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Terra Livre (jornal)[editar | editar código-fonte]

Terra Livre foi um jornal produzido pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) em São Paulo. O periódico era voltado ao público camponês e circulou entre 1949 e 1964, tendo como editor Heros Trench e dirigentes Oswaldo Gomes, Declieux Crispin e Sosthenes Jambo (entre os anos de 1953 e 1964), além dos colaboradores Lyndolpho Silva, Radoico Guimarães e Nestor Veras.[1]


Características[editar | editar código-fonte]

Lançado em 1949 sob o nome Nossa Terra, o periódico paulista passou a ser chamado a partir de 1954 de Terra Livre: a terra para os que nela trabalham, com o objetivo de demonstrar a aproximação com o público-alvo do jornal: os trabalhadores do campo. Uma das características mais marcantes do jornal é seu caráter de denúncia. Em praticamente todas as páginas de cada exemplar, há relatos e notícias sobre casos envolvendo latifundiários e os trabalhadores do campo, demonstrando a existência de um espaço para os camponeses se expressarem.

Objetivos[editar | editar código-fonte]

O Terra Livre era utilizado, principalmente, para divulgar as ideias do PCB no campo brasileiro, logo era necessário transmitir notícias da situação do campo, além de expor as lutas cotidianas dos trabalhadores rurais, as ações do governo para o campo e orientações aos camponeses em relação aos seus direitos.[2]    

Informações gerais[editar | editar código-fonte]

O jornal era publicado quinzenalmente até 1956 e mensalmente a partir de 1957 e circulava com a quantidade de páginas alternadas, sendo quatro, seis, oito e doze páginas. Mantinha a estrutura de cinco ou seis colunas ao longo dos anos de sua publicação e continha almanaques, charges e cartas, além de espaços para notícias e artigos. Colunas como "Você Sabia?", o "Almanaque", "Conheça seus Direitos", "De Todo o Brasil", "De Todo o Mundo", "Cartas da Roça", entre outras, formavam a identidade do jornal, que procurava uma aproximação com os trabalhadores rurais de todo o país. [3]

Assinatura[editar | editar código-fonte]

O Terra Livre era comercializado por meio de assinaturas anuais e, para expandir o jornal para todo o país e se sustentar, o jornal promovia concursos de assinaturas. Eram dados prêmios para aqueles que conseguissem certos números de assinaturas, como dinheiro, instrumentos musicais, acessórios, roupas, etc.

Na década de 1950, os valores das assinaturas do jornal eram:

  • Assinatura anual: 20 cruzeiros
  • Preço do exemplar: 50 centavos [4]

Já na década de 1960 os valores se alteram para:

  • Assinatura anual: 200 cruzeiros
  • Preço do exemplar: 20 cruzeiros [5]

No número 131, de fevereiro de 1964, a direção do jornal anuncia o aumento dos valores para 360 cruzeiros a assinatura anual e 30 cruzeiros o exemplar. O alto preço do papel e do material necessário para o jornal foram as justificativas para a subida de preço.

O jornal possuía uma tiragem de 30.000 exemplares e circulava em diferentes regiões do país através de sucursais e correspondentes de assinaturas.[6]

Colunas[editar | editar código-fonte]

O jornal publicava diversas colunas de cunho social, político e cultural, sendo que algumas se destacaram.

Dentro da coluna "Almanaque", tinha pequenas colunas como "Você Sabia?", que trazia curiosidades diversas; trechos de livros; "A Lavoura do Mês", que noticiava os trabalhos de lavoura em diferentes regiões do país; poemas, preços de produtos e anedotas. Colunas como "Conheça seus Direitos" (que trazia informações sobre leis e direitos dos trabalhadores rurais), "De Todo o Brasil" e "De Todo o Mundo" (que informava os leitores de notícias nacionais e internacionais relacionadas à temática do jornal) e "Cartas da Roça" (que continha cartas enviadas pelos leitores à redação) mostravam o caráter político do jornal, que se preocupava em levar para o campo as notícias que os afetavam diretamente.

Problemas enfrentados[editar | editar código-fonte]

Devido à sua proposta de expor as lutas cotidianas dos trabalhadores do campo e fazer oposição a latifundiários e governantes, o Terra Livre sofreu com a perseguição no decorrer de sua existência, além de enfrentar dificuldades como a falta de recursos e a clandestinidade, pois sua produção era feita pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), que durante todo o período de circulação do jornal estava na ilegalidade. O Terra Livre deixou de circular em 31 de março de 1964, devido à implantação da ditadura militar no Brasil.[2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Castanho, Sandra (2006). «Políticas e Lutas Sociais no Campo: Organização dos Trabalhadores Rurais, Legislação Trabalhista e Reforma Agrária (anos 1950 e 1960)» (PDF). Diálogos - Revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá. Consultado em 30 de junho de 2019 
  2. a b Porphirio, Max Fellipe Cezario (29 de setembro de 2017). «Você Sabia? O lúdico como ferramenta organizativa no periódico Terra Livre (1954-64)». Estudos Sociedade e Agricultura: 642–670. ISSN 2526-7752 
  3. Souza, Enilce Lima Cavalcante de (2005). «Campo e palavras: dimensões da Questão Agrária no Ceará, 1954-1964» 
  4. «Terra Livre (SP) - 1954 a 1964 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 30 de junho de 2019 
  5. «Terra Livre (SP) - 1954 a 1964 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 30 de junho de 2019 
  6. Porphirio, Max Fellipe Cezario (29 de setembro de 2017). «Você Sabia? O lúdico como ferramenta organizativa no periódico Terra Livre (1954-64)». Estudos Sociedade e Agricultura: 642–670. ISSN 2526-7752