Usuário(a):Koenige/Trotsky

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Antes da revolução de 1917[editar | editar código-fonte]

Infância e família (1879-1896)[editar | editar código-fonte]

Trotski nasceu a 26 de Outubro (calendário juliano) ou 7 de Novembro (calendário gregoriano) de 1879, dia da revolução de Outubro de 1917, em Ianovka, actualmente na Ucrânia, uma pequena aldeia a cerca de 25km do posto de correios mais próximo. Era o 5º filho de David Leontyevish Bronstein (ou Bronshtein, 1847 - 1922), humilde lavrador judeu que havia aproveitado os esquemas de colonização czaristas na Criméia para abandonar a área tradicional de residência autorizada de judeus (o "Pálio") e converter-se num próspero fazendeiro, embora pouco literado, e de Anna Bronstein (falecida em 1910). Apesar da família ser de origem judia, não era religiosa, falando entre si russo e ucraniano em vez de hebraico. A irmã mais nova de Trotski, Olga, veio a casar-se com o líder bolchevique Lev Kamenev.

Aos 9 anos, Trotski foi enviado pela família para Odessa. Prosseguiu os estudos numa escola tradicionalmente alemã que ao longo dos anos que ali estudou passou pelo processo de russificação promovido pela política czarista da época. Um bom aluno, Trotski revelava já um temperamento contestatário, organizando um protesto contra um professor impopular no 2º ano. Não revelou, contudo, um interesse pela política nem pelo socialismo até 1896, quando se mudou para Nikolayev para o seu ano final de estudos.

Militância revolucionária e exílio (1896-1902)[editar | editar código-fonte]

Em Nikolayev introduziu-se à actividade revolucionária. Inicialmente um narodnik (revolucionário populista), introduziu-se ao marxismo um pouco mais tarde nesse ano e rapidamente se transformou num marxista. Em vez de seguir o curso de Matemática, ajudou a organizar a Liga Operária do Sul da Rússia em inícios de 1897. Sob o pseudónimo de "Lvov", escreveu, imprimiu e distribuiu panfletos revolucionários no fito de popularizar as ideias socialistas entre trabalhadores da indústria e estudantes revolucionários.

Em Janeiro de 1898, foi preso, juntamente com mais de 200 membros da Liga, aguardando julgamento sob detenção nos 2 anos seguintes. Dois meses após a sua detenção, deu-se o 1º congresso do recém-formado , e Trotski considerou-se seu membro de ali em diante. Durante este período casou-se com Aleksandra Sokolovskaya, uma companheira marxista, e estudou filosofia. Em 1900 foi condenado a 4 anos de exílio em Ust-Kut e Verkholensk, pequenas cidades na região de Irkutsk, Sibéria oriental. Ali nasceram as suas primeiras duas filhas, Nina Nevelson e Zinaida Volkova.

Foi ali que Trotsky se apercebeu das divisões no partido, que fora dizimado por detenções de militantes entre 1898 e 1900. Uma facção conhecida como "economistas" defendia que o partido se devia concentrar em ajudar os trabalhadores da indústria a melhorar as suas condições de vida. Outros argumentavam que derrubar a monarquia era mais importante e que era essencial a construção de um partido revolucionário disciplinado e bem organizado. Estes últimos eram representados pelo jornal Iskra, fundado em Londres em 1900, e Trotsky alinhou rapidamente com eles.

Primeira emigração e segundo casamento (1902-1903)[editar | editar código-fonte]

Trotsky conseguiu fugir da Sibéria no verão de 1902, utilizando um passaporte em nome de "Trotsky" (um antigo recluso em Odessa), que se tornou o seu principal pseudónimo revolucionário. Uma vez no estrangeiro, fixou-se em Londres para se juntar a Georgy Plekhanov, Vladimir Lenin, Julius Martov e outros editores do Iskra. Sob o pseudónimo literário de Pero (pena ou caneta em russo) em breve se tornou um dos principais escritores do periódico.

os seis editores do Iskra dividiam-se igualmente entre a "velha guarda" liderada por Plekhanov e a "nova guarda" de Lenin e Martov. Não só os partidários de Plekhanov eram mais velhos (entre os 40 e 50), como haviam passado os últimos 20 anos juntos em exílio na Europa. Os membros da nova guarda tinham cerca de 30 anos e haviam chegado recentemente da Rússia. Lenin, que procurava estabelecer uma maioria permanente contra Plekhanov no Iskra, esperava que Trotsky, então com 23 anos, alinhasse com a nova guarda, e escrevia em Março de 2003:

(procurar citação em português)

Devido à oposição de Plekhanov, Trotsky não se tornou um membro permanente do conselho editorial, mas participou daí em diante nas suas reuniões numa posição consultiva, o que lhe valeu a inimizade de Plekhanov.

Em finais de 1902, conheceu Natalia Sedova, que em breve se tornou sua companheira e a partir de 1903 sua esposa para o resto da vida. Tiveram dois filhos juntos, Leon Sedov (nascido em 1906) e Sergei Sedov (nascido em 1908).

(preencher mais tarde pormenores do nome e mudança de nome)

Cisão com Lenin (1903-1904)[editar | editar código-fonte]

Após um período de repressão policial e convulsões internas no seguimento do primeiro congresso do partido em 1898, o Iskra logrou reunir o 2º congresso do partido em Londres, em Agosto de 1903), com Trostky e outros editores presentes. Inicialmente tudo correu como planeado, derrotando os partidários do Iskra os poucos delegados "economistas" presentes. Veio então a discussão da posição do Bund Judeu, co-fundador do partido em 1898 que prentendia manter a autonomia no seu interior. No calor do debate, Trotski assumiu uma posição polémica, pois ele e outros onze delegados judeus não pertencentes ao Bund tinham subscrito uma moção anti-Bund e

embora trabalhando no partido russo, consideravam-se e ainda se consideram igualmente representantes do proletariado judeu.

Trotsky concedeu dois meses mais tarde que a sua posição fora apenas uma manobra táctica feita a pedido de Lenin.

Pouco depois, os delegados do Iskra dividiram-se inesperadamente em duas facções. Lenin e os seus apoiantes, conhecidos como bolcheviques, defendiam um partido de menores dimensões mas altamente organizado. Martov e os seus apoiantes, os Mencheviques, defendiam um partido maior e menos disciplinado. Numa viragem inesperada, Trotsky e a maioria dos editores do Iskra apoiaram Martov e os mencheviques, enquanto o grupo de Plekhanov apoiou Lenin e os bolcheviques.

As duas facções mantinham-se em fluxo em 1903-1904, com várias mudanças de lado. Plekhanov em breve se afastou dos bolcheviques. Trotsky abandonou os mencheviques em Septembro de 1904 devido à sua insistência numa aliança com os liberais russos e à sua oposição a uma reconciliação com Lenin e os bolcheviques. Daí até 1917, proclamou-se um "social democrata sem facção", gastando muito tempo na tentativa de reconciliar os diferentes grupos no interior do partido, o que lhe valeu atritos com Lenin e outros membros proeminentes do partido. Confessou mais tarde que errara ao opor-se a Lenin na questão da natureza do partido.

Começou neste período a desenvolver a teoria da revolução permanente, tecendo uma relação de trabalho próxima com Alexander Parvus nos 3 anos seguintes.

Revolução de 1905 e julgamento (1905-1906)[editar | editar código-fonte]

Após os acontecimentos do Domingo Sangrento de 1905, Trotsky regressou secretamente à Rússia em Fevereiro de 1905. Começou por editar panfletos numa tipografia clandestina em Kiev, mas mudou-se rapidamente para a capital, São Petersburgo, onde trabalhou tanto com bolcheviques, por exemplo o membro do Comité Central Leonid Krasin, como com o comité menchevique local, que procurou influenciar numa direcção mais radical. Este comité foi todavia traído em Maio por um agente da polícia secreta, obrigando Trotsky a refugiar-se na Finlândia, onde aprofundou a sua teoria da revolução permanente até Outubro, altura em que uma greve nacional lhe possibilitou o regresso a São Petersburgo.

Após o regresso, Trotsky e Parvus assumiram o controlo do jornal Gazeta Russa e conseguiram aumentar a sua circulação até aos 500 000 exemplares. Com Parvus e os mencheviques, Trotsky co-fundou também o Nachalo (O Início), que se revelou um sucesso.

Imediatamente antes do regresso de Trotsky à capital, os mencheviques haviam chegado à mesma ideia que Trotsky tivera: uma organização revolucionária não-partidária e eleita, representando os trabalhadores da capital, o primeiro Soviete (concelho) de trabalhadores. À chegada de Trostky, o Soviete de São Petersburgo liderado por Khrustalyov-Nosar, uma figura de compromisso, não só já funcionava como se revelava muito popular entre os trabalhadores, apesar da oposição inicial dos bolcheviques. Trotsky juntou-se ao soviete sob o nome de Yanovsky (referência à terra onde nascera, Yanovka) e foi eleito vice-presidente. Assegurou muito do trabalho efectivo do soviete, e após a prisão de Khrustalev-Nosar a 26 de Novembro, foi eleito seu presidente. A 2 de Dezembro o Soviete emitiu um comunicado que incluía a seguinte afirmação a propósito do governo czarista e sua dívida externa:

:A autocracia nunca gozou da confiança do povo e nunca lhe foi concedida qualquer autoridade pelo povo. Decidimos por isso não permitir a devolução desses empréstimos tal como foram feitos pelo governo do czar quando abertamente envolvido numa guerra como o povo inteiro.

No dia seguinte, 3 de Dezembro, o soviete foi cercado por tropas fiéis ao governo e os seus deputados presos. Trotsky e outros líderes soviéticos foram a julgamento em 1906 sob acusação de incitamento à rebelião armada. No julgamento Trotsky fez alguns dos melhores discursos da sua vida e cimentou a sua reputação de bom orador, que veio a confirmar em 1917-1920. Foi condenado a uma sentença de exílio perpétuo.

Segunda emigração (1907-1914)[editar | editar código-fonte]

Em Janeiro de 1907, Trotsky foge no caminho para o exílio e desloca-se até Londres para assistir ao 5º congresso do RSDLP. Segue em Outubro para Viena, onde se estabalecerá durante os 7 anos seguintes, participando frequentemente nas actividades do Partido Social Democrata austríaco e mais esporadicamente do Partido Social Democrata alemão. É aqui que se aproxima de Adolph Joffe, seu amigo nos 20 anos seguintes que o introduziu à psicanálise.

Em Outubro de 1908 funda um periódico social democrata bi-semanal em língua russa, o Pravda (A verdade), dirigido aos trabalhores na Rússia aos quais chega clandestinamente, que co-edita com Joffe, Matvey Skobelev e Viktor Kopp. O Pravda evitava as intrigas políticas sectárias e revelou-se muito popular entre os trabalhadores da indústria russos. Quando as várias facções mencheviques e bolcheviques (que por sua vez se haviam cindido múltiplas vezes após o fracasso da revolução de 1905-1907) tentaram reunificar-se numa reunião do Comité Central em Janeiro de 1907 em Paris, contra as objecções de Lenine, o Pravda tornou-se no "orgão oficial" do partido, por ele financiado. Lev Kamenev, por esta altura genro de Trotsky, entrou no conselho editorial por via dos bolcheviques, mas as tentativas de unificação fracassaram em Agosto de 1910, quando Kamenev se demitiu do conselho num clima de recriminações mútuas. Trotsky continuou a publicar o Pravda durante mais 2 anos, até à sua extinção em Abril de 1912.