das forças de ocupação durante esse período. Ele passou duas semanas hospitalizado, tendo sofrido uma séria concussão, vários cortes e uma lesão no ombro. O acidente e a sobrevivência pareceram à Wojtyla uma confirmação de sua vocação sacerdotal.[14]Em agosto de 1944, a Revolta de Varsóvia começou e a Gestapo varreu a cidade de Cracóvia em 6 de agosto, o "Black Sunday"(Domingo Negro), aprisionando muitos homens para evitar uma revolta similar. Wojtyla escapou escondendo-se atrás de uma porta, enquanto a Gestapo vasculhava a casa em que ele vivia. Ele fugiu para a residência do arcebispo, onde permaneceu até o término da guerra.

Na noite de 17 de janeiro de 1945, os alemães abandonaram a cidade sem luta. Os seminaristas recuperaram o antigo seminário, que estava em ruínas. Wojtyla e outro seminarista ofereceram-se para a repugnante tarefa de cortar e transportar pilhas de excremento congelado dos banheiros.[15]No mesmo mês daquele ano, Wojtyla ajudou uma refugiada judia de 14 anos chamada Edith Zierer, que tinha fugido de um campo de trabalhos forçados nazista em Czestochowa. Zierer tentava encontrar sua família em Cracóvia, mas desmaiou de exaustão e frio em uma plataforma ferroviária em Jedrzejów. Ninguém ajudou a não ser Wojtyla, que se aproximou dela. Wojtyla deu a Zierer um pouco de chá quente e comida, levou-a até um trem e acompanhou-a até Cracóvia. Zierer agradece Wojtyla por ter salvado sua vida naquele dia. No caos da Polônia pós-guerra eles separaram-se e Zierer não ouviria falar do seu benfeitor até que lesse, em 1978, que ele tinha sido eleito Papa.[16][17]

Referências[editar | editar código-fonte]

Categoria:Papa João Paulo II

  1. «Biographical Profile of John Paul II». www.vatican.va. Consultado em 23 de junho de 2023 
  2. «Genealogia Polska :: GENPOL.COM». web.archive.org. 11 de julho de 2011. Consultado em 23 de junho de 2023 
  3. «89 lat temu w Bielsku zmarł Edmund Wojtyła, brat papieża». dzieje.pl (em polaco). Consultado em 23 de junho de 2023 
  4. Stourton, Edward (2006). John Paul II: Man of History. London: Hodder & Stoughton. p. 11. ISBN 0-340-90816-5 
  5. Stourton, Edward (2006). John Paul II: Man of History. London: Hodder & Stoughton. p. 11. ISBN 0-340-90816-5 
  6. Stourton, Edward (2006). John Paul II: Man of History. London: Hodder & Stoughton. p. 11. ISBN 0-340-90816-5 
  7. CNA. «Polish bishops open beatification process for parents of St John Paul II». Catholic News Agency (em inglês). Consultado em 24 de junho de 2023 
  8. «Legion of Christ». web.archive.org. 27 de setembro de 2007. Consultado em 24 de junho de 2023 
  9. «CNN - Biography - Pope John Paul II - The Early Years». web.archive.org. 16 de março de 2008. Consultado em 24 de junho de 2023 
  10. Stourton, Edward (2006). John Paul II: Man of History. London: Hodder & Stoughton. p. 32. ISBN 0-340-90816-5 
  11. Pope John Paul II - A Tribute. [S.l.]: Innovage, Inc. 2005. p. 12. ISBN 1-58805-735-6 
  12. Witness to Hope, George Weigel, HarperCollins (1999, 2001) ISBN 0-06-018793-X.
  13. «Biographical Profile of John Paul II». www.vatican.va. Consultado em 24 de junho de 2023 
  14. Witness to Hope, George Weigel, HarperCollins (1999, 2001) ISBN 0-06-018793-X.
  15. Witness to Hope, George Weigel, HarperCollins (1999, 2001) ISBN 0-06-018793-X.
  16. «CNN.com - Transcripts». transcripts.cnn.com. Consultado em 24 de junho de 2023 
  17. «No final da ocupação nazista da Polônia, o futuro papa João Paulo II salvou a vida de uma jovem». Aleteia: vida plena com valor. 2 de junho de 2020. Consultado em 24 de junho de 2023