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Debate histórico sobre rumos da economia brasileira[editar | editar código-fonte]

Em 1945, Dias Leite começou a trabalhar na Comissão de Planejamento Econômico, criada no âmbito do Conselho Nacional de Segurança, com o objetivo de planejar a economia brasileira pós-guerra. Lá acompanhou de perto um dos principais debates econômicos do Brasil da primeira metade do século XX, protagonizado pelo líder industrial paulista Roberto Simonsen, e pelo economista liberal carioca Eugenio Gudin. Dias Leite acabaria se aproximando de Gudin, a quem sempre consideraria uma de suas principais influências. [1]

O debate entre Simonsen e Gudin foi centrado no papel do Estado e quais setores o país deveria privilegiar Simonsen, autor de “A planificação da economia brasileira”, defendia a presença do Estado na economia através do planejamento, e a necessidade da industrialização como forma de aumentar a renda nacional. Já Gudin era contrário à centralização do planejamento, que em sua visão levaria ao totalitarismo. [2]

Trabalho pioneiro sobre PIB[editar | editar código-fonte]

Coube a Gudin liderar o trabalho pioneiro de realizar a primeira estatística formal de produção de riqueza no Brasil, em 1947. Gudin atribuiu a Dias Leite a atribuição para elaborar a metodologia que permitiria estimar, pela primeira vez, o PIB do Brasil. A coordenação da primeira avaliação do PIB nacional, em 1951, marca o início de estatísticas sistemáticas mantidas pela FGV, e que desde então viabilizam o acompanhamento e a análise quantitativa da evolução econômica do Brasil. A partir daí, a questão da industrialização e do crescimento passou a ser discutida com base em números, trazendo mais racionalidade ao debate.[1]

Eisenhower Fellowships[editar | editar código-fonte]

Entre janeiro e setembro de 1960, por indicação de Gudin, Dias Leite foi um dos 40 selecionados entre profissionais de todo o mundo a receber uma bolsa de estudos da Fundação Eisenhower Fellowships, tendo como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o funcionamento da economia dos Estados Unidos. A bolsa não compreendeu apenas atividades acadêmicas, tendo representado dez meses de viagens por 27 estados norte-americanos com visitas a mais de 40 empresas. Na viagem, Dias Leite passou ainda uma temporada em Seattle, onde acompanhou o dia a dia do centro de operações do sistema elétrico do oeste dos Estados Unidos. [3]

Artigos na imprensa brasileira[editar | editar código-fonte]

Ao retornar ao Brasil, Dias Leite começou a fazer palestras e conferências para públicos mais amplos e, estimulado por amigos, começou a publicar artigos periódicos sobre estratégias de crescimento para a economia brasileira no Jornal do Brasil, na Folha de S. Paulo e na revista Síntese. Esses textos seriam reunidos no livro “Caminhos do Desenvolvimento”, publicado em 1966. Nos artigos, Dias Leite buscou escapar da relação binária entre Estado e iniciativa privada, trazendo ideias originais sobre o equilíbrio entre investimentos públicos e privados e a regulação do Estado. Também enfatizou a importância da educação como fator indispensável para a construção de um Brasil desenvolvido. [4]

Geração intelectual dos anos 1960[editar | editar código-fonte]

O retorno ao Brasil também permitiu que Dias Leite integrasse debates econômicos com a geração intelectual dos anos 1960, formada por, entre outros, San Tiago Dantas e Celso Furtado. Os debates aconteciam em torno da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina). Reuniam-se aos sábados para discutir o desenvolvimento do Brasil e da América Latina. As discussões giravam em torno de três pontos: a interpretação de que a industrialização havia seguido um curso que não conseguia incorporar na maioria da população os frutos da modernidade e do progresso técnico; a interpretação de que a industrialização não havia eliminado a vulnerabilidade externa e a dependência, pois só se havia modificado sua natureza; e a ideia de que ambos os processos obstruíam o desenvolvimento. Foi nesse contexto que Dias Leite assumiu a posição de subsecretário para Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda, a convite do ministro San Tiago Dantas, durante o governo João Goulart. Dias Leite participou, entre outras atividades, da discussão sobre renegociação da dívida interna e externa. [5] No total, passou seis meses no ministério, e após sua saída voltou a escrever para a imprensa e a trabalhar como consultor na Ecotec, onde desenvolveria atividades importantes em várias áreas.

[5]

  1. a b CHACEL, Julian M. (maio de 2017). «Antonio Dias Leite, precursor das Contas Nacionais» (PDF). FGV IBRE. Revista Conjuntura Econômica. 71 (5): 29-30. ISSN 0010-5945. Consultado em 18 de março de 2024 
  2. GUDIN, Eugenio; SIMONSEN, Roberto (2010). A controvérsia do planejamento na economia brasileira (PDF) 3ª ed. ed. Brasília: IPEA. pp. 11–17. ISBN 978-85-7811-044-4 
  3. LEITE, Antonio Dias (2017). Meu Século: o Brasil em que vivi. Rio de Janeiro: Ed. de Janeiro. pp. 67–69. ISBN 9788594730084 
  4. LEITE, Antonio Dias (1966). Caminhos do desenvolvimento : contribuição para um projeto brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar 
  5. a b LEITE, Antonio Dias (2016). «Intérpretes do pensamento desenvolvimentista». Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Cadernos do Desenvolvimento. 10 (16): 172-183. ISSN 2447-7532. Consultado em 18 de março de 2024